Novo longa-metragem com protagonista canino é repetitivo e acaba cansando com seus monólogos óbvios e desnecessários
Texto por Leonardo Andreiko
Foto: Sony Pictures/Divulgação
W. Bruce Cameron e Cathryn Michon têm certa experiência ao escrever histórias “emocionantes” de cachorro. Ambos roteirizaram o polêmico – não por seu conteúdo – Quatro Vidas de um Cachorro. Agora repetem a parceria com a estreia deste ano, A Caminho de Casa (A Dog’s Way Home, EUA, 2019 – Sony Pictures).
Neste filme, a pitbull de rua Bella (dublada por Bryce Dallas Howard) é resgatada por Lucas (Jonah Hauer King) e Olivia (Alexandra Shipp). Tudo é ótimo até que a cadela é ameaçada de morte, tendo que se mudar para a casa dos tios de Olivia, de onde foge para tentar ir para casa. Como se não bastasse o ato ser o pivô de toda a trama, o público é constantemente lembrado pela dublagem que este é o intuito da protagonista.
Alternando entre momentos com humanos, que têm seus altos e baixos, e os monólogos de Bella, rodeada por animais não-falantes, A Caminho de Casaé fruto de uma fórmula ostensivamente utilizada e constrói uma fórmula em si mesmo, tornando-se um filme repetitivo. Desta forma, a obviedade do monólogo da cadela se torna duplamente enjoativa. O filme não para de bombardear frases desnecessárias, como “estava muito feliz com [x]” ou “eu estava com tanta sede!”. Ainda assim, o ritmo acompanha o cansaço do espectador. Quando a voz de Bella começa a cansar, somos introduzidos a novos seres humanos, que compartilham a tela com a pitbull por cerca de 10 a 20 minutos.
O mediano Charles Martin Smith assina a direção monótona e convencional, enquanto dá espaço para os fracos diálogos construírem seus personagens. Das atuações igualmente medianas, destacam-se Ashley Judd, que interpreta a mãe de Lucas, e Shipp. A subtrama envolvendo os veteranos de guerra traz alguns momentos divertidos, mas não passa disso.
A boa tirada, entretanto, é a fuga do lugar comum de “filme para chorar”. Veja bem, A Caminho de Casa não inova, mas parte para uma vertente infantilizada das histórias de cachorro. Assim, atira para um público mais comercial, visto que apenas os adultos que entrarem na sessão estarão à procura de um novo Marley e Eu. Se não fosse o fraco CGI sobre o qual a trama se constrói (uma das principais companheiras de Bella é inteira criada em computação gráfica), ela seria mais palatável, ainda que morosa.