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Dolores O’Riordan (1971-2018)

Anunciada a morte, aos 46 anos de idade, da vocalista do grupo irlandês Cranberries

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Texto por Abonico R. Smith

Foto: Reprodução

Na tarde desta segunda, 15 de janeiro de 2018, o mundo do rock foi abalado com a divulgação da notícia da morte da cantora Dolores O’Riordan. Ela estava hospedada em um hotel em Londres e iria gravar os vocais na releitura heavy metal de “Zombie”, hit dos Cranberries, feita pela banda inglesa Bad Wolves. Não foram divulgadas mais informações sobre o acontecimento, tampouco o que teria provocado o falecimento da artista irlandesa, aos 46 anos de idade

À frente do quarteto Cranberries, Dolores tornou-se um nomes mais importantes da música pop radiofônica produzida durante os anos 1990. Impulsionado por uma série de videoclipes emplacados em série nas filiais continentais da MTV (a recém-inaugurada emissora brasileira, inclusive), o grupo encaixou-se com perfeição da avidez da indústria fonográfica por novos grupos alternativos, depois que o Nirvana mostrou-se um ponto fora da curva e levou o underground ao conhecimento da massa de milhões de pessoas mundo afora.

Formado em 1989 na cidade de Limerick, o quarteto foi formado pelos irmãos Noel (guitarra) e Mike Hogan, mais o baterista Fergal Lawler e o vocalista Niall Quinn. Um ano depois, após o desligamento de Quinn, Dolores foi adicionada por ter deixado o resto da banda estupefato com seus vocais potentes e rasgados para a principal canção da banda até então, “Linger”.

Três anos depois depois, ao lado de “Dreams”, a mesma “Linger” se tornaria o carro-chefe do álbum de estreia do Cranberries, batizado Everybody Else Is Doing It, So Why Can’t We?. Um ano depois, com o segundo álbum No Need To Argue, mais duas faixas se transformariam em outros hits em larga escala (“Ode To My Family” e “Zombie”). Em 1996, veio o terceiro disco em três anos, To The Faithfull Departed, e mais um sucesso massivo (“Salvation”). Isto porque, apesar de pegar carona na onda do rock alternativo, o Cranberries mostrava um misto de letras sentimentais, sofisticação harmônica e melodias pegajosas que o faria ampliar seu público junto ao filão da música pop de alta qualidade, ávido por novidades e consumidor da bandas oitentistas como INXS, Eurythmics e A-ha. E à frente de tudo estava a potente voz de Dolores, que ainda explorava um efeito um tanto desconhecido por astros pop: a influência do yodel, oriundo da região dos Alpes, que explora sílabas fonéticas e criam mudanças rápidas e repentinas nos vocais, que vairam entre o registro de peito e o falsete.

Com o Cranberries, Dolores gravou um total de sete álbuns e vendeu mais de 40 milhões de eemplares somente durante os anos 1990. O mais recente, Something Else, foi lançado em abril de 2017. O repertório de treze músicas resgatou os principais sucessos espalhados pela carreira, refeitos em versões acústicas e gravados com o acompanhamento da Orquestra de Câmara da Irlanda na mesma cidade na qual a banda nasceu. Entre 2004 e 2008, durante um hiato da banda para seus integrantes se dedicarem a outros projetos, O’Riordan gravou mais dois discos solo. Em 2016, ela também fez os vocais de Science Agrees, do projeto paralelo D.A.R.K., criado pelo produtor nova-iorquino Olé Koretsky e o inglês Andy Rourke, mais conhecido por ter sido o baixista dos Smiths entre 1983 e 1988.

Ultimamente O’Riordan vinha enfrentando alguns problemas de saúde que aos poucos afetavam sua carreira. Em 2014, foi a protagonista de um incidente em um avião que vinha de Nova York para a Irlanda do Norte. Antes do pouso, agrediu uma comissária de bordo por se negar a retornar ao assento na classe executiva. Já em Belfast, desacatou, derrubou e cuspiu em uma oficial da polícia e acabou sendo detida por um dia. No mesmo ano, revelou ter sofrido constantes abusos sexuais dos 8 aos 12 anos de idade e que isso teria provocado o distúrbio da anorexia nela. No mesmo ano, ela anunciou o divórcio do marido Don Burton, ex-tour manager do grupo Duran Duran, com quem estava casada desde 1994 e teve três filhos.

Em 2016, a série de shows programa pelo D.A.R.K. para divulgar o disco do projeto foram cancelados por sua causa. Durante a bateria de entrevistas para o lançamento de Something Else, no começo do ano passado, ela abriu o jogo sobre estar lutando constantemente contra a desordem bipolar, diagnosticada recentemente. Já a turnê europeia referente ao novo álbum do Cranberries precisou ser abruptamente interrompida, oficialmente por causa de um sério problema de coluna da vocalista. Entretanto a própria Dolores reconhecia publicamente que não vinha se tratando do modo adequado e previamente indicado pelos médicos que a tratavam. Em outra entrevista de 2017, admitiu ter tentado se matar por overdose de medicamentos.

Leia aqui a resenha do show realizado pelo Cranberries em Belo Horizonte em 2010, durante a primeira vinda da banda ao Brasil

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