Movies, TV

Pinóquio + Pinóquio por Guillermo del Toro

Animação de diretor mexicano surpreende e apaixona enquanto o remake da Disney oferece mais do mesmo sobre“diferenças comportadas”

Pinóquio por Guillermo del Toro

Texto por Taís Zago

Fotos: Disney+ (Pinóquio) e Netflix (Pinóquio por Guillermo del Toro)

A disputa dos canais de streaming pelas melhores histórias a serem (re)contadas chega ao ponto de dois deles, Netflix e Disney+, terem lançado em um espaço de três meses um do outro o mesmo conto de fadas. A bola (de madeira) da vez é Pinóquio. O conto italiano mais famoso do mundo, criado pelo jornalista e escritor Carlo Collodi (1826-1890) em 1883 para um periódico infantil. E lá vamos nós para uma batalha de gigantes pela melhor adaptação…

O que acontece quando o desespero de um pobre marceneiro que perdeu seu filho chega aos ouvidos das divindades do lado de lá? A resposta todos nós sabemos: o “espírito” serelepe do menino (pelo menos em seu estado mais cru) passa a habitar o corpinho de madeira da marionete talhada pelo velho Gepeto.

Indo direto ao ponto. O lançamento da Disney, que estreou em 8 de setembro de 2022, aparentemente não faz qualquer questão de retrabalhar e tornar mais interessante pra as crianças de hoje o material de origem. A animação tem direção de Robert Zemeckis (mais conhecido pela trilogia De Volta Para O Futuro) e um elenco de vozes com o melhor que Hollywood tem a oferecer com Tom Hanks fazendo Gepeto, Joseph Gordon-Levitt como o Grilo Falante e Cynthia Erivo como a Fada Azul. 

A animação Pinóquio (Pinocchio, EUA,2022 – Disney+) segue o modelo do velho Pinóquio da casa Disney (a animação lançada originalmente nos cinemas em 1940). Tem a mesma estética já conhecida pelas crianças, sem muita profundidade emocional ou questionamentos válidos e que vão além do óbvio – a aceitação do diferente, desde que o diferente seja “diferenciado” e bem-comportado. Mais do mesmo para o amplo público, alguns novos personagens, mas nenhum de grande destaque. E isso nos faz questionar a necessidade de mimetizar a obra de oito décadas atrás, que já existia com quase o mesmo formato. Para completar, o longa ainda arrebatou cinco indicações para a premiação anual para os piores filmes da temporada. Concorre a cinco Framboesas de Ouro: filme, diretor, ator, atriz coadjuvante e remake.

Pinóquio (2022) da Disney

Já Pinóquio por Guillermo del Toro (Guillermo del Toro’s Pinocchio, França/México/EUA, 2022 – Netflix), a pegada já é bastante diferente. A versão do clássico infantil pelas mãos de Guillermo Del Toro estreou no último dia 9 de dezembro. Como muitos já devem ter percebido, a nova casa televisiva do diretor mexicano é a Netflix, para a nossa (acho!) sorte.

A animação de Del Toro é mais impulsiva, mais inconsequente e também muito mais carismática. Seus questionamentos tocam fundo. Os diálogos de boneco (voz de Gregory Mann) com o pai Gepeto (David Bradley) e com as divindades mágicas e mitológicas são permeados por uma grande sensibilidade reflexiva e filosófica, não somente sobre a aceitação do diferente, como também sobre assuntos espinhosos para crianças como vida, morte e sacrifício. Em relação às tais divindades, vemos a mão de Del Toro fugindo da imagem estereotipada da fada-madrinha clássica e entrando mais na estética de O Labirinto do Fauno

Temos aqui, portanto, um filme mais sombrio, mais melancólico, sem a maquiagem estridente da animação inteiramente digital e bidimensional da casa Disney. Del Toro aposta na estética minuciosa e trabalhosa do stop motion e em uma indicação etária a partir dos 12 anos. A guerra também está presente, assim como em diversas outras obras de Guillermo. Desta vez são abordadas a ascensão do fascismo na Itália e a transformação de crianças em soldados a partir da lavagem cerebral das “juventudes fascistas”. Até mesmo Mussolini recebe sua representação em forma de boneco.

Para quebrar o tom dramático vem o Grilo Falante (Ewan McGregor) como um alívio cômico sensacional. Engraçado sem ser bobinho, com sotaque britânico. No ponto. Aliás, todos personagens estão no ponto. Não existe exagero, nem nas cantorias e nem nos dramas. 

Eis aqui um Pinóquio que surpreende e apaixona. As lágrimas rolam de alegria e de emoção. Por isso mesmo, a obra de del Toro é a favorita do ano para arrebatar o Oscar de animação.

