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As Panteras

Kristen Stewart encabeça elenco de nova adaptação da série da TV, que finalmente faz jus às mulheres empoderadas na grande tela

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Texto por Ana Clara Braga

Foto: Sony/Divulgação

Em 1976 estreava na televisão americana a série Charlie’s Angels, com Jaclyn Smith, Farrah Fawcett e Kate Jackson. Mais de 40 anos depois, uma nova adaptação de As Panteras chega aos cinemas. Dessa vez, fazendo jus à premissa de empoderamento feminino.

Com direção e roteiro assinados pela também atriz Elizabeth Banks, o novo filme da consagrada série finalmente traz um olhar feminino por trás das câmeras. A nova versão não foca na sensualidade ou nos corpos das atrizes, dando espaço para mais ação e ressaltando as verdadeiras habilidades de cada personagem.

As Panteras (Charlie’s Angels, EUA, 2019 – Sony) funciona como se fosse continuação das adaptações para a grande tela do começo dos anos 2000, que contavam com Cameron Diaz, Lucy Liu e Drew Barrymore no elenco. Porém, dessa vez a figura de Bosley é feminina. A própria Banks aparece como a mentora das angels, dando finalmente espaço para uma mulher em uma posição de poder em um filme sobre poder feminino. Isso não deveria ser óbvio?

A nova produção segue a linha clássica do trio com a inteligente, a engraçada e a durona. Kristen Stewart brilha como Sabina, responsável pela maior parte dos alívios cômicos do longa. Seu carisma e desenvoltura mostram que a atriz percorreu um grande caminho desde a insossa Bela de Crepúsculo. Banks conseguiu construir personagens femininas interessantes e complexas e promover um crescimento significativo delas ao longo do filme. Elena (Naomi Scott), a nova recruta, vai de nerd insegura a espiã confiante. Já Jane (Ella Balinska), que começa a história preferindo atuar sozinha, consegue perceber a importância da irmandade.

O ritmo peca em alguns momentos. A amizade das angels poderia ser trabalhada com mais calma, construída melhor ao longo da trama. A apresentação do antagonista também deixa um pouco a desejar. Apesar da reviravolta, é inevitável a sensação de que faltou ser dito ou explicado algo sobre o vilão.

O roteiro é uma grata surpresa. Com diálogos divertidos e cutucadas bem colocadas ao patriarcado as quase duas horas de filme passam rápido. A construção dos personagens masculinos é um dos pontos mais fortes do roteiro. Frágeis, egocêntricos e estereotipados, ao contrário dos clássicos filmes de ação, aqui os homens não detém o poder.

As Panteras faz uma bonita homenagem ao legado da série televisiva. Pela primeira vez, o empoderamento que tenta ser vendido no cinema parece real. As mulheres, aqui, parecem reais.

Movies

Divaldo – O Mensageiro da Paz

Cinebiografia do médium baiano fica à altura de sua obra ao tratar de temas como a sua atividade filantrópica, o suicídio e o que há após a morte

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Texto por Janaina Monteiro

Foto: Fox/Divulgação

A ideia de que o ser humano é livre para optar pelo seu futuro e tomar decisões sobre seus atos sempre foi debatida pela filosofia e religião. Há quem diga, porém, que o livre-arbítrio é inverossímil, que nosso destino já está predefinido, escrito, seja por Deus, pelos astros ou pela entidade que for. Os budistas, pelo contrário, acreditam na lei da ação e reação, o “karma”, que diz que para toda decisão há uma consequência, boa ou ruim. A doutrina espírita também segue nesta linha, de que a evolução do ser humano depende de um constante aprendizado, o qual demanda esforço diário, pessoal e interpessoal. Nosso objetivo é alcançar a tal da perfeição, outro termo bastante complexo. Por isso, algumas almas precisam reencarnar tantas vezes quantas forem preciso até que essa transcendência moral e intelectual aconteça, por meio da caridade, da tolerância, do perdão, da fraternidade, do amor ao próximo como pregava os líderes espirituais Jesus Cristo ou Mahatma Gandhi.

