Drama europeu que encantou o Festival de Berlim traz uma trilha sonora eletrônica catártica casada a uma belíssima fotografia
Texto por Leonardo Andreiko
Foto: Pandora Filmes/Divulgação
Além da Mostra Competitiva Brasileira, que estreou esse ano na intenção de valorizar a produção local, o 12° Olhar de Cinema contou com uma robusta seleção de lançamentos em sua Competitiva Internacional. Um deles, talvez o mais aguardado pelo público de Curitiba, foi Disco Boy (França/Itália/Bélgica/Polônia, 2023 – Pandora Filmes), drama que lotou salas no Cineplex Novo Batel e encantou o Festival Internacional de Berlim, a icônica Berlinale.
Na trama, Aleksei (Franz Rogowski) é um bielorrusso que aproveita uma partida de futebol para conseguir acesso à União Europeia e, junto de seu amigo Mikhail, planeja viajar clandestinamente para a França e entrar para a Legião Estrangeira. Lar de imigrantes de todo o mundo, essa divisão do exército francês garante moradia, emprego e até mesmo um novo nome aos seus legionários. Uma chance de recomeçar a vida.
Em paralelo, no delta do Rio Niger, Jomo (Morr Ndiaye) é o líder de um grupo de resistência à exploração petrolífera na região de seu vilarejo, o MEND. Dotados de uma mística heterocromia, com um olho profundamente escuro e o outro num tom de âmbar, ele e sua irmã Udoka (Laetitia Ky) são figuras particulares em sua comunidade, e dançam juntos uma coreografia misteriosa e ritualística. No entanto, quando o grupo de Jomo sequestra um barco francês, o agora soldado Alex Dupont, novo nome de Aleksei, lidera um esquadrão de resgate que termina por unir os dois protagonistas em uma conexão espiritual obscura.
Este longa-metragem do italiano Giacomo Abbruzzese, que esteve presente nas duas sessões do filme em Curitiba, tece uma trama propositalmente elíptica e calada. É preciso falar muito pouco e, como o nome pode aludir, a música eletrônica sequestra o ambiente sonoro com muita frequência e intenção. Junto à belíssima fotografia de Hélène Louvart, vencedora do Urso de Prata de Berlim por este trabalho, as composições originais do produtor francês Vitalic criam um ambiente opressivo e ao mesmo tempo catártico, que imerge todo o filme em uma profunda expressão do conflito e do suspense que o embebe. Disco Boy é, além de um drama, uma experiência sensorial audiovisual instigante.
Se, por um lado, a música não nos deixa respirar fora de tempo, acompanhando a pressão crescente na cabeça de Alex, é a fotografia de Louvart que aclimata a obra e lhe dota de texturas incríveis a cada momento. A frieza europeia é contrastada pelos cenários de devastação ambiental na Nigéria, um mundo destruído cujo delta é lar da sequência mais gutural e criativa vista no festival até então. Em meio à operação, tomamos a vista dos soldados e acompanhamos um conflito intenso por meio de uma câmera térmica. Os corpos quentes se escondem mergulhando nas frias águas do rio, e o resultado é surpreendente.
De volta à França, Alex lentamente perde a cabeça, abrindo um espaço cada vez maior para sua relação transcendental com Jomo e sua irmã, que reaparece em Paris para um clímax memorável. A atração magnética de Alex e o casal de irmãos nigerianos se resolve em uma sequência de eventos que escancaram a contradição do âmago de seu protagonista, interpretado com uma robustez e contenção belíssimas de Rogowski. Um homem quebrado com um passado traumático, sua personalidade ameaçadora o faz a personagem perfeita para a jornada que Disco Boy propõe, amparada pela subjetividade da pulsão contemporânea da música eletrônica.
Aleksei esperava abandonar seu passado e virar francês “pelo sangue derramado”, como clama a poesia escrita nas paredes de seu quartel, mas os eventos traumáticos no continente africano o tornaram algo completamente distinto e inesperado. A conclusão dessa transformação, embora não muito oclusa, merece ser descoberta por cada espectador envolvido pela obra.
Uso do jazz nos salões dos ricos mascara problemas de um roteiro que não sabe explorar o choque social da Nova York dos anos 1920
Texto por Luca Passos
Foto: Netflix/Divulgação
O jazz, um estilo musical essencialmente popular que emergiu das classes mais pobres e marginais da vida urbana estadunidense, surgiu de uma interseção cultural em que se encontravam os escravos e ex-escravos do sul do país e, com o passar dos anos, ganhou uma dimensão quase erudita, sendo aceito nos mais requintados salões e bailes das classes média-alta e alta daquele país. Passou a ser elegante ouvir música sincopada, ela se tornou o som oficial dos loucos anos 1920.
