Série provoca riso e choro com protagonistas conflituosos que só pensam em um dar ao outro um “troco” cada vez mais mirabolante
Texto por Tais Zago
Foto: Netflix/Divulgação
Até onde um pequeno desentendimento no trânsito pode chegar quando as duas pessoas envolvidas estão profundamente infelizes e insatisfeitas? Essa é a questão central de Treta (Beef, EUA – Netflix). Não, apesar do nome original, a série – iniciada agora em 2023 – não tem nada a ver com culinária ou alguma paixão carnívora. Nos Estados Unidos, a palavra para a carne bovina também serve como gíria para um desentendimento, um ressentimento ou, mais precisamente, uma “treta” entre pessoas. E esse “bife”, aqui, não é para amadores.
Lee Sung Jin é o criador e o roteirista dessa tragicomédia entre dois personagens completamente diferentes. Amy (Ali Wong) é uma bem sucedida empreendedora. Ela tem dinheiro, um marido considerado “perfeito”, uma filha e todo o luxo californiano na classe artística aos seus pés. Já Danny (Steven Yeun) é um empreiteiro endividado e fracassado, lutando para sobreviver e sustentar o irmão mais novo, enquanto sonha em comprar uma casa para seus pais. Em um cenário comum, os dois nunca coexistiriam. Apesar de ambos terem origem asiática, nada mais parece conectá-los. Até que um desentendimento no estacionamento de um shopping center – Amy buzina incessantemente enquanto Danny se recusa a sair da vaga – culmina em uma absurda perseguição pelas ruas de Los Angeles, quando ambos infringem diversas leis de trânsito e colocam pessoas em risco. Logo o acontecido cai nas redes sociais e assim se inicia uma procura dos dois por “investigadores amadores” de bairro da localidade de Calabasas.
A comediante e stand up Ali Wong nos entrega uma Amy profundamente frustrada e em conflito com suas verdadeiras vontades e a realidade da vida que ela construiu para si mesma. Se tudo é tão perfeito, por que ela ainda se sente infeliz? Esta é a questão que já nos acompanha a partir do primeiro episódio e continua até o último. Já Steven Yeun, mais conhecido do grande público por sua atuação como o Glenn de The Walking Dead, interpreta um Danny repleto de medos e insatisfações, apesar da sempre aparente autoconfiança, ele é castigado pelos seus sentimentos de fracasso e uma depressão que esconde de todos. Em cima da base criada pelos dois, cada episódio se torna uma montanha-russa de paybacks, onde cada decepção diária dos personagens consigo mesmos os leva a montar planos cada vez mais maquiavélicos e mirabolantes um contra o outro. Na vida de Amy e Danny, o foco principal se torna o beef, a treta, a qual nenhum deles parece realmente querer resolver ou perdoar.
Apesar da sinopse nos levar a crer que Treta seria mais uma comédia de slapsticks e vinganças malsucedidas, Lee Sung Jin consegue incluir uma miríade de conflitos internos, traumas e experiências que enriquecem seus personagens de tal forma, que, lá pelo meio, já conseguimos nos compadecer com a imagem horrível, mas real e crua, que Amy e Danny tem deles mesmos. É a queda da máscara construída com muito esforço. Os sonhos despedaçados deixando apenas o desespero e o ódio como substitutos da tristeza. A série possui diálogos e situações hilárias, daquelas de rirmos até chorar. Mas também nos arrasta a um abismo onde choramos sem rir. O toque reflexivo chega até a nos lembrar um pouco as divagações filosóficas do vitorioso do último Oscar, Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo. Uma tendência que parece permear muitas das obras da produtora indie A24, assim como uma forte queda para representações de um psicodelismo surrealista.
Será que não existe um pouquinho de Danny e Amy dentro de todos nós? Eu acho que sim. Ao menos quando invariavelmente descontamos nossas frustrações em discussões acaloradas, porém absurdas e sem utilidade prática, em redes sociais ou em situações mundanas do dia a dia. Nesse quesito, Treta vai além das telas e nos traz questionamentos válidos que podem nos conduzir a uma jornada de autoconhecimento.
Nos minutos que antecederam o primeiro show da turnê Music Of The Spheres em Curitiba (21 de março último), o som de um sino ecoava pelo estádio Major Couto Pereira. Esse tilintar, que assume propósitos distintos em cada religião, traz um simbolismo em comum: representa a harmonia universal.
“Ativar o sininho” antes do espetáculo era como se a banda inglesa Coldplay fizesse um convite para plateia entrar em sintonia e acompanhar o storytelling espacial da jornada que estava prestes a começar. E a missão seria cumprida com sucesso: ao longo das duas horas seguintes, todos alcançariam a mesma frequência e entrariam numa completa catarse.
Quando Chris Martin, Jonny Buckland, Will Champion e Guy Berryman surgiram no palco B, as famosas e “caras” pulseiras luminosas entram em cena e mostram o poder que a multidão tem de abraçar uma banda que acaba de completar 23 anos de carreira fonográfica. Uma trajetória marcada por voos altos e rasantes, que explora diferentes ritmos mas com um denominador comum: olhe para as estrelas.