Um desses seres que beiram a perfeição teve sua biografia transformada em longa-metragem. Divaldo – O Mensageiro da Paz (Brasil, 2019 – Fox) é um filme que retrata um ser humano exemplar que tem se dedicado de corpo e alma a acolher o próximo. Aos 92 anos, Divaldo Pereira Franco segue em atividade na Mansão do Caminho, a obra social do centro espírita Caminho da Redenção, erguido há 67 anos em Salvador e que presta diversos serviços além de ajuda espiritual a milhares de pessoas independentemente da religião. Hoje são 600 crianças acolhidas pela entidade filantrópica.

Ao contrário do popular Chico Xavier, o nome Divaldo é conhecido apenas entre os seguidores do espiritismo, mesmo tendo proferido dezenas de palestras ao redor do mundo e vendido mais de oito milhões de livros. Por isso, estava mais que na hora da cinebiografia sobre o médium entrar para o rol dos filmes espíritas.

O diretor Clovis Mello, que assina também o roteiro, conseguiu entregar uma obra correta e à altura do médium, tirando alguns tropeços perdoáveis. O longa foi baseado no livro Divaldo Franco: a Trajetória de um dos Maiores Médiuns de Todos os Tempos, de Ana Landi, e, assim como o filme Kardec (sobre o pai do espiritismo, lançado no primeiro semestre deste ano), também deveria ser visto por adeptos de qualquer doutrina ou religião. Primeiro por tratar de temas delicados, como o suicídio (lembrado neste mês pela campanha Setembro Amarelo), e pela visão que católicos e espíritas têm sobre a morte. Outro motivo está explícito no título do longa: a mensagem de Divaldo, que abdicou de uma vida tradicional para dedicar-se à filantropia, para levar um pouco de paz e amor àqueles que sofrem de carência, financeira ou afetiva.

O filme conta a trajetória do menino, nascido em Feira de Santana, Bahia, que desde os quatro anos de idade se comunica com os mortos e, por isso, precisa a aprender a conviver com o preconceito dos incrédulos. Pela mediunidade ter se manifestado cedo, conversar com a avó morta por exemplo era tão natural quanto bater um papo com um familiar de carne e osso.

Três atores interpretam o médium: João Bravo, na infância; na mocidade, Ghilherme Lobo; e pelo recifense Bruno Garcia, na fase adulta. A história é contada de forma linear e Mello mostra a evolução do caráter de Divaldo, com sua teimosia e orgulho presentes na juventude, até a aceitação da sua vocação e a posterior conquista da serenidade.

A escolha do elenco, aliás, foi decisiva para garantir coesão à trama e alcançar a empatia do espectador, principalmente em relação ao sotaque. Os pais de Divaldo, por exemplo, são interpretados por atores de teatro baianos. A mãe, dona Ana, é Laila Garin, que conduz sua personagem com uma doçura irresistível. Caco Monteiro é Seu Francisco, o pai severo, porém capaz de absorver ao longo do tempo as diferenças do filho.

Divaldo pertencia a uma família católica e, logo no início do filme, surgem várias críticas à igreja. Numa das cenas mais cômicas, o médium, na pele de Ghilherme, vê o espírito da mãe do padre com quem está se confessando. Curioso, o religioso pergunta como sua mãe está vestida e a resposta de Divaldo o faz se libertar de suas amarras.

O longa ainda mostra como o espírita recebeu apoio de pessoas queridas, verdadeiros “pontos de luz”: dona Ana é uma delas e representa a verdadeira mãe de sangue nordestino. Do início ao fim da sua vida, concede o apoio incondicional ao filho, quando, por exemplo, ele é convidado pela médium Laura (Ana Cecília Costa) ainda na adolescência a se mudar para Salvador para estudar a doutrina e trabalhar como datilógrafo. Outro que permaneceu ao lado do médium desde jovem foi o amigo Nilson.

Em sua jornada, Divaldo recebe orientações de sua guia espiritual, Joanna de Angelis, reencarnação de Santa Clara de Assis, a quem é atribuída a maior parte das mensagens psicografadas pelo baiano. A entidade é interpretada por Regiane Alves, que logo coloca os pingos nos is a Divaldo, alertando-o sobre as dificuldades, resistência e preconceito que enfrentaria. Por mais que a doutrina espírita evoque o livre-arbítrio, o filme nos leva a entender que Divaldo já estava predestinado e que ter filhos de sangue não estaria incluso na sua missão. Ele teria filhos de coração.

