festival, Music

Floripa Eco Festival 2023 – ao vivo

Natiruts, Silva, Arnaldo Antunes, Matuê e Filipe Ret são os destaques da terceira edição do festival catarinense

Natiruts

Texto e foto por Frederico Di Lullo

No último dia 16 de setembro rolou de tudo durante a terceira edição do Floripa Eco Festival. Teve um pôr do sol incrível, que vai ficar na memória de mais de 18 mil pessoas. Teve um lineup focado em sua maioria na Geração Z, que abraçou de vez a música pop atual. E também tiveram preços nada convidativos para alimentação e bebidas.

Cheguei no Campeche às 15h30 e a primeira atração, Dazaranha e Tijuqueira, já tinha se apresentado. Fiquei bem triste, mas não posso dizer que não sabia: era um sábado de muito calor e me programei para chegar um pouco mais tarde. Contudo, as grandes filas no entorno e a falta de sinalização clara para estacionar contribuíram para um atraso não tão planejado. Quando entrei, Arnaldo Antunes estava na sua terceira música.

E como toda regra tem sua exceção, este lineup Geração Z também. O sempre titã está numa fase incrível e foi muito bom assistir a mais uma apresentação solo dele. O poeta, compositor, e gênio da música pop brasileira fez um showonde percorreu boa parte dos seus clássicos, verdadeiros hinos. São quase 40 anos de carreira e ele ainda agita como um jovem adolescente. Na plateia, pessoas de todas as idades cantaram clássicos como “A Casa é Sua”, “Essa Mulher”, “Envelhecer”, “O Pulso”, “Comida” e “Televisão”. Sem dúvidas, uma apresentação ímpar e que durou exatos 60 minutos. Mas se expectativa ficou lá em cima no início, ela logo foi abaixada pelo preço da cerveja: 17 reais numa latinha. Enfim, seguimos em frente!

Na sequência de Arnaldo, Silva entrou em cena. Para mim, pelo menos, não prometia nada e entregou muito! O capixaba continua se afirmando como um dos principais nomes da nova MPB, ganhando cada vez mais fãs e seguidores nas redes sociais. Num clima intimista, ele cantou músicas de todas a fases de sua carreira, iniciando com o álbum Claridão, de 2012. Isso sem falar sobre a facilidade de interpretar sucessos alheios de forma interessante. No set list tivemos canções como “Fica Tudo Bem”, “Duas da Tarde” e “Pôr do Sol na Praia”. Sem sombra de dúvidas, esta uma escolha pra lá de sugestiva para um final de dia no sul da Ilha de Santa Catarina. O feat com Criolo, entretanto, foi demasiado curto: apenas três músicas, sendo uma instrumental. Deu impressão que o querido Kleber Cavalcante Gomes apenas veio passear por aqui. Por isso, aguardamos ele novamente para mais apresentações.

Logo o sol se escondeu, o céu ficou estrelado e o vento sul chegou com tudo no Floripa Eco: momento para procurar um abrigo e sentar um pouco. Ao fundo, Ziggy Alberts fazia sua estreia em solo catarinense, com sua música descompromissada e calcada na surf music. Pelo jeito, a galera gostou. Já eu aproveitei para esticar um pouco as pernas, sentar numa canga e prosar. Festivais proporcionam esta experiência também.

Seguindo com as apresentações, veio a pérola da noite: o cômico Rich The Kid. Sinceramente, eu não o conhecia até ver o anúncio do nome no festival. Fazendo uma rápida pesquisa na internet sobre ele, deu para sacar que é uma mala sem alça. E não deu outra no Campeche. Um show cansativo, com inúmeras interrupções, muitos xingamentos e pouca mão na massa. O garoto de Atlanta fez sua passagem por Florianópolis e não fará muita falta.