Céus repletos delas, aliás, sempre estiveram presentes, de alguma forma, nas canções de Coldplay, até inspirarem esse álbum kubrickiano, em que as 12 canções formam um sistema solar próprio. O próximo, muito provavelmente, será sobre o lado brilhante da lua. E desde o big bang coldplayano é possível perceber esse embate entre luz e escuridão. Até que a luz decide tomar conta de tudo. Literalmente.
A primeira canção do show, “Higher Power” já incendeou o estádio como uma bola de fogo. São mais de 43 mil pessoas presentes neste universo iluminado. Cada uma delas se tornou uma estrela. A estrela viva que brilha na vida de Chris Martin desde Parachutes, lançado em 2000.
Predestinado ao sucesso, o britânico da Cornualha e filho do seu Anthony – que faz questão de acompanhá-lo na turnê – previu no documentário Coldplay: A Head Full Of Dreams (lançado há seis anos, após sua separação da atriz Gwyneth Paltrow) que a sua odisseia terrestre começaria logo ahead. Em… 2002! E, de fato, nesse ano Coldplay trouxe ao mundo o disco que o catapultou ao status de uma das maiores bandas dos anos 00. A Rush Of Blood To The Head apresentava sucessos como “Clocks” e “The Scientist” (e seu videoclipe arrebatador, com a narrativa de trás para frente). No início do milênio, o bug não aconteceu e os britânicos conquistavam o mainstream com um som melódico, misturando guitarras elétricas ao piano. Foram três prêmios Grammy.
Nessa época, Chris Martin era um jovem frontman, ainda de espírito meio rebelde, impulsivo, que volta e meia aparecia na mídia sendo acusado de agredir fotógrafos, bem diferente de seu comportamento atual, e seu ritual de gratidão. Hoje, quem tem um celular nas mãos é um potencial paparazzo. Por isso, Chris, que sempre se mostrou arredio a esse tipo de coisa, foi de certa forma obrigado a fazer um “combinado” com a plateia antes de entoar seu hino “A Sky Full Of Stars”. Em cada apresentação, o vocalista lança aquele “xiiiiu” imponente, que faz parte da linguagem universal, sobretudo entre pais e filhos, para milhares de pessoas. Seja na sua terra natal ou no Brasil, onde é mais complicado pedir silêncio.
Educadamente, ele solicita que os presentes aproveitem apenas uma música sem fazer registros pelo celular. 99% do público obedece. Entre o 1% estava uma guria do meu lado. Por isso, fiz questão de colocar o braço na frente da câmera dela. Sorry, aê! Mas pedido do boss a gente obedece.
E foi assim, sem câmera e com um celular tijolinho, que fui ao show da turnê X&Y, em 2007. O terceiro álbum da banda, um dos meus preferidos. Local: Via Funchal, uma casa de concertos em São Paulo com capacidade para apenas três mil pessoas. Aliás, assim como na turnê Music of Spheres, os ingressos foram disputadíssimos. Graças ao meu PC 486 com conexão dial up, consegui garantir um par de entradas. Mais tarde, assistindo ao mesmo documentário, soube que a gravação de X&Y foi conturbada por vários fatores, entre eles a saída do coprodutor do álbum, Ken Nelson. Ao contrário da explosão de cores da turnê atual, a banda se apresentou de preto nessa turnê.
E aquele rock espacial com elementos eletrônicos de “Talk” (que traz um sample de “Computer Love”, do Kraftwerk), “Speed Of Sound” e, claro, “Fix You” me fisgou 100%. Depois desse show, o universo conspirou e consegui me aproximar de Chris Martin, mesmo com receio de sua fama de explosivo. “Você fez parte da cura”, disse a ele, mencionando “Clocks”, canção favorita da minha mãe quando tratava seu primeiro câncer de mama. Já, durante a pandemia, foi “Higher Power” que entrou na playlist da cura do meu carcinoma in situ.
De volta a 2023, antes mesmo de o Coldplay aterrissar em São Paulo, a banda do contra já preparava terreno para eles. No mundinho das redes sociais, uma chuva de meteoros da magnitude haters invadia o meu feed. Era um bombardeio de textos, justificando que “a banda acabou no segundo disco”, “essa banda é pra fã que usa sapatênis” (bem, eu fui de tênis plataforma) e “Coldplay é uma banda coach”. Enquanto uns seguem no “bla, bla, bla”, prefiro pegar carona no “ooh, ooh, ooh, ooh, ooh, ooooooh, oh” e viver a minha vida!
Mesmo porque a banda dos contra sempre existirá. O que não existiu até agora foi um espetáculo tecnológico nessas proporções (que deixou o U2 nas Havaianas), com uma estrutura gigantesca em três palcos, aproximando a plateia do artista, e, o mais importante, que promove a inclusão, a sustentabilidade e torna o espectador o protagonista do espetáculo.
Chris era, em Curitiba, como o maestro de uma orquestra, conduzindo suas estrelas, com sua mensagem clara como a luz da lua, sempre estampada no peito (“Love” e “Everyone is an alien somewhere”). Ele corria freneticamente pela passarela e aproveitava cada centímetro da megaestrutura, do palco principal até o palco B, onde cantou a belíssima “Viva La Vida”, do álbum de mesmo título produzido por Brian Eno e que representou um salto na carreira dos ingleses. De lá, entoaram também “Something Just Like This”, uma canção fofa, graciosa, sobre heróis da vida real e que, por sinal, era o sinal do recreio do meu filho na escola. No palco C, lá no fundo do estádio, surgiram para cantar “Magic”. Dessa vez, na versão aportuguesada, repetindo a performance do Rock In Rio em 2022 (concerto que fez a banda postergar a turnê brasileira para 2023, aliás). No Couto Pereira, não tivemos sandys, nem jorges, nem miltons. Mas tivemos “Every Teardrop Is A Waterfall”, do álbum Mylo Xyloto (2011). Inclusive, essa fora a segunda vez que a canção entra no setlist da turnê. No dia seguinte, para alegria dos fãs na capital paranaense, teve “Orphans”, do introspectivo Every Day Life.
