Music

Sepultura

Oito motivos para não perder a passagem da turnê de despedida da histórica banda brasileira de metal em Curitiba

Andreas Kisser, Derrick Green e Paulo Xisto

Texto por Rodrigo Juste Duarte

Foto: Divulgação

No final do ano passado, o Sepultura convocou uma coletiva de imprensa, em que fez um anúncio que surpreendeu os jornalistas presentes e também os muitos fãs que acompanhavam o evento pela internet: a banda declarava seu encerramento de atividades. Mas não sem antes realizar uma turnê de despedida, que passará por diversas cidades do mundo em um período de 18 meses. Tudo começou na virada de fevereiro para março deste ano, quando foram realizadas as primeiras apresentações.

O momento de parada é oportuno –  o Sepultura, afinal, está em um ponto alto de sua carreira, ainda colhendo os louros de seu último álbum, o grandioso Quadra, que figurou merecidamente nas listas de melhores discos de thrash metal de 2020 (ano de seu lançamento) e é um dos trabalhos mais fortes e impactantes da extensa discografia do quarteto. Algo digno de calar a boca das “viúvas” de Max Cavalera, que insistem em desdenhar todo o trabalho realizado após a saída do vocalista original (o que é uma birra pra lá de infantil!). 

O caso de Quadra é daqueles em que se achava que um artista já havia dado o melhor de si em tempos passados e lançado os grandes álbuns de sua carreira. Contudo, eis que aparece com um álbum espetacular, que surpreende a todos com um ápice artístico. Exemplo parecido aconteceu com o Napalm Death, com seu Throes Of Joy In The Jaws Of Defeatism (também em 2020) e com o Rammstein, pelo álbum do ano anterior que recebe o nome da banda. E o que fazer depois de goleadas como estas? O Napalm Death conseguiu manter a mesma fúria e pegada do anterior, mas em um novo disco curto, com poucas faixas, em 2022. Já o Rammstein apostou em uma obra conceitual, Zeit, e acertou, apesar de não superar o antecessor.

Isso não se aplicaria ao Sepultura, que já fizera álbuns conceituais antes (Nation, em 2001; Dante XXI, em 2006; e A-Lex, em 2009) e comentara em entrevista ao podcast Superplá, de João Gordo, que não faria mais álbuns assim. O grupo até recebeu uma bronca de Markus Staiger, presidente e fundador do selo alemão Nuclear Blast, que em uma reunião para contratá-los havia dito: “vocês são Sepultura, não são Pink Floyd, e ficar fazendo essas porras aí de coisa conceitual… (o negócio) é caveira na capa, é thrash metal!’. Convenhamos: para o Sepultura encerrar sua discografia com Quadra, está excelente.

A turnê, que recebe o nome de Celebrating Life Through Death marca também os 40 anos de existência do grupo, responsável por colocar o Brasil no mapa do metal mundial. Se o país antes era lembrado no universo headbanger apenas como rota de turnês de bandas do gênero, após a ascensão do Sepultura no exterior o mundo passou a olhar entusiasmado para a cena brasileira como uma força criativa no metal. Hoje artistas como Angra, Krisiun, Korzus, Viper, Crypta e Nervosa são bastante prestigiados no exterior.

O Mondo Bacana traz oito motivos para não perder o concerto em Curitiba (mais informações sobre local, ingressos e outras coisas deste e de todas as outras datas e escalas restantes da perna brasileira da tour você encontra clicando aqui). Esta será um das últimas oportunidades para conferir no palco a energia de Andreas Kisser (guitarra), Derrick Green (vocais) e Paulo Xisto (baixo). Também estará no palco o novo baterista Greyson Nekrutman, substituto a jato de Eloy Casagrande, que deixou o grupo na semana em que a turnê de despedida se iniciou, em um polêmico episódio que dividiu opiniões. 

Turnê de despedida

Esta é uma das últimas oportunidades para o público de Curitiba ver a banda ao vivo. Apesar da tour ser extensa, com duração de 18 meses, não é possível ter certeza se a banda voltará para à capital paranaense novamente (ou a qualquer outra cidade do país). Então, é melhor não arriscar e garantir o ingresso. Depois deste início matador em Minas Gerais e Distrito Federal, a certeza que temos de mais shows em um mesmo lugar do Brasil será na última parada da turnê, em 2025, São Paulo. Portanto, quem está em Curitiba e arredores tem que aproveitar, pois pode ser a última oportunidade do quarteto fazer tremer o chão da Terra das Araucárias.