Movies

E.T. – O Extraterrestre

Quarenta curiosidades sobre o clássico de Steven Spielberg que há 40 anos estreava nos cinemas brasileiros

Texto por Carolina Genez

Fotos: Universal Pictures/Divulgação

Um dos marcos do cinema pop, E.T. – O Extraterrestre (E.T., The Extra-Terrestrial, EUA, 1982 – Universal Pictures), completou 40 anos de lançamento no Brasil no último dia 25 de dezembro. O filme é até hoje lembrado com grande apreço e emoção por ter conseguido conquistar tanto as crianças quanto os adultos. O longa, assinado por Steven Spielberg, consolidou nas grandes telas, naquele começo dos anos 1980, o termo blockbuster. Passadas quatro décadas de sua chegada, até hoje segue ganhando fãs de novas gerações.

Em homenagem ao aniversário da cultuada obra, o Mondo Bacana elenca 40 curiosidades a respeito dela.

>> E.T. contou com um orçamento estimado de US$ 10,5 milhões de dólares. Bateu recordes de bilheteria, faturando 792,9 milhões de dólares nos cinemas de todo o planeta.

>> O longa, inclusive, ocupou por onze anos o posto de maior bilheteria da História por 11 anos. Foi superado apenas em 1993, por Jurassic Park: Parque dos Dinossauros. Por sinal, outro filme de Steven Spielberg.

>> Este foi um dos marcos da carreira do diretor. Tanto é que a emblemática cena da silhueta do personagem E.T. e o garoto Elliott na bicicleta à frente da Lua foi escolhida para servir como logomarca da produtora de Spielberg, a Amblin Entertainment.

>> E.T. foi indicado a nove estatuetas do Oscar e, 1983, incluindo diretor e filme do ano. Levou para casa quatro delas, todas em categorias técnicas: som, edição de som, efeitos especiais e trilha sonora.

>> As estatuetas de melhor filme e direção em 1983 acabaram ficando com Gandhi. Mas nem mesmo o cineasta Richard Attenborough se convenceu com a vitória nas duas categorias, já que ele considerava o trabalho de Spielberg mais completo.

>> Foi também durante essa premiação que o compositor John Williams, parceiro de Spielberg, conquistou seu terceiro Oscar de trilha sonora. Os outros dois vieram pelos trabalhos realizados em Tubarão (1975) e Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança (1977)

>> As conexões de E.T. com a saga de George Lucas também não param somente aí. Em uma das cenas, Spielberg colocou uma criança vestida de Yoda, com direito até a trilha do personagem também composta por John Williams.

>> Em Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma (1999), Lucas devolveu a homenagem colocando a espécie de E.T. participando de uma reunião do Senado.

>> Ainda sobre o parelho com a saga Star Wars: Harrison Ford (intérprete de Han Solo), quase entrou no filme de Spielberg. O ator chegou a rodar uma breve participação como o diretor da escola de Elliott. Contudo, a cena acabou ficando de fora da edição final. 

>> Ford também foi o responsável por apresentar Spielberg a Melissa Mathison, que viria a se tornar roteirista de E.T. – O Etraterresetre. Os dois se conheceram porque Mathison era namorada do ator e estava presente nos sets de Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida (1981), também dirigido por Spielberg.

>> Nas primeiras versões do roteiro, o personagem E.T. seria uma espécie de planta sem gênero.

>> A fisionomia do rosto de E.T. foi criada pelo designer italiano Carlo Rambaldi, tendo como modelos o poeta Carl Sandburg, o físico Albert Einstein, o escritor Ernest Hemingway e um cão da raça pug.

>> Em seus outros filmes o diretor sempre gostou de trabalhar com efeitos visuais e práticos. Além de ter uma parte animatrônica, o extraterrestre também foi interpretado pelos atores Matthew de Meritt, que nascera sem pernas, mais Tamara de Treaux e Pat Bilon, que tinham nanismo.

>> Responsável por dublar o alienígena, o ator Pat Welsh foi escolhido para o papel por causa de sua rouquidão, fruto dos dois maços de cigarro que fumava por dia. O criador de efeitos sonoros Ben Burtt também usou vozes de outras pessoas, incluindo a de Spielberg, para chegar ao timbre do personagem.

>> Durante a história, o alienígena utiliza um comunicador. O aparelho foi construído pelo especialista em ciência e tecnologia Henry Feinberg. De fato, ele funcionava.

>> O boneco custou 1,5 milhões de dólares. Aliás, boa parte do orçamento do filme foi gasto somente para “dar vida” ao personagem E.T.

>> Michael Jackson adquiriu um dos bonecos originais criados para o filme.

>> A versão final ficou tão realista que a atriz Drew Barrymore, que na época de rodar o filme tinha 7 anos, realmente acreditava que E.T. era uma criatura de verdade. Para continuar o encanto dela, o diretor, então, pedia que a produção mantivesse o boneco vivo durante os intervalos.

