Movies

No Calor da Noite

Drama protagonizado por Sidney Poitier discute o preconceito racial no sul dos Estados Unidos em mostra clássica do festival Olhar de Cinema

Texto por Leonardo Andreiko

Foto: United Artists/Divulgação

O Olhar de Cinema, que é o Festival Internacional de Cinema de Curitiba, foca em novos olhares e lançamentos em suas mostras principais, mas também oferece a icônica Olhares Clássicos, revisitando a história do cinema em busca de recortes dignos de nossa percepção. Neste ano, além de Jeanne Dielman e A Rainha Diaba (ambos com críticas publicadas no Mondo Bacana – leia aquiaqui, respectivamente), a seleção contou com o casal Straub-Huillet, Carlos Saura e No Calor da Noite (In The Heat Of The Night, EUA, 1967 – United Artists), clássico drama policial de Norman Jewison com Sidney Poitier.

Primeiro filme cuja fotografia ilumina corretamente a pele negra, esta é a história do policial Virgil Tibbs (Poitier), que é detido e maltratado pelo departamento de polícia de Sparta, uma pequena cidade no sul racista dos Estados Unidos. A contragosto, o chefe Gillespie (Rod Steiger) aceita a ajuda de Tibbs em um caso complexo que se mostra incapaz à equipe amadora da cidade: o empresário Colbert, que estava prestes a inaugurar uma fábrica no município, é encontrado morto na madrugada. 

Sétimo dirigido por Norman Jewison em apenas cinco anos de carreira, No Calor da Noite é composto pelo melhor da narrativa clássica norte-americana, amparada pelas composições eletrizantes de Quincy Jones e a fotografia de Haskell Wexler, que abusa de um claro-escuro tipicamente neonoir e torna a câmera sempre parte da ação do filme. No solo dos descendentes dos confederados, os espaços fechados e sombras duras oprimem a figura negra impassível que é Poitier. Não à toa, demoramos quase metade do filme para vê-lo nas ruas de Sparta durante o dia. 

A atuação de Poitier é central e sua seriedade e assertividade contrastam em tema àquilo que o longa-metragem tenta exprimir em forma. Tibbs só consegue fazer seu trabalho porque ele interessa à esposa de Colbert (Lee Grant) – ou seja, o racismo só “pausa”, pois não acaba, por conveniência da classe dominante. Este é um ponto-chave, pois No Calor da Noite não é um filme que se ancora apenas no conflito racista entre Norte e Sul. Mesmo após a Guerra Civil americana, que termina com a dissolução da confederação escravagista, os estados perdedores continuaram com uma cultura largamente agrária e racista. Por outro lado, os estados do Norte gozaram de maiores avanços socioeconômicos, com ênfase à segunda fração desse termo. 

Senhor Tibbs, como é chamado em seu estado natal, tem mais experiência, mais cultura e, claro, muito mais salário que os policiais de Sparta. É a mão preta de Sidney Poitier que desvela os mistérios da trama e seu olhar irascível que insiste em corrigir os erros da incompetência branca. Enquanto isso, o povo negro do município é visto em situações marginais, quando não na lavoura de algodão de Endicott, um dos antagonistas do filme e claro ex-senhor de escravos da região. A fábrica de Colbert, que também veio do Norte, promete mudar essa dinâmica, garantindo 50% dos postos de trabalho para pessoas pretas. De um jeito ou de outro, a lógica colonial sulista é ameaçada pelo avanço imparável da revolução econômica do pós-guerra nos Estados Unidos. O capital é uma força impassível, que dissolve, de um jeito ou de outro, a marginalidade negra na região – mas só o faz para beneficiar-se, fazer uso da mão de obra.

Este é o grande trunfo de No Calor da Noite, sua capacidade de explicitar um conflito central à industrialização americana do século 20. Aqui no Brasil, o filósofo Roberto Schwarz coloca essa tensão entre metrópole e colônia como um dos mais importantes para a definição do que é ser brasileiro. Se adotamos a hipótese deste filme, os Estados Unidos já tomam essa questão como resolvida: o que importa, acima de tudo, é que todos estejam à mercê do capital da forma que mais lhe convém. No fim, o racismo só “se resolve” quando beneficia a elite branca. 

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Lollapalooza Brasil 2023 – ao vivo

Billie Eilish, Modest Mouse, Jane’s Addiction, Paralamas, Aurora, Baco Exu do Blues, Tove Lo e Cigarettes After Sex: shows que marcaram o festival

Billie EIlish

Texto por Abonico Smith

Fotos: Reprodução

Entre os dias 24 e 26 de março foi realizada a décima edição brasileira do festival Lollapalooza, a última em parceria da produtora T4F com a americana LLC, detentora da marca do evento. Depois de cinco recentes cancelamentos de concertos programados para este ano, todo mundo foi surpreendido com a não vinda ao Brasil do headliner da última noite, o canadense Drake, horas antes dos portões do Autódromo de Interlagos serem abertos. A desculpa oficial do artista, esfarrapada, não colou: a de que estariam faltando pessoas de sua equipe no país. Entretanto, ele foi visto na madrugada anterior festando em Miami em conjunto com o rapper 50 Cent. E mais: estas pessoas de sua equipe já estavam em SP instalando no autódromo os telões e o material de seu espetáculo. Mas como é sempre melhor falar de coisas boas, deve também ser registrado um marco desta edição: pela primeira vez o line-up estava dividido quase igualitariamente entre artistas dos dois gêneros.