Depois o festival trouxe a atração mais aguardada da noite, pelo menos pela Geração Z. Sim, estamos falando de Matuê. Símbolo do trap brasileiro, o rapper cearense de 29 anos se apresentou finalmente em Florianópolis diante uma plateia juvenil que o aguardava praticamente em êxtase. No auge da carreira, Matheus Brasileiro Aguiar proporcionou um show interessante, no qual em nenhum momento deixou a peteca cair e ainda fez esquecer o fiasco da apresentação anterior. Não é de hoje que ele é um dos artistas mais escutado e querido de sua geração. Em sua apresentação, não faltaram clássicos do ícone pop como “Vampiro”, “Flow Espacial”, “Máquina do Tempo”, “Brinca Demais” e “Conexões de Máfia”, um feat gravado justamente com…. Rich The Kid! E não é que o americano voltou ao palco para cantar esta música, agora vestindo uma balaclava e distribuindo beats e xingamentos? Vai entender…

Seguindo adiante, eram quase 23 horas quando o Natiruts entrou no palco. Eu sempre achei engraçado o fato deles serem de Brasília, de onde o clima de praia passa longe. Mas isso não é, de jeito nenhum, uma crítica. Afinal, a banda com mais de 25 anos de história, hoje sela o status de ser uma das maiores (e melhores) bandas do gênero do país. A trupe comandada por Alexandre Carlo fez em Floripa um concerto antológico, apresentando eternos sucessos para uma plateia que, talvez, nunca tivesse ouvido eles. Já sobre ter visto ao vivo, tenho certeza disso.E é justamente aí onde a banda de destaca: traz uma energia cativante, onde as boas vibrações invadem o público e fazem todo mundo dançar e cantar junto. Isso só é possível graças a hinos como “Presente de um Beija-Flor”, “Tudo Vai Dar Certo”, “Quero Ser Feliz Também”, “Andei Só”, “Natiruts Reggae Power” e “Liberdade Pra Dentro da Cabeça”. Havia tempo para mais? Lógico. Ainda durante o Natiruts rolou um feat com IZA, que cantou três músicas, com destaque para uma versão reggae power de “Pesadão”. Isso só é possível em festivais como o Eco!

Para fechar a noite, subiu ao palco mais um artista aclamado da Geração Z: Filipe Ret. Mas pra mim, a noite tinha acabado com o último acorde do Natiruts. Estava de alma lavada, cansado e com vontade de uma cerveja sem comprometer meu orçamento do mês. Ao rapper carioca meu grande respeito, mas já havia assistido ao show dele menos de um ano atrás. Ficou para a próxima!

Em resumo, o saldo deste terceiro Floripa Eco Festival foi positivo. Com o Saravá anunciando data para dia 20 de janeiro, basta aguardar se teremos em 2024 mais uma edição summer do Floripa Eco Festival ou se este ficará mesmo com a data fixa e anual em setembro. Esperamos ansiosos por essas respostas.

festival, Music

Floripa Eco Festival 2023

Oito motivos para não perder um dos maiores festivais de Santa Catarina, que abraça de vez o pop contemporâneo em sua terceira edição

Arnaldo Antunes

Texto por Frederico Di Lullo

Fotos: Reprodução

Para o próximo dia 16 de setembro há um encontro marcado na agenda musical da capital de Santa Catarina. O Floripa Eco Festival chega à sua terceira edição, agora trazendo a proposta de ser all day

Com início previsto para às 10 da manhã, o festival promete mais de 14 horas de festival e um line up formado por Natiruts & Iza, Matuê, Filipe Ret, Silva & Criolo, Arnaldo Antunes e Dazaranha. Eles estarão todos se apresentando no palco principal, além de nomes internacionais como o rapper norte-americano Rich The Kid e do cantor australiano Ziggy Alberts, que vêm pela primeira vez ao Brasil. De quebra, a edição contará com um palco com escalação formada apenas por artistas catarinenses: Jade Baraldo, Luana Berti, Olivia Robel, Reis do Nada, Abruna & Alessio, NegaAmanda, Tow In, Nathan Malagoli, Re Significa e Irie, são algumas dessas atrações.

Com ingressos já à venda (mais informações sobre o evento você pode ter clicando aqui), o Mondo Bacana dá oito motivos para você não pensar duas vezes e confirmar presença no Sítio Império das Águas, que fica na praia do Campeche. Afinal, o Festival Floripa Eco 2023 será uma oportunidade única para vivenciar uma experiência rica em cultura, música, esportes e conexão com a natureza.

Arte e sustentabilidade

Ao participar de mais uma edição do Floripa Eco Festival 2023, você estará apoiando uma causa importante: a sustentabilidade. O evento valoriza práticas eco-friendly e incentiva ações conscientes para preservar o meio ambiente.

