Movies

E.T. – O Extraterrestre

Quarenta curiosidades sobre o clássico de Steven Spielberg que há 40 anos estreava nos cinemas brasileiros

Texto por Carolina Genez

Fotos: Universal Pictures/Divulgação

Um dos marcos do cinema pop, E.T. – O Extraterrestre (E.T., The Extra-Terrestrial, EUA, 1982 – Universal Pictures), completou 40 anos de lançamento no Brasil no último dia 25 de dezembro. O filme é até hoje lembrado com grande apreço e emoção por ter conseguido conquistar tanto as crianças quanto os adultos. O longa, assinado por Steven Spielberg, consolidou nas grandes telas, naquele começo dos anos 1980, o termo blockbuster. Passadas quatro décadas de sua chegada, até hoje segue ganhando fãs de novas gerações.

Em homenagem ao aniversário da cultuada obra, o Mondo Bacana elenca 40 curiosidades a respeito dela.

>> E.T. contou com um orçamento estimado de US$ 10,5 milhões de dólares. Bateu recordes de bilheteria, faturando 792,9 milhões de dólares nos cinemas de todo o planeta.

>> O longa, inclusive, ocupou por onze anos o posto de maior bilheteria da História por 11 anos. Foi superado apenas em 1993, por Jurassic Park: Parque dos Dinossauros. Por sinal, outro filme de Steven Spielberg.

>> Este foi um dos marcos da carreira do diretor. Tanto é que a emblemática cena da silhueta do personagem E.T. e o garoto Elliott na bicicleta à frente da Lua foi escolhida para servir como logomarca da produtora de Spielberg, a Amblin Entertainment.

>> E.T. foi indicado a nove estatuetas do Oscar e, 1983, incluindo diretor e filme do ano. Levou para casa quatro delas, todas em categorias técnicas: som, edição de som, efeitos especiais e trilha sonora.

>> As estatuetas de melhor filme e direção em 1983 acabaram ficando com Gandhi. Mas nem mesmo o cineasta Richard Attenborough se convenceu com a vitória nas duas categorias, já que ele considerava o trabalho de Spielberg mais completo.

>> Foi também durante essa premiação que o compositor John Williams, parceiro de Spielberg, conquistou seu terceiro Oscar de trilha sonora. Os outros dois vieram pelos trabalhos realizados em Tubarão (1975) e Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança (1977)

>> As conexões de E.T. com a saga de George Lucas também não param somente aí. Em uma das cenas, Spielberg colocou uma criança vestida de Yoda, com direito até a trilha do personagem também composta por John Williams.

>> Em Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma (1999), Lucas devolveu a homenagem colocando a espécie de E.T. participando de uma reunião do Senado.

>> Ainda sobre o parelho com a saga Star Wars: Harrison Ford (intérprete de Han Solo), quase entrou no filme de Spielberg. O ator chegou a rodar uma breve participação como o diretor da escola de Elliott. Contudo, a cena acabou ficando de fora da edição final. 

>> Ford também foi o responsável por apresentar Spielberg a Melissa Mathison, que viria a se tornar roteirista de E.T. – O Etraterresetre. Os dois se conheceram porque Mathison era namorada do ator e estava presente nos sets de Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida (1981), também dirigido por Spielberg.

>> Nas primeiras versões do roteiro, o personagem E.T. seria uma espécie de planta sem gênero.

>> A fisionomia do rosto de E.T. foi criada pelo designer italiano Carlo Rambaldi, tendo como modelos o poeta Carl Sandburg, o físico Albert Einstein, o escritor Ernest Hemingway e um cão da raça pug.

>> Em seus outros filmes o diretor sempre gostou de trabalhar com efeitos visuais e práticos. Além de ter uma parte animatrônica, o extraterrestre também foi interpretado pelos atores Matthew de Meritt, que nascera sem pernas, mais Tamara de Treaux e Pat Bilon, que tinham nanismo.

>> Responsável por dublar o alienígena, o ator Pat Welsh foi escolhido para o papel por causa de sua rouquidão, fruto dos dois maços de cigarro que fumava por dia. O criador de efeitos sonoros Ben Burtt também usou vozes de outras pessoas, incluindo a de Spielberg, para chegar ao timbre do personagem.

>> Durante a história, o alienígena utiliza um comunicador. O aparelho foi construído pelo especialista em ciência e tecnologia Henry Feinberg. De fato, ele funcionava.

>> O boneco custou 1,5 milhões de dólares. Aliás, boa parte do orçamento do filme foi gasto somente para “dar vida” ao personagem E.T.

>> Michael Jackson adquiriu um dos bonecos originais criados para o filme.

>> A versão final ficou tão realista que a atriz Drew Barrymore, que na época de rodar o filme tinha 7 anos, realmente acreditava que E.T. era uma criatura de verdade. Para continuar o encanto dela, o diretor, então, pedia que a produção mantivesse o boneco vivo durante os intervalos.