Como Chris Martin se movimentava na “velocidade do som”, é muito fácil perdê-lo de vista ao vivo. Isso explica o uso de bases pré-gravadas. Mesmo estando em plena forma, é difícil conseguir tanto fôlego assim. Enquanto o vocalista cantava e passeava pelo seu universo, durante boa parte das canções, Jonny, Will e Guy permaneciam em suas posições no palco principal, curtindo o próprio show, como se fossem músicos de apoio.
Quando revisitam os hits mais antigos e que catapultaram a banda ao estrelato, como “Yellow”, “The Scientist” e “Clocks”, os ingleses mostram que tocam de verdade. Na primeira, o coro da plateia chegou a emocionar Chris Martin, que dizia “beautiful”. Lindo mesmo foi poder ver Jonny dedilhando o riff a poucos metros de distância. Já na segunda, houve um problema na modulação das guitarras e foi preciso interromper a música. Em vez de voltar ao start, entretanto, seguiram da metade.
No final de toda essa viagem estelar, cheia de luzes, com direito a planetas infláveis (alguns deles voltaram pra casa de ônibus biarticulado, inclusive) e que reuniu um público tão diverso, de crianças a idosos, o que ficou foi a prova da evolução. As letras mais recentes do Coldplay podem até soar um pouco repetitivas. Mas talvez não estejamos acostumados a tamanha positividade e de uma banda que alcançou um séquito de fãs por mérito e não por ter caído de paraquedas.
Claro que sempre haverá a turma do contra. O importante é saber conviver com ela. E isso o tal do Cristóvão João Antônio Martins parece ter aprendido direitinho. E isso é “Biutyful”! (JM)
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A experiência do primeiro dos dois shows do Coldplay em Curitiba (21 e 22 de março) começou já na fila quilométrica para o estádio Major Antônio Couto Pereira. Os fãs cantavam as músicas e comemoravam a cada curva que os deixava mais próximos da entrada. Com a pulseira no braço, a noite foi aberta pelo trio escocês Chvrches. Mesmo com eles entregando a alma em sua performance, os fãs apenas chamavam os astros ingleses para o palco. Com o Couto lotado e quase nenhum espaço livre entre as mais de 40 mil pessoas, a banda entrou às 21h ao som da música “Flying Theme”, do filme E.T.– O Extraterrestre, de Steven Spielberg. Isso já deixava claro que a noite seria mágica.
O set list apresentado pelos britânicos começou com “Higher Power”, Mesmo particularmente não gostando, a canção se tornou uma experiência inesquecível. Todo show tem uma atmosfera mágica, capaz de transportar qualquer um para outra realidade durante as duas horas de duração. O Coldplay, porém, conseguiu subir o nível desta virtude artística. As pulseiras brilhantes se tornaram um espetáculo à parte ao iluminar todo o estádio de acordo com as batidas de cada música. De certa forma, o público virou parte da performance da banda. A noite ainda contou com fogos de artifício, balões em formato de planetas (fazendo referência ao novo álbum deles), luzes coloridas e muitos confetes que tornaram tudo ainda mais bonito e especial. É até difícil escolher um destaque máximo. Para mim, o grande espetáculo aconteceu durante “Clocks”, quando todo o estádio assumiu uma cor verde que brilhava acompanhando as notas dedilhadas ao piano enquanto um show de luzes formava um céu também esverdeado e projetado em cima da plateia.
O ânimo da banda também era contagiante. Consgeuia deixar todos alegres e animados do começo ao fim. Ajudava também o engajamento de Chris Martin com seus fãs. O cantor falou em português, leu diversos dos cartazes levados pelo público, pediu para a plateia completar as letras e cantar junto com ele durante músicas como “Paradise” e “Viva La Vida”. O que tornou a experiência ainda mais única foi na hora de convidar uma fã para tocar uma música com ele. O cantor ainda desceu do palco principal para se apresentar em um espaço menor disponibilizado no meio da plateia. Lá mandou “Sparks” e uma versão em nosso idioma de “Magic”. “Chamo de mágia”, começou, com aquele sotaque.
O final do show também foi maravilhoso. A performance de “FixYou”, penúltima do extenso repertório, ficará, com certeza marcada na mente de todos os fãs que estavam presentes naquela noite do Couto Pereira. Todas as pulseiras brilhavam em um amarelo dourado enquanto Chris, ainda com toda energia do mundo, cantava o refrão (“Lights will guide you home/ And ignite your bones/ And I will try to fix you”). Pouco depois,quando começou a gravação de “A Wave”, todos foram embora radiantes e “consertados” com toda aquela vibração transmitida pela banda. (CG)
Set list em Curitiba: “Music Of The Spheres” (intro), “Higher Power”, “Adventure Of A Lifetime”, “Paradise”, “The Scientist”, “Viva La Vida”, “Something Just Like This”, “Fly On”, “MMIX”, “Every Teardrop Is A Waterfall”/”Orphans”, “Yellow”, “Human Heart”, “People Of The Pride”, “Clocks”, “Infinity Sign”, “Hymn For The Weekend”, “Aeterna”, “My Universe”, “A Sky Full Of Stars”, “Sparks”, “Magic” (em português), “Humankind”, “FixYou”, “Biutyful” e “A Wave” (outro).