>> Apesar de muito nova para o ofício, Drew Barrymore improvisou diversas falas dentro do filme. A fala dela quando vê E.T. (“Eu não gosto dos pés dele”) foi tão espontânea que o diretor que decidiu mantê-la no filme. 

>> O papel da pequena Gertie lançou a carreira de Drew Barrymore. Só que a atriz quase não ficou com o papel. Sarah Michelle Gellar e Juliette Lewis também fizeram testes para interpretar a menina.

>> O filme foi gravado em ordem cronológica para passar uma sensação de autenticidade para as crianças do elenco.

>> Antes de chegar em Henry Thomas, Spielberg testou mais de 300 atores para o papel do menino. Thomas conquistou o papel após emocionar o diretor encenando a cena em que Elliott teme que o agente do governo leve E.T. embora.

>> O diretor também optou por rodar grande parte do filme no nível do olhar de Elliott e E.T., justamente para aumentar a conexão entre os personagens e os espectadores. 

>> O sobrenome de Elliott nunca é mencionado. Em uma entrevista de 2015, foi revelado por Spielberg que seu nome completo é Elliott Taylor.

>> Apesar de E.T. – O Extraterrestre ser uma história infanto-juvenil, o diretor chegou a desenvolver uma história de terror para dar base ao filme, com o título de Night Skies.

>> A ideia de uma continuação chegou a existir. A Universal queria muito uma continuação para a história e Spielberg chegou até a pensar em um roteiro. A história se passaria no planeta do alienígena. O projeto, entretanto, acabou sendo arquivado, por medo de “sujar” o original.

>> O diretor fora convencido a fazer um filme infantil por François Truffaut. Segundo o francês, Spielberg também era uma criança.

>> Foi durante o trabalho em Contatos Imediatos de Terceiro Grau (1977) que surgiu a primeira premissa do filme. Steven Spielberg ficou intrigado com a ideia do que aconteceria se um alien ficasse para trás aqui na Terra.

>> Naquela mesma temporada de 1982, Spielberg também lançou o filme Poltergeist: O Fenômeno, desta vez assinando apenas o roteiro. Segundo o cineasta, E.T. é uma representação dos sonhos do subúrbio americano, enquanto Poltergeist representa os pesadelos.

>> Em 2002, celebrando o aniversário de 20 anos do longa-metragem, o diretor resolveu alterar uma cena digitalmente para retirar as armas dos policiais que perseguiam as crianças. Anos depois, porém, ele voltou atrás na ideia e deixou a cena como ela era originalmente.

>> Também para celebrar este aniversário de duas décadas, E.T. foi relançado nos cinemas com cinco minutos de novas cenas que ficaram de fora da versão original. Além disso, foram utilizados novos efeitos especiais e uma remasterização digital realizada em todo o longa.

>> Spielberg manteve muito sigilo em torno do filme antes do seu lançamento em 1982. Nem mesmo o responsável por produzir o cartaz de E.T. sabia como era o visual do extraterrestre.

>> Para aumentar o segredo, no começo das filmagens o diretor trocou o nome do filme para A Boy´s Life, para impedir que copiassem o enredo.

>> Para dar mais realismo à cena do hospital, foram contratados médicos e enfermeiros de ofício para examinar o extraterrestre. O diretor ainda pediu que os profissionais tratassem o personagem como um paciente de verdade.

>> Inicialmente o diretor queria usar os chocolates M&M’s pra atrair o extraterrestre em uma das cenas. Só que a marca controlada pela Mars negou a participação por achar que o alienígena iria assustar as crianças.

>> A produção usou então os chocolates Reese’s Peices. Isso fez com que as vendas da marca fabricada pela Hershey Company disparassem.

>> Por conta deste grande sucesso, muitas marcas começaram a pedir que seus produtos fossem usados em filmes. Esse feito também já tinha sido comprovado em alguns dos filmes de 007.

>> Quando lançado em VHS em outubro de 1988, o filme veio com fita, protetores e hubs na cor verde, justamente para diferenciar as cópias originais das piratas. Em homevídeo, vendeu mais de 15 milhões de unidades nos EUA, arrecadando mais de 250 milhões. Durante as duas primeiras semanas nas prateleiras das videolocadoras, E.T. foi alugado mais de 6 milhões de vezes no país.

>> Inicialmente, o longa seria produzido pela Columbia Pictures, porém a produtora achava que o filme fracassaria e o roteiro era muito fraco. O diretor acabou assinando com a Universal Studios, para qual vendeu o script por 1 milhão de dólares. Spielberg ainda cobrou 5% da bilheteria.

>> Tentando construir a trilha do longa, John Williams foi incentivado por  Spielberg a conduzir a orquestra da mesma maneira que faria em um concerto. O diretor, mais tarde, chegou até a reeditar o filme para combinar melhor com a música que hoje é conhecida como uma das mais clássicas obras sonoras do cinema.

