Music

Purpurata Festival

Oito motivos para você não perder o Purpurata Festival, que levará rap, brasilidades e cultura alternativa efervescente a Florianópolis

Otto

Texto por Frederico Di Lullo

Fotos: Rui Mendes/Divulgação (Otto) e Divulgação (Black Alien)

Se a agenda cultural da Ilha da Magia do ano que está acabando foi boa, a de 2023 promete ainda mais! Os primeiros festivais já estão com seu line up pronto, com ingressos à venda. Por enquanto, é hora de falar sobre o Purpurata Festival. O evento estava programado inicialmente para os dias 13 e 14 de janeiro, mas teve suas datas adiadas. Agora, tudo será realizado nos dias 18 de março e 8 de abril, em novo local: o Vereda Tropical, na Barra da Lagoa. Mais informações sobre o Purpurata você tem aqui no site oficial.

Bora conhecer oito motivos para ir a este forte candidato a ser um evento inesquecível?

Duas noites de muito som

Novato na área, o Purpurata aparece como mais uma iniciativa para agitar a crescente cena de festivais independentes em Santa Catarina, tendo a capital do estado como ponto de partida. Diferentemente outras iniciativas, o Purpurata surge com um line up focado, em dias diferentes, no rap e em brasilidades. Por isso, é uma oportunidade tanto para quem prefere ver apenas a sexta-feira ou o sábado – ou, então, aventurar-se nas duas noites, que sempre iniciarão às 21h. Vai dar de curtir um dia de praia e, depois, mergulhar no festival.

Rap de primeira

O festival terá um line up feito para fãs do hip hop nacional: Kamau (SP), MC Versa (SC), Tássia Reis (RJ) e o carismático e consagrado Black Alien (RJ) vão agitar os presentes em duas noites para os fãs do estilo.

A noite das brasilidades

Também terá vez que gosta das brasilidades. Teremos os shows de Otto (PE), Letrux (RJ), Francisco El Hombre (SP) e os nativos da ilha Brothers Reggae (SC). Ou seja, duas noites para todo aquele que é fã de música alternativa em português e pretende se divertir numa noite de verão.

Otto

Passado um pouco mais de três anos do último show, Otto Maximiliano Pereira de Cordeiro Ferreira retorna à Ilha da Magia para incendiar a noite das brasilidades. O cantor, compositor e percussionista pernambucano desembarca na capital catarinense para apresentar Canicule Sauvage. O álbum, lançado neste ano, traz ao seu repertório novos clássicos como “Menino Vadio” e “Peraí Seu Moço”. O set list também conta com clássicos como “Farol”, “Crua” e “Saudade”. Mas é sempre bom não se esquecer de que, quando se fala de Otto, também podem vir boas surpresas ao vivo.

Black Alien

Habitué de Floripa como poucos, o ex-Planet Hemp não poderia começar o ano longe da cidade: promete uma performance incrível, como todas as que já realizadas na capital catarinense. E não poderia ser diferente: Black Alien estará na primeira das duas noites com sucessos estrondosos como “Vai Baby”, “Final de Semana”, “Como Eu Te Quero”, “Carta Pra Amy” e “Que Nem o Meu Cachorro”. Somente estas cinco faixas somam mais de 100 milhões de plays no Spotify. Um fenômeno da música brasileira atual.

DJs de primeira

Embora ainda não tenham sido anunciados os DJs, a organização informou em suas redes sociais que os dois dias terão nomes locais e de expressão nacional, para que todo mundo coloque o corpo para dançar. Por isso, a festa também estará garantida antes e depois dos shows. E será completa!

Ingresso solidário 

Está apertado de grana e não se encaixa nos critérios da meia entrada? Não se preocupe! O Purpurata Festival contará com entrada solidária para todos, para que ninguém tenha motivos para não curtir um festival diferente, com bandas e rappers que são destaque na cena nacional.

Transporte gratuito?