Cate Blanchett domina as telas como a genial regente que não faz qualquer questão de esconder a falta de humildade
Texto por Taís Zago
Foto: Universal Pictures/Divulgação
Lydia Tár (Cate Blanchett) está no topo do mundo. Como uma das mais conhecidas e respeitadas regentes e compositoras da atualidade, ela reina quase soberana – uma das únicas mulheres a reger orquestras famosas, interpretar de forma singular gênios da música erudita como Mahler enquanto principal regente da Orquestra Filarmônica de Berlim ou dar aula em escolas da elite musical como a nova-iorquina Julliard. Tár não faz questão alguma de esconder a sua falta de humildade. Ela sabe que é singular e ao seu redor só tolera a presença de outras personalidades singulares. Tudo que leva seu nome é um sucesso instantâneo e serve de inspiração para muitos outros aspirantes à carreira de regente. Quem cruza o seu caminho ou discorda de sua opinião é decepado de seu convívio, com a frieza digna de narcisistas e sem aviso prévio.
O diretor e roteirista Todd Field retorna às grandes telas após uma pausa de 16 anos desde seu último filme Pecados Íntimos (2006) e não está para brincadeira. O ex-ator (participou do elenco de De Olhos Bem Fechados, de Stanley Kubrick, por exemplo) abandonou precocemente uma carreira promissora na frente para ficar somente atrás das câmeras. Em Tár (EUA, 2022 – Universal Pictures), mostra a que veio – as imagens são fortes e os diálogos profundamente reflexivos, a fotografia é escura e fria, os personagens não nos permitem que os coloquemos em papais definidos de virtude ou falha humana. Soa como Ingmar Bergman, mas não é. Blanchett não é Ullmann. Blanchett é Blanchett.
Para quem há tempo acompanha a carreira da excepcional atriz, afirmar isso tem um amplo significado: estamos diante de uma artista que busca na arte a constante superação de seus limites, tanto técnicos quanto emocionais. Cate atua em três línguas (inglês, um pouco de francês e alemão) aprendeu sobre regência e a tocar instrumentos na preparação. Mas a sua entrega diante das câmeras é mesmerizante, nenhum preparo técnico supera a capacidade da atriz de entrar na pele de Lydia e torná-la sua. Essa fusão visceral é inegável e evidente em cada cena. Tár, apesar de contar com um amplo elenco de atores tarimbados como a francesa Noémie Merlant e a alemã Nina Hoss, é praticamente um monólogo de Blanchett. O holofote está nela por toda a sua jornada, do cume de seu sucesso e reconhecimento até sua desastrosa queda.
Se você busca relações polarizadas e monocromáticas, Tár pode não ser uma boa pedida. O diretor nos coloca (e se coloca) na posição de um mero observador sem julgamento moral e sem conduzir a jornada de Lydia de uma forma óbvia. Mas como nada é perfeito – fora a atuação da Cate, claro – mais tardar a partir da metade do filme chegamos a nos questionar a necessidade de uma duração de 158 minutos para nos contar essa história. Há uma repetição de temas e de situações que, mesmo que sendo o desejado pela produção, acaba por não acrescentar muito ao todo. Uma duração de 100 a 120 minutos já daria perfeitamente conta do recado. Ao pisar no acelerador na última meia hora, Field nos deixa um pouco perdidos, pois já tínhamos internalizado, assim como em uma música, o ritmo imposto. Mas aqui não se trata de música pop. Nos universos dos virtuoses clássicos, a surpresa faz parte da experiência e desconcertar a plateia pode ser o objetivo.
Além disso, a escolha de uma Berlim invernal como locação para o “miolo” da trama, apesar de evidenciar a frieza das relações entre os personagens, coloca desnecessariamente as cenas sob uma perspectiva dura demais. Mas sim, viver em Berlim tem disso e falo por experiência própria. Nenhuma outra cidade desse planeta tem tanto poder sobre os humores das pessoas de acordo com suas estações do ano. Nenhum lugar casa tão bem criatividade com niilismo ou liberdade de expressão com opressão cultural e arrogância. Uma verdadeira meca para as elites intelectuais e criativas do mundo todo. Lydia está no lugar certo para viver seu narcisismo até as últimas consequências e nos arrasta com ela ao mergulho no abismo, independentemente da nossa vontade.
Por tudo isso, enxergo um terceiro Oscar para Cate no horizonte. E talvez seja o mais merecido de toda sua carreira.
O visual esplêndido não livra a longa sequência do clássico dirigido por James Cameron de se perder nas muitas inconsistências do próprio roteiro
Texto por Carolina Genez
Foto: Fox/Disney/Divulgação
Mais uma década depois do lançamento do primeiro filme, chega agora aos cinemas a sua continuação. Avatar: O Caminho da Água (Avatar: The Way Of Water, EUA, 2022 – Fox/Disney) não vem somente como sequência do anterior, mas também com a promessa de outros três longas (sendo estes já com o ano de lançamento previsto).