Lixo zero

O festival adotará medidas de lixo zero, reduzindo o uso de embalagens de uso único e trabalhando pela neutralização de carbono do evento. Também haverá intervenções artísticas neste sentido, além de uma feira de produtos sustentáveis. Afinal de contas, cultura, diversão e sustentabilidade não podem mais andar separadamente.

Público de todo o Sul do Brasil 

O festival sempre reúne pessoas de diferentes cidade e estados (sobretudo os do Sul), proporcionando uma ótima oportunidade para fazer novas amizades e aproveitar a quase primavera num dos bairros mais legais de Floripa: a praia do Campeche.

Arnaldo Antunes

O poeta, músico e eterno Titã volta para a Ilha Magia depois de seis anos para um show solo, que promete emocionar e empolgar todos os presentes. Dono de timbre grave único, Antunes deve apresentar trabalhos vindos de todos os momentos de sua carreira. Como não poderia ser diferente, também, provavelmente irá incluir alguns clássicos do Titãs no set list. Afinal, 2023 foi um ano em que ele se juntou aos velhos amigos de banda para uma turnê extensa de reencontro da formação clássica.

Jade Baraldo

Jade Baraldo

Enquanto boa parte dos presentes estarão esperando pelos shows mais badalados, os mais antenados vão aproveitar para conferir também a presença da artista catarinense Jade Beraldo. Natural de Brusque e detentora de um estilo único e contagiante, a cantora revelada nacionalmente pelo programa de televisão The Voice Brasil promete incendiar o último sábado de inverno na Ilha da Magia com sua voz doce e hipnotizante.

Para toda a família

Com a proposta de ser um evento all day, este Floripa Eco será um evento para todas as idades. Além das atrações musicais, haverá atividades recreativas para crianças e espaços dedicados ao entretenimento familiar. Portanto, bora levar os pequenos para se divertir.

Diversidade musical

É soft rock, é rap, é samba, é funk, é eletrônico, é trap… A diversidade que urge do atual cenário musical nacional estará presente em mais de 25 palcos atrações e 14 horas de festival. Garantia de que muitos gostos estejam representados por ali.

Experiência inesquecível

Este festival, em particular, oferece uma série de experiências únicas, desde assistir a um pôr-do-sol deslumbrante até presenciar atrações inéditas no Brasil. Serão momentos que ficarão, sem qualquer sombra de dúvida, gravados para sempre na memória de todos os presentes.

Music

NX Zero – ao vivo

Adolescentes da geração emocore brasileira cresceram, não se escondem mais e se renderam à nostalgia para celebrar a história da banda

Texto e foto por Frederico Di Lullo

Sexta-feira, dia 7 de julho, estava um pouco receoso, confesso. O último show que tinha visto do NX Zero em Florianópolis tinha sido em 2006 (??), na antiga Creperia da Lagoa junto a bandas como a gaúcha Atrack e algumas outras da cena emo local. E lá fui eu conferir a volta à ativa do quinteto, agora na Arena Opus, situada em São José (SC)

A questão é que eu não sou mais um jovem de 17 anos. Voltar a ver uma banda 17 anos depois, então, tem seu preço. Eu paguei pra ver. E, na real, boa parte dos presentes (em grande número, diga-se de passagem), estavam lá também para sentir um pouco do saudosismo da minha geração.

Com um público majoritariamente adulto, o NX Zero iniciou a apresentação da turnê Cedo ou Tarde passando das 22h. Com um som impecável, Di Ferrero (voz), Daniel Weksler (bateria), Gee Rocha (guitarra e backings), Fi Ricardo (guitarra) e Caco Grandino (baixo) mostraram que o tempo é uma construção social. Ou algo até melhor, que dá para melhorar, mesmo depois de um hiato de pouco mais de seis anos de duração.

set começou com “Só Rezo” e terminou com “Razões e Emoções. No meio, sucessos como “Pela Última Vez”, “Apenas um Olhar”, “Meu Bem”, “Além de Mim” e “Ligação” Na parte acústica, tivemos ainda Di Ferrero, a capella, tocando “Vagabundo Confesso”, do Dazaranha. Sim, praticamente um nativo, que mora na Ilha de Santa Catarina faz mais de seis anos, tendo a particularidade de ter sido uma das primeiras pessoas que teve COVID-19 na cidade. Loucura, mas nem tanto.

