Movies

Os Banshees de Inisherin

Rivalidade entre ex-amigos como analogia da guerra que dividiu as Irlandas solidifica a verve de humor ácido de cineasta britânico

Texto por Abonico Smith

Foto: Fox/Disney/Divulgação

Antes de entrar na resenha propriamente dita é bom passar algumas informações que podem ajudar no entendimento deste filme que ganhou nove indicações para o Oscar deste ano. Inisherin é uma ilha fictícia, criada para ser o ambiente dessa trama. Banshees são entidades mitológicas que pertencem à categoria das fadas. São do gênero feminino e, segundo a tradição celta, elas costumam aparecer para determinadas pessoas como um aviso de que elas bem em breve receberão uma notícia envolvendo a morte de alguém. A Guerra Civil Irlandesa durou de junho de 1922 a maio de 1923 e foi um conflito entre dois grupos nacionalistas que discordavam quanto ao fato da Irlanda pertencer ao Império Britânico e que marcou a criação do Estado Livre Irlandês como uma entidade autônoma do Reino Unido. Em suma, isto acabou dividindo politicamente a ilha em dois países: a Irlanda do Norte, formada por seis dos 32 condados, que segue, de alguma forma, vinculada à Grã-Bretanha; e a Irlanda (ou Eire), constituída pelas outras 26 regiões rebeldes, A parte “do sul”, bem maior geograficamente, é formada por uma população majoritariamente católica, enquanto a divisão “do norte” se divide até hoje entre o catolicismo e o protestantismo herdado dos vínculos reais. Por fim, o cineasta Martin McDonagh é inglês e descende de irlandeses.

Tudo isto posto e sabido, vira uma delícia assistir a Os Banshees de Inisherin (The Bashees Of Inisherin, Reino Unido/EUA/Irlanda, 2022 – Fox/Disney), mesmo com o crasso erro do título adotado pela distribuidora brasileira (alguém poderia avisar por lá que o artigo definido, na língua portuguesa, obedece ao gênero?). A trama se passa na quase erma e muito verde ilha durante o começo do ano de 1923. Os poucos habitantes de lá não possuem muita perspectiva do que fazer em suas vidas: enquanto ouvem tiros de canhões pipocando na guerra que se desenha bem longe, cuidam de suas casas e animais de estimação enquanto jogam conversa fora e bebem. Ir ao bar para se divertir é programação garantida dia sim, dia também.

O desequilíbrio de toda essa tranquilidade acontece quando Colm Doherty (Brendan Gleeson) decide interromper de modo brusco a longa amizade que tem com Pádraic Súlleabháin (Colin Farrell). Assim, de nada, de uma hora para outro, sem qualquer motivo plausível. Quer dizer, sem qualquer motivo na visão de Pádraic, que fica inconformado com o fato e se abala profundamente com a “tragédia”. A questão é que Pádraic é tido com um grande pária pelo resto da ilha. Ninguém em Inisherin o suporta. Sequer o cumprimentam. Os maiores diálogos de sua vida parecem se resumir a três pessoas: a irmã Siobhán (Kerry Condon), o vizinho Colm e o jovem Dominic Kearney (Barry Keoghan), sempre de comportamento errático e imprevisível e outro que não pensa duas vezes em entornar um copo dentro do organismo por não conseguir aceito em casa pelo pai.

McDonagh é um grande diretor e roteirista que trabalha a passos lentos. A cada meia década, em média, entrega uma obra ao espectador. Já possui quatro longas no currículo. Os dois primeiros, Na Mira do Chefe (2008) e Sete Psicopatas e um Shih Tzu (2012) são primores de comédia de humor ácido, com a verve corrosiva tipicamente inglesa. Martin constrói diálogos que fazem quem está na poltrona do cinema (ou no sofá de casa) gargalhar sem sentir culpa de nada em absoluto. Em plena tragédia, inclusive. Não sobra para ninguém. Este seu estilo foi definitivamente abraçado por Hollywood em Três Anúncios para um Crime (2017). Depois de se destacar em diversos festivais pelo mundo e levar cinco dos oito Bafta ao qual concorreu, o filme ganhou dois de sete Oscar, três de quatro SAG Awards e quatro de seis Globos de Ouro.