Na história atual, também com a direção de James Cameron, reencontramos Jake Sully (Sam Worthington) e Ney’tiri (Zoë Saldaña) anos depois dos eventos do primeiro longa, vivendo em paz com a natureza e formando uma família. A paz dos Na’vi, porém, é perturbada com a chegada de mais militares que querem explorar Pandora e tornar o planeta habitável para o chamado povo do céu.
Se em 2009 James Cameron já impressionava pelos aspectos visuais do mundo de Pandora, no novo Avatar o visual é realmente de cair o queixo. Esse é o tipo de filme que traz de volta o público ao cinema por causa de uma impecável experiência cinematográfica, que deve ser vista na maior tela existente e se possível em 3D.
A maravilha de Pandora é criada em O Caminho da Água com tantos detalhes que torna quase impossível lembrar que o local não existe na vida real. O CGI dá show e mostra o que, de fato, é possível construir tudo com o uso dos efeitos especiais. Para além dos avatares, a natureza em si acaba se tornando um personagem pelo tanto de detalhes. A coloração das plantas, os movimentos dos animais e insetos e, claro, a água dentro do filme são simplesmente impressionantes. Além disso, no segundo Avatar o mundo se torna ainda mais palpável. Com a língua dos Na’vi ainda mais viva e expandida, a construção do mundo torna-se maravilhosa, mostrando ainda mais sobre as vivências e tradições daquele povo.
Aqui o protagonismo fica mais com os filhos do casal principal. Cada um deles pode apresentar personalidades muito interessantes e diferentes entre si, mas todos funcionam muito bem junto e entregamuma convincente família. Dentre os filhos biológicos há Neteyam (Jamie Flatters), mais velho e mais calmo e centrado, mas que ainda sim se rende as ideias do irmão do meio e impulsivo Lo’ak (Britain Dalton). Por fim, Tuk (Trinity Jo-Li Bliss) é a filha caçula. Completando a família e o destaque entre os filhos, entra Kiri (Sigourney Weaver). A filha da cientista Grace (também vivida por Sigourney Weaver), que morreu no primeiro filme, tem uma narrativa muito interessante dentro do longa, explorando as maravilhas de Pandora com a mesma admiração que o próprio espectador. Entre as crianças, o elenco apresenta Miles “Spider” Socorro. Com a saída do povo do Céu, ele acaba ficando, por conta da idade, com os cientistas que permanecem em Pandora. Spider é obcecado pelos Na’vi e mantém uma amizade muito bonita com os filhos de Jake e Ney’tiri.
O começo do longa mostra as vivências dessa família, quando acontece a chegada de mais militares. No primeiro filme, o objetivo era minerar o planeta. Agora, é torná-lo habitável para a vinda dos humanos, já que a Terra se encontra próxima do fim. Esta trama, porém, é abandonada na primeira uma hora de projeção, já que a narrativa é consumida por um desejo desesperado de vingança pelo Coronel Miles Quaritch (Stephen Lang), que retorna como avatar (após uma explicação bem mediana para trazer de volta o vilão) e move diversos recursos (e praticamente montanhas) apenas para se vingar de Jake Sully. As motivações do personagem são bem fracas (até porque no filme anterior o personagem era mais coerente) e sem sentido dentro da atual narrativa, já que aqui matar Sully não elimina os outros Na’vi, que são tão guerreiros como ele.
Por isso, infelizmente, o maior inimigo de O Caminho das Águas revela ser a série de inconsistências de seu roteiro. A estrutura e os atos narrativos são idênticos ao primeiro filme, porém mais alongados. O filme também se segura muito para desenvolver algumas relações e eventos, que muito provavelmente serão explicados e desenvolvidos nas próximos produções. Com isso, entretanto, o segundo filme acaba perdendo muito ao entregar momentos genéricos, previsíveis e com explicações bem ruins.
Além disso, talvez um dos erros que mais impacta é a adição de fatos e regras ou a quebra destes sem grandes explicações desde o início – até porque o primeiro longa é finalizado sem grandes pontas para um segundo. Isso acaba acontecendo ao longo do filme todo. Não só a origem dos personagens da Kiri e Spider ou a volta do coronel, mas também as histórias, lendas e tradições dentro dos povos são explicadas muito de repente e acrescentadas sem dó, apenas para servir às necessidades dos personagens e conseguirem movimentar os mesmos. O objetivo destes também pode ser questionado em diversos momentos, gerando até mesmo a quebra de conexão entre espectador e história.
O Caminho da Água também traz diversas cenas em que nada acontece, até mesmo para que se possa contemplar ainda mais o visual. Tal decisão acaba o deixando extremamente longo, com mais de três horas de duração (trazendo incoerência em determinados momentos, já que de uma hora para outra o perigo deixa de ser iminente com facilidade). A montagem também deixa a desejar pelos cortes bruscos e cenas por vezes sem conexão com os takes seguintes. O final do filme traz uma cena de ação que supera o primeiro, é bem verdade. Só que sua resolução previsível não consegue deixar os espectadores na ponta de sua cadeira. Apesar disso, o longa traz uma melhora grande em relação ao primeiro e consegue terminar plantando curiosidade para as próximas sequências. Avatar: O Caminho da Água é aquela produção impecável e bela visualmente, ideal para ser vista dentro de uma sala cinema, mas peca pelo roteiro raso e genérico, com uma aventura mediana e aquela promessa de melhora para os próximos longas.