Troca de baterista

Uma notícia pegou todos de surpresa: a poucos dias do primeiro show do início de Celebrating Life Through Death, a banda anunciava a saída de Eloy Casagrande, que trouxe uma grande contribuição criativa para o grupo nos últimos 13 anos, sendo hoje considerado um dos melhores bateristas do mundo. Na mesma ocasião, o Sepultura anunciou em seu lugar outro monstro das baquetas: o estadunidense Greyson Nekrutman, que iniciara a carreira como exímio músico de jazz e recentemente estava a bordo do Suicidal Tendencies (isso, tendo apenas 21 anos). Greyson já mostrou que é um substituto à altura. Segundo especulações na internet, Eloy pode vir a integrar o Slipknot (informação que, até a publicação deste texto, ainda não havia sido confirmada). O fato dividiu opiniões, com muitas pessoas reprovando e outras tantas apoiando a decisão da saída. Não vamos julgar. Só desejamos boa sorte a Eloy para que continue representando bem o Brasil no exterior. E vamos apreciar o talento de “Seu Greyson”, apelido dado por João Gordo em postagem no Instagram.

Repertório de toda a carreira

A julgar pelos dois primeiros shows da turnê, realizados nas cidades mineiras de Belo Horizonte (onde a banda se formou) e Juiz de Fora, o reportório traça um panorama de parte significativa da carreira da banda. Dos 15 álbuns de estúdio, a apresentação contou com músicas de 12, indo do primeiro, Morbid Visions, ao mais recente, Quadra.

Chaos A.D.

Foi com “Refuse/Resist” que o Sepultura deu o pontapé inicial da turnê de despedida, abrindo o repertório em Belo Horizonte. Esta e outras faixas do álbum Chaos A.D. provavelmente vão marcar presença nas demais apresentações. Não é pra menos, afinal este é um dos discos mais famosos do Sepultura. A obra foi lançada em 1993, quando o grupo mineiro inovou em sua sonoridade, agregando novos elementos que contribuíram para que ultrapassasse as fronteiras do metal e alcançasse um público mais abrangente. Aliás, este disco foi, assumidamente, uma grande inspiração para Dave Grohl, líder do Foo Fighters (que na época do lançamento era somente o baterista do Nirvana).

Roots

Outro álbum que com certeza terá uma presença forte em Celebrating Life Through Death pelo mundo afora é Roots, de 1996. Um disco revolucionário, no qual a banda potencializou elementos da cultura brasileira em meio ao rock pesado. Também há quem diga que este é um dos precursores do nü metal. A música “Roots Bloody Roots” é presença garantida no set list. Os primeiros shows da tour também incluíram “Attitude”, “Cut-Throat”, “Dusted” e “Ratamahatta”. O repertório pode ter mudanças a cada noite, mas a presença de cinco faixas nas primeiras apresentações já dá uma ideia de que haverá uma generosa parcela de músicas desta safra.

Quadra

Apesar do público sempre reivindicar os clássicos, o álbum mais recente tem de marcar presença agora. Um poderosíssimo disco que coroou a ascensão criativa da banda iniciada em Kairos, de 2011. Quadra surpreendeu críticos e fãs do mundo todo, que ficaram ansiosos para uma turnê mundial do álbum, projeto que, infelizmente, teve de ser adiado um tempo depois por cauda da pandemia da covid-19. Mas o público poderá conferir algumas das grandes músicas deste álbum, como “Means To An End” e “Guandians of Earth” – esta conta com um belo videoclipe com temática voltada aos povos originários brasileiros, dirigido pelo curitibano Raul Machado (um dos maiores realizadores de clipes do Brasil, que já trabalhou com Chico Science & Nação Zumbi, Planet Hemp, Pitty, Ratos de Porão e meio mundo no rock nacional). Esperamos que em Curitiba também esteja presente a faixa de abertura “Isolation”. Vai, Greyson! Você consegue tirar essa música até lá!