O Mondo Bacana comenta um pouco dos oito shows que deixarão esta edição do Lolla na história dos grandes festivais de música pop do Brasil.

Billie Eilish

Única headliner originalmente anunciada a se apresentar em Interlagos (além de Drake, o Blink 182 também não veio para cá), ela já era aguardada havia algum tempo por aqui. Afinal, este seria seu primeiro concerto no país, já que o anterior fora cancelado por causa da pandemia. Em cima daquele palco enorme, tendo a companhia apenas de seu inseparável irmão e produtor Phinneas e um baterista, ela – com o verde e amarelo predominando no figurino grande e largo sobre a malha preta que lhe escondia o corpo – entregou o que prometia: uma boa coleção de letras intimistas a respeito de observações, sensações e sentimentos de uma garota vivendo os anos finais de sua adolescência. Intimista também foi sua performance: sem muitos pulos, correrias ou coreografias ensaiadas, era quase apenas ela cantando ao microfone. Quer dizer, cantando às vezes. Billie só cantava o necessário e muitas vezes sua voz ecoava pelo autódromo junto com os instrumentos também pré-gravados. O que deixava o show redondo, sem espaço para improvisos ou erros. Só que teve momentos em que os manos abriam mão do playback e se arriscavam em momentos semiacústicos para mostrarem que não são uma fraude ao vivo: foram cerca de meia dúzia de canções com Phinneas dedilhando o violão ou o piano para a irmãzinha soltar o gogó de alcance não muito grande.

Modest Mouse

Quem foi a genial pessoa responsável pela grade de shows que conseguiu jogar o grupo para uma tarde de sexta-feira? Modest Mouse – um dos ícones do indie rock americano dos anos 2000 – não é para a GenZ, é para gente mais velha. Melhor: para quase todo mundo que não tem a) grana disponível de salário ou frilas para pagar o caro ingresso do festival; b) saco ou corpo para aguentar ficar um dia sequer em uma maratona de shows; c) horário disponível para ir assistir a uma banda tocar às quatro da tarde de sexta-feira. Sob um sol escaldante, o vocalista Isaac Brock estava vermelho feito um camarão, à frente de seu quinteto que foge da musicalidade óbvia e mistura lo-fi, folk e psicodelismo em doses nada comerciais. O resultado foi uma banda competentíssima tocando para quase ninguém, sendo a maior parte disso gente que desconhecia por completo o repertório loteado entre sua boa discografia. Hits como “Float On” e  “Dashboard” ficaram desperdiçados  naquela escala gigantesca ao ar livre. De qualquer maneira, quem viu in loco ou pelo streaming foi abençoado pela tardia estreia do Modest Mouse em solo brasileiro. Antes tarde do que muito mais tarde. Antes de tarde durante a semana do que nunca.

Jane’s Addiction

Perry Farrell idealizou o Lollapalooza em 1991 como um festival ambulante, que pudesse rodar algumas grandes cidades norte-americanas com uma escalação de excelentes bandas alternativas como suporte para a turnê de despedida de sua banda. Deu tão certo que o Jane’s Addiction se separou mas o Lolla continou trilhando seu caminho de sucesso durante os meados dos anos 1990. Perry, então, quase sempre vem prestigiar a edição brasileira. Agora trouxe a tiracolo a reformada banda que o revelou para o mundo da música. Integrantes originais… ou quase, já que o guitarrista Dave Navarro (que saiu do JA para tocar no Red Hot Chili Peppers) continua afastado dos palcos para tratar da saúde (covid longa como justificativa oficial, rehab longa como rumor alimentado entre os fãs do grupo). De qualquer forma, seu substituto, o também ex-guitarrista do RHCP Josh Klinghoffer, mostrou ser uma escolha acertada. Enquanto o baterista Stephen Perkins e o baixista Eric Avery (que também costuma ser músico de apoio do Garbage) se entendem perfeitamente em uma cozinha rítmica hipnótica e dançante, Josh jorrava os efeitos de pedais que fazem a sonoridade da banda flutuar entre o hard rock, o psicodelismo e o groove. Para completar, uma trinca de dançarinas comandada pela atual mulher de Farrell faziam pole dances sensuais ao fundo do palco, dando um approach cênico diferente às canções. Em Interlagos, o set list foi reduzido por conta do tempo destinado ao show, socado no meio da programação da tarde do segundo dia. De qualquer forma, ficou bem dividido entre os dois primeiros e incensados discos da banda, concebidos entre 1988 e 1990, antes das brigas internas que levaram à implosão precoce da carreira. De qualquer forma, reunidos já nas casas dos 50 e 60 anos de idade, os músicos mostraram por aqui que estão como vinho: quanto mais velhos, melhor. Maturidade e experiência – e um longo hiato interrompido por outras duas reuniões e discos criados em 2003 e 2011 – fizeram bem. Em um sábado fraco de opções, o Jane’s Addiction chegou quietinho e fez uma puta (e despretensiosa) apresentação. Ainda terminou com uma batucada em homenagem ao amigo Taylor Hawkins, que morria havia exatamente naquela data, no ano anterior… horas antes do show do Foo Fighters na Colômbia e de viajar para tocar no Lollapalooza brasileiro.

