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Still: Ainda Sou Michael J. Fox

Documentário mostra com honestidade como o ator de De Volta Para o Futuro enfrenta as dificuldades e limitações do Parkinson

Texto por Taís Zago

Foto: Apple TV+/Divulgação

Michael J. Fox nasceu inquieto. Ficar parado (em inglês, “still”) não fazia parte de sua natureza. Relatos de amigos e familiares nos contam sobre um menino serelepe, extremamente ativo e ágil, que gostava de esportes, brincadeiras e teatro. Michael compensava sua estatura de apenas 1,63 m de altura com humor e carisma que o tornavam um gigante diante dos desafios que apareciam em seu caminho, tais como a rejeição, o bullying, a falta de oportunidades como ator ou o pouco sucesso entre as meninas de sua idade. Com 16 anos, interpretava em uma série da TV canadense chamada Leo and Me um menino de 12 anos de idade. E assumir papéis de personagens mais jovens do que a sua real idade acabou sendo uma constante no inicio de sua carreira. Como na trilogia De Volta Para O Futuro, o maior sucesso de sua carreira nos cinemas. 

Nesse novo documentário feito para o canal de streaming Apple TV+, chamado Still: Ainda Sou Michael J. Fox (Still: A Michael J. Fox Movie, EUA, 2023 – Apple TV+), o diretor Davis Guggenheim (que em 2015 assinara um outro sobre Malala) permite a Michael mostrar todos os seus lados: o palhaço, o pai de família, o ator consagrado e, também, a pessoa que sofre há décadas de uma doença degenerativa e sem cura.

Michael acertou na “loteria do azar”. Com apenas 29 anos, foi diagnosticado com Parkinson em 1991, o que lhe parecia um completo absurdo, dado que a grande maioria das pessoas com a doença possuem idade avançada. No auge do sucesso, Fox estava feliz e tinha acabado de ter um filho com a esposa Tracy Pollan, quem conhecera durante sua época interpretando Alex Keaton, o jovem conservador com pais hippies da festejada série Caras e Caretas (1983-1989).

Guggenheim monta o documentário com ampla narração de Michael e faz uma montagem interessante de cenas de todos os filmes do ator como artifício de dramatização da história de ascensão e queda, não rara, na vida de um ator. O diferencial aqui é a presença da honestidade e da abertura que Fox tem ao abordar a doença, os medos, as limitações e a forma de encarar as dificuldades enquanto elas parecem formar montanhas intransponíveis em seu caminho. Still é inspirador e ao mesmo tempo sincero. Não vemos aqui uma maquiagem da realidade, mas também não vemos o exagero patético ao qual muitos documentários de celebridades nos guiam em sua exarcebada dramatização.

Still: Ainda Sou Michael J. Fox, por um lado, é feito para seus fãs, dados os recortes dos inúmeros sucessos cinematográficos do ator a nos embalar em lembranças. Porém o ser humano Michael apela a todos nós, um público bem mais amplo, que, de uma forma ou de outra, e com absoluta certeza, nos deparamos (ou depararemos) a grandes desafios pessoais em algum momento de nossas vidas. 

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