Movies

Anatomia de uma Queda

O abismo entre verdade objetiva e percepção subjetiva é brilhantemente tratado sem espetacularização neste longa francês

Texto por Leonardo Andreiko

Foto: Diamond Films/Divulgação

O vencedor da Palma de Ouro, prêmio máximo do Festival de Cannes, chegou ao Brasil e ao circuito internacional acumulando premiações e elogios. Destaque nas principais corridas do Oscar deste ano, que ocorrerá agora em março, Anatomia de uma Queda (Anatomie d’une Chute, França, 2023 – Diamond Films) conquista seu público ancorando-se a uma simples questão (que não promete resolver ao rolar dos créditos): ela matou ou não?

Isto porque a trama trata das circunstâncias da morte de Samuel (Samuel Theis), professor universitário e escritor frustrado cuja queda da janela do ático dá nome ao filme. Sua esposa, a bem-sucedida escritora Sandra (Sandra Hüller), é a única suspeita, mas alega que o marido teria tirado a própria vida. Defronte a um promotor inescrupuloso (Antoine Reinartz), ao júri e ao seu próprio filho Daniel (Milo Machado-Graner), ela vê sua vida escarafunchada e invadida em uma tentativa desesperada de livrar-se da acusação.

A suspeita não é infundada. A relação entre Sandra e Samuel sofrera muito nos últimos anos, afogada em culpa, rancor e frustração devido ao acidente que deixou Daniel permanentemente cego. Aqui, como em muitos relacionamentos, os campos pessoal e profissional se confundem: as discussões do casal variavam da falta de proporcionalidade dos afazeres domésticos ao “roubo” de uma ideia literária de Samuel por parte de sua companheira.

Todos esses pontos não ficam sem nó em um roteiro muito bem tecido por Justine Triet, que também assina a direção do filme, e Arthur Harari. Triet nos lança de cara no meio deste conflito conjugal na primeira e uma das melhores cenas do longa-metragem. Sandra recebe uma jovem entrevistadora e sua casa e, sem nem aparecer na tela, Samuel invade a conversa das duas com sua música ensurdecedora. Sua presença, assim como nessa perturbadora e ansiosa sequência, é sentida em todo o filme, primeiro como sombra e depois como fantasma. Por isso, seus poucos minutos (sempre flashbacks) são profundamente impactantes.

A protagonista Sandra Huller, por outro lado, carrega consigo o peso de ancorar a duração do filme e está presente em quase todas as cenas. Sua personagem, dividida entre o luto e a busca por uma defesa, é profundamente humana. Em meio à inquisição de sua vida, a difícil tarefa de assistir sua vida inteira resumida diante de um júri. Suas fraquezas amplificadas, suas qualidades dispensadas como notas de rodapé.

Esta é, talvez, a principal questão que Triet nos coloca ao longo de Anatomia de uma Queda. A queda é, claro, o ponto focal objetivo do caso. Por detrás dela, o exame completamente subjetivo das possíveis motivações de um assassinato ou um suicídio. Instaura-se o embate profundo de narrativas: uma disposta a condenar Sandra por seu passado, outra a sentenciar Samuel à desistência do próprio futuro. Neste jogo de tênis, a verdade se torna tão distante que é inalcançável, pois o fato em si mesmo jamais será capaz de conciliar tamanhas contradições. Não à toa, o plano que melhor ilustra todo o caso é a majestosa confusão de Daniel, que vira a cabeça num pingue-pongue que responde a duas vozes fora da tela debatendo seu depoimento: o advogado e antigo amigo de sua mãe, Vincent (o competentíssimo Swann Arlaud), e o promotor de acusação.

Assim como Daniel, o espectador se vê em conflito, buscando encontrar verdade e falsidade em reconstruções retóricas que não são capazes de abarcar a complexidade de uma vida a dois. Triet é muito sagaz em operar, nas cenas do julgamento, uma mise-en-scène muito mais errática, com uma câmera na mão que pincela zooms e movimentos bruscos, encontrando a composição certa no andar da carruagem; e primeiros planos com baixíssima profundidade de campo – as personagens sempre em foco, o ambiente judicial sempre num enorme borrão.

Mas, no choque de narrativas, nem o fato é tão relevante que esgota a divergência. Em dado momento, a acusação parte da obra ficcional de Sandra para imprimir nela uma personalidade cruel, fria. Lendo um de seus best-sellers ao júri, o promotor antagonista acende um debate de fundo que faz sucesso na crítica contemporânea: a personagem literária de Sandra é um espelho da escritora? Melhor colocando: é possível separar autora e obra? Triet parece assumir que sim, pois a dissimulação da acusação não nos deixa dúvidas quanto à índole de seus representantes. Assim como Sandra não é o áudio de uma única briga, gravada em segredo por seu marido, como poderia ser uma personagem que ela mesma anuncia ficcional, não obstante a similar situação em que ambas se encontram?

Anatomia de uma Queda é um drama de peso, cuja recepção traduz muito bem a importância. O abismo entre verdade objetiva e percepção subjetiva é brilhantemente tratado sem espetacularização, mas com a perfeita ciência de seu peso. O olhar atento da diretora para mãe e filho enlutados, passando por um trauma sem tamanho, não precisa de certezas para construir algumas das personagens mais impactantes do cinema recente. Se nunca teremos acesso ao fato concreto, só nos basta o sentimento.