A atriz britânica Rebecca Hall (conhecida por Vicky Cristina Barcelona, de Woody Allen, e Homem de Ferro 3) faz sua estreia na direção com Identidade (Passing, EUA/Reino Unido/Canadá, 2021 – Netflix), que também foi escrito e produzido por ela. Baseado em um romance homônimo escrito em 1929 por Nella Larsen, o filme se desenvolve em um fim de ano nova-iorquino da mesma década. Depois de caminhar por uma das regiões mais abastadas da cidade à procura de um presente para seu filho, Irene Redfield (Tessa Thompson) se refugia da opressão urbana em um café num saguão de hotel e ali encontra Clare Bellew (Ruth Negga), uma amiga de sua infância que há muito não vê. A base da trama é o choque entre essas duas personagens. O termo usado como o título original se refere a um fato comum entre as pessoas negras durante a era em que imperava a lei segregacionista de Jim Crow nos Estados Unidos: muitas delas “se passavam” por brancos, ato que alterava substancialmente sua realidade social. Clare é uma mulher que se passa por branca e vive uma vida abastada, quase afastada da realidade. Irene, por sua vez, ainda vive no Harlem, bairro historicamente negro de NY. Por mais que pudesse se passar por uma branca, não o faz – pelo contrário, é ativa dentro da comunidade negra de sua região.
O primeiro reencontro entre as duas, com uma intimidade interrompida pelo marido de Clare (Alexander Skarsgård), um típico ricaço nova-iorquino racista alheio à origem de sua esposa, marca profundamente ambas as protagonistas. Acompanhamos a vida de Irene, pequenas amostras de seu dia a dia, sua relação com o marido Brian (André Holland), os dois filhos (Justus David Graham e Ethan Barrett) e a empregada, Zu (Ashley Ware Jenkins). A casa da família Redfield é grande e eles vivem relativamente bem, porém o incômodo de Irene se faz latente desde o começo. Na verdade, há algo que a tira da realidade, que a faz fixar seus olhos no vazio em diversos momentos, algo que fica oculto para o público: um mal-estar geral que nunca é satisfatoriamente abordado. No entanto, ela procura uma paz mínima nas coisas que preenchem seu cotidiano, até que este é revirado por uma visita de Clare à sua casa, que é, na verdade, quase uma invasão.
O filme, portanto, tem um argumento excelente, fecundo de possibilidades de exploração e desenvolvimento tanto das personagens quanto da teia social na qual elas estão envolvidas. No entanto, é um enredo difícil para que se trabalhe um tema complexo, que traz uma necessidade de uma visão única, corajosa e tenaz, que não subscreva a cacoetes quaisquer, com perigo de perder completamente a mão do filme, tornando-se um entre muitos. Isso é, justamente, o que acontece.
Há diversos caminhos para explicitar a mornidão com que o longa trabalha um tema que é tudo, menos morno. Os personagens que gravitam as duas protagonistas são, na melhor das hipóteses, pífios. O marido interpretado por André Holland é, de longe, o mais carismático, em grande parte por mérito do ator, que trabalha diálogos banais com uma desenvoltura cativante e tem alguns trejeitos que fazem com que a história caminhe (em especial na desconfiança progressiva que Irene tem de relacionamento com a amiga). O marido de Clare, interpretado por Alexander Skarsgård, é sintetizado nas palavras que usei sobre ele há dois parágrafos. Nada mais se tem a dizer sobre ele, que não serve sequer como contraponto a outros personagens. Hugh Wentworth (Bill Camp), escritor amigo dos Redfield (e interesse intelectual de Clare), é um cara insuportável, intelectualizado, sempre tentando explicar para os outros o mundo que os cerca, com “sacadinhas” espirituosas e uma falsa autoconsciência que só poderia ter saído de um roteiro mal delineado, que precisa de verborragia explicativa (mesmo que seja para “sabiamente” subvertê-la) para ter condução. Zu, personagem de Ware Jenkins, a empregada da família Redfield, é sub-aproveitada ao extremo. O comentário social que é uma mulher que não “passaria” como branca como empregada de uma que passaria é evidente, porém não passa disso: algo que está no filme e nem espacialmente Rebecca Hall é capaz de inserir um comentário digno sobre a situação (o pior é constatar o potencial perdido).
As protagonistas passam metade de suas interações projetando diálogos de um algoritmo que produz frases tocantes e a outra metade com falas artificiais socialmente engajadas, coisas que até um HAL 9000 teria a sensibilidade poética de não dizer. A ambiguidade da personagem de Clare – uma mulher que largou seu passado, aproveita sua riqueza material, mas que volta para seu lugar de origem, mesmo com todos os riscos que isso acarreta – e as dúvidas de Irene – que vê sua vida mudar constantemente e ser “descartada” por uma mulher mais desenvolta e mais branca que ela, tanto por parte de seu marido quanto de seus filhos – causam tanta emoção na roteirista quanto devem causar no público: zero. O filme é feito sem emoção alguma, sem adequação à própria história que pretende contar.
