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Black Alien – ao vivo

Rapper comemora aniversário balançando as estruturas do Circo Voador e com a participação surpresa do Planet Hemp

Texto por Clara Ferrari

Foto: Guilherme Rondon

O último dia 7 de Junho foi o aniversário do rapper carioca Gustavo, conhecido nacionalmente pelo seu nome artístico Black Alien. Depois de uma longa e difícil recuperação da depressão pela morte do seu amigo e parceiro SpeedfreakS, Gustavo enfrentou duas overdoses (em 2010 e 2013) e depois este período obscuro teve a ideia de levantar uma campanha de crowdfunding que arrecadou dinheiro suficiente para sua recuperação e a consequente gravação do álbum Babylon By Gus – Vol. II: No Príncipio Era o Verbo. Sóbrio desde 2015 e após passar por diversos desafios na sua vida pessoal e profissional, ele compôs novas canções ao lado do DJ, produtor e beatmaker Papatinho, que entraram no disco Abaixo de Zero: Hello Hell, lançado em abril de 2019. Um novo Black Alien, com novos hits e uma nova forma de fazer rap mas sem perder a sua essência de Mr. Niterói.

Vestindo uma camiseta vermelha do Talking Heads, Black Alien retornou forte e com energia ao palco do Circo Voador para comemorar seu aniversário. O rapper, que teve o início da sua carreira como um dos integrantes do Planet Hemp, seguiu construindo sua imagem e base de fãs independentes. E deu um show de arrepiar, fazendo os cariocas vibrarem com seus hits antigos e faixas do mais recente álbum.

Assim que os portões do Circo se abriram às 22h, já deu para observar o que estaria por vir. Foi notória a quietude e silêncio das pessoas antes do show. Em ritmo lento, naquele jeito pós-pandêmico, as pessoas foram se espalhando pelos espaços daquele local que, há décadas, é palco de inúmeros concertos consagrados. Antes houve algumas apresentações de DJs, que foram intercalando discos de hip hop e lo-fi até a entrada do Black Alien no palco.

Exatamente às meia-noite e quarenta, o set list iniciou com a primeira música do disco Abaixo de Zero: Hello Hell: a faixa chamada “Área 51”, de nome inspirado na antiga base militar norte-americana que é famosa por seus segredos e teorias conspira a respeito disso. Foi impressionante a energia que pairou sobre as pessoas com a entrada de Gustavo. Se então havia silêncio e calmaria entediante, isso foi substituído por vozes ecoando muito alto dentro das lonas, dando a impressão de estremecer as arquibancadas. Inevitável ficar quieto ou calado – até quem não sabia as letras ao menos tentava acompanhar a plateia cantando. Foi de arrepiar. Durante o show também foi notável a presença de um intérprete de libras traduzindo as letras e tudo o que Black Alien conversava com a plateia, mostrando a consideração e humildade de um artista preocupado com a inclusão de pessoas – algo básico, mas um ponto em que muitos grandes nomes deixam a desejar.

Após algumas músicas e os fãs vibrando alto, pode-se notar também uma certa frustração de Black Alien por esquecer a letra de algumas músicas. O que não foi problema algum para a plateia, que manteve a energia alta e cantou as partes que o artista não sabia. No decorrer do show e quando menos se esperava entraram dois caras de boné e roupas largas cantando parabéns para Gustavo. Custei a acreditar, mas eram os próprios Marcelo D2 e BNegão. Após os parabéns, a dupla de MCs do Planet Hemp prosseguiu cantando o clássico “Queimando Tudo” com a (breve) participação de Black Alien, que se mostrou mais uma vez frustrado por não se lembrar dos versos.

Quando D2 e BN saíram do palco, depois de mais dois mísseis do Planet Hemp, Black Alien deu continuidade ao set cantando os seus últimos hits. Na derradeira música, agradeceu mais uma vez aos fãs pelo carinho e de forma breve se despediu e se retirou. Poucas pessoas pediram o seu retorno, mas quem estava com muita adrenalina acabou sentindo falta de uma saída mais calorosa. Quem sabe em um próximo show

Set List: “Área 51”, “Chuck Berry”, “Vai Baby”, “Carta Para Amy”, “Caminhos do Destino”, “Babylon By Gus”, “Sangue de Free”, “Take Ten”, “Queimando Tudo”,  Zerovinteum”, “Contexto”, “Au Revoir”, “Como Eu Te Quero”, “Aniversário de Sobriedade”, “Na Segunda Vinda”, “Pique Peaky Blinders”, “Jamais Serão” e “Que Nem o Meu Cachorro”.

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