Paralamas do Sucesso

Ter 40 anos de carreira fonográfica não é para qualquer um. Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone sabem disso e utilizam um arsenal de clássicos colecionados em sua extensa discografia para disparar um show magnífico. É hit atrás de hit  quase sem intervalo para respirar. Foi assim neste Lollapalloza, na tarde de sol de um domingo para uma maioria de plateia formada por GenZ e millennials. O repertório começou com canções mais representativas da faceta ska (“Vital e Sua Moto”, “Patrulha Noturna”, “Ska”, “Loirinha Bombril”) e passeou por toda a galeria das duas primeiras décadas de carreira, misturando reggaedubafrobeat, rock, citações (Tim Maia, Titãs, Raul Seixas) e muita injeção rítmica contínua para não deixar ninguém totalmente parado – pelo menos um dos pezinhos não teve como resistir. Herbert começou enfrentando problemas técnicos, contornados sabiamente com conversas fora do microfone com um roadie enquanto não parava de cantar as letras para a plateia. Tirando este pequeno detalhe, que não chegou a comprometer a apresentação aliás, os Paralamas mostraram toda a sua realeza na música pop nacional. Não precisa de firulas, telões, coreografias, trocas de roupa, andar para lá e para cá no palco ou ao redor dele. Só precisa de música. E muito boa música. Referências para se criar música de qualidade eles sempre tiveram também. São uma banda pós-punk brasilis roots (a sonoridade two-tone em verde e amarelo, inclusive com versos politizados e críticos transformados para a nossa realidade!) e isso ainda faz toda a diferença. Mesmo diante de uma molecada que não chegou a viver os tempos dos vinis e CDs lançados com essas músicas.

Aurora

É só começar a ouvir a sua extensão vocal de soprano que não tem como não embarcar junto nesta fantasia musical que é seu show. Ela mesma parece uma pequena e adorável duende, sempre a saltitar feliz e travessa pelos vastos campos verdes. Seu look também ajuda: vestes claras e em tonalidades pasteis, pés descalços, pele alva e um cabelinho curto e de um chanel tão branco quanto sua melanina norueguesa. Muita gente que estava ali na plateia sabia de cor e salteado as letras, cantava junto e se emocionava por estar na frente de Aurora Asknes. Pudera. A artista faz da voz um belo poder instrumental, além de ser hábil nas palavras para demonstrar seus mais profundos sentimentos acerca da vida e da natureza. Mas também não precisa ser expert na obra dela para se render ao poder desta guria escandinava, solta, espontânea, natural e sem qualquer maquiagem, capaz de provocar um midsommar tão contagiante aqui no hemisfério sul e em pleno cair da tarde de um domingo quente brasileiro.

Baco Exu do Blues

Ele entrou na grade do Lolla como uma rápida solução caseira para suprir o cancelamento quase em cima da hora de Willow, filha do astro Will Smith. E ainda entregou uma das mais emocionantes performances em língua brasileira deste Lollapalooza. Generoso, o baiano de quatro discos lançados nos últimos seis anos fez questão de não brilhar sozinho. No telão, prestou reverência a personalidades negras já falecidas como Marielle Franco, Elza Soares, Muhammad Ali, 2Pac Shakur e Nelson Mandela. E no meio do repertório montado com alguns de seus grandes sucessos ainda cedeu espaço lá na frente para cada uma de suas backings (Aísha, Alma Thomas e Mirella Costa) dividirem as atenções, o microfone e o gogó poderoso. Mirella, por sua vez, protagonizou uma emocionante homenagem à também soteropolitana Gal Costa, ao mandar, a capella, um trecho de “Força Estranha”. Mancando e dando passos lentos, Baco fez o que pode, cenicamente, para superar o estiramento na panturrilha sofrido poucos dias antes. E ainda mandou a letra para espinafrar o grande ausente da noite, Drake, sendo complementado por xingamentos dirigidos pelo público ao astro chiliquento canadense. Mostrou, como Kevin Parker (Tame Impala) na noite anterior, que nem sérias limitações físicas para a locomoção não podem servir como desculpa para não cantar aos fãs.