>> Apesar de muito nova para o ofício, Drew Barrymore improvisou diversas falas dentro do filme. A fala dela quando vê E.T. (“Eu não gosto dos pés dele”) foi tão espontânea que o diretor que decidiu mantê-la no filme. 

>> O papel da pequena Gertie lançou a carreira de Drew Barrymore. Só que a atriz quase não ficou com o papel. Sarah Michelle Gellar e Juliette Lewis também fizeram testes para interpretar a menina.

>> O filme foi gravado em ordem cronológica para passar uma sensação de autenticidade para as crianças do elenco.

>> Antes de chegar em Henry Thomas, Spielberg testou mais de 300 atores para o papel do menino. Thomas conquistou o papel após emocionar o diretor encenando a cena em que Elliott teme que o agente do governo leve E.T. embora.

>> O diretor também optou por rodar grande parte do filme no nível do olhar de Elliott e E.T., justamente para aumentar a conexão entre os personagens e os espectadores. 

>> O sobrenome de Elliott nunca é mencionado. Em uma entrevista de 2015, foi revelado por Spielberg que seu nome completo é Elliott Taylor.

>> Apesar de E.T. – O Extraterrestre ser uma história infanto-juvenil, o diretor chegou a desenvolver uma história de terror para dar base ao filme, com o título de Night Skies.

>> A ideia de uma continuação chegou a existir. A Universal queria muito uma continuação para a história e Spielberg chegou até a pensar em um roteiro. A história se passaria no planeta do alienígena. O projeto, entretanto, acabou sendo arquivado, por medo de “sujar” o original.

>> O diretor fora convencido a fazer um filme infantil por François Truffaut. Segundo o francês, Spielberg também era uma criança.

>> Foi durante o trabalho em Contatos Imediatos de Terceiro Grau (1977) que surgiu a primeira premissa do filme. Steven Spielberg ficou intrigado com a ideia do que aconteceria se um alien ficasse para trás aqui na Terra.

>> Naquela mesma temporada de 1982, Spielberg também lançou o filme Poltergeist: O Fenômeno, desta vez assinando apenas o roteiro. Segundo o cineasta, E.T. é uma representação dos sonhos do subúrbio americano, enquanto Poltergeist representa os pesadelos.

>> Em 2002, celebrando o aniversário de 20 anos do longa-metragem, o diretor resolveu alterar uma cena digitalmente para retirar as armas dos policiais que perseguiam as crianças. Anos depois, porém, ele voltou atrás na ideia e deixou a cena como ela era originalmente.

>> Também para celebrar este aniversário de duas décadas, E.T. foi relançado nos cinemas com cinco minutos de novas cenas que ficaram de fora da versão original. Além disso, foram utilizados novos efeitos especiais e uma remasterização digital realizada em todo o longa.

>> Spielberg manteve muito sigilo em torno do filme antes do seu lançamento em 1982. Nem mesmo o responsável por produzir o cartaz de E.T. sabia como era o visual do extraterrestre.

>> Para aumentar o segredo, no começo das filmagens o diretor trocou o nome do filme para A Boy´s Life, para impedir que copiassem o enredo.

>> Para dar mais realismo à cena do hospital, foram contratados médicos e enfermeiros de ofício para examinar o extraterrestre. O diretor ainda pediu que os profissionais tratassem o personagem como um paciente de verdade.

>> Inicialmente o diretor queria usar os chocolates M&M’s pra atrair o extraterrestre em uma das cenas. Só que a marca controlada pela Mars negou a participação por achar que o alienígena iria assustar as crianças.

>> A produção usou então os chocolates Reese’s Peices. Isso fez com que as vendas da marca fabricada pela Hershey Company disparassem.

>> Por conta deste grande sucesso, muitas marcas começaram a pedir que seus produtos fossem usados em filmes. Esse feito também já tinha sido comprovado em alguns dos filmes de 007.

>> Quando lançado em VHS em outubro de 1988, o filme veio com fita, protetores e hubs na cor verde, justamente para diferenciar as cópias originais das piratas. Em homevídeo, vendeu mais de 15 milhões de unidades nos EUA, arrecadando mais de 250 milhões. Durante as duas primeiras semanas nas prateleiras das videolocadoras, E.T. foi alugado mais de 6 milhões de vezes no país.

>> Inicialmente, o longa seria produzido pela Columbia Pictures, porém a produtora achava que o filme fracassaria e o roteiro era muito fraco. O diretor acabou assinando com a Universal Studios, para qual vendeu o script por 1 milhão de dólares. Spielberg ainda cobrou 5% da bilheteria.

>> Tentando construir a trilha do longa, John Williams foi incentivado por  Spielberg a conduzir a orquestra da mesma maneira que faria em um concerto. O diretor, mais tarde, chegou até a reeditar o filme para combinar melhor com a música que hoje é conhecida como uma das mais clássicas obras sonoras do cinema.

