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Um Lugar Silencioso

Casal e seus dois filhos tentam sobreviver em um mundo apocalíptico onde fazer barulhos e ruídos pode significar a morte

aquietplace

Texto por Abonico R. Smith

Foto: Paramount/Divulgação

Nos últimos anos a criatividade e a ousadia tem mudado o panorama dos filmes de terror e suspense. Graças à limitação impostas por baixos orçamentos e o sopro de vida vindo de produções de fora do grande eixo cinematográfico (como o oriente asiático e os países ibero-americanos), estes gêneros vem arrancando críticas estupefatas da imprensa, conseguindo bilheterias surpreendentes mundo afora e até mesmo abocanhando indicações e premiações importantes, até mesmo o Oscar.

Agora chegou a vez de Um Lugar Silencioso(A Quiet Place, EUA, 2018 – Paramount) ganhar as telas dos cinemas sob aplausos dos críticos que já se renderam ao filme durante sua exibição em festivais e mais uma tonelada holofotes de boas expectativas. A premissa é bastante simples. A cidade de Nova York e seus arredores estão sendo dizimados por uma voraz criatura alienígena que se guia apenas pela audição. Portanto, resta aos poucos sobreviventes a alternativa de fazer o mínimo de barulho possível para não atrair a atenção dos forasteiros e morrer virando presa fácil.

Uma família com os pais e três crianças tenta seguir à risca sua nova condição social. Como trunfo, o fato da primogênita ser surda – por isso todos podem se comunicar através da linguagem de libras. Ao chegar a três meses vivendo desta maneira, porém, vem a tragédia: o caçula, atraído por uma nave espacial de brinquedo tirada de uma loja abandonada que serviu de refúgio a eles durante um tempo, coloca o troço para funcionar e é capturado pelo ser antagonista.

Um bom tempo depois, porém, as dificuldades do núcleo familiar aumentam: abrigados em uma casa ao lado de uma imensa plantação de milho, a esposa ostenta aquele barrigão de gravidez e o novo filho pode vir ao mundo a qualquer momento.

Nesta angústia de não fazer barulho que decorre a história inteira de pai, mãe, filha e filho. Ora juntos, ora afastados ou sozinhos. E á justamente para contar esta história que o filme dirigido por John Krasinki (que também dá uma mão no roteiro e encabeça o elenco ao lado de sua esposa na vida real Emily Blunt) ganha pontos positivos e salta aos olhos. Há intervalos grandes de silêncio, somente interrompidos pelo mínimo de barulho (aliás, o trabalho de captação de som nas cenas torna-se um atrativo à parte durante a projeção). O movimento de câmera, ora frenético, ora lento e monótono, também ajuda a acentuar o ritmo necessário das cenas.

Além de Krasinki, os outros três nomes do elenco também estão muito bem nas cenas. As caras de pavor e sofrimento Emily Blunt – sobretudo na hora de dar à luz, dentro de uma banheira – são de dar medo a todo e qualquer espectador. Os filhos (Noah Jupe e Millicent Simmonds, surda como sua personagem e ainda em seu segundo trabalho no cinema) parecem veteranos tamanha é a naturalidade e a segurança em cena. Sobretudo no que se refere à garota, que tem pontos chaves no desenrolar da trama.

E se as cenas finais são desconcertantes, mais ainda é ver os créditos finais e perceber que entre os nomes dos coprodutores deste longa está o de Micahel Bay. Sim, ele mesmo. O diretor da série Transformers e de alguns outros filmes  considerados tão pavorosos quanto. O mesmo Michael Bay que adora um espetáculo com efeitos especiais e chega a repetir a mesma cena em mais de um de filme. Mas esta talvez seja a informação necessária para se entender o porquê de, em certo momento, Um Lugar Silenciosoameaça descambar para uma fórmula mais convencional. Pode ajudar a entender também os caminhos escolhidos para o desfecho.

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