Books, Movies, Music, News, Theatre, TV

Jô Soares

Oito motivos para lembrar sempre o ator, diretor, humorista, apresentador e escritor, que marcou a história da TV brasileira e morreu hoje aos 84 anos

Textos por Abonico Smith e Fábio Soares

Foto: Zé Paulo Cardeal/TV Globo

O país amanheceu muito mais triste nesta sexta-feira, 5 de agosto. Morreu por volta das duas horas da madrugada o ator, diretor, humorista, apresentador e escritor Jô Soares, aos 84 anos de idade. A causa ainda não informada, mas sabe-se que ele estava internado no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, desde o fim de julho, para o tratamento de uma pneumonia. Uma fonte próxima ao artista, entretanto, revelou que ele andava enfrentando problemas urinários.

O nome de Jô Soares está intimamente ligado à história da TV brasileira, onde se popularizou primeiro como ator e escritor de programas de humor e depois como apresentador de talk show. Seu programa diário, sempre exibido tarde da noite, ficou no ar por 28 anos, sendo inicialmente no SBT (1988-1999) e depois na Globo (2000-2016). Também rodou muito o país como ator de espetáculos de stand up comedy e diretor teatral, além de ter publicado sete livros. O mais famoso deles, O Xangô de Baker Street, no qual trazia o detetive britânico Sherlock Holmes para o Brasil, ganhou adaptação para o cinema em 2001. Por um tempo ainda escreveu crônicas para o jornal Folha de S. Paulo, apresentou um quadro no Jornal da Globo e produziu uma página de humor na revista semanal Veja.

O Mondo Bacana embarca na multiplicidade e versatilidade de Jô Soares e cita oito motivos para ele ser sempre lembrado pelo povo brasileiro.

Humor afiado

Saber fazer humor precisa ter inteligência, raciocínio rápido e o máximo de cultura possível para fazer todas as sinapses do mundo. Jô Soares tinha isso e fazia qualquer pessoa rir em sua frente de maneira fácil, fácil. Fosse em textos previamente preparados e atuando como ator na televisão ou no teatro, fosse em improvisos necessários para se manter a qualidade da conversa e ainda o foco do espectador em suas entrevistas. Aliás, segundo suas contas, superou a marca de 14 mil entrevistas ao longo de quase três décadas recebendo gente nos estúdios do SBT e da Globo.

Gosto pela política

Elemento presente em absolutamente tudo que ele fazia, fosse em uma simples piada (contada, escrita, interpretada), fosse em suas escolhas de entrevistados, fosse no seu dia a dia, acompanhando os rumos da nação por décadas por meio de telejornais e contatos diretos com jornalistas. Quando ganhou seu programa solo de humor na Globo, a política estava sempre ali. Ele satirizava governantes por meio de personagens bem construídos e que driblavam a censura através de códigos que o telespectador entendia perfeitamente. Também durante a fase entrevistador recebia políticos de toda e qualquer orientação partidária.

Contra a ditadura

Jô não chegou a ser um artista perseguido diretamente durante os anos de chumbo do regime militar. Entretanto, além de driblar com inteligência a censura em seus textos, escondeu amigos dos milicos em sua própria casa e chegou a avisar Gil e Caetano de que eles estavam correndo risco iminente (o que de fato aconteceu logo após a assinatura do AI-5). Por isso, Jô sempre se declarou um ferrenho defensor da liberdade de opinião em qualquer situação e combateu como pode a ditadura nos palcos, telinhas e textos escritos para jornais e revistas. Mais recentemente não se furtava a dar pau seguidamente no presidente que louva torturadores e ameaça sempre voltar ao estabelecimento das trevas em verde e amarelo.

Bordões clássicos

Quem viveu os anos 1980 no Brasil se lembra com muito carinho de muitos personagens criados para os programas Viva o Gordo e veja o Gordo, mais alguns outros que incorporava no palco, sobretudo durante o espetáculo de sucesso de stand up Viva o Gordo, Abaixo o Regime! Só para citar alguns das falas eternas ditas por ele em alguns de seus mais de 300 personagens: “Você não quer que eu volte!”, “Amansebou-se” e “Je vive de béq” (o último exilado ainda em Paris depois da anistia), “Me tira o tubo!”(o general da ditadura que volta do coma), “Tem Pai que é Cego!” (o pai conservador que insiste em não perceber a orientação sexual do casal de filhos), “Vamos malhar?” (a professora de ginástica de roupas megacoloridas), É o meu jeitinho!” (o tímido Rochinha que está sempre acompanhado por seu mulherão), “Não quero meu nome em bocas de Matildes” (a sogra na banheira conversando com a filha ao telefone), “Cala a boca, Batista!”, “Casa, descasa, casa, descasa… e eu não caso!” (Irmão Carmelo), “E pensar que saí dela!” (a atriz pornô Bô Francineide, para sua mãe idosa), “Bocão!” (dentista tarado para suas pacientes modelos), “Bota ponta, Telê!” (Zé da Galera ao orelhão falando com o técnico da seleçãoo brasileira no ano da Copa de 1982), “Queco Sou?” e ”Sois Rei, Sois Rei, Sois Rei!” (Reizinho), “Só porque eu sou pequenininho” (o anão Atlas depois de sofrer bullying), “Não se deprecie, mulher!” (o conquistador Décio correndo atrás de uma linda mulher), “Beijo do Gordo! (como Jô Soares ao se despedir do telespectador Zezinho), “Muy amigo…”(Gardelón, o argentino que topava qualquer proposta ilícita para ganhar dinheiro) e “Rádio Cruzeiro, aquela que revela para onde está indo seu dinheiro!” (apresentador da Rádio Cruzeiro).