Em resumo, este show do NX Zero foi uma celebração da história da banda e uma prova do poder que o emocore brasileiro teve na primeira década deste novo século. Se antigamente o emo se escondia, hoje a nostalgia fala mais alto e mostra que os adolescentes de ontem são os adultos de hoje. Além disso, o visual do palco e a iluminação complementaram perfeitamente a energia do show, com jogos de luzes intensos e um cenário que transmitia a identidade do grupo. 

Ninguém sabe ao certo se este é um retorno definitivo (acredito que nem a banda sabe!), mas a turnê é uma chance dos fãs matarem a saudade. Até porque muitos, talvez, nunca tenham visto a banda tocar ao vivo, bem ali à frente. Contudo, quem tiver vontade não deve pensar duas vezes e colar nas datas restantes de Cedo ou Tarde. A diversão é garantida!

Set list: “Só Rezo”, “Daqui Pra Frente”, “Bem ou Mal”, “Pela Última Vez”, “Apenas Um Olhar”, “Onde Estiver”, “Uma Gota no Oceano”, “Espero a Minha Vez”, “Inimigo Invisível”, “Cedo ou Tarde”, “Meu Bem”, “Insubstituível”, “Incompleta”, “Vagabundo Confesso”, “Silêncio”, “Cartas Pra Você”, “Mais Além”, “Hoje o Céu Abriu”, “Vamos Seguir”, “Pedra Murano”, “Ligação” e “Nào é Normal”. Bis: “A Melhor Parte de Mim”, “Um Pouco Mais”, “Além de Mim” e “Razões e Emoções”.

festival, Music

Floripa Eco Summer Festival – ao vivo

Novo festival da capital catarinense reuniu mais de 30 atrações e contou com um enorme atraso para o início do show de Erykah Badu

Erykah Badu

Texto por Frederico Di Lullo e Luciano Vitor

Fotos: Frederico Di Lullo

Sábado, 28 de janeiro, Hard Rock Café, continente da Grande Florianópolis. Um line up com mais de 30 artistas e bandas. Uma pergunta: quem aguentaria essa maratona debaixo de um calor insano, com tantos shows e o custo absurdo das bebidas?

Antes de começar a falar das bandas, merece um destaque o preço das bebidas no Floripa Eco Summer Festival. Uma garrafa de água saía a 12 reais. Uma lata de Heineken era 16. Já um combo com três delas, 42. Com os shows começando no início da tarde, era praticamente uma insanidade chegar às 3 ou 4 horas da manhã sem beber algo, fossem algumas latinhas de cerveja ou bastante água. Nesse caso, tudo foi proibitivo. Mas vamos aos shows que conseguimos cobrir. Que são o que interessa…

O calor estava na faixa de 34 graus quando chegamos ao Floripa Eco, onde já estava no palco a Jovem Dionisio, encarregada de abrir esta edição do incrível festival realizado na cidade de São José. Num clima de verão, literalmente, a banda desfilou todo o repertório de Acorda, Pedrinho, seu álbum de estreia lançado em 2022. Como não poderia ser diferente, a faixa quase homônima (o título, desta vez, não traz a vírgula e é grafado em maiúsculas), com mais de 85 milhões de plays no Spotify, foi a escolhida para encerrar o show. A plateia, tímida e composta majoritariamente por jovens adolescentes, cantou o hit em uníssono com o quinteto indie de Curitiba.

Maneva é um quinteto que como muitos outros mescla pop e reggae. Até ai, nada demais. Boa banda, pegada nova. Para esse que vos escreve, a mistura dos gêneros vai muito além do que faz um Natiruts, já bem conhecido, por exemplo. O problema é que foi um show curto, três covers. O famoso bordão “Toca Raul” nem precisou ser gritado aqui, pois teve cover do eterno Maluco Beleza. Maneva é uma boa banda. O problema é jogar para a galera e não focar no repertório próprio. Isso faz uma diferença enorme, mas para aqueles que não têm medo de errar.