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Top Gun: Maverick

Reencontro com personagem de Tom Cruise tira o fôlego ao garantir experiência imersiva completa ao espectador

Texto por Carolina Genez

Foto: Paramount/Divulgação

Mais de 30 anos depois do lançamento do primeiro filme, reencontramos Pete “Maverick” Mitchell (Tom Cruise) trabalhando como um piloto de testes para a marinha e se recusando a subir de patente para não abrir mão do que mais gosta: voar. Contudo, é convocado novamente ao Top Gun, dessa vez como professor. Agora ele deve criar e treinar uma equipe perfeita, com os melhores dos melhores, para enfrentar uma missão impossível. Dentre seus alunos, um rosto já mais do que conhecido, Bradley “Rooster” Bradshaw (Miles Teller), filho do falecido melhor amigo Goose.

Continuações de filmes “solo” sempre são algo perigoso, ainda mais com uma diferença de décadas entre as duas obras. Mas Top Gun: Maverick (China/EUA, 2022 – Paramount) não só faz um ótimo trabalho como supera o original em diversos momentos. O novo longa traz um grande dilema na vida de Pete, o envelhecimento, já que, por conta dos avanços tecnológicos, no futuro não serão necessários pilotos de testes – assim sua atual posição na marinha está em risco. Além disso, assim como o original de 1986, Maverick continua com a mesma reputação, sendo extremamente teimoso e rebelde, o que dificulta conseguir qualquer outra posição. Assim, quando é convocado a pedido do almirante Tom “Iceman” Kazansky (Val Kilmer), não há outra opção senão aceitar treinar a equipe para o que parece ser uma missão suicida.

Ao contrário do anterior, o roteiro conta com uma história mais completa, não só para conseguir envolver o espectador mas também fazer sentido no contexto atual, em que o uso de pilotos de caça não são tão comuns assim. Traz ainda diversos elementos para os nostálgicos do primeiro filme, como as músicas, o filho de Goose (que tem uma personalidade que mescla a do pai e a de Maverick), o novo personagem Hangman (Glen Powell) funcionando como um jovem Iceman, o próprio Iceman como almirante da marinha (e que garante uma das mais emocionantes cenas da sequência) e o romance entre Pete e Penny (Jennifer Connelly). Este, apesar de ser novo para a narrativa da franquia Top Gun, lembra alguns pontos do relacionamento entre Maverick e Charlie (Kelly McGillis) na primeira história. E, claro, foca bastante em mostrar toda a culpa que o protagonista carrega pela morte do amigo e explora isso com perfeição através do relacionamento com Rooster. O roteiro também realiza um ótimo trabalho ao estabelecer desde o início a missão que os pilotos teriam de enfrentar. Isso não só gera um maior engajamento do público, já que é possível compreender perfeitamente o que os pilotos devem fazer, mas também faz com que os riscos, perigos e obstáculos pareçam mais reais, trazendo assim uma atmosfera recheada de tensão. 

Além da história melhor desenvolvida, Top Gun: Maverick se aproveita muito dos avanços tecnológicos, tanto nos aviões utilizados quanto na produção do filme. O longa é um verdadeiro espetáculo. Quando assistido na tecnologia Imax, que faz toda a diferença e garante uma imersão completa do espectador, passa a sensação de adrenalina sentida pelos pilotos e gera uma das mais maravilhosas experiências no cinema. Os movimentos de câmera também são impressionantes, acompanhando as aeronaves de maneira que o público consiga entender e aproveitar o que está acontecendo nos ares. As cenas aéreas, ainda, são maravilhosamente impecáveis, cheias de manobras e voos em alta velocidade com espírito ao estilo da destruição da Estrela da Morte em Star Wars – Uma Nova Esperança (1977). Além disso, a pedido de Tom Cruise, o uso de CGI e tela verde foi cortado: todos os close-ups nas cabines foram gravados durante sequências verdadeiras de voo, garantindo maior realismo. Para isso ser possível, o elenco teve de passar por extensivos treinamentos para suportar as demandas físicas durante os takes. A fotografia também se destaca com belíssimas imagens que apenas completam o show apresentado pelo longa. Completando a imersão, a sonoplastia é minuciosa ao trazer sons desde os mais simples e óbvios até os mais imperceptíveis, como os barulhos internos da cabine e o som dos jatos deslizando no ar.

As atuações também não deixam a desejar. Tom Cruise mais uma vez mostra que nasceu para o gênero de ação/aventura com uma performance muito natural e real. A realidade é que Maverick e Cruise formam par perfeito e o personagem é quase uma versão biográfica do ator, já que ambos gostam de testar o limite e, mesmo envelhecendo, não deixam de sempre dar seu máximo. Dessa forma, o papel de 2022, assim como em 1986, cai como uma luva para o ator, passando inclusive a sensação de que a diferença de 36 anos entre os dois filmes é inexistente. Também se destaca o de Miles Teller que, mesmo não sendo tão explorado quanto poderia, rapidamente consegue conquistar a empatia do público e garante grandes emoções no longa. O ator entrega atuação maravilhosa com um personagem que não só homenageia o de Anthony Edwards mas também tem personalidade própria. Além disso, é ele quem move o crescimento pessoal e amadurecimento de Maverick. O restante da equipe também possui atuação satisfatória. Como o próprio Hangman, que consegue trazer a essência do Iceman do filme antigo, e a nova personagem Phoenix (Monica Barbaro), que mesmo tendo pouco tempo de tela ainda garante momentos memoráveis sendo a única mulher ao pilotar aeronaves.