Tove Lo e Pabllo Vittar

Tove Lo

Outra atração nórdica dominical, a sueca mostrou que um show de música pop pode muito bem ser construído em cima de… música pop. Nada pode tirar o primeiro plano. Pelo contrário. Figurinos podem ser um bom complemento (no caso, uma roupa colante em tons verdes que lhe permitiu fazer o manjado gesto de mostrar os seios à plateia). Coreografias também. Mas um palco deve ser povoado por musicistas tocando seus instrumentos, cantora realmente cantando e dispensando playbacks descarados e a ausência de um time de bailarinos indo para lá e para cá, chamando mais a atenção dos olhos do que os ouvidos. Tove Lo é muito mais discípula de Madonna do que muita gente pode pensar. Ela canta, dança, brinca com a sexualidade diante de uma multidão e mostra ser uma artista de força suficiente para ter um longo futuro pela frente. E olha que ela já tem cinco álbuns feitos de 2014 para cá.

Cigarettes After Sex

Todo ilusionista sabe muito bem que o segredo do sucesso de sua performance está na habilidade de deslocar a atenção do público para um local diferente daquele onde realmente “acontece” o truque. A derradeira das três noites do Lolla, de fato, foi equivalente a um show de ilusionismo. Todo mundo esperando o headliner Drake e depois todo mundo desapontado e xingando o arredio Drake por nem ter viajado ao Brasil. Muita gente comentando o fato de que o DJ e produtor de IDM Skrillex havia sido escalado de improviso para ocupar o horário e o palco anteriormente destinado ao fujão. Muita gente indo embora ao cair da noite, já desesperançoso de que ali em Interlagos acontecesse mais alguma coisa estupenda no autódromo. Espertos, porém, foram aqueles que não arredaram o pé e ficaram no local (ou sintonizados no streaming) até as nove da noite, de olhos bem atentos a um dos palcos secundários. Ali, já aos 45 minutos do segundo tempo do festival, os acréscimos permitiram uma magnífica performance de um singelo trio norte-americano que, por meio da internet, tornou-se objeto de culto nos últimos anos por um pessoal mais antenado. O Cigarettes After Sex veio para impactar com todo o seu minimalismo. Cênico, com seus integrantes tocando quase sempre parados no palco, dispostos geometricamente lado a lado. Sonoro, com somente um vocal (de seu líder e criador Greg Gonzalez) e a mínima movimentação possível de baixo, guitarra e bateria. Havia uma textura de teclados pré-gravados disparada como pano de fundo para a maioria das canções. Mas isso só reforçou a atmosfera etérea e hipnótica do concerto. Fotógrafos não foram permitidos no pit à frente do palco. Quem ficou em casa assistiu a uma transmissão noir, que impôs a ausência de captação de qualquer cor pelas câmeras que não fossem o preto e o branco. Com ares de cabaré decadente, algo tipicamente David Lynch, o CAS fechou as cortinas da décima edição premiando poucos felizardos com algo meio difícil de acontecer em um grande festival. Truque de mestre.

Music

Gilberto Gil

Oito motivos para não perder o novo show do artista, estrela de vários festivais no Brasil em 2022 e que acaba de voltar de turnê pela Europa

Texto por Abonico Smith

Foto: Fernando Young/Divulgação

Ele tem em Abelardo Barbosa, o Chacrinha, celebridade citada em uma das famosas músicas suas, a clássica “Aquele Abraço”. Contudo, quem está com tudo e não está prosa é o próprio Gilberto Gil, que está com a agenda cheia nesta temporada em que acabou completar 80 anos de idade.

Gil acaba de voltar de uma bem-sucedida turnê pela Europa, onde foi acompanhado por alguns de seus descendentes no palco. Também acaba de estrear em streaming o reality show Em Casa com os Gil, onde é o protagonista ao lado de toda a sua família. Participou de grandes festivais brasileiros (MITA, Coala, Rock in Rio), com shows concorridos de público e bastante incensados pela crítica. Também percorre o país apresentando-se aqui e ali, em grandes e importantes cidades, com sua banda de apoio, formada majoriamente por gente que carrega o talento e o sobrenome Gil em seu DNA.

Por estar bastante incensado que todos os ingressos para a sua passagem por Curitiba (Teatro Positivo, dias 27 e 28 de outubro), depois de cinco anos sem cantar na capital paranaense, estão esgotados. Quem sabe alguma mágica acontece e, se você não comprou a sua entrada, algum bilhete “premiado” aparece disponível voando por aí?

De qualquer maneira, aí vão oito motivos para não perder (pode não ser um destes mas que seja algum próximo) um concerto de Gilbert. Gil bem à sua frente

Tropicália

Ao lado do amigo e conterrâneo Caetano Veloso, Gil bolou todos os conceitos, preceitos e possibilidades sonoras do movimento que abalou as estruturas da música brasileira no biênio 1967-1968, provocou muita polêmica e desde então vem, década após década, vem rendendo frutos e discípulos maravilhosos para nossos ouvidos escutarem e os olhos verem em ação nos palcos da vida. Expandindo toda e qualquer fronteira, sempre observando e absorvendo tudo o que pudesse, adentrando as várias regiões do país ou mesmo pegando coisas boas lá de fora. Se não fosse a ação feita pela Tropicália lá atrás, que sacodiu a poeira da estagnação da bossa nova e projetou um belo futuro, onde vieram a se encaixar nomes como Sérgio Sampaio, Walter Franco, Chico Science & Nação Zumbi, Paralamas do Sucesso, Los Hermanos, Ana Cañas, Francisco El Hombre, Charme Chulo e Johnny Hooker, por exemplo.