As personagens principais têm sentimentos tão indefinidos que a diretora parece ficar na dúvida se os trabalha de forma visual ou dialógica. Na falta de resolução, ela faz os dois. Pessimamente. Clare e Irene são o produto da sociedade que as gerou e de seus anseios mais internos. A exposição do racismo intrínseco da sociedade estadunidense se dá do modo mais didático possível, interrompendo qualquer vínculo com as personagens e se intrometendo nos diálogos de forma invasiva. Se o problema é tão entranhado na sociedade, por que não mostrá-lo de uma forma que privilegie a dimensão estrutural do problema, a razão calada? A demonstração das personagens é, quando feita, tosca: palavras quaisquer que não dão dimensão nenhuma de realidade às personagens e que não são ajudadas por duas atuações afetadas (obviamente tentando compensar por algo que as falas não têm).
Porém, o maior problema, é estético. O filme é elegante. A fotografia em preto-e-branco é por vezes estourada, por vezes bem contrastada, mas tudo isso faz um sentido com a atmosfera de cada cena. Uma atmosfera, que, no entanto, não é balizada em nada: é um desperdício de pensamento, de esforço para a construção de planos “bonitos”, agradáveis. Esse filme é, antes de tudo, um exemplo perfeito da “damienchazellização” (Damien Chazelle, diretor, ficou famoso com obras que se utilizam do jazz como motivo rítmico e temático, como Whiplash e La La Land, porém de uma maneira polida, enlatada) do filme por meio, sobretudo, desse veneno chamado elegância. Ela faz o público não pedir nada que ultrapasse um solo de sax distante, o aproveitamento inócuo da arquitetura estadunidense, superenquadramentos como mote estético, um pseudopsicologismo baseado em planos com pessoas de costas, closes e desfocalizações presunçosas que pretendem dar profundidade a personagens que são mais instrumentos inertes do que pessoas. É como se Hall quisesse que acreditássemos que Clare e Irene têm facetas incapturáveis pela câmera, apenas uma pequena parte delas é traduzível nessas imagens semigrandiosas, um uso espetacular da linguagem, que adensa o que não pode ser penetrado. Evidentemente, isso não existe em cinema.
Há uma cena em que a personagem Clare, antes de entrar num salão de jazz, passa, muito bem vestida, por uma fila de pessoas negras e pobres que esperam para poder entrar no mesmo recinto, e olha para elas com os olhos arregalados, como se fossem de outro mundo. Esse filme parece ter sido gravado com os olhos dela nessa cena, olha para o absurdo da realidade, mas mantém a consciência de ser elegante. E digo isso sem querer dar a entender que ele tem o mínimo de empatia com a personagem.
Em Identidade, o uso do jazz nos salões dos ricaços dos anos 1920 se conjuga com o uso do jazz nos filmes algoritmizados e “relevantes” dos anos 2020. Uma cega e hipócrita ditadura da finesse.
Acompanhe toda a angústia de dia de muita humilhação, abuso e assédio no trabalho de uma jovem aspirante a produtora de cinema
Texto por Andrizy Bento
Foto: Amazon Prime Video/Divulgação
Não são raros os casos de mulheres que já passaram por algo parecido: ouvir, ver, testemunhar ou, pior, viver na pele uma situação de assédio/abuso no ambiente de trabalho e, ao tentar reportar a alguém que, a princípio, dispõe-se a ouvir, entender e ajudar, vê-se em uma situação ainda mais difícil. São dadas duas opções: prosseguir com uma denúncia formal e correr o risco de ser demitida ou se calar, silenciar, fechar os olhos e se manter no emprego. A ameaça de demissão vem disfarçada de “conselho de amigo”: não desafie ou lute com alguém mais poderoso que você na hierarquia da empresa. É desse tópico delicado que trata A Assistente (The Assistant, EUA, 2020 – Amazon Prime Video), filme dirigido por Kitty Green, estrelado brilhantemente por Julia Garner e lançado diretamente em streaming durante esta pandemia.
O longa, que se concentra inteiramente em sua protagonista, acompanha um dia de trabalho de Jane (Garner) – aspirante a produtora de cinema, que arrumou um emprego de assistente em uma companhia cinematográfica – e deixa evidente o quanto sua rotina é repetitiva e imutável. Ela está só há dois meses no emprego, mas já apresenta óbvios sinais de que está sofrendo de síndrome de burnout.
Jane é sempre a primeira a chegar e a última a sair. Até mesmo na hora de deixar o elevador, recusa gentilezas e cede passagem àqueles que tomaram o elevador com ela para que saiam primeiro. Executa as tarefas diárias corriqueiras – atender ligações, organizar agendas, imprimir e tirar cópias de scripts, pedir o almoço e fazer reservas de voos e hotéis – e até coisas que não são de sua alçada – lavar a louça que outros funcionários, que sequer olham para ela, deixam acumular na pia, limpar a mesa de seu patrão e tirar o lixo para fora. Tudo feito mecanicamente, com uma apatia até incômoda.