Top Gun: Maverick é um exemplo de continuação, não só respeitando o filme original, mas também aprimorando e melhorando diversos aspectos da narrativa. O filme é uma das mais incríveis e sensoriais experiências no cinema da atualidade, trazendo um tributo aos blockbusters e, principalmente, celebrando a figura de Tom Cruise.

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O Poderoso Chefão

Legado e moldura do clássico que há 50 anos projetou Francis Ford Coppola à fama e consolidou uma nova geração de diretores em Hollywood

Texto por Leonardo Andreiko

Fotos: Paramount/Divulgação

Nas comemorações que se deram em virtude dos 50 anos de O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola, foi mais que enfatizado o lugar monumental que a obra ocupa na história do cinema. Desde seu lançamento, em 1972, o impacto da saga de Michael e Don Vito Corleone é dos mais perceptíveis e presentes no imaginário popular. 

Não somente o pioneiro da reabilitação do filme de gângster, que teve seu auge de popularidade nos anos 1930, O Poderoso Chefão é um dos pilares da Nova Hollywood, movimento definido pelo protagonismo de uma nova geração de autores egressos das novas faculdades de cinema norte-americanas, que estouraram na década de 1960 e produziram uma geração fortemente influenciada, entre outros, pelo cinema europeu da época. A definição desse período é palco de um conflito, pois é possível considerá-lo uma mudança estética em voga, que renunciaria ao classicismo hollywoodiano em virtude da exploração de um cinema moderno. Ou como uma mudança de paradigmas comerciais para o cinema produzido pelos grandes estúdios. 

Entender O Poderoso Chefão em toda sua magnitude é enxergá-lo como esse marco central para a história do cinema. Nesse texto, pretendo introduzir o leitor às particularidades de uma peça tão única da sétima arte. Não como um especialista, o que estou longe de ser. Esse é o papel de teóricos e críticos que cito adiante – sou um mero entusiasta da história por trás da saga do Padrinho e da história do cinema.

Produção turbulenta 

Esse não foi o primeiro filme de Francis Ford Coppola, mas sim o responsável por catapultá-lo ao estrelato. Se, ao dirigir a continuação da saga, lançada dois anos depois, em 1974, o então jovem diretor gozou de um controle criativo que beirava o absoluto, em O Poderoso Chefão contava uma história praticamente oposta.

Coppola enfrentara diversas dificuldades de produção, com a insistente e pesada mão da Paramount controlando o orçamento, cortando diárias e insistindo na contratação e demissão de outro elenco. Por pouco não tivemos James Caan (que interpreta Sonny Corleone) como Michael e Robert De Niro escalado para interpretar Sonny.

Esses descompassos dão o tom de uma produção que ainda não usufruía do alto controle e independência conferidos ao diretor, mas certamente teve um papel fundamental num giro de mercado que passaria a ressignificar a relação entre autor e estúdio. A Nova Hollywood, enquanto entendida como uma mudança econômica no sistema de produção cinematográfica dos estúdios, passou por dois períodos fundamentais. Após a derrocada do antigo sistema, pela crise fiscal e surgimento da televisão, que muito bem renderiam outro desses textos, O Poderoso Chefão (1972) se encontrou no limiar que antecedeu a guinada ao modelo de blockbusters integrados aos mercados de multimídias (os blockbusters high concept), brinquedos e afins. Três anos separavam o longa do ápice que se deu a partir de Tubarão (1975) e cinco do “ponto de não retorno” que foi Guerra nas Estrelas (1977).

O filme-produto e a ida aos cinemas como um espetáculo em si mesmo são duas noções já concretizadas na discussão contemporânea, mas cuja gênese foi justamente esse período. Os estúdios perceberam, a partir desse momento, novas estratégias de lidar com a criatividade norte-americana e torná-la monetizável para além do valor do ingresso. A sociedade de consumo setentista, que culminaria na globalização que vivemos pouco tempo depois, percebeu o frescor da filmografia dessa Nova Hollywood e a abraçou completamente.

É sensato afirmar que houve uma flexibilização dos códigos morais dessa sociedade a partir dos anos 1960. A Era de Ouro e a Nova Hollywood representavam duas americanidades muito distintas, uma mudança de tom que acompanhou a maré social e aceitou e até convidou a margem para o centro da tela. O cinema passou a tratar da sujeira das grandes metrópoles: os criminosos, gigolôs e prostitutas, traficantes e usuários de drogas, os desajustados e psicopatas. A Nova Hollywood não fantasiava um mundo que não existe, mas partia das contradições e feridas reais de uma sociedade em crise para criar sua expressão.