Sessenta curiosidades para celebrar a trajetória de 60 anos do agente secreto britânico James Bond nas telas de cinema
Texto por Carolina Genez
Fotos: Divulgação
Seja pelo visual sempre memorável, pela trilhas sonoras marcantes ou pelas aventuras eletrizantes todo mundo conhece Bond, James Bond. Muito popular, o espião mais famoso da história do cinema já foi interpretado por um seleto grupo de seis atores.
Como neste ano de 2022 James Bond completa seis décadas de chegada às grandes telas, o Mondo Bacana elaborou 60 curiosidades que marcaram esta trajetória de sucesso de bilheterias e culto mundial que perpassa gerações e permanece cristalizado até hoje.
Ian Fleming
>> Apesar de sua estreia no cinema ter sido em 1962 em 007 Contra o Satânico Dr. No, o personagem foi criado em 1953 pelo militar, jornalista e escritor britânico Ian Fleming. Sua primeira aparição foi no livro Casino Royale.
>> Apesar de ser um personagem fictício, de fato existiu um James Bond na vida real. Fleming encontrou inspiração para o nome do agente em um livro de pássaros escrito por um ornitólogo chamado… James Bond.
>> Assim como 007, Ian Fleming também foi um espião naval durante a Segunda Guerra Mundial.
007 Contra o Satânico Dr. No (1962)
>> 007 Contra O Satânico Dr. No não era bem uma opção dos produtores para dar o pontapé inicial na história cinematográfica de James Bond. O filme foi escolhido para ser a primeira adaptação porque os sócios Albert Broccoli e Harry Saltzman, que fundaram em 1961 a companhia Eon Productions, não possuíam os direitos do livro Casino Royale. Como outras histórias ou faziam parte de uma disputa judicial ou eram muito caras para serem gravadas, Dr. No (o título original, em inglês) parecia ser a melhor decisão.
>> Desde 1962 já foram lançados nos cinemas 25 filmes do agente. Isto se for contabilizada somente a lista das produções da Eon. Existem ainda outras duas produções “não oficiais” (isto é, não bancadas pela empresa criada por Broccoli e Saltzman).
>> Casino Royale (1967) e 007 – Nunca Mais Outra Vez (1983) são os títulos fariam o número subir para 27. Na primeira, Bond (interpretado por David Niven) é tirado de sua aposentadoria para mergulhar no mundo dos cassinos de Mônaco. Sua missão é derrotar um de seus mais tradicionais inimigos, Le Chiffre (Orson Welles). No outro, com Sean Connery de volta ao papel principal, o protagonista rivaliza com membros e cabeças da Spectre. Detalhe: Um ainda iniciante e desconhecido Woody Allen está no elenco de Casino Royale.
Moscou Contra 007 (1963)
>> O papel de 007 já foi interpretado por seis diferentes atores nas produções oficiais: Sean Connery, George Lazenby, Roger Moore, Timothy Dalton, Pierce Brosnan e Daniel Craig.
>> Doze diretores já assinaram a direção dos filmes da Eon: Terence Young, Guy Hamilton, Lewis Gilbert, Peter R. Hunt, John Glen, Martin Campbell, Roger Spottiswoode, Michael Apted, Lee Tamahori, Marc Forster, Sam Mendes e Cari Joji Fukunaga.
>> John Glen é o cineasta que mais dirigiu filmes do espião britânico. São cinco no currículo.
>> Apesar de ainda não ter feito uma história de James Bond, Steven Spielberg é fã declarado do agente secreto. A série de filmes protagonizada pelo personagem Indiana Jones é uma homenagem ao espião. Já em Tubarão (1975), há cenas inspiradas em 007 Contra a Chantagem Atômica (1965).
>> Para agradecer e retribuir a homenagem de Spielberg, os roteiristas de Bond batizaram de Jaws (título original de Tubarão) o vilão de dentes de aço de 007 – O Espião que me Amava (1977). No filme, o personagem ainda mata um tubarão a dentadas.
007 Contra Goldfinger (1964)
>> O título de maior bilheteria da saga até hoje é 007 Operação Skyfall (2012). Com direção de Sam Mendes, o longa arrecadou mais de um bilhão de dólares e ainda se destacou no Oscar ao arrebatar duas estatuetas, nas categorias mixagem de som e canção original.
>> Por falar em Oscar, 007 – Sem Tempo Para Morrer (2021) é o terceiro título da franquia a levar o Oscar na categoria canção original, com “No Time to Die”, na voz de Billie Eilish, neste ano. Em 2013, Adele levou o troféu com “Skyfall”, tema de 007 Operação Skyfall (2012). Já 007 Contra Spectre (2015) foi embalado por “Writing’s On The Wall”, de Sam Smith, vencedor do ano seguinte. Detalhe é que as estatuetas foram ganhas pelas últimas três produções, lançadas nos últimos dez anos apenas.