Isso até receber o telefonema do chefe, uma espécie de Harvey Weinstein que jamais aparece na tela e nem mesmo tem seu nome revelado na trama. Só somos capazes de ouvir a voz ameaçadora no telefone, dirigindo impropérios e rebaixando moralmente sua assistente. Aí a apatia da protagonista cede espaço à melancolia. Assim que ele desliga o telefone, após a sessão de humilhação diária que, aliás, pode ocorrer mais de uma vez por dia, Jane imediatamente redige e-mails pedindo desculpas ao chefe e, auxiliada por seus colegas (dois homens que não hesitam em transferir muitos de seus afazeres a ela), finaliza-os agradecendo pela oportunidade de trabalhar na empresa e prometendo que não vai decepcioná-lo novamente.
Além disso, Jane nota com certa estranheza o comportamento do patrão que se recusa a atender os telefonemas da esposa e recebe diversas mulheres jovens para supostas entrevistas e testes de câmera em sua sala, sempre com a porta trancada. Ao expressar ao departamento de gestão de pessoas sua inquietação e preocupação com o bem-estar de uma nova e inexperiente assistente, suas alegações são recebidas com escárnio e desdém. Além de desencorajá-la com uma ameaça de demissão, a conversa com o responsável pelo setor de recursos humanos é coroada com um repulsivo “você não precisa se preocupar, você não faz o tipo dele”.
A decisão de retratar apenas um dia de trabalho da protagonista é inteligente, pois transmite ao espectador a sensação de que esse longo e exaustivo dia – bem como todos os outros – parece se prolongar mais do que deveria, por semanas ou meses a fio. É como se o expediente da jovem assistente durasse uma eternidade.
Combinados e afinados, direção de fotografia e design de produção são bem-sucedidos na composição de um ambiente extremamente claustrofóbico, sufocante e opressivo. Abusando de enquadramentos fechados, planos detalhe reveladores e close-ups constantes na expressão de Jane, as lentes registram todo o estresse do dia a dia e a angústia contida em seu semblante.
O espectador ainda tem acesso a alguns fragmentos de informações dispersas pelos papéis na copiadora, fotos e objetos incomuns encontrados no escritório do chefe sem nome e sem rosto, que poderia se tratar de qualquer um. Poderia ser o meu ou o seu chefe. Jane também não pode evitar ouvir algumas conversas paralelas degradantes, mas absorve tudo calada. Cada quadro, cada diálogo, evidencia o quão tóxico é o local em que trabalha a assistente que dá título ao longa.
A protagonista se encontra em uma situação em que mesmo as palavras de incentivo e os elogios podem machucar. Às vezes, não conscientemente – quando partem daqueles que torcem pelo seu sucesso e não têm a mínima noção do que ela está passando diariamente, dos abusos sofridos. Frases como “estamos orgulhosos de você”, “é uma excelente oportunidade” doem. Doem porque ela não quer destruir a ilusão e as expectativas que as pessoas de seu convívio criaram com relação ao seu trabalho e, assim, submete-se a mais um dia longo e extenuante de tarefas repetitivas e humilhações sem falar nada para ninguém – já que, ao tentar, é desacreditada.
Quanto aos elogios, esses podem vir carregados de segundas intenções, de condescendência ou passivo-agressividade: “Você é inteligente, você se formou com honras, você vai conquistar um cargo respeitável rapidamente se continuar assim, trabalhando duro…”. Mentirinhas contadas para fazer com que a funcionária se sinta lisonjeada e feche os olhos e os ouvidos para tudo o que acontece na sala logo atrás dela. Assim, a assistente se resigna à solidão e ao silêncio.
Há uma cena pós-créditos que mostra Jane chegando em casa após o expediente, traçando um paralelo com a cena inicial, que a mostra saindo de casa para o trabalho, como se ela estivesse presa em uma espécie de looping e evidenciando que o amanhã será exatamente igual a todos os dias que o precederam desde que a protagonista passou a trabalhar para a empresa. Não há sinais de mudança à vista.
Este é um filme capaz de acionar gatilhos por se tratar de uma situação infeliz e absurdamente comum, abordando, a partir de uma perspectiva intimista, o assédio e o abuso – infelizmente, tão comuns e presentes na indústria do entretenimento. O longa é tão realista que a identificação é imediata. E, ao contrário de outros produtos de ficção que nos fazem sentir vingadas ao mostrar a justiça sendo feita ao final, A Assistente, em contrapartida, nos faz refletir sobre o longo caminho que ainda precisamos percorrer para combater o patriarcado.