Família no palco

Com 80 anos de idade completados em 26 de junho e dono uma carreira musical ímpar, Gil agora desfila nos palcos toda a sua generosidade em ceder espaço para seus descendentes (filha/os, neta/os, nora) como integrantes de sua banda de apoio. Aliás, quase todo mundo que o acompanha carrega no DNA traços da família Gil – o que faz pensar o quanto os tentáculos deste sobrenome poderoso de três letrinhas se alastraram pelo Rio de Janeiro e que, de uma ou outra maneira, cada profissional da música que esteja radicado na Cidade Maravilhosa está de uma ou outra maneira, até no máximo seis graus de separação (quando muito isso, olha lá!) de Gilberto Passos Gil Moreira. O mais recente membro do clube com o branding Gil é a neta Flor, de apenas 13 anos, com quem chegou a dividir recentemente os vocais principais, no Rock In Rio, em uma versão bilíngue de “Garota de Ipanema”. 

Reality show

Por falar em família, se você tem acesso ao streaming da Amazon Prime não deixe de assistir Em Casa com os Gilreality show criado pela Conspiração Filmes para documentar – da criação à realização de uma turnê de quinze datas feita meses atrás por alguns países europeus, passando por várias reuniões com a participação de todos os membros do clã, que, de uma ou outra maneira, aparecem em cena passando pelo sítio do artista em Araras, onde ele se isolou durante a pandemia da covid-19. Tem até a bisneta Sol de Maria. É interessante ver toda a dinâmica familiar regida por Gil e a esposa Flora, que coordena não só a carreira do artista como também organiza e rege tudo o que envolve os encontros familiares.

Repertório clássico

Não faz muito tempo que Gil deu uma declaração tão polêmica quanto provocativa: ela passara a gravar pouco ou quase nada porque, de uma forma ou de outra, todas as músicas já haviam sido compostas e registradas. Claro que isso é uma hipérbole, mas não deixa de ser algo que faz pensar. Afinal, quanto mais oferta há de obras e artistas neste oceano que é a internet com suas plataformas de comunicação e divulgação, menos chance de se ter tanto um lugar verdadeiramente ao sol como ainda alcançar uma popularidade que tenha a mesma eficácia ou impacto de outrora. Portanto, nada mais natural também que o repertório da atual turnê de Gil seja um belo passeio por clássicos de várias fases de sua extensa trajetória. Afinal, se Gil conseguiu enfileirar hit atrás de hit nos tempos em que as rádios ainda tocavam a boa música brasileira do presente ou pelo menos algumas belezas não muito conhecidas pela massa, tudo o que menos se precisa enfiar em um show seria um punhado de faixas recentes que quase ninguém conhece ou já ouviu, só pela obrigação de se divulgar um disco novo e a justificativa de fazer (mais) uma turnê.

Laços com o reggae

Um dos destaques do repertório clássico de Gil é a sua forte conexão com o reggae. No disco Realce, de 1979, ele verteu português o clássico “No Woman No Cry”, de Bob Marley (Gil tinha acabado de assinar com a recém-inaugurada filial Warner, que era dirigida pelo seu ex-diretor na Phillips, o já falecido André Midani; Bob Marley era um dos grandes nomes do selo Island, representado em nosso país pela Warner, que inclusive chegou a trazer o artista jamaicano para cá). Vinte anos atrás ele chegou a gravar um álbum (Kaya N’Gan Daya) dedicado só ao gênero, com um monte de releitura de Marley inclusive. E em uma ou outra música tocada ao vivo sua o arranjo traz traços de reggae.

Fase pop

Depois de assinar com a  Warner, Gil também passou a desenvolver uma fase tão pop quanto polêmica. Sem deixar de lado a música brasileira, empunhou a guitarra e soube misturar o popular com o pop. Muitos críticos passaram a torcer o nariz para o Gil dos anos 1980, mas não há dúvida de que dali saiu muita coisa boa que ainda levou o artista a ganhar um público mais abrangente que o das rádios FM voltadas à elite cultural. São desta época pérolas dançantes (como “Palco”, “Toda Menina Baiana”, “Realce”, “A Gente Precisa Ver o Luar”, “Andar Com Fé”, “Vamos Fugir”, “Extra”, “Punk da Periferia”, “Extra II”, “Pessoa Nefasta”, “Nos Barracos da Cidade” e “Não Chores Mais”) e baladas de arrepiar (como “Drão”, “Tempo Rei”, “Super-Homem, a Canção” e “Se Eu Quiser Falar Com Deus”.) Ainda tem obras compostas por ele e gravadoras originalmente por outros artistas na época ( “A Paz”, “Um Trem Pras Estrelas”, “A Novidade”). Muitas destas citadas aí são presença constante no repertório dos concertos mais recentes.

