Formação clássica volta a se reunir depois de trinta anos e emociona os fãs Florianópolis desfilando sucesso atrás de sucesso

Texto por Frederico Di Lullo
Fotos: Fabiane Garcia (banda inteira) e Toia Oliveira/Trovoa (músicos)
Na mitologia grega, a história dos titãs conta que eles eram filhos de Gaia e Urano. Eram seis homens e seis mulheres, conhecidos como os 12 titãs da primeira geração, que governaram o universo logo após Urano e antes de Zeus. De acordo com a história, Urano seria o Deus do céu e ele já imaginava o grande poder que todos seus filhos teriam pela terra. E ele estava correto.
O Hard Rock Live, localizado em São José (SC) mas citado normalmente como parte da Ilha da Magia (aka Florianópolis), foi o mesmíssimo Olimpo durante a sexta-feira dia 6 de maio, data que marcou a passagem da turnê Titãs – Encontro, da quarentona banda paulistana. Um evento histórico, que trouxe Arnaldo Antunes, Branco Mello, Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Britto, Tony Bellotto e Charles Gavin até o sul do sul do mundo. Sim, todos os Titãs da formação clássica da banda, que gravou os principais e mais conhecidos discos entre os anos 1980 e 1990, juntos novamente no mesmo palco depois de trinta anos.

Arnaldo Antunes
Com o claro objetivo de celebrar a trajetória, relembrar os sucessos que marcaram gerações e sobretudo se divertir, a banda se apresentou para uma casa cheia, sold out, onde mais de 12 mil pessoas para presenciar este momento histórico. Após um normal atraso de 20 minutos, a banda chegou e iniciou uma sequência alucinante, abrindo com “Diversão”, “Lugar Nenhum”, “Desordem” e “Tô cansado”. Os vocalistas iam se alternando enquanto os Titãs desfilavam com toda tranquilidade e naturalidade em cima de um palco com produção impecável, com luzes e som dignos de uma celebração histórica do rock nacional. O show, aliás, era uma verdadeira viagem no tempo e isso também se refletia no público onde, majoritariamente adultos de meia idade cantavam todas as músicas e agitavam sem parar.

Branco Mello e Tony Bellotto
Antes do set acústico programado para o miolo, não faltaram mais clássicos como “Homem Primata”, “O Pulso”, “Comida”, ”Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas” e “Cabeça Dinossauro”. Absolutamente todas as músicas eram entoadas de forma enérgica pela plateia e isso era realmente algo emocionante e muito bonito. Também era de se destacar a alegria de todos os sete integrantes que estavam no palco. O legado deixado por estes senhores não só para a música mas para a cultura brasileira é gigante. Isso se vê refletido em cada acorde, cada música, cada sensação que ouvir a formação clássica do Titãs representa para cada um dos presentes.

Nando Reis
Um ponto alto da noite foi o momento acústico. Ali eles lembraram o amigo que já não está fisicamente neste espaço, mas ainda que se faz presente em todos os momentos e a cada instante: o guitarrista Marcelo Fromer, a oitava parte dos Titãs, morreu em junho de 2001 após ser atropelado por uma motocicleta em São Paulo. E nessa parte acústica, não faltaram os hits dos dois discos unplugged (gravados ainda com Fromer, no final dos anos 1990) como “Os Cegos do Castelo”, “Não Vou Me Adaptar” e “Pra Dizer Adeus”.

Paulo Miklos
De volta ao momento elétrico, a trupe passou por mais sucessos que até hoje fazem todos se emocionarem, como “Marvin”, “Flores”, “Polícia” e “Bichos Escrotos”. A energia dos integrantes em palco é contagiante, é possível sentir a emoção em cada nota tocada e cada palavra cantada por estes senhores hoje sexagenários.

Sergio Britto
Havia tempo para mais? Com certeza. No bis, a banda voltou para coroar a noite entoando “Miséria”, “Família” e “Sonífera ilha”. Em resumo, toda a turnê que reúne os remanescentes de hoje a outros músicos que já deixaram os Titãs para desenvolver carreira solo ou outros projetos pessoais é um evento imperdível para os fãs da banda e também todos aqueles que apreciam música de qualidade. Se você ainda não teve a chance de assistir a um dos concertos – cuja agenda segue até junho – não perca esta oportunidade!

Charles Gavin
Set list: “Diversão”, “Lugar Nenhum”, “Desordem”, “Tô Cansado”, “Igreja”, “Homem Primata”, “Estado Violência”, “O Pulso”, “Comida”, “Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas”, “Nome Aos Bois”< “Eu Não Sei Fazer Música”, “Cabeça Dinossauro”, “Epitáfio”, “Os Cegos do Castelo”, “Pra Dizer Adeus”, “Toda Cor”, “Não Vou Me Adaptar”, “Marvin”, “Go Back”, “É Preciso Saber Viver”, “32 Dentes”, “Flores”, “Televisão”, “Porrada”, “Polícia”, “AA UU” e “Bichos Escrotos”. Bis: “Miséria”, “Família” e “Sonífera Ilha”.