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Exodus

Oito motivos para não perder o show pelo do grupo americano que criou e consolidou o thrash metal ao lado de Anthrax, Slayer, Megadeth e Metallica

Texto por Daniela Farah

Foto: Tayva Martinez/Divulgação

Comecinho dos anos 1980. Se de um lado os britânicos jorravam bandas para uma nova onda no oceano de camisetas pretas, a tal da new wave of the british heavy metal, na costa oeste americana um bando de garotos empunhavam a bandeira de uma ousada e agressiva vertente metaleira. A mistura era de elementos como a velocidade e a potência do Motörhead, a atitude furiosa dos Sex Pistols e a complexidade de contemporâneos vindos do outro lado do Atlântico, tais quais o Iron Maiden e o Judas Priest. Assim, moleques que atendiam pela alcunha grupal de Metallica, Megadeth, Slayer, Anthrax e Exodus comandavam uma guinada radicalmente oposta a tudo o que apontava para uma bem sucedida popularização (financeira, claro!) dos sons pesados.

Este último é uma das atrações da edição 2024 do festival Summer Breeze Brasil, marcado para São Paulo entre 26 e 28 de abril (clique aqui para ler tudo sobre o evento). Antes, porém, o Exodus dá uma breve passadinha em outras duas capitais, tocando pela quinta vez em Curitiba no dia 22 (mais informações sobre local, horário e ingressos você tem clicando aqui) e chegando no dia 24 ao principal celeiro thrash nacional, Belo Horizonte (mais informações sobre local, horário e ingressos você tem clicando aqui). A atração de abertura é a Eskröta, banda do interior paulista (com formação dividida entre as cidades de Rio Claro e São Carlos) que vem ganhando destaque na cena com suas letras sobre resistência, feminismo e antifascismo.

Mondo Bacana preparou oito motivos pelos quais você não pode deixar de ver em ação a uma das referências máximas vindas da música de peso made in Califórnia.

Bay Area

Havia algo na água da baía de São Francisco, disso ninguém duvida. Exodus, Metallica, Slayer, Anthrax, Megadeth, Testament, são todos da mesma área e revolucionaram a música nos anos 1980. A facilidade do mundo do streaming permite que com um clique você escute ou até veja algum show dessas lendas. Mas nada se compara a participar de um concerto! Uma das belezas de ser audiência em uma noite é fazer parte daquele momento, in loco. E se você não pode beber a água direto da baía de São Francisco, o Exodus a traz na porta de casa.

Good, Friendly, Violent, Fun

Apesar de uma imensa discussão pairar sobre a primeira onda do thrash metal (quem a criou e quem fazia parte dela), é fato que Kill’ Em All, début do Metallica em 1983, é considerado o marco oficial. O Exodus também entra nessa “briga, já que a banda teve seu embrião formado anos antes, em 1979, por Kirk Hammett guitarra) e Tom Hunting (bateria). Ele só não entra no tão temido big four porque seu álbum só foi lançado em 1985, mediante uma estratégia da gravadora, que preferiu esperar até que o thrash estivesse consolidado. Segundo o guitarrista Gary Holt, integrante desde 1982, o lema do Exodus é Good, Friendly, Violent, Fun (ou, em tradução para a língua portuguesa, Bom, Cordial, VIolento, Engraçado). Em 1991 eles transformaram o slogan no título do primeiro álbum gravado ao vivo.

Gary Holt

Ele era apenas um roadie quando começou a se envolver com o Exodus. Aprendeu guitarra com Kirk Hammett (há tempos no Metallica) e na primeira oportunidade que surgiu, com a saída de Tim Agnello, veio para a banda em 1982. Holt não só passou a fazer parte, mas ele também se tornou a mente criativa por trás dos trabalhos autorais do Exodus, que começaram um ano antes. Mostrando que de poser ele nunca teve nada, Gary vive a cena até hoje, inclusive ouvindo novas bandas que surgem, apesar de se considerar um “vovô metal”. O guitarrista também tocou no Slayer, quando substituiu Jeff Hanneman, que contraíra fasceíte necrosante, segundo ele, por uma picada de aranha. A substituição seria coisa rápida, mas durou 10 anos (!!!). Tudo isso faz de Gary Holt uma lenda viva da primeira onda thrash.

Tom Hunting

O baterista foi um dos fundadores oficiais do Exodus. Ele tocou nos álbuns Bonded By Blood (1985), Pleasures Of The Flesh (1987) e Fabulous Disaster (1989), antes de sair por motivos de saúde e ser substituído por John Tempesta – nisso, ele foi e voltou algumas vezes. Tom se destaca como um componente essencial da paisagem sonora do Exodus, por sua precisão, velocidade implacável e volume ensurdecedor. Curou-se de um câncer recentemente e tem comemorado sua vitória tocando para os fãs. A verdade é que não dá pra perder de um músico desse naipe.

Bonded By Blood

Lançado em 1985, foi eleito um dos melhores álbuns de metal do mundo. Como o Exodus era uma banda muito conhecida pelos seus shows na época, o primeiro disco não foi novidade – e ainda reza a lenda que muita gente já tinha uma cópia pirata dele. Hoje a obra se tornou histórica, não pode faltar na coleção de qualquer thrasher que se preze (a não ser que seja um poser!). O melhor é que a faixa-título junto sempre aparece nos set lists, ao lado da clássica aula “A Lesson in Violence”.

“Toxic Waltz”

A faixa faz parte de Fabulous Disaster, segundo álbum do Exodus, lançado em 1989. Quando a compôs, Gary Holt queria uma música que representasse “o que os fãs fazem nos shows”. “Aqui está uma nova dança maníaca que está varrendo a nação/ Chama-se valsa tóxica e está causando devastação”. O responsável pela letra foi o vocalista Steve “Zetro” Souza (que também vem agora ao Brasil) e ele quis fazer uma brincadeira, uma paródia com essa coisa das bandas dos anos 1960 venderem novas modas na época. Mas Gary adorou isso e o público também! Então, ela se tornou uma música que o Exodus não pode ficar sem tocar ao vivo.

Persona Non Grata

Saindo de um hiato de sete anos, Exodus lançou recentemente finalmente um novo álbum, para a alegria dos seus fãs. Persona Non Grata chegou ao público em 19 de novembro de 2021 e a banda mostrou que ainda tem muita lenha para queimar em seu décimo primeiro álbum. “Prescribing Horror”, “The Beatings Will Continue (Until Morale Improves)”, e “R.E.M.F.” vem sendo executadas nos últimos set lists da turnê. Qual delas chega por aqui?

Summer Breeze Brasil

Uma das razões para o Exodus vir novamente ao Brasil é porque o grupo faz parte do line up da versão tupiniquim do famoso festival alemão. O evento será realizado no próximo fim de semana em São Paulo, mas algumas bandas resolveram agradar aos fãs e agendaram outros shows no país. Assim, Curitiba e Belo Horizonte foram as locações escolhidas para esse show “solo” tão especial. Será a quinta passagem pela capital paranaense, o que mostra um grande apreço do Exodus pelo seu público daqui. E BH, bem… dá para dizer que lá foi o grande celeiro de bandas brasileiras adeptas do thrash metal, por causa do selo Cogumelo e do início fonográfico arrasador do Sepultura.

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