Ex-ministro da cultura

Entre 2003 e 2008, nos dois mandatos presidenciais de Lula, Gil esteve à frente do Ministério da Cultura, rebaixado à condição de secretaria durante o (des)governo de Jair Bolsonaro. Esta não fora a primeira incursão do cantor e compositor na política. Em 1988, então filiado ao PMDB, elegeu-se vereador em sua cidade natal, Salvador. Em Brasília, porém, driblou desconfiança de colegas do meio artístico como os atores Marco Nanini e Paulo Autran, para realizar um bom trabalho na Esplanada dos Ministérios. Afastado dos palcos pero no mucho (como ministro, em seu primeiro ano de atuação, botou as Nações Unidas para dançar durante o Show da Paz na Assembleia Geral da ONU), implementou uma série de políticas públicas voltadas à difusão cultural, em um tempo onde o governo federal ainda se preocupava, de fato, com o desenvolvimento e o avanço da arte. Em tempos onde a cultura brasileira anda tão combalida e arrasada, nada melhor do que uma nova mudança de governo e um novo ministro como fora Gilberto Gil para reerguer toda essa riqueza de volta.

Imortal da ABL

Em novembro de 2021, Gil foi eleito para uma vaga na Academia Brasileira de Letras, por meio de 21 votos, para ocupar a cadeira de número 20. Sua inclusão no quadro de imortais da ABL se deu uma semana depois da de Fernanda Montenegro. Uma mostra não apenas de que a instituição (que em julho último celebrou 125 anos de existência) mostra estar se abrindo para textos não formais da literatura tupiniquim como também mais uma faceta pública de Gilberto Gil que vai além dos palcos, instrumentos e microfones. E ele merece, também. Primeiro porque nas últimas décadas revelou-se um dos mais hábeis autores musicais de nosso país. E também porque já demonstrava uma certa queda para o fardão já na capa de seu álbum de estreia, de 1968, quando posou, com olhar matreiro, para as lentes do fotógrafo David Drew Zingg como um dos personagens daquele projeto gráfico. Portanto, mais de meio século antes e ainda no auge da Tropicália, Gil – cuja posse na instituição ocorreu em 8 de abril de 2022 – já revelava sua paixão para as letras e antecipava aquilo que ocorreria às vésperas de chegar à oitava década na idade.

Music

Guns N’ Roses

Oito motivos para não perder o show desta nova passagem de Axl Rose, Slash e Duffy McKagan por terras brasileiras

Texto por Janaina Monteiro

Foto: Divulgação

Prepare a sua bandana porque o Guns N’ Roses vem aí! Os norte-americanos trazem o rock “mais perigoso do mundo”, que estourou no final dos anos 1980, aproveitando a esteira de shows internacionais que desembarcaram no Brasil recentemente. 

A turnê, com o sugestivo nome Guns N’ Roses Are F’ N’ Back!, inclui 13 apresentações na América do Sul, passando por várias cidades brasileiras. Serão seis no total, em setembro. São elas: Recife, dia 4; Belo Horizonte, dia 13; Ribeirão Preto, 16; Florianópolis, 18; Curitiba, 21; e Porto Alegre, 26 (mais informações sobre locais, horário e compra de ingressos, clique aqui). Vale lembrar que o grupo também estará no Rio de Janeiro como um dos headliners do Rock In Rio no dia 8.

Também pudera… Depois de um período pandêmico em que público e artistas ficaram trancafiados em casa, a partir deste ano de 2022 o lema é recuperar o tempo perdido. O tempo, aliás, chega a ser cruel com alguns rockstars. Principalmente aqueles que “enfiaram o pé na jaca”. Ou melhor, enfiaram o nariz e a boca em alguma substância nociva e abusaram disso sem qualquer moderação.

É este o caso de Axl Rose.  Ao contrário de alguns frontmen da mesma geração, como Morten Harket (que esteve mês passado no Brasil com o A-ha e parece ter se congelado nas geleiras do Polo Ártico para manter o físico e a voz cristalina diante dos seus quase 63 anos), o tempo não surtiu o mesmo efeito no nome maior do Guns N’Roses. Para Axl, outro sex symbol daquelas décadas que antecederam a virada do século, a lei da gravidade não foi tão generosa. Tanto é que, alguns anos atrás, quando ele se reuniu aos antigos integrantes para uma nova turnê, caiu nas garras da indústria dos memes e chegou a pedir para que suas fotos em que aparecia acima do peso fossem retiradas do ar.

A gente sabe. A voz de Axl não é mais a mesma. Seu corpinho também não comporta mais kilt. Os shortinhos de couro colados, então, não combinam num senhor que já chegou aos 60 anos. Mas o fato de Axl não manter a forma física extrapola o fator puramente estético. Isso prejudica consideravelmente não só sua performance de palco, mas o alcance das notas mais agudas. Ou seja, exercícios vocais não fazem milagre.