Mulheres no jornalismo político

Foi em 2005 que Jô teve a ideia de reunir semanalmente um time de mulheres atuantes no jornalismo político em seu programa na Globo. O quarteto inicial, programado para as quartas-feiras de noite pós-futebol, foi formado por Lilian Witte Fibe, Lucia Hippolito, Ana Maria Tahan e Cristiana Lobo. A ideia era a construção de três blocos sobre assuntos diversos, mas com foco principal na economia e na política brasileira. Tudo meio que no improviso, sem segurar risos e gargalhadas – afinal, para o apresentador, o papo corre bem solto quando as pessoas são do gênero feminino. Com o tempo, novas integrantes foram sendo adicionadas, promovendo um bom revezamento. Passaram também pela bancada Cristina Serra, Natuza Nery, Mara Luquet, Zileide Silva, Flavia Oliveira, Mariliz Pereira Jorge, Andreia Sadi, Vera Magalhães, Sonia Racy e Tereza Cruvinel. Batizado pelo jornalista Zuenir Ventura como “As Meninas do Jô”, o quadro se estendeu continuamente por onze anos, terminando somente com o encerramento em definitivo do Programa do Jô.

Louco por jazz

Pouca gente sabe mas Jô era um grande amante de jazz. Tinha uma boa coleçãoo de discos do gênero e chegou a comandar entre o fim dos anos 1980 e meados dos 1990 um programa na rádio Eldorado FM. Ele também tocava bongô e trompete. A percussão entrou na sua vida ainda na adolescência, quando estudava na Suíça e chegou até a acompanhar por um dia o renomado pianista Oscar Peterson. Já o instrumento de sopro foi escolhido depois que reparou que não levava muito jeito para o saxofone. Depois, como apresentador, montou um grupo de jazz – cuja formação variou de quarteto a sexteto – para ilustrar abertura, encerramento, entradas e saídas de bloco. Por vezes, arriscava-se nos instrumentos em frente à plateia.

Homem das letras

Outra das grandes paixões de Jô Soares eram os livros. Tanto que ele não se furtava a abrir muito espaço semanalmente em seu programa de entrevistas para falar com escritores e abordar lançamentos literários. Por não ser tão grande assim em se tratando de primeiras tiragens, o mercado das editoras sempre festejava quando emplacava um autor, uma pauta. Afinal, a pessoa aparecia no Jô e logo os exemplares iniciais voavam das prateleiras das livrarias. Ele próprio não se furtou a se aventurar no mundo das letras. Nos anos 1990 e 2000 publicou uma trilogia de romances que misturavam suspense e um tanto de nonsense. Muito antes da onda de misturar zumbis em títulos clássico da literatura e da História mundial, Jô teve a sacada genial de reviver o detetive britânico Sherlock Holmes e trazê-lo para o Brasil para misturá-lo com personagens histórias da cultura nacional como Chiquinha Gonzaga, Olavo Bilac e Dom Pedro II. O Xangô de Baker Street (1995), que gira em torno do desaparecimento de um violino Stradivarius no fim do século 19, resgata o fim da monarquia no país e a boemia carioca daquela época, tornou-se sucesso instantâneo de vendas, foi editado em outras línguas e ganhou, seis anos depois, versão para o cinema. A segunda obra não tardou a vir. Em O Homem Que Matou Getúlio Vargas (1998) Jô volta a misturar doses de ficção em fatos históricos e um tanto de História em uma narrativa ficcional, sempre com muito humor. A trama desta vez gira em torno de um anarquista sérvio fictício que por quatro décadas (1914-1954) viaja o mundo todo tentando matar governantes. No Brasil, como o título já diz, ele se depara com o presidente que, segundo nossos livros escolares deu um tiro na própria cabeça. A trinca se fechou com Assassinatos na Academia Brasileira de Letras (2005), que destrincha uma série de mortes misteriosas de “imortais” no Rio de Janeiro dos anos 1920. Os três livros são indicados para gente de todas idades que goste de boas histórias, informações sobre o passado do nosso país e uma boa dose de humor.