O movimento deu ao público o que ele queria mas não sabia ainda. Se o primeiro grande longa-metragem de Francis Ford Coppola, de cerca de seis milhões de dólares, alcançou lucros vinte vezes maiores que seu custo (ao contar os relançamentos, estratégia muito comum na época), restou aí prova suficiente do sucesso de um novo modelo estético e econômico. Estava dado um precedente que reformularia o relacionamento dos grandes estúdios com os diretores responsáveis por seus lançamentos seguintes.

Heranças e legados

A esses jovens autores, dos quais podemos citar Coppola, Martin Scorsese, Steven Spielberg (é claro!) e também Brian de Palma, Michael Cimino e Paul Schrader, coube uma maior liberdade criativa. Seu cinema poderia respirar para além dos paradigmas mercadológicos que, nos últimos anos, teriam trazido Hollywood a uma de suas baixas históricas, ao mesmo tempo em que crescia a influência dos cineastas europeus sobre o público geral e os novos cinéfilos estadunidenses.

Fernando Mascarello, historiador do cinema de grande relevância, assinala em um dos artigos do livro História do Cinema Mundial, do qual foi organizador, como a mudança estética, no fim das contas, não se permitia tomar tanta distância do cinema clássico hollywoodiano quanto se esperava. O cineasta Peter Greenaway, um pouco mais polêmico, afirma que Scorses fazia o mesmo cinema que HW Griffith, um dos pais da sétima arte nos EUA, ainda em 1910.  Mas isso não quer dizer que longas desse período não se caracterizem pelo rico desenvolvimento de um discurso cinematográfico por meio da linguagem – e Francis Ford Coppola o faz com primor. 

O Poderoso Chefão já começa na panela de pressão de Don Vito Corleone. Enquanto o agente funerário Bonasera relata o violento abuso de sua filha em uma cena sem cortes, a câmera lentamente se abre para revelar a impassível silhueta da personagem de Marlon Brando. O pedido por vingança (ou justiça) é impassivelmente negado e o Don é categórico ao dizer “você nunca quis minha amizade”. Respeito é essencial e sem ele não há devolutiva do Padrinho. Afinal, a Família não é um bando mercenário.

Como o crítico Pablo Villaça, um dos maiores conhecedores da trilogia no Brasil, apontou em sua recente palestra sobre o longa para o Cine Passeio, o primeiro episódio dessa saga de poder nos introduz ao contraste entre a Família, a soturna máfia e sua verve impassível que opera sob um código moral bastante rígido, e a família Corleone: Don Vito e seus filhos, filha e relações agregadas. Michael (Al Pacino) é o mais novo dos irmãos homens e, ao contrário dos demais, recusa-se a participar do negócio da família. Nosso primeiro contato com o próximo Don, que se tornará cada vez mais cruel, é o vislumbre de um jovem oficial do exército que almeja a faculdade e um relacionamento saudável com Kay (Diane Keaton) bem distante das sujeiras da Família.

Assim, alavancado pelo belíssimo jogo fotográfico de Gordon Willis, que justapõe o claro e vivaz jardim onde ocorre o casamento de Connie Corleone (Talia Shire) e as lúgubres sombras dos “negócios de Família” que se dão no escritório do Padrinho sem contrapô-las – pois são indissociáveis, uma contraparte inerente da outra –, Coppola desenvolve temática e esteticamente todo o arco de Michael. E, aqui, aqueles que ainda não assistiram ao clássico devem se atentar: Al Pacino pode não ser o poderoso chefão da família Corleone, mas é o protagonista dessa história. Esse é o filme sobre sua virada de chave – o declínio moral de quem esperava manter-se distante das tramas de poder da máfia.

O roteiro de Mario Puzo e Coppola é categórico ao ilustrar o primeiro momento em que Michael toma as rédeas de seu lado mafioso: a cena do hospital, que marca com precisão a primeira hora do filme. Quando percebe a emboscada em que seu pai se encontra, além de recentemente baleado em um atentado, o protagonista consegue salvá-lo e clama ao Don: “estou com você”. Os planos desse diálogo vão se afunilando, modo de Coppola deixar claro o envolvimento emocional entre Vito e seu filho mais novo. 

As duas horas seguintes ocupam-se da destruição da família Corleone, que perde o primogênito Sonny (aquele James Caan que quase fora Michael); tem de conviver com Carlo (Gianni Russo), o esposo abusador de Connie; e mais tarde sofre com a perda definitiva de Don Vito. No meio do caminho, Michael ainda deve exilar-se na Itália, apaixona-se por Appolonia (Simonetta Stefanelli) e a perde num atentado projetado para matá-lo – o segundo ponto-chave de sua história, que o sacramenta como o sucessor impiedoso e implacável dos negócios da Família. O ritmo de uma narrativa tão movimentada é invejável – o trabalho de montagem de William Reynolds e Peter Zinner jamais deixa a peteca cair, mas não comete o pecado de tornar O Poderoso Chefão uma obra que se reduz aos acontecimentos sequenciados de seu enredo.