O contraponto de Joanna vem na forma do espírito obsessor incorporado pelo ator Marcos Veras, que soa um tanto caricato, vestido de preto, com maquiagem pesada e fantasmagórica. A alma assombra a mente de Divaldo, sempre atiçando-o para o lado negro. Outro ponto forçado é a trilha sonora, que parece ter sido escolhida a dedo para arrancar lágrimas dos olhos dos espectador mais sensível – como na cena em que Divaldo perde a sua mãe com “Ave Maria” ao fundo.

No geral, Mello preocupou-se em enfatizar a doutrina espírita em sua essência, de uma forma leve, graciosa e com diálogos bem-humorados. Porém, as falas de Regiane Alves, principalmente, fogem desse viés e soam um tanto cansativas, em tom de sermão. Em certas cenas, a atriz chega a perder o fôlego para dar conta do texto extenso.

Entre tantos ensinamentos transmitidos por Joanna a Divaldo, um deles é determinante para acolher em nosso cotidiano tão trivial, quando encarar alguns vivos chega a ser mais aterrorizante do que topar com uma alma penada. A melhor resposta para enfrentar a intolerância é o silêncio.

Music

Michael Jackson

Dez curiosidades a respeito deste grande ídolo que há uma década deixa saudades entre os fãs de música pop

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Texto por Janaina Monteiro

Foto: Reprodução

Uma década sem Michael Jackson são dez anos privados de um dos artistas mais criativos e excêntricos da história da música pop. Não há – e dificilmente haverá – quem chegue aos pés do autor de “Billie Jean”, “Man In The Mirror”, “Beat It”, “Black Or White”, “Thriller” e tantos outros megahits.

Polêmicas à parte, o fato é que Michael cresceu artista, forçado desde muito cedo pelo pai a entrar no showbiz – o que explica boa parte de seu comportamento como adulto e perante suas doenças, como o vitiligo. Michael sempre foi um garoto com sua síndrome de Peter Pan; tanto é que batizou seu rancho de Neverland (Terra do Nunca, em português).

Nunca teve sossego esse Rei do Pop, sempre perseguido pelos olhares da mídia. Em contrapartida, era amado por milhões de fãs ao redor da Terra. O artista superlativo vendeu milhões e rendeu centenas de curiosidades. Que ele ganhou treze prêmios Grammy ou que Thriller é o álbum mais vendido do mundo até hoje todos já sabem, certo? Mas você fazia ideia que Michael não compôs “Thriller” (na verdade, o autor é o produtor Rod Temperton, o mesmo que fez outro hit seu, “Rock With You”)? Ou que seu super-herói favorito era Morfo, do X-Men?

Em busca de peculiaridades, o Mondo Bacana fez uma pesquisa a respeito do ídolo, que morreu no dia 25 de junho de 2009, de overdose acidental de medicamentos, aos 50 anos de idade. Veja só o que encontramos de muito curioso.

>> Como Michael era testemunha de Jeová, quando ele estava em turnê nunca comemorava seu aniversário. “Todo ano seu assistente tinha de lembrar todo mundo: okay, o aniversário de Michael está chegando, mas ele não celebra”, contou a chef Mani Nail em entrevista à revista People, que conheceu o astro em 1982.

>> Michael era bastante rígido com sua alimentação. Sempre magrinho porque comia pouco e dava preferência à dieta veggie. No site da revista People, uma das chef que trabalhava para ele conta que o astro ficava horas sem comer e que gostava de pizza, mas não tolerava macarrão. MJ também era guloso e adorava doces, mas detestava chocolate. O cantor era fã mesmo de comida mexicana, como enchiladas bem picantes. Também gostava de kebab de tofu grelhado com cuscuz e molho marroquino. Michael também teve uma cozinheira brasileira, chamada Remi Vale Real. Ele adorava panquecas de vegetais, crepes e arroz com feijão que a mineira fazia. Remi uma vez, disse em entrevista à imprensa, que o ídolo pop adorava melancia.