Books, Movies

Pobres Criaturas

Cineasta grego Yorgos Lanthimos retoma as provocações com uma espécie de Frankenstein feminista e Emma Stone em atuação magistral

Texto por Abonico Smith

Foto: Fox/Disney/Divulgação

Se alguém ainda poderia ter dúvidas sobre esse cineasta nos últimos anos, Pobres Criaturas (Poor Things, Irlanda/Reino Unido/EUA, 2023 – Fox/Disney) chega hoje aos cinemas brasileiros confirmando o que muita gente já tinha como certeza: Yorgos Lanthimos saiu da Grécia para chegar em Hollywood para perverter e perturbar. Depois de bem-sucedidos balões de ensaio, adorados pelos fãs de um circuito mais alternativo (Dente Canino, O Lagosta e O Sacrifício do Cervo Sagrado, obras lançadas entre 2009 e 2017), ele foi alçado simultaneamente à condição de cult e pop com A Favorita, em 2018. Beliscou várias indicações durante as premiações principais da temporada e levou alguns Baftas para casa. Sua protagonista, Olivia Colman, arrebanhou não só o troféu britânico como também o Globo de Ouro e o Oscar de atriz principal.

Agora ele mete de vez o pé na porta com essa adaptação do romance de Alasdair Gray como ainda vem para bagunçar mais o coreto. A obra literária do controvertido escocês já é um primor ao recriar (ou melhor, perverter) o clássico gótico Frankenstein. Trazida para as telas, então, reforça ainda mais o caráter provocativo da trama acrescentando ritmo e imagens ainda mais perturbadores.

Um renomado cientista, cheio de si e nem aí para a ética em nome de pesquisas que podem mudar o curso da humanidade, decide reviver uma jovem grávida que acabara de se matar pulando no rio Tâmisa, em Londres. Sem perder muito tempo, ele tira o cérebro do bebê que ainda estava na barriga e o implanta na moça, a quem passa a chamar de Bella e tratar como filha. Em um corpo de adulto, ela passa a viver novamente mas tendo reações tipicamente infantis. Aos poucos ela precisa reaprender tudo: falar, comer, interagir com as outras pessoas. Tudo de acordo com o que manda a sociedade vitoriana do começo do século 20, com todos os seus absurdos patriarcais e machistas.

Como nada em Lanthimos é comum, ainda mais quando apoiada na fina ironia de Gray, o público pode esperar muitas quebras de paradigmas nesta relação entre Bella (Emma Stone) e o “pai” Godwin Baxter (Willem Dafoe). Para começar, a estética humana é justamente o oposto do que todo mundo aprende ainda criança sobre Frankenstein. A criatura representa a beldade enquanto o horror físico sobra para o criador (a quem ela chamada carinhosamente pelo apelido God – “Deus” em inglês), cujo rosto é todo marcado por grandes cicatrizes. Depois, a inteligência da jovem passa não só a se desenvolver de maneira rápida, como ainda questiona de modo pontiagudo comportamentos e dogmas sociais como também age quase instantaneamente para modificar o status quo do conformismo, da manutenção das elites e da submissão feminina.

Bella volta a se tornar “jovem”, já com desejos sexuais (mas que não cabem muito bem no papel social que todo mundo espera que ela passe a representar) e o desejo de conquistar o mundo para crescer ainda mais por dentro. Ela se casa com um nojento aristocrata (o advogado Duncan Wedderburn, interpretado por Mark Ruffalo) e parte em uma longa viagem de navio ao redor do Mediterrâneo. Começa por Lisboa, passa pelo norte africano e acaba em Paris, onde se livra do encosto marital para provocar uma fugaz revolução trabalhando como prostituta e mandando ver em discursos feministas e políticos.

O ritmo rápido e envolvente dado pela montagem e pelo roteiro divertem o público, que se rende ao encanto e talento de Emma Stone em sua atuação durante as várias etapas e facetas de Bella. Não à toa, a atriz é considerada a favorita para levar o Oscar em sua categoria e o filme somou ao todo 11 indicações para a estatueta mais comentada da indústria do cinema, perdendo em número apenas as 13 de Oppenheimer.

Independentemente do que o filme levar para casa ou perder para a concorrência, uma coisa é certa. Seguindo o fluxo da comédia farsesca impresso de modo mais amplo em um filme seu desde A Favorita, Lanthimos se consolida de vez como um dos nomes a serem seguidos de perto pelos próximos anos. Já com o apoio e o reconhecimento de Hollywood e com apenas 50 anos de idade, ele ainda tem muita coisa para trazer às telas. E com certeza trazendo na esteira com muitas provocações, burburinhos e aplausos.

Music

Nick Drake

Há 75 anos nascia o cantor e compositor de muita timidez e zero reconhecimento em sua curta vida

Texto por Fabricio Muller

Foto: Reprodução

>> Texto publicado pelo Mondo Bacana em novembro de 2014

Paulo Francis, por ter falado da corrupção da Petrobras no começo dos anos 1990, tem sido bastante lembrado ultimamente. Vou falar de outra lembrança que tenho dele: reconheço que me incomodava, naquele tempo, quando Francis batia sem dó na música pop. Ele dizia que isto não era arte, que nada sobreviveria. E eu ficava me questionando se ele não teria mesmo razão.