O calor não dava trégua, mas o festival começava a lotar, fazendo milhares de jovens se espremer próximo da grade para assistir a Maria Rita. Com boa interação do público, a dona de um talento que já vem no sangue interpretou antigos e novos sucessos de sua carreira, além de clássicos da música brasileira. Com uma performance por demais agradável, o fim de tarde virou uma grande roda de samba comandada por uma das musas contemporâneas da MPB. Foi, com certeza, um dos momentos mais legais deste Eco de verão.

Depois vieram os Raimundos. Desde a saída de Rodolfo a banda não saiu do lugar. Continua com o mesmo set list, variando o formato, ora para o rock mais pesado, ora para releituras das mesmas faixas com uma pegada praiana, como foi o caso agora. As canções são atemporais, ok. Querendo ou não, mesmo após 20 ou 30 anos, a força de cada música permanece. Por isso, os 50% da formação original que permaneceram tocando o projeto (leia-se o baixista Canisso e o guitarrista e agora também vocalista Digão) vão levando a banda adiante. É crime? Não, mas com um viés praiano o repertório não deixou de ser mais do mesmo. É ruim? Não, é diversão garantida para todas as idades, seja os fãs do tempo durante ou pós-Rodolfo. É um show remissivo, previsível e bacana. Mas não me espantaria ver o que restou da banda gravar algum outro trabalho, por exemplo, com versões das mesmas músicas em inglês ou espanhol para algum projeto futuro, no melhor estilo caça-níquel.

Jorge Ben Jor

Daí veio uma espera fora do normal – entre o mais recente show do palco ao lado e o início do da norte americana passou fácil mais de uma hora. Mesmo com toda a apoteose para abrir de fato o concerto, o que levou mais 3 ou 4 minutos, nada justificava o atraso de Erykah Badu (poderiam ter realocado outras atrações ou soltar um comunicado ao público).  Ela é uma diva? Sim, mas dentro de uma estrutura com mais de três dezenas de apresentações, o atraso ocasiona gastos maiores por conta do público e daí lá se repete a ladainha do início do texto: cerveja nada barata, combos nada amigáveis em termos de preços. Enfim, uma tremenda falta de respeito! Eu me pergunto o que o público diria de um atraso de um artista nacional, voltando ao atraso absurdo.

Falando da performance dela, foi algo seguro, com os maneirismos vocais da cantora e uma cozinha rítmica impecável. Só que, ao contrário dos seus pares de palco no Eco, Badu faz um show muito mais experimental. Totalmente fora dos padrões do evento. Não é ruim, talvez depois sejam trazidos outros artistas dessa vertente em atrações futuras do Floripa Eco. O som é um r&b mais atualizado, com mix de jazzfunk e soul com sobras de experimental. Isso soa bom pra caramba, só que sem a dosagem certa acaba cansado. Embora os vídeos de fundo de palco mostrem muito da influência da cantora, nada afasta a sua vertente alternativa e apegada ao desvio do mainstream. No frigir dos shows, foi um bom show, mas que deixou a desejar pelo atraso absurdo. Daí me peguei desejando ver o Jorge Ben Jor subindo logo ao palco…

Com a apresentação da Erykah Baduh seguindo aquele script, partimos para outro show, o da prata da casa, o Dazaranha. Tinha a participação do Di Ferrero (ele mesmo, do NX Zero), mas chegamos no meio de “O Mané” conhecida canção da banda ilhéu. Público conectado, energia a milhão, e muita, mas muita gente mesmo, muito mais interessada em Dazaranha do que em atração gringa. Isso é bom porque abre a opção de outras bandas locais estarem no palco, dentro de um evento de nível nacional, não apenas dividindo mas complementando o line up.

Daí veio Marcelo Falcão ou o que sobrou do Rappa, há algum tempo tentando manter a carreira solo. Desde o fim da banda, que encerrou as atividades após vários problemas entre ele e os demais integrantes, o carioca lançou um álbum em 2019, Viver (Mais Leve Que o Ar), e vem batalhando para emplacar um novo grande sucesso pós-Rappa Infelizmente, vem seguindo uma carreira errática. Como mostrou esse show. Das três primeiras músicas, duas eram do Rappa e logo na terceira chamou Maria Rita para um auxílio luxuoso, em “Rodo Cotidiano”. Ele continua sendo um baita crooner mas sem uma banda para chamar de sua carece de respaldo para levar uma carreira consistente. Possui boas músicas de sua carreira solo, porém sem o chamariz do Rappa. Esperamos que deixe seu rosebud para trás e encontre um álbum arrasa-quarteirão, daqueles para esquecer o passado. Pois para quem pediu a um ex-companheiro de banda que abrisse mão de royalties referentes às músicas que o mesmo escreveu, Falcão continua agarrado ao passado.