Planeta Doce

Quem acompanhava regularmente o programa de entrevistas sabia que de vez em quando Jô se arriscava a cantar algo de improviso na entrada de um bloco. A base instrumental era quase sempre de blues, com um pouquinho de pegada de rock. E foi justamente caindo pro lado do rock que Jô gravou e lançou nas lojas de discos dois compactos. O primeiro, já longínquo ano de 1963, trazia no lado A rock’n’roll básico chamado “Vampiro”, composto pelo próprio Jô. Em 1982, um novo compacto de Jô chegava às lojas, agora respaldado pelo enorme sucesso do quadro do personagem Capitão Gay no programa humorístico Viva o Gordo. A música, cantada por Jô e seu “escada” Eliezer Mota (intérprete de Carlos Sueli), era o jingle que faziam os dois virarem super-heróis coloridos e cheios de purpurina que acabaram caindo no gosto da criançada e fazer o single virar um pequeno hit nas turmas de colégio. No ano seguinte, contudo, Jô voltaria a entrar em um estúdio de gravação para colocar a voz naquela que seria sua melhor música. “Planeta Doce” faz parte da coleção de dez faixas do especial infantil Plunct Plact Zuuum, exibido pela rede Globo em 1983 e que junto com outros do gênero (como A Arca de Noé, Pirlimpimpim, Casa de Brinquedos) ajudou a consolidar o nicho da música pop infantil no mercado fonográfico brasileiro de primeira metade dos anos 1980 – segmento este que viria a ser dominado logo depois por nomes como Turma do Balão Mágico, Trem da Alegria e Xuxa. Neste programa, um grupo de crianças viajava pelo espaço encontrando criaturas peculiares cantando letras que tratavam de assuntos espinhosos para a fase da entrada na adolescência, como sexualidade, matemática, conflito de interesses com os pais e alimentação desregrada. O elenco de artistas da música escolhidos para interpretar as canções reunia uma bela turma de outsiders do pop tupiniquim da época, como Raul Seixas, Gang 90 & As Absurdettes, Eduardo Dusek, Zé Rodrix… e Jô Soares! Claro que o Gordo trataria de cantar versos sobre gulodices (com direito a arranjo vocal de Leo Jaime e João Penca e Seus Miquinhos Amestrados). (AS)

***

Para quem nasceu nos anos 1970, a figura de José Eugênio Soares associava-se ao humorístico Viva o Gordo, exibido nas noites de segunda (às vezes terça) pela Rede Globo entre 1981 e 1987. Já a identificação com seus personagens, surgia de forma peculiar ao telespectador. Para o trauma que minha geração sofreu com a eliminação da seleção brasileira na Copa de 1982, o personagem Zé da Galera assumia ares premonitórios. Com um palito de dente à boca e munido de um monofone ao ouvido, “telefonava” ao mandatário do escrete canarinho com a icônica frase “Bota ponta, Telê!”. Ponta a equipe tinha e dos bons! Mas nem o talento dos mísseis disparados pela perna esquerda de Éder Aleixo foram suficientes para evitar a eliminação verde-amarela antes da semifinal.

Em plena ditadura militar, Jô foi vanguardista ao abordar a homossexualidade através de seu inesquecível Capitão Gay, sempre escudado por Carlos Suely, interpretado por Eliezer Motta. Numa época em que o tema sexualidade era um tabu, sobretudo ao público infantil, a ludicidade do personagem com figurino cor-de-rosa e fala afeminada não chocava em nada. Muito pelo contrário, causava simpatia em todo mundo. Afinal, quer maior segredo de sucesso que associar temas polêmicos a super-herois? Gênio!

Em 1988 ele trocou a Rede Globo pelo SBT. Eu tinha 12 anos e foi o colorido logotipo de seu novo programa, Jô Soares Onze e Meia, que me chamou a atenção. Foi lá que vi a Legião Urbana protagonizar uma inesquecível jam session no aniversário de um ano do programa, em 1989. E teve também Tim Maia, Cazuza e Johnny Rivers. Teve Roberto Carlos, que peitou a Globo em prol de sua amizade com Jô. Teve Jorge Amado, Luis Carlos Prestes e Ziraldo. Teve até deslocamento até Moscou para uma exclusiva com o líder Mikhail Gorbachev pouco tempo após a queda da União Soviética.

Seu programa de entrevistas, incorporado pela Globo em 2000 e rebatizado Programa do Jô, teve seu epílogo em dezembro de 2016. Acabou na hora certa. Isso porque não teria mais espaço com a tal da “podosfera”, que multiplicar podcasts (muitos com produção precária e gosto duvidoso) a torto e a direito. O Jô entrevistador foi uma grife que talvez somente Marília Gabriela foi capaz de emular na televisão brasileira. Um poço de cultura e sofisticação que transitava tanto pelas altas cúpulas quanto às mais populares camadas da sociedade. O Jô era um quadro em nossas paredes, o adereço em nossas estantes, a garrafa de café em nossas cozinhas. O Jô era nossa mobília. O Jô foi nossa história por todo esse tempo.