Hoje, muitos anos depois, este assunto – se a música pop é arte ou não – já não tem o menor sentido para mim. De todo modo, se Paulo Francis fosse vivo, eu teria um argumento muito forte contra a sua teoria: o nome deste argumento é Nicholas Rodney Drake – ou Nick Drake, nome pelo qual este grande cantor folk britânico é conhecido até hoje.

Nick Drake, cujo falecimento ocorreu no dia 25 de novembro de 1974, é o típico artista reconhecido depois da morte, tal como Van Gogh, Kafka ou Bach. Mas, ao contrário destes, ele era um músico pop. Este reconhecimento póstumo tem pouquíssimos exemplos neste gênero – se é que tem algum. Poderíamos pensar no Velvet Underground, mas é covardia. Realmente, a grande banda americana só foi reconhecida depois do término; mas não só ela era patrocinada por Andy Warhol, como Lou Reed e John Cale continuaram vivos e tocando músicas do Velvet Underground muitos anos depois do fim da banda. Já Nick Drake só deixou para a posteridade alguns discos e algumas fotos – várias delas promocionais. Não há sequer uma filmagem dele adulto. Já a única entrevista que ele deu foi de um constrangimento total, para todas as partes envolvidas.

Os três discos que Nick Drake lançou em vida – Five Leaves Left, de 1969; Bryter Layter, de 1970; e Pink Moon, de 1972 (depois ainda seriam lançados alguns títulos póstumos, compilando gravações já lançadas ou algumas inéditas) – não chamaram a atenção de ninguém. Naquele período a concorrência de música pop era pesada – Cat Stevens, Paul Simon, Bob Dylan, Stevie Wonder, Elton John, Paul McCartney, John Lennon – e Nick, um cantor de uma timidez absurda, que odiava se apresentar ao vivo, dar entrevistas, promover seu trabalho, simplesmente não conseguiu achar seu espaço. É verdade que há quem diga que a gravadora Island deveria ter trabalhado mais para promovê-lo, mas ninguém duvida que o próprio Drake também não ajudava. O que importa é que, depois da morte do cantor em 1974, sua fama e sucesso não param de crescer. Isto – é o que eu diria a Paulo Francis – é a prova de que a música pop pode, sim, ser eterna. Arte com A maiúsculo, aquelas coisas.

Nascido na antiga Birmânia (o país, situado no sudeste asiático, hoje se chama Myanmar) em 19 de junho de 1948, Nick Drake cresceu numa família de classe média alta. Era um estudante quieto, mas relativamente popular – muito distante do verdadeiro eremita em que se transformou nos últimos anos da sua vida. Viajou com amigos para França e, como tantos outros nos anos 1960, teve diversas experiências com drogas – se ele usava em grandes ou pequenas quantidades é motivo de dúvida até hoje. Estudou literatura em Cambridge e desistiu do curso para se dedicar à música.

Ainda muito jovem conseguiu um contrato com a Island para gravar, durante vários meses e com uma excelente equipe de músicos, o trabalho de estreia Five Leaves Left. Apesar da baixa vendagem do álbum, lançou mais outro disco com uma equipe contratada pela gravadora. Como Bryter Layter (o meu preferido) também vendeu muito pouco e o cantor foi ficando cada vez mais recluso (além de praticamente não conseguir se apresentar ao vivo), foi uma verdadeira surpresa quando Nick Drake dirigiu-se até a Island e gravou em apenas duas sessões o seu terceiro álbum, Pink Moon (desta vez, só ele e seu violão em quase todas as faixas). Este disco, que é o favorito de Jake Bugg, também não vendeu quase nada.

Consciente de seu fracasso como artista e com problemas emocionais cada vez mais sérios, Nick voltou a morar na casa de seus pais, onde faleceu devido a uma dose excessiva de comprimidos para dormir – não se sabe com certeza até hoje se foi suicídio ou uma superdosagem acidental.

O estilo de Drake é calmo, às vezes triste – e às vezes se nota uma ponta de ironia. Normalmente se percebe que ele tinha um grande prazer em cantar. Sua técnica no violão era primorosa: muitos até hoje não entendem a afinação que utilizava. Sua voz com freqüência era sussurrada, mas a dicção quase sempre bem clara. De todo modo, uma voz que era um complemento perfeito para suas melodias belíssimas e sua interpretação atingia profundidades inauditas.

DEZ FAIXAS CLÁSSICAS

“Day Is Done”

Tudo é perfeito aqui. A sensação de que tudo já foi cumprido. A instrumentação de câmara. A interpretação ao mesmo tempo arrebatadora e contida. A melodia inacreditavelmente linda.

“Hazey Jane II”

E você achava que o Belle & Sebastian não era original porque “imitava” Smiths ou Velvet Underground? Na verdade, a obra inteira da banda escocesa é derivada desta canção de Nick Drake. Desculpem aí…

“Poor Boy”

Até bossa nova o cara colocava nas músicas dele. Um monstro.

“The Thoughs Of Mary Jane”

Olha, não posso acreditar que uma música tão doce e sensível seja uma homenagem à marijuana. Não combina, gente!

“Way To Blue”

Os Beatles já tinham feito música pop de excelente qualidade com quarteto (ou coisa que o valha) de cordas em “Eleanor Rigby”. Com uma formação semelhante, Nick Drake chega num patamar também semelhante de qualidade. É de arrepiar.