Apesar de não abandonar a marca registrada da acidez verborrágica, McDonagh faz de Os Banshees de Inisherin seu filme mais denso e dramático. Este é, na verdade, um filme sobre o luto. Ou melhor, o que vem logo após a perda de algo ou alguém para muita gente: a negação, a raiva, a revolta. Pádraic sente isso ao ser descartado sumariamente por Colm e realizar várias frustradas tentativas de se reconectar ao ex-amigo. Fica remoendo dia após dia o pena bunda até o dia em que um trágico acontecimento desperta uma vontade incontrolável de fazer “justiça” com as próprias mãos e dar o troco a quem lhe abandonara. De melhor amigo, vira o pior inimigo.

O contraponto de Colm diante desta ruptura intempestiva e repentina, porém, é o que torna interessante este “duelo”. O diretor e roteirista utiliza o personagem para fazer uma interessante analogia à guerra das Irlandas, mais especificamente o uso da religiosidade diante de suas atitudes. Colm, que sempre toca violino em casa e no bar, passa a ignorar Pádraic porque acha que perde tempo estando com ele, como está em uma idade mais avançada, quer passar a usar o tempo que lhe resta da vida para compor uma obra musical que lhe dê transcendência à vida. Ou seja, que faça com que sua alma seja lembrada posteriormente que seu corpo deixar este plano. Só que sua luta para atingir a glória e a perfeição deve se tornar ainda mais difícil aos poucos. Então, Colm vai desnorteando aos poucos o espectador (claro, Pádraic também) com uma série de atos de extremo radicalismo e coragem, que inclusive vão irritando cada vez mais o novo desafeto.

Outra diferença entre ambos – e que remonta à divisão das Irlandas e à diferença das religiões – é a mais completa ausência da culpa judaico-cristã por parte de Colm. E assim corre a (divertida) rixa entre os dois em uma ilha onde não há absolutamente muito mais nada de concreto para ser feito a não ser a perseguição de um ideal que contrapõe a conservação do mais do mesmo à ambição da superação física e a criação de uma obra “a serviço de Deus”.

Enquanto isso, McDonagh se revela – de novo – um ótimo diretor de atores. As grandes interpretações de Farrell e Gleeson já não chegam a ser uma novidade, já que esta é a segunda vez que a dupla trabalha em conjunto com o autor (a primeira fora em Na Mira do Chefe). No papel de Siobhán, Condon brilha fazendo a voz da lucidez diante da cega obsessão e da mais completa falta de ambição do irmão Colm. Já Keoghan, que vem pavimentando um caminho de filmes cult nos últimos anos (O Sacrifício do Cervo SagradoDunkirkA Lenda do Cavaleiro Verde) mostra as credenciais, como o sempre bêbado Dominic, para estourar de vez em Hollywood como o novo Coringa, o arquirrival de Batman.

Apesar das nove indicações para o Oscar, Os Banshees de Inisherin não levou nada neste domingo, como já era previsto. Contudo, isso pouco importa. O bom é que Martin McDonagh, com esta obra, mostra ascensão criativa em seu quarto filme e solidifica de vez seu nome no panteão dos grandes cineastas autorais do século 21. Certamente teremos mais humor ácido e histórias fora do comum nos seus próximos filmes.

Movies

Triângulo da Tristeza

Cineasta sueco volta a criticar acidamente a hipocrisia da sociedade, agora  com trama eat the rich que envolve o mundo da moda e um cruzeiro

Texto por Janaina Monteiro

Foto: Diamond Films/Divulgação

O cinema do sueco Ruben Östlund é feito para desafiar o espectador. Sua intenção é clara: instigar e provocar reações nada açucaradas com suas sátiras ácidas, recheadas de criatividade. E esse jeitinho sueco de criticar a hipocrisia da sociedade vem lhe rendendo cada vez prestígio entre a classe, sobretudo perante seus colegas europeus. Com Triângulo da Tristeza (Triangle Of Sadness, EUA/Suécia/Reino Unido/Alemanha/França/Turquia/Dinamarca/Grécia/Suíça/México, 2022 – Diamond Films), Ruben repetiu o feito de The Square, de 2017 e levou mais uma vez a Palma de Ouro no Festival de Cannes, tornando-se o nono cineasta a ter duas palmas de ouro na história.