Obrigado, querido Gordo. (FS)

Movies

Jesus Kid

Oito motivos para não deixar de ver ao filme escrito e dirigido por Aly Muritiba e adaptado do livro de Lourenço Mutarelli

Texto por Abonico Smith

Foto: Grafo Distribuidora/Divulgação

Uma das estreias promovidas pela edição de 2022 do festival Olhar de Cinema, realizada nos primeiros dias do mês de junho em Curitiba, foi a do filme Jesus Kid (Brasil, 2022 – Grafo Distribuidora), premiado com três kikitos (diretor, roteiro, ator coadjuvante) no Festival de Gramado do ano passado. No evento, o longa-metragem teve duas sessões, uma voltada ao público em geral e outra para jornalistas e com a presença do diretor e roteirista Aly Muritiba mais os atores Paulo Miklos (que interpreta o protagonista Eugênio), Sergio Marone (que faz o personagem que dá nome ao longa; também produtor deste) e Leandro Daniel Colombo (o dono da terceira estatueta gaúcha).

Mondo Bacana dá oito motivos para você não deixar de assistir a esta comédia (em cartaz no Cine Passeio e disponível na plataforma de streaming Olhar Play) e também publica os principais trechos do bate-papo dos artistas com a imprensa.

Aly Muritiba

Um dos nomes de carreira ascendente do novo cinema brasileiro não nasceu em Curitiba, só veio morar na cidade depois de adulto mas é, sem sombra de dúvida, aquele que vem ajudando a projetar seguidamente a capital paranaense nas grandes telas. Quase beliscou uma indicação ao Oscar por duas vezes: a primeira pelo curta A Fábrica, de 2011, que chegou a ser semifinalista em sua categoria; a outra, no ano passado, quando o país indicou o longa Deserto Particular para concorrer à estatueta de produção internacional. Assinando roteiro e direção em Jesus Kid, aqui ele faz sua primeira incursão rumo à comédia sem deixar de lado a assinatura peculiar de seus filmes de drama e suspense: o ser humano masculino desajustado com as normas e a rigidez de uma sociedade conservadora e heteronormativa. Sem falar no fato que a urbanidade de Curitiba (não somente as ruas mas o interior de seus prédios, casas e estabelecimentos comerciais) é algo que cai muito bem como cenários perturbadores de obras como Para Minha Amada Morta (2015), Ferrugem (2018) e o já citado Deserto Particular(2021).

Lourenço Mutarelli

Jesus Kid é um dos primeiros romances escritos por Mutarelli, pouco tempo depois dele decidir abandonar a produção de HQs. Foi publicado em 2004 e apenas recentemente ganhou uma nova edição, via Companhia das Letras. A sua trama é um feroz brado do autor contra a voracidade do capitalismo da indústria cultural – no caso a literária, que muitas vezes forças os criativos a se adaptarem a novas regras e costumes sem se preocupar com a personalidade, o bem-estar ou mesmo o universo de fãs conquistados com gata gota de suor pregresso na hora da transposição das ideias para o papel. Lourenço também se destaca pelos diálogos velozes e muitas vezes irônicos que constrói em suas obras, sempre transbordando rapidez e um instantâneo imaginário cinematográfico. Por isso, volta e meia um livro seu acaba adaptado para o cinema. Neste caso, contudo, o autor parece não ter ficado muito satisfeito com a adaptação. Não no tocante às interpretações ou construções dos personagens na tela, mas, sim, pelas constantes inserções de cunho político colocadas por Muritiba que, segundo o próprio, desfiguraram o original.

Sátira política

Aly Muritiba é radicado em Curitiba, filma em Curitiba, tem claro posicionamento político de esquerda. Então esta era a oportunidade ideal de zoar com todas coisas vindas da direta (ou da extrema-direita, muitas vezes) que escangalharam o nosso país nesses últimos anos. Por isso a crítica feita por Mutarelli à indústria cultural também ganha explícitos contornos sociopolíticos. Entram em cena aqui militares que chegm ao orgasmo quando detêm o controle e o poder em mãos, presidente ditatorial, juízes com ambições políticas, censura, pobre de direita, pequena multidão de coxinhas, fantoches, defesas da família e dos bons costumes e até o horroroso pato de borracha da FIEP. Só que toda esta coadjuvância, mais cedo ou mais tarde. Acaba sendo zoada e até mesmo explodida pelo diretor/roteirista através de seus personagens em momentos explícitos de rebelião e insatisfação com o status quo impositivo e totalmente aflitivo que vai sendo configurado no desenrolar da trama. Mutarelli pode ter odiado mas caiu muito bem na história, que foi rodada em 2019 – portanto já no primeiro ano de desgoverno de #EleNão e que, hoje, serve como catarse para jogar fora muito sapo engolido durante esse período todo.

