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Michael Jackson

Dez curiosidades a respeito deste grande ídolo que há uma década deixa saudades entre os fãs de música pop

MJluva

Texto por Janaina Monteiro

Foto: Reprodução

Uma década sem Michael Jackson são dez anos privados de um dos artistas mais criativos e excêntricos da história da música pop. Não há – e dificilmente haverá – quem chegue aos pés do autor de “Billie Jean”, “Man In The Mirror”, “Beat It”, “Black Or White”, “Thriller” e tantos outros megahits.

Polêmicas à parte, o fato é que Michael cresceu artista, forçado desde muito cedo pelo pai a entrar no showbiz – o que explica boa parte de seu comportamento como adulto e perante suas doenças, como o vitiligo. Michael sempre foi um garoto com sua síndrome de Peter Pan; tanto é que batizou seu rancho de Neverland (Terra do Nunca, em português).

Nunca teve sossego esse Rei do Pop, sempre perseguido pelos olhares da mídia. Em contrapartida, era amado por milhões de fãs ao redor da Terra. O artista superlativo vendeu milhões e rendeu centenas de curiosidades. Que ele ganhou treze prêmios Grammy ou que Thriller é o álbum mais vendido do mundo até hoje todos já sabem, certo? Mas você fazia ideia que Michael não compôs “Thriller” (na verdade, o autor é o produtor Rod Temperton, o mesmo que fez outro hit seu, “Rock With You”)? Ou que seu super-herói favorito era Morfo, do X-Men?

Em busca de peculiaridades, o Mondo Bacana fez uma pesquisa a respeito do ídolo, que morreu no dia 25 de junho de 2009, de overdose acidental de medicamentos, aos 50 anos de idade. Veja só o que encontramos de muito curioso.

>> Como Michael era testemunha de Jeová, quando ele estava em turnê nunca comemorava seu aniversário. “Todo ano seu assistente tinha de lembrar todo mundo: okay, o aniversário de Michael está chegando, mas ele não celebra”, contou a chef Mani Nail em entrevista à revista People, que conheceu o astro em 1982.

>> Michael era bastante rígido com sua alimentação. Sempre magrinho porque comia pouco e dava preferência à dieta veggie. No site da revista People, uma das chef que trabalhava para ele conta que o astro ficava horas sem comer e que gostava de pizza, mas não tolerava macarrão. MJ também era guloso e adorava doces, mas detestava chocolate. O cantor era fã mesmo de comida mexicana, como enchiladas bem picantes. Também gostava de kebab de tofu grelhado com cuscuz e molho marroquino. Michael também teve uma cozinheira brasileira, chamada Remi Vale Real. Ele adorava panquecas de vegetais, crepes e arroz com feijão que a mineira fazia. Remi uma vez, disse em entrevista à imprensa, que o ídolo pop adorava melancia.

>> Que Michael foi ferido na cabeça durante uma explosão acidental enquanto participava da gravação do comercial da Pepsi, em 1984, todo mundo sabe. Mas você poderia desconfiar que, apesar de ser o garoto-propaganda da marca, ele não gostava do refrigerante?

>> Meias brancas com mocassim preto, chapéu tipo Fedora ou Borsalino e luva de lantejoulas eram a marca registrada do astro. MJ começou a usar a luva na mão direita provavelmente para esconder o vitiligo. Ele vestiu o acessório pela primeira vez no clipe de “Billie Jean”, lançado na MTV no dia 10 de março de 1983.

>> Aliás, existem N teorias sobre a identidade de Billie Jean. Todos sabem que ela era apenas uma garota, como diz a letra da canção. Mas você fazia ideia de que Michael compôs “Billie Jean” enquanto dirigia seu Rolls-Royce. Ele ficou tão compenetrado em sua criação, inclusive, que simplesmente não notou que o carro começou a pegar fogo. Esta canção, o primeiro single do álbum Thriller, já recebeu dezenas de versões em vários estilos. Entre os que a regravaram estão Chris Cornell e Caetano Veloso. “Billie Jean” também foi o primeiro videoclipe de um cantor negro a aparecer na MTV.

>> E foi cantando “Billie Jean” que Michael executou o moonwalk pela primeira vez, em rede nacional, durante a comemoração dos 25 anos da gravadora Motown, em 1983. O famoso passo, porém, não foi inventado pelo Rei do Pop, mas pelo sapateador Bill Baily na década de 1950. MJ deu seu toque de mágico e o transformou na dancinha mais imitada mundo afora.