Não tem balada

Em meados dos anos 1990, quando o Sepultura estava praticamente voando no período mais bem sucedido de sua trajetória, muito se falava que a banda seria o novo Metallica – frase atribuída inclusive à produtora Sharon Osbourne, esposa de Ozzy. Hoje em dia, em entrevistas concedidas tanto a integrantes atuais quanto a egressos como Max Cavalera, a banda descartou esse panorama, alegando que teriam de ser abertas muitas concessões para isso, como fizera o mencionado Metallica, por exemplo. Uma das mais previsíveis seria o fato de fazer baladas ou músicas mais palatáveis para o grande público (que tempos atrás era denominado pelo adjetivo “radiofônico”). Andreas, inclusive, comentou na coletiva de imprensa do ano passado que a banda encerra atividades sem ter baladas no repertório. No entanto, há músicas mais contemplativas (tocadas com violão e em alguns casos com percussão) que até poderiam ser consideradas como tal, mas dentro da vibe do Sepultura. Exemplos são “Jasco”, “Quadra” e “Kaiowas”.

Brasilidade no metal

Mesmo que a atual formação conte com dois integrantes estadunidenses (o vocalista Derrick Green e o baterista Greyson Nekrutman), o Sepultura tem um espírito brasileiro que independe da origem de seus integrantes. Quando o grupo morava nos EUA nos anos 1990, sua equipe era majoritariamente formada por pessoas da terra de Tio Sam. Nas entrevistas da época, o quarteto dizia que todos na equipe “já tinham virado brasileiros” devido à forte influência dos músicos no convívio diário. Esse espírito se reflete em todo o imaginário da banda, especialmente na sonoridade, como pode ser visto em faixas como “Kaiowas”, “Manifest” (do álbum Chaos A.D.), “Choke” (de Against), “Phantom Self” (de Machine Messiah) e em todo o repertório e conceito de Roots, compondo um fortíssimo elemento da identidade do Sepultura.

Movies, TV

Kimi

Thriller de Steven Soderbergh traz Zöe Kravitz como uma isolada techie que cuida de uma assistente virtual até sua vida virar do avesso

Texto por Taís Zago

Foto: HBO Max/Divulgação

Em tempos de Siri e Alexa, a IoT (Internet of Things) tá cada vez mais presente na vida cotidiana das pessoas e já anda ocupando espaço no audiovisual também. Kimi é a versão fictícia da Alexa, mas não, aqui não se trata de mais uma distopia dos computadores querendo dominar o mundo. Kimi não é Hal. E também não tem outro papel na trama de Kimi (EUA, 2022 – HBO Max) a não ser atender aos pedidos e responder às perguntas de Angela (Zöe Kravitz). 

Angela, por sua vez, trabalha como techie desfazendo bugs de Kimi. Passa seu dia escutando trechos de áudios gravados pelos usuários que não tiveram seus pedidos atendidos pela secretária virtual. Ela se ocupa de adicionar ao código todas as novas questões que são levantadas, ampliando assim a base de dados de dispositivo.

Boring. Sim. Uma das atividades mais metódicas e maçantes do TI junto a testing é o bug fixing. Mas Angela gosta e precisa da organização, da solidão e da previsibilidade do seu trabalho. Ela sofre de agorafobia, episódios de pânico e extrema ansiedade desde que foi atacada na rua. Nunca sai de casa. Nem mesmo com um dente infeccionado. E a pandemia do coronavírus só colaborou para agravar ainda mais o seu quadro.

Tudo parece certinho: ela trabalha, come ou se exercita em casa, tem até um caso com um vizinho do prédio da frente que volta e meia aparece para visitá-la. De forma geral, ela vê o mundo pela janela e também é observada. É Steven Soderbergh fazendo homenagem a Hitchcock em seu pequeno porém bem feito thriller. Zöe interpreta Angela como uma pessoa nervosa, rígida e frágil, consumida pelos seus medos, mas que também não faz nada para escondê-los. Ela assume suas limitações, carrega esse fardo publicamente. Dos poucos contatos de sua vida, a mãe, parece ser a muleta emocional. E a mãe tá meio de saco cheio. Assim como o quase namorado. 

E é nesse clima que as coisas viram do avesso na vida da protagonista. O isolamento tão confortável, de uma hora para outra vira correria, com direito a perseguições e escapadas fantásticas. Angela é literalmente empurrada de sua zona de conforto. E ela não é personagem alguma da Marvel e nem uma Elisabeth Jennings (The Americans), é só uma geek cheia de manias. Porém, tem ao seu lado um superpoder que apenas os ansiosos têm: ela funciona sob pressão, pois já sofreu todos os cenários possíveis antecipadamente dentro de sua cabeça.