Paulo Miklos

Durante seu tempo nos Titãs ele era apenas um dos tantos estranhos reunidos em uma mesma banda. Quando optou por deixar o grupo para construir carreira solo na música, também começou a emplacar como ator uma série de personagens tão esquisitos quanto ele próprio em cima dos palcos. Sua trajetória na dramaturgia é mais constante nas telas grandes. Começou como o protagonista de O Invasor (2001), passou por Estômago (2007) e O Homem Cordial (2019) e agora brinda os fãs com o tímido e não menos esquisito Eugênio de Jesus Kid (2021), o romancista considerado tanto ultrapassado pelo sistema quanto o homem ideal para fazer projetos considerados autorais por gente não tão ligada assim à criatividade. Aos poucos, conforme vai ganhando confiança e ladeado pelos seus fieis escudeiros Jesus Kid e Enfermeira Nurse (que para ele se confundem entre as condições de personagens de ficção e gente de carne e osso), tenta dar as cartas e tomar o controle no tabuleiro do jogo destinado ao hotel no qual passa confinado a maior parte da trama

Sergio Marone

Ator que gravitou entre projetos dramatúrgicos de Record e Globo e hoje se dedica à função de apresentador de no YouTube e no SBT, Marone foi a pessoa que mais batalhou para que Jesus Kid chegasse às telas. Comprou o livro e os direitos, convenceu Muritiba a encabeçar o projeto, assina a obra também como produtor e interpreta o personagem-chave da história, o protagonista dos livros escritos por Eugênio e que, ao aparecer fisicamente apenas para ele, vai ajudando seu criador a passar por cima dos problemas que vão se avolumando durante o confinamento no hotel. Seu physique du rôle de galã reforçado pelos quase dois metros de altura fizeram-no se encaixar com perfeição no papel do caubói norte-americano bom de tiro e que não se aperta quando passa por apuros.

Maureen Miranda

Quem frequentou o teatro curitibano até 2015 (quando ela mudou-se para o Rio de Janeiro) com certeza já está familiarizado com toda a versatilidade e encantamento da atriz – que ainda estende suas habilidades para outras áreas artísticas como o desenho, a literatura e a moda. Por isso não é surpresa vê-la como um furacão nas cenas da Enfermeira Nurse em Jesus Kid. Além de quebrar todo e qualquer estereótipo da femme fatale em uma história de suspense, ela ainda rouba um certo protagonismo ao emprestar uma aura sarcástica e também voluptuosa à baixinha ruiva que ajuda o romancista Eugênio a encontrar um rumo diante do beco sem saída no qual ele acabou entrando. Única figura feminina de destaque na história, ela toma para si a dose de rebeldia e afrontamento que a princípio falta no hóspede confinado ao identificar-se, de alguma maneira com ele, já que também vive, profissionalmente, cercada de gente maçante e estúpida. Portanto, um prato cheio para Maureen brilhar no terreno da comédia.

Leandro Daniel Colombo

Outra grande cria do teatro curitibano que hoje vive no Rio de Janeiro, outro destaque entre os coadjuvantes deste longa-metragem. Em Jesus Kid ele personifica o alívio cômico ao contracenar com Eugênio. Na pele do recepcionista Arlindo (ao qual o protagonista insiste em chamar de Bert, por causa do filme Barton Fink, dos Irmãos Coen), Colombo aqui é a representação robótica da classe trabalhadora de direita, fanática pelo “sucesso” obtido por um certo superjuiz que, embora defenda uma certa moralização no dia a dia também escorrega para atos escusos em prol da valorização de si próprio e de seu discurso. Se você perceber alguma semelhança entre este personagem a o filme O Grande Hotel Budapeste, não é mera coincidência: o filme de Wes Anderson influenciou bastante não só o ator na hora de fazer a composição de Bert como ainda norteou alguns enquadramentos centralizados definidos por Muritiba e o figurino avermelhado assinado por Isbella Brasileiro.

Veteranos do teatro curitibano

Mais um item com ligação com os palcos da capital paranaense. O desfile de atores que interpretam personagens secundários é bastante familiar para quem de certa forma frequenta ou trabalha com a classe teatral de Curitiba. Entre os nomes estão Fabio Silvestre, Gabriel Gorosito, Otavio Linhares, Luthero Almeida, Helio Barbosa, Mauro Zanatta, Chico Pennafiel, Chico Nogueira, Gerson Delliano, Wagner Jovanaci e Rafael Magaldi. Portanto, um prato cheio para a competência em cena tanto para o lado da dramaticidade como também para o humor.