A densidade das personagens jamais teria sido possível sem a parceria de Mario Puzo, o autor do livro que dá origem às partes I e II da saga, e Coppola. Os Corleone e seus inimigos vivem e respiram. Sentimos com eles o peso dos atritos e traições, por mais reprováveis que possam ser seus códigos morais. Uma qualidade cada vez mais rara no cinema comercial contemporâneo: são filmes sobre pessoas inerentemente falhas. Pessoas, nesse sentido, normais. Torna-se mais simbólico o pano de fundo da máfia, pois não somente o movimento mas o cinema como um todo se permitia explorar ambiguidades morais, alçar más pessoas como personagens ou até deixar de lado o julgamento ético, posturas que o pânico moral contemporâneo reduziu ao maniqueísmo ingênuo do herói contra o vilão, o bem imaculado contra o mal sem substância.

Contudo, não há nada de “normal” nos retratos de Coppola, se pelo termo entendermos algo próximo do real, verossímil. Os Corleone são figuras para além da realidade, quase que como munidos de uma atmosfera imponente e espetacular. O Poderoso Chefão é, também, espetáculo, e para sê-lo não precisa sujeitar o espectador à lógica da montanha-russa que Scorsese, grande amigo de Coppola, tanto critica. Esse é um dos exemplos mais bem-sucedidos (em recepção e no mercado) da movie magic do cinema americano após seu período clássico – e a magia do cinema não precisa de seres sobre-humanos voando cá e lá, mas de boas histórias. Não há nada mais fantástico que a humanidade.

TV

O Livro de Boba Fett

Personagem “ressuscitado” em The Mandalorian volta ao Universo Star Wars em nova série feita para o streaming

Texto por Tais Zago

Foto: Disney+/Divulgação

Como sou uma fã (às vezes) controlada do Universo Star Wars, eu estava guardando a série O Livro de Boba Fett (The Book Of Boba Fett, 2021 – Disney+) para devorar inteira quando chegassem todos os capítulos. E foi somente quando o sétimo episodio foi ao ar, em 9 de fevereiro, eu imediatamente peguei minha bacia de pipoca e um litrão de guaraná e estacionei na frente da TV para uma longa maratona. 

O personagem Boba Fett, criado por George Lucas, recebeu seis minutos (e uns quebrados) de espaço na trilogia “original” de Star Wars. Apareceu primeiro em Episode V – The Empire Strikes Back (1980), prendeu Han Solo, teve umas quatro falas e foi devorado pelo verme gigante Sarlacc durante Episode VI – Return Of The Jedi (1983). Antes disso, apareceu brevemente no especial para a televisão feito em 1978. Mas o personagem não é apenas o que os filmes brevemente mostraram – um mero bounty hunter crime lord com uma armadura de Mandalorian e a serviço de Jabba The Hutt. A história do jovem Boba começa a ser mostrada em Episode II – Attack Of The Clones (2002), onde ele é um menino, um clone de Jango Fett, criado e treinado como seu filho. Após o filme, sua história continuou sendo contada na animação feita para TV Star Wars: The Clone Wars (2008).

Em 2010, Lucas já planejava uma série para detalhar alguns dos planetas apresentados na primeira trilogia e seus personagens. O projeto somente tomou forma em 2019 com a parceria com o ator, produtor e diretor Jon Favreau, que resultou no sucesso The Mandalorian, o primeiro live action do USW criado pela Lucasfilm para a plataforma de streaming Disney +. Temporalmente, os acontecimentos tanto em The Mandalorian como The Book Of Boba Fett ocorrem cinco anos após Episode VI – Return Of The Jedi. Portanto, entre os episódios 6 e 7 dos filmes da saga.

Favreau “ressuscitou” o mercenário Boba no final da segunda temporada de The Mandalorian (2020). Supostamente, ele sobreviveu à “digestão” do Sarlacc e se juntou à tribo dos Tusken, onde viveu por cinco anos no deserto. Interpretado por Temuera Morrison (que também fez Jango Fett), Boba ressurge das cinzas para colaborar com o mandaloriano Din Djarin, personagem de Pedro Pascal, junto a uma sidekick e também (ex-)bounty Hunter chamada Fennec Shand (Ming-Na Wen). O spin-off já estava planejado e quem assistiu até o encerramento dos créditos do último episódio da segunda temporada de The Mandalorian sabia disso – ali descobrimos que Boba e Fennec continuariam sua parceria.

Finalmente paz entre os mundos. Boba assume o posto de Jabba The Hutt em Tatooine e tem Fennec como sua fiel escudeira. No começo, ele é recebido com receio e desconfiança pela população, mas aos poucos se fortalece. Seria tudo perfeito se não fosse pela corrupção dos outros senhores do crime do planeta, em sua condescendência enquanto traficantes usam Tatooine como rota de Spice, uma substância ilícita, com aparência de um pó dourado e requisitada em toda a galáxia. 