Sim, a exploração dos pobres pelos ricos, da situação oprimido versus opressor, pode ter se tornado um tema batido, só que o modo como Ruben escancara essa disparidade entre os superricos e a classe trabalhadora é, de fato, instigante e capaz de chocar aqueles mais acanhados. Afinal, o sueco coloca no mesmo barco (ou melhor, no mesmo cruzeiro) personagens estereotipados e um tanto caricatos, mas é eficiente ao subverter os papeis e modelos de comportamento, como ao travar o embate entre o magnata russo capitalista Dimitry (Zlatko Buric), dono de uma empresa de fertilizante, e o comandante do navio, bêbado e comunista, interpretado por Woody Harrelson. Os dois protagonizam um dos momentos mais hilários e geniais do cinema recente.

Em comparação a The Square, em Triângulo da Tristeza Ruben fez questão de usar PH beirando a zero. Sua qualidade “cítrica e crítica” já fica evidente nas peças de divulgação do filme. Na conta do Instagram, por exemplo, não escapam vômitos dourados de caviar. “Free botox for everyone” (botox grátis para todos, em português), estampa um cartaz. 

O botox, nesse caso, é para ser injetado sobretudo no chamado triângulo da tristeza, que leva esse nome por conta das marcas de expressão quando contraímos a testa, seja para chorar ou para estampar a insatisfação. Preste atenção, vá na frente do espelho e perceba a medida do seu triângulo. 

Essa explicação do que vem a ser o tal triângulo da tristeza surge logo no início do filme (que, aliás, conta com três atos bem marcados). No início, somos apresentados a uma série de modelos que participam de um teste para estampar uma campanha publicitária de uma loja de roupas. Um deles é Carl (Harris Dickson). Para vender para os ricos, a orientação é fazer cara blasé e acionar a região do triângulo. Para o público consumidor de artigos populares, o modelo deve abusar dos sorrisos radiantes. 

Carl namora a também modelo e influenciadora digital Yaya, interpretada pela atriz Charlbi Dean (que morreu, aos 32 anos, vítima de sepse, em agosto do ano passado, não tendo a felicidade em ver o filme indicado em três das categorias principais do Oscar: filme, direção e melhor roteiro original). 

Questões monetárias e de equidade social e de gênero já surgem como o fio condutor da narrativa no diálogo entre Carl e Yaya a respeito de quem deve pagar o jantar do casal. E o rapaz se sente ofendido porque sua namorada é quem ganha mais e, portanto, ela acha que deveria pagar. No segundo ato, os dois aparecem como convidados de um cruzeiro ao lado de ricaços, entre eles um casal de representantes da indústria bélica. Viciada em likes, Yaya não desgruda de seu celular. Carl lê Dostoievski na beira da piscina. 

Quando o naufrágio dá início ao terceiro ato, Ruben inverte o triângulo (ou melhor, a pirâmide social). O mais forte ali não é quem tem dinheiro, mas quem consegue ser mais forte e se impor. Neste momento, a personagem da filipina Dolly de Leon, de nome Abigail, vai mostrar quem manda na ilha – o que, certamente, deixaria Jean-Jacques Rousseau de boca aberta.

Aliás, foi o filósofo francês quem disse “quando o povo não tiver mais nada o que comer, ele comerá os ricos”. E assim o cinema vai abrindo cada vez mais espaço a uma espécie de subgnênero: o “eat the rich”, que surpreendeu o mundo com Parasita levando o Oscar alguns anos atrás. Ou seja, quando o barco afunda, a conta bancária não faz a mínima diferença.

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Floripa Rock Festival

Oito motivos para você não deixar de ir ao evento que neste fim de semana celebrará as guitarras nacionais na capital de Santa Catarina

Paralamas do Sucesso

Texto por Frederico Di Lullo

Fotos: Divulgação

Neste próximo sábado (4 de fevereiro), o rock vai colocar para ferver a temperatura deste verão na praia de Jurerê Internacional. A Ilha da Magia – mais precisamente o badalado Stage Music Park – reunirá alguns dos principais nomes do gênero nacional naprimeira edição do Floripa Rock Festival (mais informações voc6e tem clicando aqui), outro evento de peso acrescentado ao movimentado calendário musical da capital catarinense.