A prefeitura de Florianópolis havia anunciado catraca livre nos ônibus durante o dia 14 de janeiro, para desafogar o trânsito da Ilha. Até agora não há nada garantido, mas esperamos que a decisão seja mantida para uma ou mesmo as duas novas datas do evento.

Movies

Hamlet

Projeto documental acompanha uma das lideranças das ocupações realizadas por estudantes gaúchos durante o ano de 2016

Texto por Leonardo Andreiko

Foto: Galo de Briga Fimes/Divulgação

Em 2016, centenas de escolas de ensino médio foram ocupadas ao redor do Brasil. Nossa modesta Primavera Árabe, aquela chamada Primavera Secundarista, inseriu-se no contexto arisco da defesa da presidente Dilma Rousseff contra o golpe que sofria por parte do Congresso Nacional, de Michel Temer e demais setores dos três poderes – “Com o Supremo, com tudo”, como imortalizou Romero Jucá.

Nesse contexto, mas também reivindicando mais atenção às políticas públicas de educação, o Brasil foi tomado pelo breve protagonismo da juventude. Se o corajoso movimento não rendeu muitos frutos, afinal a democracia atual se encontra sob ataques muito mais graves que o neoliberalismo do governo Temer, ainda nos propicia uma série de reflexões.

Observando de perto a movimentação das ocupações gaúchas, Hamlet (Brasil, 2022 – Galo de Briga Filmes) é um projeto documental que acompanha Fredericco Restori, uma das lideranças dos ocupantes de uma grande escola de Porto Alegre. A narrativa dispersa é muito mais uma coleção de momentos – plenárias, assembleias, reuniões entre ocupantes, palestras e até a hora do videogame – que uma representação ampla e didática do período da ocupação.

Num primeiro momento, a câmera errática dirigida por Zeca Brito parece incerta do que quer filmar. O registro histórico se inicia numa grande plenária, em que já desponta a presença de Fredericco. Embora este seja nosso protagonista desde a primeira cena do longa-metragem, Brito parece muito mais interessado na coletividade dos ocupantes do colégio, um conjunto de sem nomes que insiste na “horizontalidade democrática”, por assim dizer, e nunca é gravada só. 

O foco constantemente desregulado, a princípio, parece sintoma de uma operação de câmera ansiosa em capturar a essencialidade do momento, mas logo se denuncia em seu exagero: ao compor as sequências cotidianas da ocupação, assim como suas seções mais dialógicas, Zeca Brito escancara seu próprio processo de formalização, ainda que busque escondê-lo sob um fino véu de naturalismo. Partimos do “parece ser” para o “quer parecer ser”, um movimento que não é ruim em si mesmo, mas interessante por nos lembrar que documentário não é realidade – é cinema.

Num segundo momento, esteticamente mais interessante, Hamlet assume seu discurso mais narrativo que repórter, utilizando ligações telefônicas de Fredericco como meio para a exposição de seu conflito interno, que também é refletido em sequências subjetivas. A bem da verdade, esse estatuto da obra sempre esteve presente, já que o filme se inicia, antes do registro histórico das ocupações, com uma conversa entre Fredericco e um homem mais velho tecendo comparações entre sua condição de liderança e a dúvida central de Hamlet: “ser ou não ser, eis a questão”.

Se o filme não esconde a condição de líder que caracteriza Fredericco, sua ideologia juvenil, a princípio, recusa-se a aceitá-la. Ao longo de Hamlet, sua posição vai de “precisamos manter a horizontalidade para não tornar este um movimento fascista” para “eu queria ser líder, e era líder, mas não tinha coragem de admitir”. A ingenuidade da mobilização secundarista permeia todos os acontecimentos do filme – desde a rusga desmobilizada com entidades de base da categoria, como a UBES e a UNE, até a escuta atenta aos ensinamentos do grande crítico e cineasta brasileiro Jean-Claude Bernadet sobre a conjuntura política. 