“At The Time Of A City Clock”

Melodia e arranjo intrincados. Uma canção cheia de possibilidades.

“I Was Made To Love Magic”

Canção póstuma, com Nick Drake deliciosamente irônico… e doce.

“Saturday Sun”

Uma valsa que certamente inspirou as belíssimas valsas do fã Elliott Smith.

“Sunday”

O que é esta flauta? O que é esta flauta???

“Fly”

E estas cordas ao fundo, com voz e violão à frente?

Movies, Music

Me Chama Que Eu Vou

Documentário revive a trajetória do furacão “cigano” Sidney Magal, que varreu a música brasileira a partir do final dos anos 1970

Texto por Abonico Smith

Foto: Vitrine Filme/Divulgação

No final dos anos 1970 um furacão varreu a música verdadeiramente popular brasileira. Não houve como passar incólume. Muita gente gostava, adorava, não tirava os olhos da televisão quando ele aparecia nos programas de auditório. O mais importante: sabia cantar a letra todinha, assoviava a melodia. Todo dia, o tempo inteiro. E não eram só mulheres. Muitos homens também. E claro, muitas crianças. Afinal, não tinha como não se apaixonar por aquela figura esguia de fartos cabelos negros encaracolados dançando e rebolando sem paridade em nosso país e cantando letras imageticamente fortes, extrapolativamente sensuais.

Argentino que havia sido artista de rock nos anos 1960, Roberto Livi estava no Brasil na condição de empresário de artistas e produtor fonográfico. Sua missão mais importante era descobrir novos artistas para projetar suas carreiras e fazê-los vender muitos discos e shows. Foi assim com nomes como Alcione e Peninha, por exemplo . Com Sidney Magalhães também. Aliás, Magal, rebatizado sem a metade do sobrenome oficial desde que voltara de uma viagem pela Europa para tentar a carreira artística cantando e dançando nos seus vinte e poucos anos. O shape de Sidney Magal já existia antes mesmo de Livi descobri-lo. Fazia sucesso na noite, soltando o vozeirão no palco de uma churrascaria na Barra da Tijuca, já com o mesmo figurino exótico (couro, correntes grossas, cabelão, peito nu, preto como cor dominante) utilizado quando passou a gravar discos. Aliás, Magal desde sempre foi um artista não apenas para ser ouvido, mas principalmente para ser visto. 

Recém-estreado em circuito nacional, Me Chama Que Eu Vou (Brasil, 2022 – Vitrine Filmes) disseca o personagem Sidney Magal através da ótica e dos comentários de seu criador Magalhães. É aquele documentário básico e clássico, cronologicamente linear, que vai da gestação da carreira em seus momentos prévios aos tempos de hoje, passando, claro, pelo apogeu, decadência, redescoberta e renascimento artístico. Bom para quem não conhece direito a sua história, mas também curioso para quem acompanhou tudo isso em tempo real no decorrer das décadas. Prato cheio aliás, é o tratamento dado pela mídia durante os três primeiros álbuns. Além de algumas imagens da época, o crème de la crème são as entrevistas para TV e sobretudo as revistas de fofoca e semanários jornalísticos. Mesmo que aparecendo de maneira fugaz na tela, as páginas diagramadas com textos, fotos e manchetes são uma delicia de serem lidas. Nestas cenas são reveladas todo o fascínio com o qual a imprensa tratava aquela persona rebolativa que pervertia a MPB. A elite o tachava de brega. Os mais preconceituosos não conseguiam compreender que aquela figura já havia sido criada antes mesmo do lançamento do primeiro disco. Muita gente o considerava uma estrela fabricada pela indústria fonográfica, um “cigano de araque, fabricado até o pescoço” (como cantava Rita Lee, de pura pirraça, na segunda versão da letra da não menos debochada canção “Arrombou a Festa”, no qual espinafrava os nomes mais importantes da música nacional da época). Uma das reportagens até dava a receita para se “fabricar” um ídolo.

O que poderia jogar contra o documentário dirigido por Joana Mariani acaba, entretanto, sendo o maior trunfo dele. O filho do cantor, um dos entrevistados, também assina a obra como coprodutor-executivo. Mas também não se pode dizer que Me Chama que Eu Vou seja um filme chapa-branca. Mesmo porque, fora a polêmica sociológica do início de carreira, Sidney Magalhães nunca foi uma figura de fato polêmica. Nunca precisou esconder na de sua vida, nem mesmo protagonizou escândalos pessoais de qualquer tipo. Por isso mesmo nunca foi necessário Mariani sequer pensar em qualquer outra narrativa para o doc. Magal ainda ajuda por ser uma pessoa extremamente organizada, sobretudo no que tange ao arquivo de itens sobre a sua trajetória artística. Ele, sempre que pode, guarda até hoje recortes, cartazes, fotos. Se todo este material enriqueceu muito o material apresentado na edição final (inclusive coisas pré-estouro nacional nas rádios e TVs) dá para ficar imaginando todo o resto que ficou de fora da montagem.