>> Michael arrastava uma multidão de fãs enlouquecidos por onde passava. E muitos deles tentavam imitá-lo. Na França, em 1984, um alucinado matou-se porque não havia conseguido realizar uma cirurgia plástica para ficar com a cara do astro. Aliás, estima-se que o cantor tenha feito de dez a doze procedimentos em apenas dois anos. Há quem diga que isso era para ficar com o nariz do Peter Pan.

>> Além de Peter Pan, Michael era fã de Pinocchio (olha só o elemento “nariz” de novo!) e dos Três Patetas. Seus livros preferidos eram O Velho e o Mar, de Ernest Hemingway, e Rip Van Winkle, um conto escrito pelo americano Washington Irving em 1819. A história – baseada na obra dos irmãos Grimm – é sobre um homem que cochilou à sombra de uma árvore e dormiu durante vinte anos. Quando ele acordou, seu país não era mais colônia inglesa: em vez do Rei George III todos celebravam George Washington.

>> O cantor era apaixonado pelo Brasil e pisou pela primeira vez em solo brasileiro antes mesmo de lançar o brilhante álbum solo Off The Wall, em 1979. Cinco anos antes, ele fez cinco concertos nem nosso país (São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte e Brasília) com os irmãos do Jackson 5. Depois voltou em 1996, e para gravar o clipe da faixa “They Don’t Care About Us”, dirigido pelo cineasta Spike Lee. As locações escolhidas foram o Pelourinho, em Salvador, e na favela Dona Marta do Rio de Janeiro. Nessa última vinda, há relatos de que o Rei do Pop cantou durante toda a viagem de tão contente de estar voltando para o Brasil. E também que, no hotel, experimentou várias frutas tropicais.

>> Para o final, uma descoberta e tanto às gerações mais novas de fãs do cantor. A doce balada “Ben” foi lançada em single por Michael em 1972 e se engana quem acha que a letra se refere a um bichinho fofinho. Uma das faixas mais tocadas nas rádios naquele ano, ela foi gravada para os créditos finais do filme que, no Brasil, ganhou o título de Ben, O Rato Assassino. É uma história de terror que retrata a amizade entre um garoto solitário e um ratinho. Mas o camundongo, na verdade, é o líder de um bando de roedores assassinos. A canção foi escrita pelo astro teendos anos 1960, Danny Osmond, que integrava o grupo Osmonds. Ela apenas foi interpretada por Michael, que na época tinha apenas 12 anos de idade, porque Danny não teve tempo de gravá-la para o filme por estar em turnê.

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Built To Spill – ao vivo

Em Belo Horizonte, Doug Martsch leva os fãs ao delírio tanto em show solo acústico quanto acompanhado por sua banda na noite seguinte

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Texto e foto por Douglas Dickel

Com 26 anos de carreira, o Built To Spill, banda americana do estado de Idaho, veio ao Brasil pela primeira vez, com passagem por Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo neste começo do mês de novembro. Na capital mineira, o show teve dois atos. O primeiro foi na quarta-feira, dia 7. Foi uma apresentação acústica de Doug Martsch, que é compositor, vocalista, guitarrista e “dono” do BTS. O cenário? Do Ar, um bar novo que fica em uma casa antiga de dois andares, com vários cômodos e um belo pátio com uma piscina vazia coberta por uma rede com almofadas. Como abertura, a banda Valv também tocou músicas suas com voz e violão.

O segundo ato, no dia seguinte, foi com o Built To Spill propriamente dito, no Automóvel Clube de Minas Gerais. O clube é um dos mais tradicionais da cidade, com estilo de teatro clássico, incluindo lustres luxuosos e uma placa registrando a presença, em 1931, do pai da rainha Elizabeth II, o Príncipe George. O evento era o festival Música Quente – promovido pelo coletivo belorizontino Quente, que atua como selo e produtora. Nesta noite também se apresentaram as brasileiras Young Lights, Câmera, Metá Metá e Rakta – sendo que as únicas (incluindo o Valv) com músicas cantadas em português foram as duas últimas.