>> Apesar de nem todas as músicas terem sido premiadas com o Oscar, os temas dos filmes da série são disputados entre os artistas do momento. Já gravaram canções de 007 nomes como Paul McCartney, A-ha, Shirley Bassey, Tom Jones, Lulu, Tina Turner, Madonna, Garbage, Nancy Sinatra, Duran Duran, Sheryl Crow e Carly Simon. No serviço de streaming Amazon Prime, por sinal, está disponível um documentário em torno da criação de várias destas famosas canções feitas e gravadas para cada filme. Chama-se As Músicas de 007.
007 Contra a Chantagem Atômica (1965)
>> Já a tão famosa música-tema de James Bond foi composta por Monty Norman. Entretanto, a cara definitiva dela foi dada pelo maestro John Barry, junto aos músicos de sua banda, que misturava rock e jazz. A música vendeu mais de 25 milhões de discos e está presente em todos os filmes da série. Em As Músicas de 007, toda a sua concepção é dissecada também.
>> Outra marca registrada dos filmes do agente são as bond girls. Em 25 produções, a franquia já apresentou quase 60 delas. A mais famosa delas é a suíça Ursula Andress.
>> Apesar da saga contar com muitas mulheres, foi apenas no mais recente longa que uma mulher ocupou o papel do agente. A personagem interpretada pela atriz Lashana Lynch assume o codinome 007 durante a aposentadoria do astro da espionagem, no início de 007 – Sem Tempo Para Morrer (2021).
>> Ainda sobre as bond girls, apenas duas atrizes reprisaram seus papéis: Eunice Gayson e Léa Seydoux.
Com 007 só se Vive Duas Vezes (1967)
>> Desde o primeiro filme da saga, James Bond também é lembrado pelo seu famoso drink: um martini batido (e não mexido) com vodka (e não gim). O pedido do agente foi tão marcante que fez a popularidade do gim cair.
>> Mais de 45 carros já passaram pelas mãos de James Bond. O mais famoso deles é um Aston Martin DB5, utilizado em 007 Contra Goldfinger (1964). O automóvel era equipado com traquitanas nada usuais sobre quatro rodas, como assento ejetor e metralhadoras.
>> A frase “Meu nome é Bond, James Bond” é uma das mais conhecidas da história do cinema. Ela foi dita pela primeira vez já no primeiro filme, aos 5 minutos e 38 segundos de 007 Contra o Satânico Dr. No (1962).
007 A Serviço Secreto de Sua Majestade (1969)
>> É necessária muita vontade para viver o agente britânico nas telas. Por conta das locações em diversas partes do mundo e das muitas cenas de ação, as jornadas diárias de trabalho dos protagonistas duram em média 14 horas.
>> Tendo arrecadado mais de 12 bilhões de dólares, 007 é a série de filmes mais lucrativa da história do cinema.
>> James Bond foi eleito o maior herói de Hollywood pela Entertainment Weekly em 2009. O segundo lugar ficou com Indiana Jones e o terceiro com o Homem-Aranha.
>> James Bond não é o único agente da MI-6. O codinome 007 se refere a um seleto grupo de agentes 00, onde cada zero significava inicialmente o número de mortes necessárias para se tornar um espião.
>> A designação 00 também significa (a partir do terceiro livro, 007 Contra o Foguete da Morte, publicado em 1955) que o agente possui a “licença para matar” concedida pela rainha da Inglaterra.
>> Somando todos os filmes, James Bond já matou mais de 600 pessoas.
Com 007 Viva e Deixe Morrer(1973)
>> Inicialmente Ian Fleming, via como o filme perfeito do 007 uma produção dirigida por Alfred Hitchcock e estrelada por Cary Grant. Entretanto, o escritor mudou de ideia quando viu Sean Connery em 007 Contra o Satânico Dr. No (1962).
>> Entre os atores que protagonizaram os filmes de 007, apenas Daniel Craig e Roger Moore eram, de fato, ingleses. Pierce Brosnan é irlandês. Sean Connery, escocês. Timothy Dalton veio do País de Gales. Já George Lazenby era australiano.
>> Um dos filmes de James Bond tem uma cena realizada no Brasil. Em 007 Contra o Foguete da Morte (1979), Roger Moore veio ao Brasil rodar o filme. A cena de ação tem o bondinho do Pão de Açúcar como cenário.
007 Contra o Fogeuete da Morte (1979)
>> Sean Connery quase foi morto durante a gravação de uma cena de perseguição com um helicóptero em Moscou Contra 007 (1963). O piloto era inexperiente e voou baixo demais.
>> Assim como o agente secreto, Connery também fez parte da marinha britânica. O ator se alistou aos 16 anos mas precisou se afastar por conta de problemas de saúde
>> O ator que primeiro fez 007 nos cinemas passou 12 anos sem interpretar o papel. Ausente desde 1971, retornou em 1983, em 007 – Nunca Mais Outra Vez, o tal filme que não era da Eon. Foi convencido por sua esposa a retomar o papel que o fizera famoso no cinema.
007 Somente Para Seus Olhos(1981)
>> Sean Connery foi consagrado como sir em 2000, quando tornou-se um dos cavaleiros da Rainha Elizabeth II pelos serviços pelo cinema e pelas artes.
>> Sua performance como James Bond foi ranqueada em quinto lugar na lista dos 100 maiores personagens de todos os tempos elaborada pela revista francesa Première.
007 – Permissão Para Matar(1989)
>> George Lazenby participou de um único filme da franquia, 007 A Serviço Secreto de Sua Majestade(1969). Isso ocorreu durante um breve período de ausência de Sean Connery.