O trabalho de Mariani é bastante elucidativo ao jogar luz para os espectadores compreender algo que talvez muitos deles não saibam: a diferença tamanha entre o que são os dois Sidneys. Enquanto o Magal é espalhafatoso, sensual e ousado, o Magalhães é quieto, família e até certo ponto conservador nos costumes (inclusive os musicais). Aliás, o gosto pelas canções mais tradicionais (bossa nova, sobretudo) veio de casa. Tia tocando piano, mãe apaixonada por canto (a ponto de se lançar na carreira depois da fama do filho, aproveitando inclusive para usar o pseudônimo dele), primo dos mais festejados pelas artes brasileiras. Para quem não sabe: o tal primo era ninguém menos que o poetinha Vinicius de Moraes, letrista de algumas das principais canções em língua portuguesa.

Só que Vinícius nunca compôs uma letra para Sidney gravar, mesmo porque o garoto mais novo nunca ficou insistindo nisso. Nem precisaria mesmo. Com versos afiados (e quentes, muito quentes!) como os da polca “Sandra Rosa Madalena, a Cigana” e a meio rumba meio disco “Meu Sangue Ferve Por Você” , não há como não cantar junto com Magal e suas reboladas. Outras versões em nosso idioma também são poderosas. O rock “Tenho” veio importada do repertório do famoso cantor argentino Sandro Anderle (1968), também com estilo visual cigano e principal referência de Livi ao trabalhar com Magal. De outro portenho, o cantor de boleros Cacho Castaña, o produtor trouxe outra disco music, “Se Te Agarro Com Outro Te Mato”, seu primeiro compacto, lançado em 1977, com direito até a guitarra turbinada por um discreto porém não menos poderoso e psicodélico pedal fuzz.

O que o documentário não fala (infelizmente, porque seria uma informação mais completa e não desmereceria de maneira nenhuma a carreira do carioca) é que o grosso dos hits dos anos dourados de Magal são compostos por versões. “Meu Sangue Ferve Por Você”, no caso, é versão de uma versão. A original é francesa e teve duas letras e gravações em 1973: uma em inglês, pelo artista Sunshine, sob o nome de “Melody Lady”; a outra, em francês, por Sheila (que anos depois viria a apostar na disco music como Sheila B Devotion), chamada “Mélancolie”. O argentino Sabú pegou a mesma base sonora e levou a canção para o espanhol, agora como “Oh Cuanto Te Amo”. Deste sucesso veio a ideia para a letra “quente” de Magal. Também de Buenos Aires veio mais um rock, “Amante Latino”, gravada com o andamento um pouco mais desacelerado por Rabito em 1974.

A segunda parte do trabalho de Joana foca na ruptura da parceira entre Magal e Livi e a espiral descendente na qual seu trabalho caiu logo no começo dos anos 1980. Curiosamente, tudo surgiu do esgotamento da fórmula da imagem forjada de cigano. A letra “Sandra Rosa Madalena”, idealizada por Livi, pode ter forjado a imagem de Magal, que tinha apenas um fiapo de ascendência cigana lá pelo lado de uma tataravó, e catapultado o artista ao estrelato, mas também fora a maldição da qual ele tentou se livrar. Por diferenças pessoais e profissionais rompeu os laços com seu produtor e lançou-se na música romântica, incentivado pela gravadora, com outro look, de gomalina e cabelos presos com rabo de cavalo. Lançou vários discos mas nenhuma música nova fez sucesso. Na época em que Magal mais tentou sair do personagem e passar a ser ele mesmo – inclusive se casando e tendo filhos, contra a vontade de seu até então mentor de bastidores, que considerava ser o suicídio de um ídolo abrir o jogo da vida pessoal para seus fãs. Aí que entra uma fase interessante do filme, com Magalhães refletindo sobre os efeitos colaterais da mudança e os atos para a sua reinvenção, mudando-se para a Bahia e atuando como ator de novelas e cantor de teatro musical, inclusive sendo convidado e dirigido por Bibi Ferreira. Até a reviravolta provocada pela chegada da febre da lambada, o sucesso de “Me Chama Que Eu Vou” com tema de abertura da novela da Globo (em um período em que isso ainda representava um bilhete premiado de loteria para um artista da música) e a consequente redescoberta do cantor pelas geração MTV Brasil. Todo este período de ostracismo e redenção, sob a análise do próprio Sidney (mais uma boa dose de sentimentalismo familiar) funciona contra a tentadora queda para uma possível glorificação do astro de um documentário.

Me Chama Que Eu Vou, o doc, não só informa aquele que não conhece direito a trajetória do ídolo. Gráfica e ritmicamente dinâmico, sobretudo na fase inicial da fama, diverte todo mundo. Como uma apresentação do “falso” cigano, seja em um show completo ou apenas em um número em antigos programas de auditório na TV. Aliás mais do que produto da mera mente comercial de Livi ou resultado do puro instinto daquele jovem que cresceu banhado em arte e só queria fazer da vida o ato de cantar e dançar, Sidney Magal é fruto daqueles tempos de recente formação de redes nacionais de televisão, proporcionadas pela possibilidade cada vez mais barata de transmissões via satélite (leia-se anos 1970 em diante). Sorte de quem faz audiovisual e de quem gosta de ver documentários.

Movies

Marilyn Monroe

Sessenta curiosidades sobre um dos maiores ícones da história de Hollywood, que morria há exatos 60 anos

Texto por Carolina Genez

Fotos: Reprodução

Seja você uma pessoa cinéfila ou não, com certeza sabe quem foi Marilyn Monroe. A atriz, modelo e cantora é um dos maiores ícones do cinema e da cultura pop do século 20, considerada por muitos um dos maiores símbolos sexuais da sétima arte desde que começou sua trajetória nos filmes no final da década de 1940.

