Artista: Eels
Música: Bone Dry
Álbum: The Deconstruction (2018)
Por que assistir: Já faz doze discos que Mark Oliver Everett (mais conhecido pelo codinome diminuto de E, a inicial de seu sobrenome, e filho de um dos maiores nomes da física quântica do Século 20, Hugh Everett III) mantém seu Eels na mesma sintonia. Baladas dramáticas e canções pop dançantes transbordando letras repletas de amor, paixão, desilusão e cinquenta tons de sentimentos delineados pela morte. No novo disco da banda – que tem no produtor e multiinstrumentista E sua única peça fixa desde a sua formação, em 1995 – não poderia ser diferente. Apesar do nome do álbum indicar algum possível sinal de desconstrução. Três clipes já foram lançados para este disco, todos bastante interessante. Este daqui, divulgado no começo de abril no mesmo dia em que The Decosntruction chegou às lojas físicas e digitais, é bastante interessante. E, por que não, fofo. Feito em parceria entre a diretora Sofia Astrom e o animador Tony Candelaria, “Bone Dry”, o clipe, é uma viagem por uma terrível história de sofrimento, perda e dor em um cemitério. A garota arranca o coração do apaixonado e foge. Enquanto isso, ele “morre” e passa a viver entre as torturas psicológicas de ter sido abandonado pela pessoa em quem mais achava que poderia confiar. Durante a nova “vida”, ele encontra quatro simpáticos esqueletos que tentam “reanimá-lo” de todas as formas, inclusive ensaiando alguns graciosos e engraçados passos de dança. Até que ele reencontra a antiga amada e… bem, melhor não revelar o final para não dar qualquer spoiler. Melhor ainda é contar curiosidades sobre a concepção desta obra audiovisual. Astrom e Candelaria quiseram fazer um trabalho de animação que combinasse com o espírito loserda letra composta e cantada por Everett neste misto de rockabilly, jazz, ala-rock e boogaloo. Para ajudá-los, eles chamaram um expert em animação de esqueletos, Anthony Scotts, que tem no currículo a participação em O Estranho Mundo de Jack e A Noiva Cadáver, ambos longas do diretor Tim Burton. Outras influências para o trabalho foram os trabalhos do designer e mestre em efeitos especiais e animação stop-motion Ray Harryhausen (que fez, entre outras coisas, o clássico filme da Sessão da Tarde old school Jasão e os Argonautas, de 1963) e do diretor de clipes Chris Hopewell (responsável por algumas obras neste formato para Father John Misty, Graham Coxon, Run The Jewels, Franz Ferdinand e Radiohead); mais, óbvio, a primeira das animações da Disney para o projeto Silly Symphonies (The Skeleton Dance, de 1929).
Texto por Abonico R. Smith