Um enredo simples, mas também com espaço para absolutamente tudo acontecer (e os diretores, junto com Jon Favreau, não fazem segredo disso). Estamos diante de um space western da melhor qualidade com a digital clara de Robert Rodriguez. Uma mostra disso são os três (1/3/9) episódios dirigidos por ele nessa primeira temporada. Rodriguez adora o absurdo e o exagero do badass, do mocinho com atos espetaculares que beiram o caricato, gosta de cor, tem senso de humor. Robert não é um dead serious devoto da sagrada saga, apesar de ser fã confesso. Ele já tinha sucumbido à tentação de dirigir um episódio de The Mandalorian e depois de negar muitos convites se rendeu ao poder do canal de streaming

Para nossa grande satisfação, somos agraciados com antigos e novos personagens, novos monstros, VFX de qualidade e uma trilha sonora maravilhosa. Já as atuações são medianas, o que na balança final conta pouco diante do tanto de peso estético. Como nada é perfeito, temos a polêmica em torno do episódio onde Luke Skywalker aparece “rejuvenescido” digitalmente com o uso de deepfake, um dublê de corpo e uma voz produzida no Respeecher. O nome de Mark Hamill aparece nos créditos mas é discutível aqui o caminho que se traça ao atender à nostalgia dos fãs sacrificando o trabalho do ator nesse processo.

Fora isso, The Book Of Boba Fett, assim como The Mandalorian é um entretenimento de primeira, muito bem pesquisado, com todos os elementos que gostamos do conhecido USW e com o plus da grana da Disney. Portanto, o céu não é mais o limite onde a aventura percorre o infinito do universo com outlaws como (anti-)heróis. Ah! E pra quem sentiu saudades tem Pedro Pascal nos dois últimos episódios, tem Grogu e até The Machete, Danny Trejo (em uma participação num episódio dirigido pelo Robert Rodriguez, claro!). The Book The Mandalorian se desenrolam paralelamente, o que abre aqui a possibilidade de troca-troca entre personagens de uma ou outra serie. É um truque já bem antigo, mas efetivo, pra fazer o fã-clube consumir tudo do multiverso SW. E as próximas series já apontam no horizonte: Obi-Wan Kenobi já entrou em pós-produção e Ahsoka também está encaminhada. E ainda teremos a terceira temporada de The Mandalorian em 2022. Mais uma caixa de pandora foi aberta.

Movies

Star Wars: A Ascensão Skywalker

Com direção de JJ Abrams, nono filme encerra a saga criada há mais de quatro décadas por George Lucas

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Textos por Carlos Eduardo Lima (Célula Pop) e Flávio St Jayme (Pausa Dramática)

Fotos: Disney/Divulgação

O último longa de Star Wars, o derradeiro capítulo, o fecho, o encerramento, aquele filme que chega com todas as respostas, soluções e explicações é … mais ou menos. Triste dizer isso, mas qualquer admirador da história criada por George Lucas precisa fazer uma ginástica cognitiva para poder embarcar na proposta de “Ascensão”. Do contrário, ficará buscando explicações e entendimentos ao longo das mais de duas horas de projeção e então será pior. Vai constatar o raso de alguns personagens, o ritmo frenético da narrativa. Enfim, vai sair do cinema com gosto de cabo de guarda-chuva na boca.

Com JJ Abrams de volta à direção, o filme tem a árdua missão de explicar as pontas soltas dos seus dois antecessores (O Despertar da Força e Os Últimos Jedi) tendo em vista que, assim como eles, precisa ter alguma semelhança com os longas da primeira trilogia (A Nova Esperança, O Império Contra-Ataca e O Retorno de Jedi). Até aí, no quesito “livre interpretação da dinâmica e detalhes” destes primeiros longas, Star Wars: A Ascensão Skywalker (Star Wars: Episode IX – The Rise Of Skywalker, EUA, 2019 – Disney) até cumpre seu propósito. O problema maior e definitivo do roteiro é a proposição feita nos primeiros minutos, que se vale de um detalhe no uso da Força, para ser viável. Se você aceitar “de boas” essa proposta, verá o filme com relativo conforto. Do contrário, viverá um crescente desconforto até o fim.

Outro problema é a quase anulação do que aconteceu no ótimo Os Últimos Jedi, quando a Resistência foi reduzida a um punhado de gente e apenas a Millenium Falcon. Aqui tudo começa com os rebeldes organizados, operantes e capazes de receber informações sobre uma nova armada que estaria se incorporando à Primeira Ordem. A partir daí, tem início um verdadeiro rocambole de eventos em velocidade altíssima, quase sem tempo para que possamos perceber o que está acontecendo. O filme se vale da mesma esquizofrenia de efeitos especiais da segunda trilogia, quase sem tempo para o espectador respirar. São cidades, planetas, personagens, subpersonagens, tramas e subtramas que vão correndo em paralelo, dentro de uma caçada a um artefato que pode revelar a origem da tal armada de naves. É tudo mal explicado e rápido demais.