Justamente por essa inerente ingenuidade, alguns dos momentos aqui retratados conferem ao filme um curioso frescor: um “vai chorar” que vaza na captação sonora durante um protesto; o canto “Bololo ha ha, quero ver desocupar”, eco da relação entre política e cultura que é muito única a cada geração que a vive; a incessante descoordenação da massa durante momentos de tensão, em que o silêncio é um episódio raro que, quando acontece, é muito efêmero.

Contudo, se esses momentos evocam no espectador não mais que a curiosidade e, quando muito, um sorriso de canto de boca, igualmente não se sente o peso que se propõe em Fredericco. A deslocada comparação com Hamlet, que pretende dar tom ao filme, só se dá com clareza na última cena, numa fraca articulação entre o concreto (a ocupação) e o abstrato (as conjecturas posteriores sobre a relação entre vida e arte) que não oferece material suficiente para se realizar. De fato, às vezes a vida imita a arte, assim como a arte imita a vida. Mas nem sempre.

Movies

Jurassic World: Domínio

Despedida da trilogia que trouxe os dinossauros de volta aos cinemas traz de volta antigos personagens do filme de 1993

Texto por Carolina Genez

Foto: Universal Pictures/Divulgação

Mais de vinte anos depois do lançamento do primeiro Jurassic Park (1993), a trilogia iniciada em 2015 veio para trazer o mundo mágico do parque dos dinossauros para gerações mais recentes. Jurassic World: Domínio (Jurassic World Dominion, EUA/Malta, 2022 – Universal Pictures), que agora chega aos cinemas, é a continuação do segundo filme (Reino Ameaçado, de 2018), no qual, após a destruição do parque, os bichanos ficam soltos na natureza e vivendo entre os humanos. Uma das consequências disso é que muitos deles são apreendidos e vendidos em mercados clandestinos. Para tentar controlar a situação, surge a empresa bilionária Biosyn. Contudo, mesmo criando um reservatório/santuário para abrigar tais criaturas, seu dono tem outras intenções para lucrar em cima dos animais. 

Um dos principais temas abordados por este novo longa-metragem é a falta de uma decisão definitiva para os dinossauros. Para contextualizar o espectador, tudo começa com uma reportagem televisiva que traz não só dados sobre a interação homens/animais, mas também diversos “vídeos” mostrando o relacionamento entre as duas espécies e a vivência das criaturas jurássicas em uma sociedade civilizada. Assim, desde o início reina a dúvida: quem dominará a Terra? 

Nesse contexto, voltamos a acompanhar Claire (Bryce Dallas Howard) e Owen (Chris Pratt), que vivem isolados, resgatando o máximo de dinossauros possíveis. Eles também protegem Maise Lockwood (Isabella Sermon), a menina-clone neta de Benjamin Lockwood, ex-parceiro de John Hammond, o  fundador do Jurassic Park original. Maise, porém, é sequestrada pela Biosyn, que pretende analisar seus genes para assim conduzir estudos sobre edição genética. Claire e Owen então passam a realizar uma investigação para encontrar e resgatar a garota.

Além de finalizar a trilogia, Domínio ainda encerra toda a saga do Jurassic Park. Para o gran finale, o atrativo do filme é a volta de alguns rostos conhecidos lá de 1993. Ao mesmo tempo que acompanhamos Claire e Owen, reencontramo-nos com Ellie Sattler (Laura Dern), Alan Grant (Sam Neill) e  Ian Malcolm (Jeff Goldblum). Sattler passa a investigar uma nova praga presente nas plantações: um gafanhoto gigante geneticamente modificado. Após perceber que esses insetos não atacam as plantações de sementes Biosyn, pede ajuda para Grant para desmascarar a empresa. Os dois, então, partem para o reservatório para tentar expor os experimentos, recebendo apoio de Malcolm, que agora trabalha no santuário.

Ao contrário do filme de 1993, que tem um roteiro simples que funciona perfeitamente, Domínio conta com diversas linhas, muitos personagens e poucos dinossauros. A história aqui acaba se perdendo com toda a trama de edição genética. A própria narrativa de Sattler, Grant e Malcolm acaba ficando de lado, servindo apenas para um encontro entre todos os personagens e uma “homenagem” à saga. Além disso, o encontro em si traz, infelizmente, um decepcionante resultado já que os personagens pouco interagem.