>> Durante o filme, Lazenby acusou seu par romântico, Diana Rigg, de comer alho propositadamente antes de atuarem juntos em cenas de amor.
>> O australiano desejava fazer as próprias cenas de ação sem uso de dublês, porém o estúdio era contra. Um dia foi permitido que ele fizesse uma das cenas de acrobacia. O ator quebrou o braço, o que atrasou as filmagens.
>> Lazenby foi convidado para uma sequência, porém recusou. Acreditava que o agente secreto britânico se tornaria um anacronismo em plena era de Woodstock.
>> Além de um filme de 007, George fez outra aparição como um agente britânico secreto no telefilme A Volta do Agente da UNCLE (1983), que tinha como base uma popular série também de TV. Seu personagem é chamado de JB, que poderia significar James Bond. Neste longa, ele também diz o famoso bordão “batido, não mexido”.
007 Contra GoldenEye (1995)
>> Era para Roger Moore interpretar o agente britânico mais cedo. Ian Fleming queria o ator desde o primeiro filme, porém ele não pode aceitar por estar envolvido com a série O Santo (1962-1969).
>> Em um intervalo de 12 anos (1973-1985), Roger Moore atuou em sete filmes do agente britânico. É o ator que mais participou de filmes da Eon como James Bond, superando por um título Sean Connery.
>> Claro que com todo este tempo interpretando o agente secreto, Moore saiu com algumas marcas. Em Com 007 Viva e Deixe Morrer (1973), quebrou um dente em uma cena de perseguição em uma lancha. Em 007 Contra Octopussy (1983), cortou a mão e deslocou um ombro.
>> Os contratos de Roger incluíam uma cláusula que garantia a ele um suprimento ilimitado de cigarros da marca Monte Cristo.
>> Moore também achava que corria de forma esquisita. Por isso, precisou de dublês para todas as cenas em que seu personagem aparece correndo.
007 – Casino Royale (2006)
>> Timothy Dalton fez dois filmes como James Bond: 007 Marcado Para a Morte (1987) e 007 – Permissão Para Matar (1989). Ele deveria estrelar um terceiro título. Porém, por conta de problemas com o roteiro e a produção, ocorreu um intervalo gigante até o próximo filme. Quando finalmente começaram a produzir 007 Contra GoldenEye (lançado em 1985), o ator abriu mão do papel.
>> Dalton incorporou um James Bond mais humano, realista e condizente com os livros de Ian Fleming
>> Seu Bond foi o último a fumar nas telas.
>> Os filmes de Dalton foram gravados no auge da epidemia de aids. Por isso, o ator sugeriu que James Bond tivesse apenas um relacionamento. A ideia foi acatada e assim a relação teve ares mais românticos do que nos filmes anteriores.
>> Segundo o galês, seus filmes favoritos do agente secreto britânico são: 007 Contra o Satânico Dr. No (1962), Moscou Contra 007 (1963) e 007 Contra Goldfinger (1964). A justificativa é de serem mais parecidos com os livros de Fleming.
007 Operação Skyfall(2012)
>> Pierce Brosnan interpretou James Bond entre 1995 e 2002. Durante esse período, o ator foi liberado para participar de outras produções. A única restrição era quanto ao uso em cena de um smoking.
>>007 Contra GoldenEye (1985) termina com o saldo final de 47 mortos, fazendo deste o filme um dos mais letais da franquia. O James Bond de Brosnan também é o mais assassino de todos. O ator matou 135 pessoas durante sua trajetória como o agente britânico.
>> O primeiro convite para ele atuar como James Bond veio por causa de sua primeira mulher, a atriz Cassandra Harris, que atuou em 007 – Somente Para Seus Olhos (1981), ao lado de Roger Moore. Brosnan foi visitá-la no set deste filme e o produtor ficou encantado com o ator. “Se este cara souber atuar, ele é meu próximo Bond”, disse Broccoli.
>> Pierce Brosnan foi convidado, então, para substituir Moore. Ele, porém, não pode aceitar o papel na época por estar atuando na série Jogo Duplo.
>> Além de seu salário, Brosnan recebeu um carro por cada filme.
007 Contra Spectre (2015)
>> A escolha de Daniel Craig para interpretar Bond foi polêmica já que ele é loiro, enquanto James Bond é tradicionalmente moreno. Além disso, o ator nasceu seis anos depois da estreia do primeiro filme da série.
>> Na primeira cena de luta de Casino Royale (a versão de 2006, já com os direitos adquiridos pela Eon), Craig levou um soco e perdeu dois dentes.
>> A era Daniel Craig se diverge das outras, já que pela primeira vez há uma trajetória completa, formando uma sequência, uma história coesa. Os filmes anteriores, embora fossem com o mesmo ator fazendo o papel de James Bond, sempre se revelavam aventuras independentes umas das outras.
>> Daniel Craig foi o ator que deteve por mais tempo o posto de 007: foi uma década e meia entre os lançamentos de Casino Royale (2006) e de 007 Sem Tempo Para Morrer (2021). Inclusive, a marinha britânica chegou até a dar ao ator o título de comandante honorário, a mesma patente do agente nos filmes.
>> Daniel Craig é o James Bond que mais bebe em toda a trajetória do personagem nos cinemas.