A primeira apresentação, no Do Ar, permitiu ver de perto o já quase cinquentão Martsch pintando no ar as doces melodias de sua voz aguda, com uma suave rouquidão de quem está cantando calmo, para um público intimista. Ele é tímido para aplausos. Mesmo sentado, mexe-se com intensidade e maciez para tocar seu violão, com ênfase em dançantes cabeça, boca e pernas. As pessoas presentes observaram a performance em silêncio de deleite e respeito. Podemos dizer que a noite foi de um show gracioso, com direito a cover de “Ashes To Ashes”, de David Bowie; “Harborcoat”, do REM; e “Civilian”, do Wye Oak – esta com a voz de uma sortuda convidada, Isabela Georgetti.

No Automóvel Clube, a formação que subiu ao palco foi um trio, mas a solidão da guitarra de Martsch foi um problema para o ouvido dos fãs. Faltou a guitarra que dedilhava ou que fazia uma base para os solos do líder. A formação variou, desde a criação do grupo, inclusive quanto ao número de integrantes, sendo que o mais comum foram quatro músicos – com dois guitarristas (Doug e mais um). Outro ponto negativo foi a acústica do local. Havia eco e o som estava abafado, talvez como consequência de o palco ser baixo, o que também dificultou a visualização do show pelo público. Mas esses dois problemas, claro, foram perdoados. Afinal, ali estava o Built To Spill, e Doug Martsch parece ser uma pessoa amável e apaixonada pela música.

O grande sucesso “The Plan” aqueceu a plateia. Mas a primeira música que realmente enlouqueceu os fãs foi “Carry The Zero”, fazendo o público cantar em coro e fazendo uma horda de braços empunhar celulares para gravar a canção em vídeos. Já para a minha memória emocional, o primeiro arrepio veio em “I Would Hurt a Fly”, do trabalho de 1997, Perfect From Now On, o primeiro lançado por uma grande gravadora, a Warner, que possibilitou a produção necessária para que os discos fossem “perfeitos dali para diante”. Também desse impecável álbum, primeira faixa, a banda tocou, no bis, “Randy Described Eternity”, uma ventania de energia em forma de ondas sonoras, voz e guitarra formando juntas um grande sopro mágico.

“Liar” também foi bastante celebrada quando apareceu no set list. Um magrinho cabeludo, talvez o mais enfático admirador da banda presente nos dois dias, saiu correndo e gritando em direção ao palco nesse momento. Eu havia trocado algumas palavras com ele na noite anterior. O amigo, que disse estar numa pior por causa do fim de um relacionamento, queria muito ouvir “Liar”. Então, quando o trio começou a tocá-la, ele foi à forra.

“Goin’ Against Your Mind”, música de 2006, foi unânime nos pedidos da plateia, mas não chegou a entrar no repertório da banda em Minas, talvez pela questão do número de guitarras. “You Are” é um hit que eu achei que ouviria, só que também não apareceu.

Built To Spill talvez tenha sido, entre as minhas bandas de predileção afetiva, uma daquelas que eu pude ver mais de perto, fora de eventos gigantescos. Outro presente que 2018 me trouxe foi o show solo do Lee Ranaldo que presenciei no Teatro da Unisinos (Porto Alegre), em agosto. Curiosamente, houve dois atos também, sendo que o primeiro foi uma sessão de autógrafos e uma pequena conversa no Agulha, que funciona como bar e casa de eventos, num antigo galpão industrial. Este foi um bom ano musical, apesar da política.

Set list 07.11: “Window”, “Gone”, “Dream”, “Offer”, “When Not Being Stupid Is Not Enough”, “Planned Obsolescence”, “Fling”, “Rock Steady”, “Ashes To Ashes”, “Tomorrow”, “Alright”, “Else”, “Until Tomorrow Then”, “Good Enough”, “Understood”, “Fool’s Gold,”, “Harborcoat”, “True Love Will Find You In The End”, “The Weather”, “Civilian” e “Liar “.

Set list 08.11: “Three Years Ago Today”, “In The Morning”, “The Plan”, “Hindsight”, “Living Zoo”, “Time Trap”, “So”, “Reasons”, “I Would Hurt A Fly”, “Some Other Song”, “Strange”, “Kicked It In The Sun”, “Carry The Zero”. Bis: “Liar”, “Randy Described Eternity” e “Car”.