Mas quem entre os fãs se importa se o cantor precisa abandonar um show porque o excesso de drive o fez perder a voz? Por trás daqueles cabelos loiros ainda está a mente criadora de hits épicos que marcaram toda uma geração: do clássico “Sweet Child O’Mine”, lançado no primeiro álbum da banda, passando por ‘Patience”, “Paradise City”, “Welcome To The Jungle”, “You Could Be Mine” e “November Rain” e outras canções que embalaram a minha e a sua juventude (ou a de seus filhos e netos).

O GN’R foi a típica banda que levou ao pé da letra a tríade sexo, drogas e rock’n’ roll, como revelou uma reportagem de capa da revista Rolling Stone em 2007, quando o álbum de estreia, Appetite For Destruction, completava 20 anos. Por conta desse comportamento rebelde e a potência das músicas, levou o título de “the most dangerous band in the world”.

E como o apetite para a autodestruição era grande, a banda se desintegrou em 1993. Aí que o fator tempo entra novamente. Se a rotação da Terra não perdoa a queda de cabelo ou a falha na voz, pode, sim, amansar velhos desentendimentos. Em 2016, Axl Rose, o guitarrista Slash e o baixista Duff McKagan voltaram aos palcos, com passagem por Curitiba, na Pedreira Paulo Leminski, e outras cidades de nosso país. E, agora, seis anos depois, eles retornam para a alegria das quarentonas, como eu. Da formação original segue o trio, junto há 37 anos e que conta agora com os reforços do guitarrista Richard Fortus, o baterista Frank Ferrer e os tecladistas Dizzy Reed (músico do GN’R desde 1990, aliás) e Melissa Reese.

Em ritmo de revival e torcendo para que Axl consiga terminar as 27 músicas que devem compor o set list em terras brasileiras, o Mondo Bacana cita oito motivos para não perder de jeito nenhum a nova turnê do GN’R.

Appetite For Destruction 35 anos

O Guns já entrou na cena rock estourando. Isso porque o début, lançado em 21 de julho de 1987, já trazia aquele que virararia o maior clássico da recém-formada banda californiana, “Sweet Child O’Mine”. E se você gosta de dar uma espiadinha no set list antes, já deve ter visto entre as canções programadas para esta turnê, boa parte delas (pelo menos oito por show) faz parte do primeiro álbum. 

Este álbum é icônico. Vendeu nada menos, nada mais do que 15 milhões de cópias somente nos Estados Unidos. Hoje, é considerado um dos discos de estreia de maior vendagem da história da música pop. 

Qual o motivo para ter feito tanto sucesso? Começa pelo faro musical da banda, que conseguiu mesclar o hard rockcomercial com uma crueza punk. Axl fazia questão de utilizar técnicas tradicionais, e, por isso, Appetite For Destruction é considerado um dos últimos grandes álbuns de rock “feito à mão”, aos moldes de Layla (Derek and The Dominos, 1970) e Abbey Road (Beatles, 1969). Este termo, aliás, foi usado pelo produtor e técnico de som do álbum, Mike Clink, em entrevista à Rolling Stone.

Slash

A gente sabe que Axl já não chama tanto atenção no palco. Ele ainda consegue correr de um lado a outro, mas sua performance não é mais a mesma. Seu corpinho, uma vez estonteante, não comporta mais aquelas roupas de couro justíssimas e o peitoral exposto, que era capaz de arrancar suspiros e gritos eufóricos até das moças mais recatadas.

Numa situação mais confortável, Slash soube envelhecer debaixo da sua cabeleira sempre vasta e pretíssima, da cartola mágica, dos óculos escuros e outras coisinhas mais. Aliás, o guitarrista revelou para o podcast Conan O’Brien Needs a Friend que sua primeira cartola fora roubada durante uma turnê do Guns N’ Roses em 1985.

O guitarrista, que já fez parte do grupo Velvet Revolver com outros membros do GN’R e tocou com Michael Jackson, completou 57 anos no último dia 23 de julho. No decorrer da carreira, ganhou fama por conta da sua habilidade de fazer solos incríveis, apesar de uma turma do contra dizer que ele só sabe mandar bem na escala pentatônica. Uma prova de que isso é um completo absurdo é um dos trechos do mais famoso solo dele, o de “Sweet Child O’ Mine”. Aqui, Slash usa a escala de mi menor harmônica e cala a boca de muita gente por aí. 

Aliás, em uma entrevista, Slash confidenciou que não suporta mais tocar “Sweet Child O’ Mine”…

Momento nostalgia

Curtir um show de rock depois de passar tanto tempo no isolamento de casa não tem preço. Ainda mais de uma banda que fez tanto sucesso e ainda continua com hits nos topos da parada, como o Guns N’Roses.