Mas a falta de desenvolvimento da narrativa e de aproveitamento do trio original não afeta seus personagens, já que Dern, Neil e Goldblum entregam performances satisfatórias e nostálgicas que com certeza conquistarão os fãs da saga. Os atores são extremamente carismáticos, mantêm com uma ótima química entre si e parecem nunca ter deixado o universo jurássico, garantindo os melhores momentos deste longa.

O mesmo não pode ser dito dos personagens novos. Agora conhecemos a piloto Kayla Watts (DeWanda Wise), que a princípio trabalha com os vilões da história mas que, em um passe de mágica e sem qualquer explicação (mesmo quando indagada por Owen), passa para o lado dos mocinhos, colocando sua vida em risco. O vilão do filme também decepciona ao ser genérico e pouco explorado, com motivação e plano extremamente confusos e sem nexo.

Apesar disso, voltamos aos dois personagens queridos da trilogia. Dallas Howard traz uma boa performance e realiza uma das melhores cenas do longa quando sua Claire foge de um dinossauro. Já Pratt tem um Owen pouco real, já que ele vive feito Tom Cruise em Missão: Impossível, conseguindo escapar de várias quase mortes sem arranhões. Mas, apesar do irrealismo em momentos, as cenas de ação são muito bem dirigidas e de fato conseguem segurar a atenção do espectador ao trazer um certo suspense e tensão.

Já os efeitos especiais são impressionantes e muito realísticos. Porém são mal aproveitados, já que os dinossauros, o carro-chefe da saga, ficam de lado, fazendo breves aparições ao longo deste filme – já que a trama foca mais na clonagem de Maise. Ainda assim, quando os dinossauros surgem, graças aos impecáveis truques visuais, eles conseguem gerar uma sensação de admiração das maravilhosas criaturas. Além disso, o CGI também se destaca ao colocar os animais entre a civilização, conseguindo alcançar um resultado que gera um estranhamento proposital mas se torna harmônico e condizente com o contexto da narrativa do filme. O longa também conta com uma fotografia maravilhosa, que “apenas” ajuda a inserção dos dinossauros na civilização.

A atual obra foca, apesar de não fortemente quanto nos outros filmes, nos avanços tecnológicos, questões éticas e a ganância do ser humano. Apesar de ser possível trazer os dinossauros de volta à vida, isso deveria ser feito? Mais importante, como ficará a convivência entre humanos e dinossauros? Infelizmente, Domínio não responde a essas questões. Perde-se no próprio roteiro e traz desfechos pouco convincentes para todas as narrativas que cria, deixando de lado a simplicidade e os dinossauros. Apresenta uma conclusão genérica e pouco satisfatória para quem acompanha a saga. Deixando tudo em aberto e se resume a ficar na mesma conclusão de todos os títulos da franquia. A de que o passado se repete.

Movies

Licorice Pizza

Paul Thomas Anderson faz poesia apaixonada para a sua infância californiana em filme sobre crescer e se apaixonar

Texto por Leonardo Andreiko

Foto: Universal Pictures/Divulgação

Um filme não precisa de trama. Isso não quer dizer que o melhor cinema é a pura experimentação formal, mas que a significação proporcionada pela linguagem fílmica está para muito além dos limites de atos, antagonistas e um roteiro livre de “furos”. Tudo depende, claro, do que se quer expressar em cena. No caso de Licorice Pizza (Canadá/EUA, 2021 – Universal Pictures), a resposta é bem mais pessoal que em alguns dos projetos mais ambiciosos de seu diretor, o aclamado Paul Thomas Anderson.

