Comédia mostra o que acontece na educação dos filhos quando os pais dizem sim para tudo no período de 24 horas

Texto por Flavio Jayme (Pausa Dramática)
Foto: Netflix/Divulgação
Eu não sou pai, mas tenho plena noção de que a vida de uma pessoa muda completamente após o nascimento de um filho. Bom… da maioria pelo menos. O peso da responsabilidade e da educação das crianças transforma a pessoa que curte tudo, diz sim para tudo, para uma cuja vida é cheia de nãos. Não pode isso, não pode aquilo. A vida se torna um emaranhado de regras.
Então é com alguma surpresa que, em Dia do Sim (Yes Day, EUA, 2021 – Netflix) Allison (Jennifer Garner) percebe que, depois de ser a garota que aproveitava a vida e dizia sim para todas as aventuras, ela se tornou a mãe que diz não o tempo todo para os filhos e, para eles, se tornou a mãe chata, controladora e ditadora. Quando entende que, enquanto isso, o pai passa a mensagem do cara legal e divertido e que seus filhos podem estar recebendo a mensagem errada na sua educação, toma uma atitude radical: influenciada pelo treinador da escola, o casal descobre o tal “dia do sim” e, num rompante de “olha como eu sou divertida”, ela resolve usar a tática com as crianças.
Como se trata de um filme para toda a família, Allison e Carlos Torres (Edgar Ramírez) vão estipular regras: o dia do sim terá de ser merecido e conquistado com boas notas e bom comportamento. E, nas 24 horas que os pais devem dizer sim para tudo, regras também são estabelecidas como orçamento, distância de casa e não pedir nada ilegal (ufa!).
Dia do Sim é adaptado de um livro infantil escrito por Amy Krouse Rosenthal, bestseller nos Estados Unidos que parte da mesma premissa: um dia onde os pais digam somente SIM para seus filhos. E, no fim das contas, para si mesmos. Voltar a ser criança, permitir-se ser bobo ou “irresponsável” (dentro dos limites, é claro), voltar a sentir prazer em coisas que há muito deixamos para trás. Por que não? A liberdade pode ser tanto para as crianças quanto para os adultos. Sair com as roupas que os filhos escolheram pra você, ir ao show de uma banda adolescente, empanturrar-se de sorvete logo de manhã. Por que não? Quando foi que passamos a dizer só não para tudo, inclusive para nós mesmos?
Claro que a grande mensagem é a de que o sim também pode ter consequências. Às vezes mais desastrosas que o não, inclusive. Mas, pelo sim ou pelo não, as crianças aprendem sobre responsabilidades e consequências. De maneira mais divertida que uma lista infindável de regras, podem valorizar e entender a educação dos pais. Estes pais, usando a desculpa de que estão fazendo isso pelos filhos, podem se permitir pequenas bobeiras e infantilidades pelo menos por 24 horas.