>> Que Michael foi ferido na cabeça durante uma explosão acidental enquanto participava da gravação do comercial da Pepsi, em 1984, todo mundo sabe. Mas você poderia desconfiar que, apesar de ser o garoto-propaganda da marca, ele não gostava do refrigerante?

>> Meias brancas com mocassim preto, chapéu tipo Fedora ou Borsalino e luva de lantejoulas eram a marca registrada do astro. MJ começou a usar a luva na mão direita provavelmente para esconder o vitiligo. Ele vestiu o acessório pela primeira vez no clipe de “Billie Jean”, lançado na MTV no dia 10 de março de 1983.

>> Aliás, existem N teorias sobre a identidade de Billie Jean. Todos sabem que ela era apenas uma garota, como diz a letra da canção. Mas você fazia ideia de que Michael compôs “Billie Jean” enquanto dirigia seu Rolls-Royce. Ele ficou tão compenetrado em sua criação, inclusive, que simplesmente não notou que o carro começou a pegar fogo. Esta canção, o primeiro single do álbum Thriller, já recebeu dezenas de versões em vários estilos. Entre os que a regravaram estão Chris Cornell e Caetano Veloso. “Billie Jean” também foi o primeiro videoclipe de um cantor negro a aparecer na MTV.

>> E foi cantando “Billie Jean” que Michael executou o moonwalk pela primeira vez, em rede nacional, durante a comemoração dos 25 anos da gravadora Motown, em 1983. O famoso passo, porém, não foi inventado pelo Rei do Pop, mas pelo sapateador Bill Baily na década de 1950. MJ deu seu toque de mágico e o transformou na dancinha mais imitada mundo afora.

>> Michael arrastava uma multidão de fãs enlouquecidos por onde passava. E muitos deles tentavam imitá-lo. Na França, em 1984, um alucinado matou-se porque não havia conseguido realizar uma cirurgia plástica para ficar com a cara do astro. Aliás, estima-se que o cantor tenha feito de dez a doze procedimentos em apenas dois anos. Há quem diga que isso era para ficar com o nariz do Peter Pan.

>> Além de Peter Pan, Michael era fã de Pinocchio (olha só o elemento “nariz” de novo!) e dos Três Patetas. Seus livros preferidos eram O Velho e o Mar, de Ernest Hemingway, e Rip Van Winkle, um conto escrito pelo americano Washington Irving em 1819. A história – baseada na obra dos irmãos Grimm – é sobre um homem que cochilou à sombra de uma árvore e dormiu durante vinte anos. Quando ele acordou, seu país não era mais colônia inglesa: em vez do Rei George III todos celebravam George Washington.

>> O cantor era apaixonado pelo Brasil e pisou pela primeira vez em solo brasileiro antes mesmo de lançar o brilhante álbum solo Off The Wall, em 1979. Cinco anos antes, ele fez cinco concertos nem nosso país (São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte e Brasília) com os irmãos do Jackson 5. Depois voltou em 1996, e para gravar o clipe da faixa “They Don’t Care About Us”, dirigido pelo cineasta Spike Lee. As locações escolhidas foram o Pelourinho, em Salvador, e na favela Dona Marta do Rio de Janeiro. Nessa última vinda, há relatos de que o Rei do Pop cantou durante toda a viagem de tão contente de estar voltando para o Brasil. E também que, no hotel, experimentou várias frutas tropicais.

>> Para o final, uma descoberta e tanto às gerações mais novas de fãs do cantor. A doce balada “Ben” foi lançada em single por Michael em 1972 e se engana quem acha que a letra se refere a um bichinho fofinho. Uma das faixas mais tocadas nas rádios naquele ano, ela foi gravada para os créditos finais do filme que, no Brasil, ganhou o título de Ben, O Rato Assassino. É uma história de terror que retrata a amizade entre um garoto solitário e um ratinho. Mas o camundongo, na verdade, é o líder de um bando de roedores assassinos. A canção foi escrita pelo astro teendos anos 1960, Danny Osmond, que integrava o grupo Osmonds. Ela apenas foi interpretada por Michael, que na época tinha apenas 12 anos de idade, porque Danny não teve tempo de gravá-la para o filme por estar em turnê.