Tom Holland brilha novamente em história que deixa em aberto a participação do herói do futuro do universo Marvel nos cinemas
Texto por Leonardo Andreiko
Foto: Sony Pictures/Divulgação
A terceira versão do amigo da vizinhança enunciou bons rendimentos com o primeiro longa, De Volta Pra Casa. Com grande participação nos eventos dos últimos filmes dos Vingadores, Tom Holland volta à história solo de seu personagem, enfrentando dramas adolescentes e vilões maléficos ao mesmo tempo.
Homem-Aranha: De Volta Para Casa (Spider-Man: Far From Home, EUA, 2019 – Sony Pictures) é dirigido por Jon Watts, que trabalhou no antecessor de 2017. Assim, parte da sinergia entre elenco e diretor se mantém. No entanto, a estrutura do roteiro de Chris McKenna e Erik Sommers se faz aquém do debut de Holland como o aracnídeo. Mesmo que melhore significativamente ao longo da trama, Longe de Casa é marcado por um primeiro ato complicado, para dizer o mínimo. Nele, Peter tem de conciliar a viagem de escola à Europa com uma ameaça massiva capaz de destruir o mundo, além de lidar com a pressão de substituir a lacuna deixada pela morte do Homem de Ferro (esta informação não é mais spoiler, certo?).
Tentando diferenciar-se da fórmula do herói enquanto permanece atrativo para os jovens (o filme parece ter ambições de alcançar o público infantojuvenil acima de tudo), o ato introdutório busca sua linguagem nas comédias mais monótonas de “gênios do cinema” como Adam Sandler e Ben Stiller. A tentativa do riso é constante, não funciona e é fortemente motivada por alguma “trapalhada” do elenco de apoio ou do protagonista. Tal como Jar Jar Binks, quebra totalmente o tom estabelecido pelas cenas que a acompanham. Outro ponto significativo no incômodo visual de Longe de Casa é sua decisão constante de enquadrar seus personagens de maneiras pouco naturais, plastificadas e advindas da Sessão da Tarde. Diálogos têm sua intensidade, seja cômica ou dramática, obliterada pelo mau posicionamento de atores.
No entanto, com a chegada do ponto de virada (previsível, por sinal), tudo melhora. E muito. Watts parece mais confortável lidando com a história de Peter Parker quando mais próxima dos conflitos heroicos que daqueles adolescentes, trabalhando as sequências de ação com maestria. Maestria, de fato. Não arrisco muito ao dizer que este filme carrega consigo algumas das melhores cenas de todo o MCU – e incluo aqui os últimos Vingadores. No entanto, o roteiro não ajuda. Faltam mais camadas que o esperado para o desenvolvimento dos vilões.
Dessa forma, grandes atores são ofuscados pelo fraquíssimo diálogo que lhes é dado. Parker, no entanto, brilha – parte graças à atuação de Holland. A fragilidade e insegurança que adiciona ao personagem o transformam, efetivamente imergindo o espectador em seus arcos – o amoroso e o conflito com o legado de Tony Stark.
Contudo, a trilha sonora soa mais rasa que o convencional, pateticamente buscando densidade emocional – ou apoio cômico – sem efeito algum. Volto a dizer: o primeiro ato parece ter saído de uma produção de Adam Sandler, não da Marvel. Ainda assim, o design de som é muito competente, como de praxe. O mesmo pode-se dizer do design de produção e da equipe de efeitos visuais, que merece congratulações especiais, com o perdão do trocadilho. A cena de batalha na ponte é o melhor exemplo disso, sem mais.
Sendo assim, Homem Aranha: Longe de Casa trabalha o conflito interno de seu protagonista com esmero, ainda que desperdice importantes personagens em contrapartida. Seu final abre múltiplas vias para o personagem, estando inserido ou não no futuro da Marvel nas telas. Desviando de seu começo defeituoso, é um bom longa para trazer a Fase 3 do universo cinematográfico que o circunda para novos problemas e personagens. E, acima de tudo, é divertido. Afinal é um filme da Marvel e, por isso, sua intenção nunca deixará de ser mero entretenimento.