O Mondo Bacana descreve oito motivos pelos quais você não pode perder a grande pedida deste início de mês em uma das mais movimentadas praias do sul do país.

Ode ao rock brasileiro

Os fãs e apreciadores do gênero com tintas verde e amarela estão aguardando ansiosos para o encontro. Afinal serão diferentes estilos em um só festival. Teremos o rock de exímia qualidade do Paralamas do Sucesso, que vai do pós-punk ao afrobeat, passando pelo ska, classic rock e o flerte com as guitarras portenhas. Teremos o hardcore melódico do CPM 22, um dos pilares da geração que foi erguida sob o rótulo de emocore. Teremos inda, o show intimista proporcionado pela dupla Pitty e Nando Reis, representantes de gerações distintas do rock radiofônico. É justamente essa mistura de estilos que acaba formando a benvinda polifonia do FRF.

Estrutura do local

Quem já teve a oportunidade de assistir a um show realizado no Stage Music Park sabe que a qualidade de som é algo pelo qual a casa preza (e muito!). Por isso, quem for estiver por lá no sábado pode esperar perfeição nesse quesito, além de ambientes amplos e cerveja sempre gelada. Localizado ao norte da ilha de Florianópolis, o local ainda oferece acessos facilitados e amplo estacionamento para que todos possam curtir a noite sem passar perrengues.

Carreira de quarenta anos

A lista de sucessos incríveis é grande, bem grande. Tem “Meu Erro”, “Vital e Sua Moto”, “Óculos”, “Alagados”, “Cuide Bem do Seu Amor”, “Lanterna dos Afogados” e tantos outros. Primeira atração confirmada do evento, a banda encabeçada por Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone retorna a Florianópolis em momento especial: uma turnê que celebra as quatro décadas de atividade do trio (que ao vivo ganha o reforço de telcaods e naipe de sopros). Quem haverá de resistir a um desfile poderoso de hits?

PittyNando

Dupla dinâmica

Numa frequência que só eles sabem sintonizar, a dupla PittyNando subirá ao palco para o seu projeto, que vem sendo apresentado em diversas capitais do Brasil, com ótima recepção pelos fãs e pela crítica. As músicas que serão apresentadas foram rearranjadas especialmente para o duo, sendo um desafio para que as mesmas fiquem com a identidade de ambos os artistas. Quem já viu ao vivo descreve o show como uma simbiose perfeita entre a tranquilidade de Nando Reis e a energia de Pitty.

Nostalgia emo

Essa é especialmente para a geração dos millennials, que cresceu cantando hits como “Tarde de Outubro”, “Dias Atrás” e “Regina Let’s Go”. Formada no interior de São Paulo no ano de 1995, a banda liderada por Badauí é nostalgia pura para uma enorme base de fãs, que teve o agora quinteto como principal influência na adolescência e juventude. Por isso, espera-se que cintos com arrebite e munhequeiras quadriculadas se façam presente entre os agora adultos que irão compor boa parte da plateia.

A primeira vez ninguém esquece

O Floripa Rock Festival está estreando na Ilha da Magia. E tem tudo para ser um grande evento, tornando-se um marco para quem gosta de artistas nacionais mais “tradicionais” e de carreira acentuada.

Rock pré-carnaval

Em terra onde tem pouco rock, toda iniciativa nesta área merece apoio e destaque. E pelos lados de Florianópolis, o FRF será o último grande evento antes do carnaval, onde outros ritmos acabam predominando pela Ilha da Magia.

Ingressos disponíveis

Com valores a partir de R$ 50, o festival ainda tem alguns ingressos para quem quiser participar desta noite. Contudo, a procura nos últimos dias tem aumentado bastante. Por isso, não deixe para última hora. Depois não vale se arrepender!