Após seu primeiro trabalho no cinema a carreira de Monroe cresceu muito rápido. Com isso vieram também diversos problemas com drogas e remédios, perseguição política, além de confusões que afetavam seu dia a dia, já que a mídia constantemente estava de olho em sua vida privada. A maior destas confusões estava intimamente ligada ao poder: era o seu envolvimento com os irmãos John e Robert Kennedy, respectivamente presidente da república e procurador-geral dos Estados Unidos naquele começo dos anos 1960.

A carreira em Hollywood, embora impressionante, teve um fim rápido e repentino devido à morte de Marilyn na noite de 4 de agosto de 1962, aos 36 anos de idade. Apesar disso, até os dias de hoje ela se mantém como um dos grandes marcos culturais do ocidente e também como um dos principais símbolos femininos das últimas décadas.

Para arcar os 60 anos da morte de Marilyn, o Mondo Bacana apresenta 60 curiosidades sobre ela.

Marilyn como modelo antes da fama no cinema

>> Ela nasceu no dia 1 de junho de 1926, em Los Angeles, sob o nome de Norma Jeane Mortenson. Mesmo já sendo conhecida havia anos pelo pseudônimo de Marilyn Monroe, a atriz só mudou legalmente o seu registro em 1956.

>> Marilyn Monroe, entretanto, não foi a única alcunha utilizada em sua trajetória profissional. Outros nomes ao longo de sua carreira como atriz e modelo foram Jean Norman, Mona Monroe, Zelda Zonk, Faye Miller e Jean Adair.

>> Apesar de sempre se mostrar feliz em público, os primeiros anos de sua vida foram extremamente tristes. Norma Jeane cresceu em orfanatos e passou por várias famílias, já que sua mãe tinha problemas psiquiátricos e fora internada algumas vezes.

>> Apesar disso, parte da paixão pelo cinema nasceu graças à sua mãe, que trabalhava nos estúdios RKO na parte de edição de filmes, cortando os negativos.

>> Marilyn nunca conheceu seu pai.

>> A atriz divulgou em sua autobiografia incompleta, Minha História, que quando perguntava pelo pai sua mãe mostrava uma foto do ator Clark Gable. Por conta disso, associou a imagem de Gable à memória do pai.

>> Monroe atuou junto com Gable no longa Os Desajustados (1961).

Marilyn com Clark Gable em Os Desajustados

>> Em 1937, foi morar com uma amiga de sua mãe. Com ela permaneceu até 1942 quando o marido de Grace McKee foi transferido para a costa leste mas o casal não tinha condições de levá-la.

>> Para fugir de vez do orfanato, Marilyn se casou com seu primeiro marido, James Dougherty, em 1942, aos 16 anos. Após dois anos de casamento Dougherty, que era da marinha norte-americana, foi enviado a Xangai e deixou-a sozinha. Em 1946, o casal se divorciou.

>> Ela se casou mais outras duas vezes: em 1954, com o jogador de baseball Joe Di Maggio; e em 1956, com o dramaturgo Arthur Miller.

>> Para a lua de mel, Marilyn e Di Maggio escolheram o Japão como destino, já que Joe tinha compromissos por lá. Marilyn, então, aproveitou seu tempo e foi visitar as tropas americanas que estavam na Coreia. Ali inda fez uma performance para os militares, momento esse relembrado sempre com muito carinho pela atriz.

>> O casamento com e Dimaggio foi extremamente abusivo e conturbado, já que o jogador tinha muito ciúmes da atriz e não gostava da fama atrelada à ela. O matrimônio durou apenas um ano.

>> Apesar disso, Marilyn foi o grande amor de Di Maggio e os dois mantiveram a amizade mesmo após o divórcio. O jogador foi o responsável por organizar o funeral da ex-mulher e ainda visitou seu túmulo por semanas, deixando-lhe flores. Um pouco antes da morte da atriz corria rumores que o casal iria se reconciliar.

Marilyn com Joe DiMaggio

>> Já o casamento com Miller durou cerca de cinco anos. Dele Marilyn se divorciou em 1961, após passar por um aborto;

>> Também durante o matrimônio com Arthur Miller, Monroe se converteu ao judaísmo.

>> Apesar de ter se convertido quando adulta, Marilyn cresceu seguindo uma religião conhecida como Ciência Cristã. Isso se deu porque uma das famílias com a qual ela passou ao longo da infância seguia esta religião.

>> Norma Jeane acabou se tornando conhecida trabalhando como modelo. Nesta atividade ela fez muito sucesso. Em 1946, com apenas 20 anos, já havia aparecido na capa de mais de 30 revistas.

>> Seu primeiro trabalho modelando foi para a revista Yank, quando foi fotografada por Davis Conover para uma matéria sobre trabalho feminino na produção bélica. Conover conheceu Monroe quando visitou uma fábrica, chamada Radioplane Company, onde a mesma trabalhava – já que durante a Segunda Guerra Mundial, seu marido havia sido convocado pelo exército. Diversas mulheres no período, assim como Marilyn, tiveram de trabalhar em fábricas para ganhar dinheiro e sustentar as famílias.