A trilha sonora também é um bom pano de fundo como em momentos de tensão – no maior de todos a “virada de mesa” ocorre ao som de “Sabotage”, dos Beastie Boys – e tudo termina com “Connection”, da banda de britpop Elastica. Nada mais sunny side of life do que isso. Não tem mais filme sem banda noventista, meus amigos. Pelo menos por mais alguns anos. E acho que tá bom assim.

Music

Sepultura

Em entrevista exclusiva, Andreas Kisser fala sobre o ano da banda, a gravação do novo álbum, o Rock In Rio e a paixão por motocicletas

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Texto e entrevista por Abonico R. Smith

Foto: Rafael Mendes/Divulgação

O mês de abril será intenso para o Sepultura. Serão seis datas em países que formavam parte da extinta União Soviética. Três shows iniciais na Ucrânia, mais um na Rússia (em uma cidade menor, por onde a primeira parte da turnê internacional do álbum Machine Messiah, que já esteve antes em Moscou e são Petesburgo), outro no Cazaquistão e outro no Quirguistão. Na “República de Borat”, então, será a primeira vez do quarteto brasileiro em ação. Logo depois, haverá uma pequena esticada para o Oriente Médio, com passagens por Líbano e Emirados Árabes Unidos.

Este calendário especial, entretanto, é só começo de um ano agitado para Andreas Kisser, Paulo Jr, Derrick Green e Eloy Casagrande. Para agosto estão marcadas as sessões de gravação em estúdios do novo disco da banda. Antes disso, muitos rascunhos e reuniões para as primeiras definições quanto ao repertório. Logo depois, ensaios para a noite do dia 4 de outubro, quando a banda abre os trabalhos do palco Mundo no Rock In Rio, em uma das noites mais aguardadas pelos fãs do heavy metal. Fechando, mais algumas datas que deverão ser marcadas o decorrer da temporada. E, como aquecimento para a maratona, dois shows agora em fevereiro: dia 2 no balneário de Iguape, no estado de São Paulo; e 9 em Curitiba, no Curitiba Motorcycles, evento que reunirá amantes do universo dos roncos dos motores sobre duas rodas, além de shows de grandes bandas da cidade, como Motorocker, Secret Society, Hillbilly Rawhide e Didley Duo (mais informações aqui)

Para carregar as baterias, o guitarrista Andreas Kisser partiu para Los Angeles para passar alguns dias de férias com a família e, de quebra, visitar uma feira de música realizada na Califórnia no fim de janeiro. Horas antes de embarcar, ele atendeu ao telefone para conversar rapidamente com o Mondo Bacana e antecipar um pouco do que está por vir.

Já dá para adiantar algo sobre o próximo álbum? Existe alguma direção encaminhada? Conceito, nome?

Vamos gravar em agosto. Enquanto isso temos algumas demos feitas a partir de ideias iniciais. Fizemos recentemente obras temáticas com influências de livro ou filme, mas acho que mais importante do que isso agora é ir coletando que estamos vendo pelo mundo. A cada nova turnê visitamos países que onde nunca havíamos tocado antes, como, por exemplo, o Cazaquistão agora. Destas observações saem coisas importantes que acabam sendo transformadas em música depois. Machine Messiah surgiu disso, da dependência cada vez maior que as pessoas têm da tecnologia.

Falando sobre o Brasil e sobre o binarismo zero um da tecnologia, de que forma você vê toda esta polarização que domina o país já há algum tempo. Parece que tudo se transformou em binário por aqui: ou é azul para meninos ou rosa para meninas, ou PT ou PSDB (e agora o PSL no lugar)…

Já rodamos muito pelo Brasil e te digo isso não é uma cultura nacional recente, não. Sempre foi assim, não vejo como algo diferente de uns tempos para cá. Este discurso não se tornou diferente nos últimos anos. Só que não podemos nos esquecer que tudo vem sendo muita ideologia. Precisa ser mais realista. Nosso país é algo bem maior do que qualquer divisão. Tomando como exemplo a imigração: o Brasil sempre recebeu os estrangeiros de braços abertos. Minha família, por parte de avó, veio da Eslovênia, por exemplo. Assim como também veio gente de outros países para construir uma nova vida no Brasil: japoneses, italianos, alemães. Entretanto, existem e existirão pessoas que pensam diferente da gente. E democracia é isso, é o debate de ideias.

Como é o processo de criação do Sepultura?