Anderson (ou simplesmente PTA) escreveu e dirigiu seu nono longa-metragem com um olhar intimista e bastante derivado de sua infância californiana. Não à toa, Licorice Pizza retrata a Califórnia dos anos 1970 impressa nos encontros de dois amigos e um romance almejado: Alana (a cantora e guitarrista Alana Haim) e Gary Valentine (Cooper Hoffman). Enquanto Alana tem pouco mais de 25 anos, Gary é um ambicioso adolescente de meros 15. Contudo, seus comportamentos dão um nó na expectativa que temos de suas personalidades, suposições ancoradas, claro, no choque etário. 

Gary é um jovem ator que toca uma empresa de relações públicas com a mãe e é respeitado por onde vai, tal qual um adulto. Em paralelo, Alana presta minuciosas contas do que faz ao pai e tem constantes rusgas com as irmãs ainda mais velhas, todas sob o mesmo teto, tal qual uma adolescente. O longa de PTA, então, é muito mais que um romance – é uma crônica do envelhecer, um coming of age que opera pelas perspectivas do adolescente “adultizado” e da adulta infantilizada.

Anderson representa esses polos performáticos por meio da amizade que floresce, inicialmente um avanço de Gary para conquistar Alana, e acaba por mostrá-la o novo e excitante mundo do cinema e do business. Ao mesmo tempo que as personagens se aproximam, elas se afastam – afinal, a idade não deixa de impor um empecilho em suas interações. 

Estas, justamente, são o foco do filme, que se distancia do enredo tradicional para aproximar-se do livre jogo de pequenas trocas e conversas entre Alana, Gary e seus amigos no entorno. Se Era Uma Vez Em Holywood, de Tarantino, é uma carta de amor aos anos 1960 e à indústria cinematográfica da época, Paul Thomas Anderson escreve sua poesia apaixonada pela Califórnia de sua infância por entre versos sobre o crescer e o apaixonar-se.

Afinal, a relação com o outro não existe sem o olhar para si, que inevitavelmente traz à tona conflitos pessoais. Não há momento mais propício para esses debates internos que esse limbo entre a adolescência e a vida adulta no qual convivem a infantilização e a exponencial responsabilização. De modos distintos, tanto Gary quanto Alana estão presos nesse jogo, e cada vez que um vai para o lado, o outro reage pulando para o outro.

Os afetos são construídos sem pressa, de modo que cada ato significa mais no campo não verbal e dos simbolismos que na literalidade do texto – uma decisão que PTA evidencia quando, no momento climático do filme, entrecorta entre Alana e Gary correndo em separado com momentos anteriores em que fizeram o mesmo para ajudar um ao outro. 

Esse apreço pelo simbólico, entretanto, não poderia existir senão pela atenção do diretor à técnica do cinema. Em seu segundo longa acumulando as cadeiras de direção e fotografia, o preciosismo do cineasta com lentes, luzes, ângulos e enquadramentos se torna ainda mais central, num movimento bastante claro de sua filmografia. Por meio de seu estilo já conhecido de takes dinâmicos, tracking shots que acompanham as personagens e mise-en-scènes ora requintadas, ora simples e diretas, Anderson traz à vida sua Califórnia que respira e se move no frescor da infantilidade de Alana e Gary. 

Não ao acaso, a trilha sonora escolhida para o filme é a imagem dos anos 1970 em sua face mais animada e pulsante. A faixa que leva o nome do filme, composta por Jonny Greenwood (integrante do Radiohead e já com diversas colaborações com as obras de Anderson), é a representação musical da leve brisa que entremeia Licorice Pizza.

Em uma análise comparativa da trajetória de Anderson, Licorice Pizza talvez não seja o mais “profundo” de seus filmes. Passa longe de ser o mais sério. Mas é, sem dúvidas, um dos melhores, capturando muito do que há de bom espalhado entre Vício InerenteMagnólia e até Trama Fantasma (meu confesso favorito) para, longe de qualquer pretensão moral ou sequer de enredo, presentear o espectador com duas horinhas de um olhar apaixonado pelo processo, como já mencionei antes, de crescer consigo mesmo ao apaixonar-se pelo outro.