Fica difícil acreditar em algumas soluções que vão surgindo ao longo do caminho, como, por exemplo, a chegada de Lando Calrissian à trama, um personagem importante e clássico, reduzido aqui a quase nada. Também é irritante a ginástica que é feita nos escalões da Primeira Ordem para que possamos entender um dos fios condutores da narrativa. E o grupo de heróis se mostra duro de engolir. Afinal de contas, algo está errado quando as melhores falas até quase a metade do filme são de C-3PO, transformado numa criatura com humor peculiar e aproveitado como um bom alívio cômico diante da pouca capacidade de Poe Dameron (Oscar Isaac) e Finn (John Boyega) de renderem cenas mais dramáticas. Os dois heróis são rasos, uma pena.

Mas, e Rey? E Kylo Ren? Bem, eles estão lá. Ela, fortíssima; ele, atormentadíssimo. Vão se comunicar pela Força ao longo da narrativa, vão se enfrentar em bons duelos de sabre de luz em todos os cantos e farão o que muitos esperam que eles façam, lá pro fim das contas, com um triste e desnecessário bônus melodramático. Neste espaço de tempo, aparições banais de Han Solo e Luke Skywalker irão turbinar alguns momentos, sem falar no malabarismo de montagem e inserção das cenas com Leia, uma vez que Carrie Fisher não estava mais presente nas filmagens.

Como filme de ação, A Ascensão Skywalker é ok, no mesmo sentido que um filme de ação em 2019 precisa ser esquizofrênico em sua montagem e roteiro. Como fecho de todas as trilogias, ele é feito para um público específico, criado e gestado nos últimos anos, que frequenta o parque de Star Wars na Disney e que não tem a ideia real da magia grandiosa da primeira trilogia. Aliás, se a série imaginada por George Lucas tem, de fato, algum feito para o cinema, ele está em algum ponto entre o meio de O Império Contra-Ataca e o fim de O Retorno de Jedi. Ali, sim, George Lucas, sem Disney por perto, marcou seu nome na história do Cinema. O resto está abaixo e precisamos conviver com isso. (CEL)

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Faz quatro anos que JJ Abrams trouxe o universo de Star Wars de volta ao mundo dos vivos. Trinta e oito anos depois da estreia do primeiro filme, o diretor provou que, sim, a saga ainda é uma força a ser reconhecida (com o perdão do trocadilho). Agora, em 2019, o mesmo diretor encerra a nova trilogia e uma saga que durou mais de quatro décadas e teve nove filmes e mais dois spin-offs. Abrams consegue, ao mesmo tempo, manter tudo que o público ama em Star Wars e modernizar as histórias e seus personagens. E A Ascensão Skywalker (Star Wars: Episode IX – The Rise Of Skywalker, EUA, 2019 – Disney) comprova isso de forma magistral.

Os novos personagens, apresentados em 2015 no Episódio VII (O Despertar da Força), são as peças principais da nova história. Rey, Poe, Finn, BB-8 e Kylo Ren são o centro das atenções e personagens-chave em longas sobre tradição, família e amizade. Aos poucos, vemos relações sendo construídas e destruídas, vamos nos despedindo de personagens conhecidos e amados e conhecendo este novo grupo de amigos.

E chegou a hora de nos despedirmos de todos eles. E QUE DESPEDIDA! JJ Abrams constrói um dos melhores filmes de todos os nove, entregando emoção, comédia e ação na medida certa. Vemos cada um dos personagens tomar o seu lugar naquela saga que amamos há tanto tempo. Vemos a importância dos novos e dos antigos protagonistas. Aprendemos com eles e nos emocionamos a cada adeus.

Abraçando a representatividade, o diretor coloca como maior protagonista desta história uma mulher: Rey, que entrará em conflito e terá seu passado enfim revelado. Mas vai além. Seus protagonistas são negros, latinos. Numa história que mistura diferentes espécies de seres vivos, por que não mostrar toda a diferença dos seres humanos em seus personagens?

A Ascensão Skywalker encerra a saga de Luke, Leia, Rey, Finn, Poe, Ben e Han Solo de forma épica e bem construída, com uma história relativamente simples e repleta de emoções. Um filme incrível para nenhum fã de Star Wars botar defeito. Uma despedida agridoce, que mostra como vamos sentir saudades destes personagens que fazem parte da nossa vida e da nossa cultura. J.J. Abrams se provou mais uma vez um dos melhores contadores de histórias da atualidade e conseguiu reavivar e manter um dos maiores fenômenos da cultura pop, mesmo mais de 40 anos depois de sua criação pela mente de George Lucas.

Ao final do filme, a grande pergunta que fica é se estamos preparados para dar adeus. (FSJ)