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Purpurata Festival

Oito motivos para você não perder o Purpurata Festival, que levará rap, brasilidades e cultura alternativa efervescente a Florianópolis

Otto

Texto por Frederico Di Lullo

Fotos: Rui Mendes/Divulgação (Otto) e Divulgação (Black Alien)

Se a agenda cultural da Ilha da Magia do ano que está acabando foi boa, a de 2023 promete ainda mais! Os primeiros festivais já estão com seu line up pronto, com ingressos à venda. Por enquanto, é hora de falar sobre o Purpurata Festival. O evento estava programado inicialmente para os dias 13 e 14 de janeiro, mas teve suas datas adiadas. Agora, tudo será realizado nos dias 18 de março e 8 de abril, em novo local: o Vereda Tropical, na Barra da Lagoa. Mais informações sobre o Purpurata você tem aqui no site oficial.

Bora conhecer oito motivos para ir a este forte candidato a ser um evento inesquecível?

Duas noites de muito som

Novato na área, o Purpurata aparece como mais uma iniciativa para agitar a crescente cena de festivais independentes em Santa Catarina, tendo a capital do estado como ponto de partida. Diferentemente outras iniciativas, o Purpurata surge com um line up focado, em dias diferentes, no rap e em brasilidades. Por isso, é uma oportunidade tanto para quem prefere ver apenas a sexta-feira ou o sábado – ou, então, aventurar-se nas duas noites, que sempre iniciarão às 21h. Vai dar de curtir um dia de praia e, depois, mergulhar no festival.

Rap de primeira

O festival terá um line up feito para fãs do hip hop nacional: Kamau (SP), MC Versa (SC), Tássia Reis (RJ) e o carismático e consagrado Black Alien (RJ) vão agitar os presentes em duas noites para os fãs do estilo.

A noite das brasilidades

Também terá vez que gosta das brasilidades. Teremos os shows de Otto (PE), Letrux (RJ), Francisco El Hombre (SP) e os nativos da ilha Brothers Reggae (SC). Ou seja, duas noites para todo aquele que é fã de música alternativa em português e pretende se divertir numa noite de verão.

Otto

Passado um pouco mais de três anos do último show, Otto Maximiliano Pereira de Cordeiro Ferreira retorna à Ilha da Magia para incendiar a noite das brasilidades. O cantor, compositor e percussionista pernambucano desembarca na capital catarinense para apresentar Canicule Sauvage. O álbum, lançado neste ano, traz ao seu repertório novos clássicos como “Menino Vadio” e “Peraí Seu Moço”. O set list também conta com clássicos como “Farol”, “Crua” e “Saudade”. Mas é sempre bom não se esquecer de que, quando se fala de Otto, também podem vir boas surpresas ao vivo.

Black Alien

Habitué de Floripa como poucos, o ex-Planet Hemp não poderia começar o ano longe da cidade: promete uma performance incrível, como todas as que já realizadas na capital catarinense. E não poderia ser diferente: Black Alien estará na primeira das duas noites com sucessos estrondosos como “Vai Baby”, “Final de Semana”, “Como Eu Te Quero”, “Carta Pra Amy” e “Que Nem o Meu Cachorro”. Somente estas cinco faixas somam mais de 100 milhões de plays no Spotify. Um fenômeno da música brasileira atual.

DJs de primeira

Embora ainda não tenham sido anunciados os DJs, a organização informou em suas redes sociais que os dois dias terão nomes locais e de expressão nacional, para que todo mundo coloque o corpo para dançar. Por isso, a festa também estará garantida antes e depois dos shows. E será completa!

Ingresso solidário 

Está apertado de grana e não se encaixa nos critérios da meia entrada? Não se preocupe! O Purpurata Festival contará com entrada solidária para todos, para que ninguém tenha motivos para não curtir um festival diferente, com bandas e rappers que são destaque na cena nacional.

Transporte gratuito?

A prefeitura de Florianópolis havia anunciado catraca livre nos ônibus durante o dia 14 de janeiro, para desafogar o trânsito da Ilha. Até agora não há nada garantido, mas esperamos que a decisão seja mantida para uma ou mesmo as duas novas datas do evento.

