Music

Supercombo – ao vivo

Com mais peso e ânimo, quarteto volta a Curitiba tocando todo o novo disco e revelando estar feliz por ter recomeçado após um quase fim

Paulo Vaz e Léo Ramos

Texto por Lucca Balmant e Murillo Borazo

Fotos: Larissa Santos e Lucca Balmant

Em seu novo disco, a Supercombo fala sobre diversos problemas que os membros têm e já tiveram na vida, mas um tema é pertinente à obra: o sentimento de fim da banda. Para isso, nada melhor para revitalizar o ambiente do que fazer um álbum novo não é? A fim de usar como motivação, Remédios foi feito para “remediar o que não tem remédio”. Assim, ainda com os tais problemas, as músicas do álbum serviam de cura para os músicos. 

Criada em 2007 inicialmente pelo vocalista e guitarrista Léo Ramos, o único integrante original, esta é uma banda que tem como característica um apreço por misturar suas diversas influências musicais. Aqui você pode encontrar rap, samba, MPB, metal, indie e até o recente trap. Além de Leo, fazem parte da atual formação a contrabaixista Carol Navarro (que também canta), o tecladista Paulo Vaz (que também toca guitarra) e o baterista André Dea.

Remédios foi lançado em maio de 2023. Tem doze faixas (mais uma décima terceira, incluída na versão deluxe), todas executadas no repertório da noite do último dia 21 de outubro, em Curitiba. A capital paranaense – mais precisamente o CWB Hall – foi mais uma escala da atual turnê do quarteto. No palco, Léo explicou que a banda só não deixou de existir por causa desta nova empreitada. A sensação de estar fracassando como músico, aliás, é um dos assuntos explorados na nova safra de letras. Outra característica deste disco é uma estética sonora mais pesada em relação ao que já havia sido feito pela Supercombo, com muitos gritos e distorções, além de energia.

Falando em peso, os gritos rasgando as músicas estão ainda mais presentes nos shows. As técnicas novas de guturais empregadas por Ramos são avassaladoras, sendo impecável para quem ainda toca riffs contagiantes ao mesmo tempo na guitarra. Léo faz parecer que estamos escutando seus berros de versão de estúdio em nossos fones.

Carol Navarro

Só que, para variar, Carol roubou a cena na performance, com suas roupas exuberantes de danças ininterruptas, sempre se comunicando direto com a plateia. Em determinado momento, até Paulo, que fica ali meio escondido por trás dos teclados, pegou sua guitarra e se juntou a ela. Com as baquetas nas mãos, André, por sua vez, é outro monstro. Faz intensos movimentos e também interage, visual e ritmicamente com a baixista, também sua namorada. Em questão de destaque, a performance não é a única coisa que Carol faz de melhor. O grave do contrabaixo é claramente a peça que mais aparece auditivamente e é aquilo que traz o maior peso à sonoridade da banda. Mesmo em músicas com o baixo mais parado, como em “Esqueletos na Areia”, ainda é bem aparente sua importância e presença.

Mesmo tendo passado por momentos ruins, os membros se portaram com ainda mais ânimo no palco em relação à vez anterior na cidade, no ano passado. Foi nítido que tocar as músicas novas ao vivo proporcionou grande impacto na banda, como também o choque ao ver que o público sabia cantar todas elas. A indicação da canção “Aos Poucos” para a categoria Rock do Ano no Prêmio Multishow também foi um marco que consolidou a Supercombo em um patamar muito elevado da música brasileira.

O possível fim tornou-se inspiração para sair do escuro e recomeçar. Remédios não serviram só como placebo.

Set list: “Cassino”, “Intervenção”, “Rogério”, “Monstros”, “Imã”, “O Pneu e a Lombada”, “Jovem”, “Maremotos”, “Bonsai”, “À Primeira Vista”, “Remédios”, “A Baleia e o Lambari”, “Aos Poucos”, “Menina Largata”, “Magaiver”, “A Piscina e o Karma”, “Infame”, “Fim do Mundo”, “Estrela do Mar”, “Sol da Manhã”, “Amianto”,  “Esqueletos na Areia”, “Tarde Demais” e “Piloto Automático”.

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