Artista: Lump
Música: Curse Of Contemporary
Álbum: Lump (2018)
Por que assistir: Laura Marling é uma das mais brilhantes artistas do pop britânico desde século. Cantora e compositora com um pé e meio no folk e tendo nascido em família com a veia musical latente (o pai coordenava um estúdio de gravação e a mãe lecionava na área), ela ainda sequer chegou aos 30 anos de idade e já conta com seis ótimos álbuns na carreira. Agora Laura procura diversificar um pouco os rumos da carreira com um projeto diferente do que vem fazendo até então. Aliou-se a Mike Lindsay, fundador do Tunng (outra banda da safra do novo folk britânico da década passada), para fazer a dupla Lump, que lançará seu primeiro disco no meio deste ano. Nesta semana Marling e Lindsay divulgaram a primeira música do novo projeto. É algo com uma pegada bem mais pesada do que a sonoridade dos usuais violões de Laura (embora o jeito dela tocar o instrumento seja um tanto quanto rock’n’roll mesmo de modo acústico). Tem guitarra e baixo, que também não são coisas tão comuns nos discos de Laura, embora a graciosidade e a força de seus vocais tão roucos quanto bizarros permaneça presente. A letra, escrita por ela, traz reflexões sobre um sonho muito recorrente no cenário artístico do início do Século 20 até hoje: a ideia de que estar no estado americano da Califórnia significa ficar próximo de uma verdadeira máquina de sonhos realizados por alguns poucos, movida principalmente pela indústria cinematográfica instalada nos arredores de Hollywood. O clipe produzido para a faixa (cujo título, em português, significa “Maldição do Contemporâneo”) ilustra bem essa ideia. O personagem principal, um ser peludo e de tonalidade alaranjada se mexe e dança alegremente por um grande palco quase vazio de objetos. Enquanto a câmera persegue seus movimentos, a narrativa leva foco ao cenário, também concebido pelo artista gráfico argentino Esteban Diacono. Da escuridão na qual a criatura protagonista está imersa tudo se transforma em luzes e cores trazidas por um sol brilhante, uma lua esquisita, ondas gigantes e uma estrada tipicamente californiana, que pode levar alguém a achar que está rumo à concretização de seus sonhos (leia-se sucesso profissional) numa sequência de dias e noites (e no fim de tudo não estar, o que fica em suspenso ao final do clipe).
Texto por Abonico R. Smith