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The Cloverfield Paradox

Entenda como o recém-lançado terceiro longa da franquia criada por J.J. Abrams se encaixa nas histórias dos filmes anteriores

Cloverfield-Paradox

Texto por Flávio St Jayme (Pausa Dramática)

Foto: Netflix/Divulgação

*ATENÇÃO: ESTE TEXTO CONTÉM SPOILERS*

Agora a poeira baixou e quem estava mais afoito já assistiu The Cloverfield Paradox, lançado de surpresa pela Netflix após o Super Bowl na noite deste primeiro domingo de fevereiro. E agora que muita gente já assistiu, todo mundo parou e pensou: “tá, e agora? O que exatamente este filme explica?”

Cloverfield é uma franquia estranha e fora dos padrões tradicionais. Os dois primeiros filmes, CloverfieldRua Cloverfield, 10, não possuem conexão aparente. A esperança de todos era que The Cloverfield Paradox fosse a cola que unisse tudo. Claramente ele parece fazer isso, especialmente com uma cena final que inclui um monstro bastante parecido com o que ataca Manhattan no primeiro longa.

Mas a pergunta para a pergunta de como este terceiro filme se encaixa com os dois anteriores é bem mais complexa. Em primeiro lugar, aquele provavelmente não é o mesmo monstro. Enquanto ele é bastante semelhante, é significantemente maior que o anterior. No primeiro filme o monstro tinha a altura de um prédio e este que aparece ao final de The Cloverfield Paradox aparece com a cabeça acima das nuvens. Então, supõe-se que eles sejam da mesma espécie, embora que provavelmente não sejam o mesmo. O que isso quer dizer?

Parece provável que a chave para entender tudo esteja no próprio filme. Em determinada cena a tripulação da nave espacial quando um homem (Mark Stambler, vivido por Donald Logue) aparece na TV falando sobre o perigo do que eles estão fazendo no espaço: criar uma fonte de energia para a Terra através de um acelerador de partículas.

“Neste momento, eles estão testando um acelerador de partículas lá em cima, para que nós tenhamos energia ilimitada aqui embaixo. Mas aqueles que aceitam que o paradoxo Cloverfield como algo real, sabem como isso é perigoso. Como aquele acelerador é milhares de vezes mais poderoso do que qualquer coisa já criada, toda vez que eles o testam, eles arriscam romper a membrana do tempo-espaço, juntando múltiplas dimensões e quebrando a realidade. E não somente na estação espacial. Em todo lugar. Este experimento pode desencadear o caos de uma forma que nunca vimos. Monstros, demônios, criaturas do mar… e não só aqui e agora. Mas também no passado, no futuro, em outras dimensões. Você não faz ideia de como eu queria estar errado sobre isso”, dispara Stambler.

Quando a equipe da nave consegue ativar o acelerador de partículas, algumas coisas estranhas realmente acontecem. No mesmo momento a nave é enviada para outra dimensão e causa uma variedade imensa de coisas fora do comum, como a parede engolindo o braço de um dos tripulantes. E, claro, no final do filme, ficamos sabendo que os monstros se espalharam pela Terra em algum momento.

A teoria mais aceita até agora é a de que o disparo do acelerador fez exatamente o que Stambler previu: desencadeou atrocidades no mundo e foi o ponto de partida para os acontecimentos dos dois primeiros filmes. A grande questão que ficou é se os dois primeiros filmes se passam na mesma Terra que o terceiro. Aparentemente a resposta é não. Cada um deles parece se passar em uma Terra diferente.

A principal razão para esta teoria é o fato de que em The Cloverfield Paradox os personagens constantemente utilizarem tecnologias do futuro. Ou seja: este filme claramente se passa após 2018 e não há nada no filme original, de 2008, que diga que ele não se passa em outro ano que não o de seu lançamento (todo o filme é mostrado sob o ponto de vista de uma filmagem encontrada gravada em fita, por exemplo). E como Stambler afirma que o disparo do acelerador pode afetar o passado, ele não parece ter afetado a Terra em que o terceiro filme se passa, já que um diálogo diz que os monstros acabaram de aparecer. Quer dizer: a Terra que enfrentou o monstro em 2008 não pode ser a mesma em que a tripulação da nave se encontra em 2018 (que acaba de descobrir os monstros).

Rua Cloverfield, 10, por outro lado, tem monstros totalmente diferentes do primeiro filme. É provável que a Terra deste segundo filme seja a mesma do terceiro, já que o clima das duas produções é bem parecido no que diz respeito aos ataques. Mas não vemos os monstros que atacam o bunker nesta terceira parte, apenas as criaturas gigantes.

Então o principal pensamento é o de que cada um dos três filmes se passa em seu próprio universo paralelo. E o disparo do acelerador de partículas fez exatamente o que Stambler previu: libertou “monstros, demônios, criaturas do mar… e não só aqui e agora. Mas também no passado, no futuro, em outras dimensões. Já se fala em partes 4 e 5 da franquia, e como tudo saiu da cabeça de J.J. Abrams, as loucuras só tendem a aumentar.

Se você ficou pensando nesta teoria de universos paralelos e dimensões com coisas estranhas acontecendo e é fã de Abrams, com certeza conseguiu achar uma conexão com Lost, a produção mais aclamada e teorizada do diretor. Não é difícil. E também não é difícil usar uma teoria semelhante para entender a série: quando o avião sofre o acidente, os passageiros e os destroços são transportados para uma dimensão paralela (o que pode explicar o fato de eles não conseguirem sair da ilha e as coisas estranhas que acontecem ali). O final da série, o “encontro no funeral” e as tentativas de voltar ao mundo real podem ser meras expressões de outras dimensões ou, por fim, a aceitação de que eles morreram na dimensão “terrestre” mas podem continuar vivos em outras.

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