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Fervo Saravá – ao vivo

Festival celebrou mais uma vez a boa música em Floripa, com shows de Jovem Dionísio, Bike, Maglore, Mulamba e Metá Metá

Metá Metá

Texto e fotos por Frederico Di Lullo

O Festival Saravá tem nos deixado mal-acostumados, seja pela organização impar ou pelo line-up sempre diversificado ou ainda pelos shows de qualidade. E, como não poderia ser diferente, o Fervo Saravá – a mais recente edição, com número mais reduzido de atrações – não foi diferente no Life Club de Floripa, neste último dia 24 de setembro.

Chegamos um tanto quanto atrasados (maldito trânsito ilha-continente!), mas conseguimos pegar a banda curitibana Mulamba. Apresentando o álbum Será Só Aos Ares, novo trabalho dessa trupe de minas, parte do show assistido mostrou maturidade, num som que credencia o sexteto a crescer ainda mais no cenário independente nacional. 

Depois quem subiu ao palco foi o Maglore, que também estreava na capital catarinense  V, seu último lançamento. E é sempre um exímio prazer assistir o quarteto baiano. Afinal de contas, cada passagem deles pela Ilha da Magia desperta diversos sentimentos positivos.

Desta vez, o clima intimista da apresentação anterior deu espaço a uma performance calcada na criatividade das guitarras do Teago Oliveira e Lelo Brandão, fazendo uma verdadeira varredura pelas principais músicas da carreira, além de apresentar novas composições do já citado novo álbum. Aliás, trabalho muito bem recebido pela crítica e pelo público que acompanha a banda desde 2009. Realmente, o Maglore deixou todos os presentes num verdadeiro fervo.

Outro ponto de destaque do festival foi a discotecagem entre os intervalos das bandas. A noite já começava a esfriar, mas a DJ Naíra Iasmim colocava todo mundo para dançar e não deixava, em nenhum momento, abaixar o êxtase da galera presente. Assim, na sequência apresentou-se o trio Metá Metá, que nunca tinha tido o prazer de assistir ao vivo.

E que som, meus amigos! Calcado nos arranjos rítmicos que vão desde pela MPB, afrobeat, rock e até free jazz, a banda passeava com muita propriedade pelos principais trabalhos de sua carreira. Juçara Marçal (voz), Thiago França (sax) e Kiko Dinucci (guitarra), juntos com mais de uma década de estrada, apresentaram músicas como “Obatalá”, “Cobra Rasteira” e “Trovoa”. Todas foram cantadas em uníssono por grande parte dos presentes, deixando o show histórico e com gostinho de quero mais.

Jovem Dionísio

Na sequência, depois de carregar nossos copos com uns chopes, chegou o momento da drag Suzaninha chamar ao palco uma das revelações da música brasileira. Chegava a vez do Jovem Dionisio mostrar a que veio. E os curitibanos fizeram um concerto caótico, irreverente e com muita aceitação do público. O grande desafio deles é, com certeza, mostrar que são mais do que uma música de sucesso. E se depender deste show em Floripa, ficou evidente que existe talento de sobra. O público cantou praticamente todas as músicas deste quinteto indie. Agora é ficar na expectativa da banda produzir, no seu próximo disco, uma obra tão inspiradora quanto a da estreia. O tempo dirá isso.

Já adentrava as primeiras horas da madrugada quando a última atração foi anunciada. Sim, toda a psicodelia presente tomou conta do ambiente, pois era hora da esperada Bike iniciar os trabalhos. Já nos primeiros acordes, ficou comprovado que tudo ali seria incrível. Dito e feito. Julito, Diego, Daniel Fumega e João Gouvea incendiaram o Fervo Saravá iniciando uma grande viagem pelos quatro trabalhos da carreira. O cansaço não foi impeditivo para que as quase duas mil pessoas presentes curtissem e pedissem mais ao chegar o final.

Depois de marcar, mais uma vez, o ano com um ótimo Saravá, a organização despediu-se de 2022 em grande estilo e já tratava de anunciar: fique todo mundo em prontidão, pois em janeiro o Saravá voltará com tudo. Grandes novidades estão sendo esperadas, deixando a plateia na expectativa, com ansiedade e curiosidade. Porque sim, Festival Saravá – mesmo quando menor e sob a alcunha de Fervo Saravá – é sinônimo de boa música, ótimas companhias e cerveja gelada.