Eu vou gravando algumas ideias iniciais e o Eloi vai preparando algo focado na parte rítmica. Depois disso o Paulo segue com algumas sugestões. Por fim, Eu e o Derrick sentamos e pensamos nas letras. Passadas estas fases nos reunimos os quatro e arranjamos as músicas todos juntos.

Nas últimas edições do Rock in Rio vocês vem sendo presença constante na programação, inclusive fazendo parcerias inusitadas com artistas como Zé Ramalho e Les Tambours du Bronx…

É, o Rock In Rio é um show único, uma oportunidade de apresentar algo novo e diferente. Como gravaremos o disco em agosto e tocaremos no festival no dia 4 de outubro, com certeza deveremos apresentar em primeira mão algo do disco novo. Pelo menos uma música inédita deverá presente no set. E esta será a noite do metal também. Iron Maiden, Scorpions, Megadeth, Slayer, Anthrax, Nervosa, Torture Squad, Claustrofobia e o vocalista do Testament também se apresentação. Muitos ídolos, mas há também novos nomes do gênero. Eu me lembro até hoje de 1991, quando o Rock In Rio abriu espaço para o Sepultura. A gente havia acabado de gravar o álbum Arise e ali tocamos “Orgasmatron” pela primeira vez. Na mesma noite testavan Guns N’Roses, Judas Priest, Queensrÿche, Lobão e o mesmo Megadeth que voltaá a tocar com a gente agora.

Este encontro de gerações também vem acontecendo dentro do próprio Sepultura desde a entrada do Eloy na bateria, em 2012. Ele nasceu em janeiro de 1991, justamente seis dias depois do show do Sepultura no Rock In Rio 2. Como é o entrosamento de veteranos dentro da banda, como você e o Paulo, com alguém que nasceu quando vocês começaram a fazer sucesso no exterior com os álbum Beneath The Remains (1989) e Arise (1991)?

O Eloy tem uma característica marcante: ele começou bem cedo, muito novinho mesmo. Com 18 anos já estava gravando disco com o André Matos. Depois passou pelo Gloria. Trilhou seu próprio caminho, passando por diferentes estilos, participando de concursos mundiais. Tem técnica, tem groove. Acho o Eloy um cara muito profissional, passional e extremamente organizado. Para mim, ele talvez seja na atualidade o melhor baterista do mundo. E não impressiona só a mim não. Já deixou de boca aberta gos bateristas do Metallica e do Slayer também.

Falando no metal como um gênero extenso, em The Mediator Between The Head And Hands Must Be The Heart (2013) vocês foram produzidos por Ross Robinson. Como é trabalhar com ele?

Já havíamos feito o Roots. Então foi muito legal reencontrá-lo em seu estúdio em Venice Beach. O curioso é que ainda estão lá muitos equipamentos que nós usamos no Rootslá em 1995. Sua metodologia de trabalho é intensa e orgânica. Sem falar que é um cara espiritual e de grande técnica de estúdio. Afinal, o cara participou de toda a história do nü metal, gravando discos com Korn, Slipknot, Machine Head, Limp Bizkit… Fez um álbum com o Cure também, o que é muito interessante.

Quem produzirá este novo trabalho?

Vamos fazer com o mesmo cara que produziu o Machine Messiah, Jens Bogren. De novo nós vamos para o estúdio dele, que fica na Suécia.

Aliás, é uma diferença climática enorme entre gravar em Venice Beach, uma praia californiana, e gravar no interior da Suécia. Se bem que quando vocês estiverem lá agora em agosto será ainda verão no Hemisfério Norte. Portanto não deve fazer tão frio quanto o habitual no inverno.

De fato! Na época da gravação com certeza o clima estará mais ameno. Eu já peguei inverno brutal na Suécia. E eu não gosto disso… (risos)

Em Curitiba, o Sepultura tocará numa festa qie promoverá um grande encontro entre apaixonados por motocicletas. Qual é sua relação pessoal com este universo?

Tinha vários pôsteres de Cb 400 na parede do meu quarto quando era moleque. Só que minha mãe nunca me deixou andar de moto, o que eu agradeço muito a ela. Sempre fui um grande apreciador tanto da estética quanto das competições esportivas mas poderia ter me quebrado muito. Falo porque só quebrei o braço uma vez e isso foi quando estava em um jet ski. Tinha aquela falsa impressão de segurança por estar sobre a água… e aconteceu isso!