>> Em agosto de 1946, já como assinou com o estúdio 20th Century Fox um contrato de sete anos. Também foi nesse ano que ela decidiu platinar o cabelo para o seu loiro marcante, após a sugestão de sua agente. A inspiração veio da atriz Jean Harlow

Marilyn com Arthur Miller

>> Sua estreia no cinema veio com um pequeno papel no filme Sua Alteza, a Secretária (1947). Em seguida, a atriz atuou em outras duas produções: Idade Perigosa (1947) e Torrentes de Ódio (1948).

>> Contudo, os papéis nesses filmes eram muito pequenos e após o terceiro longa a Fox cancelou o contrato com ela. Depois de meses difíceis, Marilyn assinou um contrato com a Columbia Pictures, onde permaneceu por seis meses. 

>> Em 1948, em seu novo contrato, fez uma pequena ponta no musical Mentira Salvadora. Foi também neste período que começou a fazer aulas de canto. Mas o musical foi um fracasso e mais uma vez Marilyn teve o contrato cancelado, precisando recorrer novamente à vida de modelo.

>> Seu primeiro papel marcante foi em O Segredo das Jóias (1950), que conta a história de um ladrão que sai da prisão e elabora um plano de roubar 500 mil reais em jóias.

>> O estrelato só chegou um pouco mais tarde, com os filmes Almas Desesperadas (1952) e Torrente de Paixão (1953).

Marilyn em Os Homens Preferem as Loiras

>> Ainda em 1953 a atriz outros dois filmes que viriam a se tronar icônicos: Como Agarrar um Milionário e Os Homens Preferem as Loiras.

>> Seu papel em Os Homens Preferem Loiras ficou marcado como um dos mais importantes da atriz, principalmente pela cena com a música “Diamonds Are a Girls Best Friend”. Anos e anos mais tarde séries como Gossip Girl e Glee fizeram referências a esta sequência. O videoclipe de “Material Girl”, lançado em 1984 por Madonna também se baseou nela.

>> Monroe ganhou ao longo da carreira alguns prêmios, sendo o mais marcante deles o Globo de Ouro na categoria de melhor atriz em comédia ou musical (1960), por sua performance em Quanto Mais Quente Melhor, lançada no ano anterior.

>> Embora nunca tenha levado para casa um Oscar, Marilyn fez uma ponta em um dos mais badalados vencedores da categoria de melhor filme: A Malvada (1950). O longa bateu recordes na premiação, sendo indicado a 14 estatuetas. Isso deu uma enorme visibilidade a Marilyn em Hollywood. (28)

>> Conhecida por ser um grande símbolo sexual, Marilyn foi capa da primeira edição da playboy em 1953.

>> Hugh Hefner, dono da Playboy, nunca chegou a conhecer pessoalmente a atriz. Entretanto, sempre fora fascinado por ela, chegando inclusive a comprar o túmulo ao lado do dela por 75 mil dólares.

Marilyn em Quanto Mais Quente Melhor

>> Em 1955, Marilyn, em busca de se reinventar, cursou a escola de Lee Strasberg em Nova York. Ela queria provar que seu talento era muito maior que sua sexualidade.

>> Apesar de nunca ter sido reconhecida por isso, Marilyn Monroe era uma leitora voraz e adorava poesias. Inclusive, a atriz estudou literatura mundial na Universidade da Califórnia (UCLA). (32)

>> Marilyn abriu sua própria produtora, a  Marilyn Monroe Productions, em 1956. Não fez tanto sucesso nesta carreira por trás das câmeras. Ainda assim produziu Nunca Fui Santa (1956) e Príncipe Encantado (1957).

>> Em 1960, recebeu sua estrela na Calçada da Fama da Hollywood Boulevard, em Los Angeles. Ela fica localizada no número 6778.

Marilyn em O Pecado Mora ao Lado

>> A atriz também é considerada por muitos um símbolo da moda, graças ao seu estilo único com vestidos justos, que marcavam a cintura, e calças mais curtas, que deixavam seus tornozelos à mostra. O estilo da atriz é ainda referência no estilo de hoje, já tendo sido citado em diversos outros filmes, séries e videoclipes. O look mais famoso é o famoso vestido branco esvoaçante usado em O Pecado Mora ao Lado (1955).

>> O vestido usado por ela neste filme se tornou peça de colecionador. Em 2011, a peça foi leiloada pelo valor de 4,6 milhões de dólares;

>> Este mesmo vestido branco também é considerado por muitos como o estopim do divorcio entre Marilyn e Joe Di Maggio.

>> Ainda sobre sua influência na moda: o vestido preto usado pela atriz em dia 6 de outubro de 1954, quando se divorciou do jogador de baseball, foi leiloado em 2019.

>> Outro vestido marcante da carreira de Monroe foi a peça usada no evento do 45º aniversário de John Kennedy, realizado pelo Partido Democrata, no Madison Square Garden, em Nova York, no dia 19 de maio de 1962. Lá ela cantou “Happy Birthday, Mr President” na frente 15 mil pessoas.

>> Sobre esse episódio, um dos acontecimentos memoráveis foi a forma sensual que Monroe cantou a música para o presidente. Porém, a cunhada de Marilyn na época (irmã de Arthur Miller) despistou: a atriz estava atrasada e acabou ficando ofegante ao correr para subir no palco.

