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A Noite do Jogo

Trama que mistura suspense, perseguições e humor mostra as surpresas na qual pode se meter quem personalidade extremamente competitiva

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Texto por Abonico R. Smith

Foto: Warner/Divulgação

Uma comédia? Um thriller? Um filme de ação? Apenas duas palavras. Ou quatro, se você levar em conta o nome dado pela distribuidora para ser lançado no Brasil.

A Noite do Jogo (Game Night, EUA, 2018 – Warner) pega como premissa central o vício em jogos (tabuleiro, mímica, desenhos, whodunit? ou qualquer tipo de desculpa para você reunir amigos em sofás ou cadeiras em volta de uma mesa para soltar de vez o espírito competitivo e derrotar, sozinho ou atuando em parceira, os adversários que estiverem ao seu redor. Isso está tão claro tanto no título original quanto o em português. Pode servir como um belo chamariz para que quem curta competir em qualquer tipo de coisa que se encaixe e reuniões sociais e não-esportivas. Mas também pode limitar o interesse de quem não se interessa muito pela temática. O que, aliás, pode ser um erro bem grande a ser cometido por quem se identifica com este segundo grupo de pessoas.

Em primeiro lugar, A Noite do Jogo é um ótimo filme de entretenimento, capaz de flutuar por gêneros diferentes e, ainda assim, entregar uma obra que não apenas diverte como ainda vai mostrando, no decorrer da trama, suas qualidades. Dirigido por dois dos seis roteiristas do mais recente longa do Homem-Aranha (John Francis Daley e Jonathan Goldstein), o longa pega carona na escola de bons filmes pop instaurada nesta última década por Edgar Wright (Scott Pilgrim Contra o Mundo, Herois de Ressaca, Baby Driver – Em Ritmo de Fuga).

Combina direção ágil, diálogos com muito bom humor, algumas situações absurdas desencadeadas por ações dos personagens, entrelaçamentos musicais (de novo, o bom e velho rock dando as caras por aqui, tendo maior representatividade com hits do Queen do início ao fim e culminando com um impensável momento bossa nova-pop-trashcom Engelbert Humperdinck no clipe final, que traz “Quando Quando Quando” embalando os créditos principais da produção), tiros, perseguições e muita, muita correria (a cena que envolve a captura de um ovo Fabergé é digna de um Scooby-Doo ou qualquer outro desenho animado de turma adolescente feito por Hanna-Barbera na primeira metade dos anos 1970). Nesta mescla toda, quem ganha é o espectador, que volta e meia é surpreendido e começa a soltar aquele riso incontrolável motivado por nervosismo e tensão diante do está por acontecer.

Os protagonistas Jason Bateman e Rachel McAdams dão um show como o casal (Max e Annie) que se conheceram como adversários de uma competição e depois disso sempre costumam receber os amigos para noitadas regadas a vinhos, finger food, risos, diversão e estratégias acirradas para ver quem tem o maior repertório de informações e o raciocínio mais ligeiro. Coadjuvantes como Kyle Chandler (o picareta irmão mais velho de Max). Michael C Hall (o mafioso Búlgaro) e Jesse Plemons (o policial esnobado pelos vizinhos Max e Annie e cujo maior desejo é também ser convidado para participar das jogatinas) também entregam ótimas performances. As expressões faciais feitas por Plemons, sem qualquer demonstração de sentimentos mas capaz de transmitir medo a quem as enxerga, são o grande destaque de sua atuação.

Ao sair da sala de cinema é inevitável sentir alívio. Também resta a reflexão do que uma simples, inocente e descompromissada noite regada a jogos pode vir a render. Sobretudo para quem tem como lema “jamais entregar-se à derrota”. E uma observação pertinente: só ouse levantar da poltrona depois que todas as luzes da sala de projeção se acenderem.

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