Basta acessar o túnel do tempo, fechar os olhos e lembrar daquele show apoteótico na segunda edição do Rock in Rio 1991, quando a banda estreou a turnê Use Your Illusion, que só terminou em julho de 1993 aqui do lado, na Argentina. Aquela edição do festival, por sinal trouxe ícones como George Michael e Prince, mais  bandas que estouraram na época como Faith No More, INXS e o trio norueguês A-ha – que se tornou headliner de um dos dias, atraindo um público de 200 mil pessoas, mas simplesmente fora esnobado pela imprensa.

O livro Guns N’ Roses – O Último dos Gigantes revela que, apesar de algumas estreias na formação da banda, aquele show representaria o fim do grupo como o público conhecia até então. Isso porque Axl passou a apresentar um comportamento cada vez mais problemático, o que potencializou sua relação com Slash, Duffy e Izzy Stradlin, que abandonariam o barco meses depois.

“Sweet Child O’ Mine”

Quem conhece a história desta música sabe que ela foi composta meio que por acidente. Slash, Duff e Izzy estavam sentados na sala de estar, onde Slash tocava a introdução da música. Axl se encontrava no andar de cima e ao ouvir aquele riff sensacional começou a escrever a letra, pensando em sua namorada. E assim, meio que numa inspiração de supetão, surgiu um clássico que voltou ao topo das paradas semanas atrás, por conta do lançamento do filme Thor: Amor e Trovão, da Marvel. 

O hit também fez aparições na trilha de outros longas, como a de Capitão Fantástico, numa versão acústica belíssima, interpretada pelos filhos do protagonista, vivido por Viggo Mortensen. Há ainda por aí diversas regravações, como a de Sheryl Crow e a do grupo de indie rock Luna.

“You Could Be Mine”

Outra canção icônica que você ouvirá nesta nova passagem por aqui é “You Could Be Mine”, que fez parte da trilha sonora do filme O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final, de 1991. Foi o próprio protagonista da franquia, Arnold Schwarzenegger, que solicitou à banda a inclusão da música no filme.

Segundo a revista Rolling Stone, o astro chamou Axl para jantar e pediu permissão do uso da faixa, que, até então, não havia sido lançada oficialmente. O ator, inclusive, aparece no clipe oficial da música, que rodava direto nas MTVs mundiais, inclusive a brasileira.

“You Could Be Mine”, que integra o álbum duplo Use Your Illusion II, surge em algumas cenas principais etambém  nos créditos finais do filme. 

Versões famosas

O GN’R foi responsável por revisitar canções em versões não deixam nada a desejar para as originais. Um exemplo é a cover de “Live and Let Die”.

Lançada, em 1973, pelos Wings, banda de Paul e Linda McCartney, foi regravada por Axl e companhia para a trilha do filme de mesmo nome da franquia de James Bond. Quase 20 anos depois do clássico do ex-beatle, a versão na voz de Axl entrou no álbum duplo Use Your Illusion I e integra o set list da banda até hoje. Apesar de ter ficado incrível, a versão da banda só alcançou o número 33 na parada da Billboard americana.

E sabe o que o Paul achou da releitura? Questionado em 2016, durante uma entrevista ao jornal New York Times, Macca aprovou a homenagem e ainda revelou um fato curioso. Quando a música foi lançada, seus filhos estavam na escola e diziam que era composição do pai. Os coleguinhas retrucavam: “De jeito nenhum. Ela é do Guns”. 

Por falar em versões famosas, o repertório desta turnê ainda traz a versão do clássico do Bob Dylan, “Knockin’ On Heaven’s Door”, que integra Use Your Illusion II. Aliás, o sucessor desses dois álbuns duplos de 1991 álbum foi o disco The Spaghetti Incident?, de 1993.  Aqui o grupo colocou a sua assinatura em canções clássicas de nomes como Stooges, T. Rex, Soundgarden e Johnny Thunders.

Clássicos reunidos

Para esta décima vez que a banda vem ao Brasil (a última passagem foi no São Paulo Trip, em 2017, com ingressos esgotados) os fãs podem esperar um concerto repleto de clássicos. Se levarmos em conta o set list dos últimos anos, desfrutaremos dos hits e canções lendárias que marcaram a melhor fase da banda, entre 1987 e 1991. 

Do primeiro álbum, a gente pode esperar no mínimo oito músicas: “It’s So Easy”, “Mr. Brownstone”, “Welcome To The Jungle”, “Rocket Queen”, “Sweet Child O’ Mine”, “My Michelle”, “Nightrain” e “Paradise City”.  Além dos outros clássicos posteriores como “Don’t Cry”, “November Rain”, “You Could Be Mine” e “Patience”. 

Material inédito

Por conta da pandemia, a banda parou com os shows. Por isso, há uma enorme expectativa para esta nova turnê, que só foi vista nos EUA e marcará essa lendária retomada por aqui.

O público deve ficar atento também para algumas novidades. Desde Chinese Democracy (2008), a banda californiana não lançava material inédito e o novo EP Hard Skool, que conta com a faixa “Absurd”, é só uma amostra do que pode pintar por aí.

Slash, em recente entrevista, avisou que estão preparando mais uma ou duas músicas, que podem ser incluídas nestes shows vindouros.