Mais recente longa com a grife Pixar traça paralelos entre a realidade e a magia das criaturas fantásticas e os jogos de tabuleiro de de RPG
Texto por Leonardo Andreiko
Foto: Pixar/Disney/Divulgação
A Pixar já é, há anos, um dos nomes mais sólidos do mercado de animação digital. Com orçamentos multimilionários, a produtora é capaz de aliar uma boa narrativa com visuais impressionantes. Com Dois Irmãos (Onward, EUA, 2019 – Disney), mais um sucesso. No entanto, a força de seu roteiro, escrito por Dan Scanlon, Jason Headley e Keith Bunin, jaz num outro ponto forte da produtora. Enquanto acompanha os irmãos Ian (Tom Holland) e Barley (Chris Pratt) em uma missão RPGesca para conseguir rever seu pai, falecido antes do nascimento daquele, por meio de uma magia deixada por ele, a trama apresenta um rico universo ao espectador, cujos paralelos entre nosso mundo e a magia das criaturas fantásticas e aventuras dos jogos de tabuleiro entretêm quem assiste de maneira indiferente à idade.
Ao mesmo tempo que traz uma história formulaica, a adaptação Pixar da jornada do herói, Dois Irmãos desenvolve um subtexto sólido, amparado no lado emocional de seus protagonistas. Não somente por meio de um ótimo diálogo, mas nas pausas e silêncios de Holland e Pratt, que exercem incrível química tanto nos momentos mais dramáticos quanto nos cômicos. Sua dinâmica é responsável pela maior parte do desenvolvimento da trama, e a qualidade dos atores faz jus à responsabilidade.
A capacidade de Scanlon, que também dirige o longa, em compreender a força de seu elenco (que também conta com Octavia Spencer e Julia Louis-Dreyfus) ao mesmo tempo que constrói uma mise-en-scène inventiva, dinâmica e fantástica. Uma das grandes qualidades de Dois Irmãos é que, mesmo com um público-alvo estabelecido com clareza, o filme é dirigido com tamanha propriedade que encanta a todos os espectadores, tanto visual quanto narrativamente.
Como já de costume, este é um filme com o selo de qualidade Pixar, capaz de divertir e emocionar qualquer espectador com a dinâmica que já conhecemos bem. No entanto, ele não se destaca como um dos maiores hits da produtora. Na busca por uma história tão dinâmica, cuja ação é compreendida em grande escala, Scanlon sacrifica algumas batidas emocionais e, com isso, seu potencial discutido anteriormente se tornou apenas isso, um potencial.