Precisamos falar sobre este que é um dos artistas mais importantes e prolíficos das últimas décadas no rock mundial
Texto por Luciano Vitor (UnderFloripa)
Foto: Reprodução
Quando um país se une para debater sobre o descaso de um museu único na América Latina é que, de alguma maneira, até o brasileiro que só conhece Anitta e Ludmilla reconhece que a cultura é importante. Preservar o passado é uma maneira de entendermos o futuro.
Mas mudando um pouco a seara, vejo muitos pares se desdobrando em elogios para muitas bandas. Aquelas bandas que de certa maneira revolucionaram o rock em seu último grito de frescor na década de 1990 (século passado). Mas se esquecem quase sempre dos Screaming Trees.
Ao lado de bandas como Nirvana, Pearl Jam, Soundgarden, Stone Temple Pilots, Mudhoney e tantas outras, o Screaming Trees escreveu seu nome com um single na História do rock alternativo do fim do século com a faixa “Nearly Lost You” com Mark Lanegan nos vocais e uma expressiva vendagem do álbum Sweet Obvlion, de 1992. O “estouro” da banda se traduziu com a venda de 300 mil cópias na época, a inclusão da canção na comédia romântica travestida de grunge Singles – Vida de Solteiroe a sistemática exposição de seu clipe na MTV.
Entretanto, o “estouro da banda” se deu apenas no sexto trabalho, já que o grupo vinha lançando bons discos desde 1985. E, curiosamente, os integrantes, antes deste fugaz sucesso, já faziam seus trabalhos e participações paralelas fora do ST. Caso de Lanegan, que gravou seu primeiro álbum solo em 1990, o subestimado Wedding Sheet.
Com o final dos trabalhos do Screeming Trees logo após a chegada do sucesso comercial, Mark William Lanegan, nascido em 1964, continuou com suas atividades solo. Em 1994, lançou Whiskey For The Holy Ghost. Em 1995 o ST ensaiou um retorno, lançou um outro álbum e, entre indas e vindas, Lanegan fez mais um novo trabalho. Já a banda encerrou suas atividades em definitivo em 25 de junho de 2000.
Após o fim de sua banda, o vocalista nunca mais parou de fazer trabalhos de forma constante. Ele já contabiliza dez álbuns, seja em sua carreira solo, seja nas parcerias certeiras que renderam discos maravilhosos. Como no caso das obras-primas com Isobel Campbell (ex Belle and Sebastian), que começou com um EP em 2005 e culminou com os sublimes, Ballad Of The Broken Seas (2006), Sunday At The Devil Dirt (2009) e o caríssimo vinil, mas não menos importante, Hawk (2010). O trabalho com Duke Garwood – outro cantor de voz soturna – que rendeu dois álbuns. Ele também cantou com o Queens Of The Stone Age, o Twilight Singers e outros diversos artistas e bandas. Lanegan nunca parou!
Se formos comparar, ele tem tanto apreço a gravar e lançar discos quanto um outro irrequieto artista norte-americano, Mike Patton. Com sua extensa discografia (32 discos entre parcerias e álbuns solo) e mais de 20 participações com outros artistas, Lanegan sempre esteve por aí, cantando e levando sua voz soturna e rouca mundo afora.
Aos 53 anos, tendo acabado de fazer dois álbuns na sequência, Gargoyle (solo, de 2017) e With Animals (lançado no último dia 24 de agosto, em parceria com Garwood), Lanegan não desacelera. Pelo contrário. Segue gravando, fazendo shows, compondo e se apresentando onde quer que o chamem. Prova disso é sua turnê, que esse ano passou pela Europa, EUA, vai passar pela América do Sul (no Brasil, o show será neste sábado, 8 de setembro, no paulistano Cine Joia) e retornará para a Europa. E, lógico, estaremos lá para descrever como foi a apresentação aqui em nosso país e, quem sabe, dizer para Lanegan o quanto ele é importante para a música, a despeito do pouco que se escreve e se fala sobre ele.
Por toda a sua extensa obra, precisamos continuar falando sobre Mark Lanegan.