>> O vestido usado naquela noite foi feito especialmente para Monroe sendo do mesmo tom de sua pele. A peça recentemente foi envolvida em uma polêmica, quando Kim Kardashian usou-o no evento do Met Gala em 2022.

Marilyn na festa pública do aniversário de John Kennedy

>> A atriz ainda eternizou o perfume Chanel Nº 5, quando declarou que duas gotinhas do perfume era a única coisa que usava para dormir.

>> A constante pressão, tanto do trabalho quanto da mídia, fizeram a atriz entrar em uma depressão, recorrendo a remédios e ao álcool. O escritor Norman Mailer, que escreveu o livro Marilyn Monroe: A Biography, relata que Monroe teve pelo menos doze abortos por conta de toda essa pressão.

>> Marilyn passou um tempo internada no Sanatório Rock Haven para lutar contra a depressão.

>> Ao longo de seus anos finais, teve um caso com os irmãos John e Robert Kennedy, que acabaram sendo grandes frustrações na vida da atriz e também uma das razões que a levaram à depressão.

>> Seu caso com os Kennedy foi algo extremamente polêmico, visto que John era o presidente dos Estados Unidos e Robert era Procurador-Geral. Inclusive, muitas teorias conspiratórias acreditam que os irmãos estariam de alguma forma envolvidos em sua morte. Um dos principais argumentos apresentados sobre esse envolvimento é que a morte da atriz seria uma “queima de arquivo”, já que ambos os irmãos confiam a Monroe assuntos extremamente secretos relacionados ao governo.

>> Marilyn já havia sido, inclusive, investigada pelo FBI por uma possível relação com o comunismo. O caso ocorreu durante a Guerra Fria, quando a atriz pediu um visto para entrar na União Soviética. Além disso, alguns burburinhos da época, diziam que Marilyn mantinha amizades com pessoas consideradas comunistas pelo sistema macarthista e de extrema-direita dominante na política norte-americana da época. O FBI apenas desistiu dessa suspeita em 1962.

>> O ex-marido de Monroe também foi investigado por atividades comunistas. Na época, Arthur Miller ainda não estava casado com Marilyn. Mas a atriz, mesmo assim, arriscou sua carreira para falar a favor dele durante as audiências.

Marilyn em Nunca Fui Santa

>> Marilyn participou de mais de 25 filmes em 17 anos de carreira como atriz.

>> Seu último filme completo foi Os Desajustados, lançado em 1961. A atriz ainda atuaria em mais um longa em 1962, batizado Something’s Got to Give. Esta produção, porém, nunca foi finalizada.

>> Foi também no período em que rodou Os Desajustados que Marilyn teve um breve caso com outro grande nome da indústria norte-americana do entretenimento, o cantor e ator Frank Sinatra. Os dois se conhceram em 1954, quando ambos ainda eram casados. O relacionamento estava começando a ficar sério a ponto dele já pensar em pedir a sua mão. Contudo, seu o advogado o convenceu a não fazer isso, já prevendo o destino trágico da atriz e sob o pretexto de que Sinatra ficaria conhecido como “o homem responsável pela morte de Marilyn Monroe”. Esta, pelo menos, é uma das versões que rodam por aí em biografias já publicadas sobre ambos. A segunda é a de a atriz não havia aceitado porque estava na expectativa de reatar o romance com DiMaggio.

>> Marilyn Monroe faleceu aos 36 anos, em sua casa, na cidade de Los Angeles, no fim da noite de 4 de agosto de 1962. Chegou a ser levada ao hospital, ainda na madrugada do dia seguinte, mas chegou lá já sem vida. 

>> A morte da atriz, embora seja dada como caso fechado, gerou diversas polêmicas ao longo dos anos. O caso, inclusive, foi reaberto em 1980, porém mantendo o mesmo resultado de que a atriz não fora assassinada, mas sim morrera por overdose de barbitúricos.

>> A inexistência de uma carta de despedida em seu quarto, junto ao corpo, não possibilita dizer se a morte de Marilyn foi acidental ou provocada por ela própria.

>> Um dos seus grandes sonhos era ter filhos. Infelizmente, ela morreu sem realizar tal desejo.

Ana de Armas como Marilyn na cinebiografia Blonde

>> No ano de 1999 ocorreu o primeiro leilão de objetos de Marilyn. Um dos objetos foi seu piano branco de cauda, comprado pela cantora Mariah Carey por 662 mil dólares. 

>> O piano branco da era um presente dado a ela por sua mãe e havia sido vendido logo após um surto da atriz. Marilyn conseguiu recuperá-lo e o manteve na sala de casa até o dia de sua morte.

>> Ainda em 1999, Marilyn foi escolhida pela revista People como a Mulher Mais Sexy do Século.

>> A Netflix lançou neste ano o documentário O Mistério de Marilyn Monroe: Gravações Inéditas, baseado no trabalho do jornalista Anthony Summers, que investigou a vida dela durante a década de 1980, quando o caso de sua morte foi aberto. Leia a resenha deste filme clicando aqui.

>> Para marcar os 60 anos da morte da atriz, a mesma Netflix lançará o filme Blonde, baseado na biografia assinada por Joyce Carol Oates. O longa-metragem estreia no dia 28 de setembro e tem Ana De Armas como Marilyn Monroe.