Aí, sim, chegou a vez daquele senhor que não deixa ninguém ficar parado: o sempre incrível, a lenda-viva da música brasileira de nome Jorge Ben Jor. E o show dele você já sabe: é sempre uma festa! Acompanhado sempre por músicas de exímia qualidade, o morador mais importante do Copacabana Palace colocou todos os presentes para dançar ao som de hinos. Teve “Take It Easy My Brother Charles”, “Oba, Lá Vem Ela”, “Menina Mulher de Pele Preta”, “Chove Chuva”, “Mas Que Nada”, “Taj Mahal” e “W/Brasil”. Bom, a lista é interminável, assim como a energia que este homem emana no auge dos seus 83 anos. Encerrou o Eco com mais um concerto memorável para a lista, parceiro!

Music

Floripa Eco Festival – ao vivo

Jorge Ben Jor, Planet Hemp, Baco Exu do Blues, Donavon Frankenreiter, Emicida e outros grandes shows aliados à discussão sobre sustentabilidade

Jorge Ben Jor

Texto e fotos por Frederico Di Lullo

Um festival Massa. Com M maiúsculo. No dia 18 de setembro, todos os caminhos levaram ao Eco Festival, com shows nacionais e internacionais de renome, lembrando até os bons e velhos Planetas Atlântida que rolavam na temporada de verão de Florianópolis na primeira década (e parte da segunda) deste milênio. Como esse é um papo saudosista, esse detalhe fica para outro momento. Vamos, então, viver o hoje e falar um pouco do que vivemos na atualidade. 

Infelizmente, a cidade sofre com acessos restritos e, por isso, naquele sábado chegamos ao Centro de Eventos Luiz Henrique da Silveira quando o Floripa Eco Festival já estava aquecendo todos os presentes. Era a vez de Mike Love, num tremendo pôr-do-sol, agitar a todos com seu reggae, numa perfeita simbiose com o fim de tarde da capital catarinense. Assim, o músico havaiano passou pelos principais sucessos de sua extensa carreira. Sem dúvida, apreciar a performance dele em “Permanent Holiday” e “Human Race” foi um dos pontos altos do evento. E isso que ele estava só começando!

Com uma produção impecável e pontualidade britânica, o Eco Festival continuou com nada menos do que Donavon Frankenreiter. Não se pode deixar de citar aqui que a combinação de surfista e artista é a cara da Ilha da Magia. O cantor mandou um set list com seus maiores clássicos, entre eles as necessárias “Big Wave”, “Free”, “It Don’t Matter” e “Shine”, tudo numa vibe muito especial. Sempre ouvimos que amor de festival tende a ser para sempre. Por isso, acreditamos que casais que assistiram juntos ao show do californiano tendem a ficarem juntos. Mas não foi o nosso caso: pouco antes de Donavon acabar já estávamos posicionados no outro palco para a atração que estava escalada para depois: o aguardado Baco Exu do Blues.

Antes de continuar, não há como deixar de comentar a respeito o objetivo do evento, que une música e sustentabilidade. Numa proposta muito utilizada em 2022, quando muito se fala sobre os impactos de ações da sociedade para um mundo melhor, precisa-se lembrar que, além dos shows de sábado, houve nos dois dias anteriores o Eco Summit. O congresso reuniu conteúdo em prol da sustentabilidade ambiental, por meio de workshops, apresentações, mesas de debate e apresentações de cases de sucesso. Sim, é necessário discutir o entretenimento para além do entretenimento e a Sleepwalkers, empresa que produziu o festival, fez isso de maneira exemplar. Parabéns, amigos!

Baco Exu do Blues

Voltando a aquele sábado, um dos concertos mais aguardados iniciou, apresentando as músicas do recente trabalho Quantas Vezes Você Já Foi Amado?, lançado em janeiro deste ano. Foi assim que as mais de 22 mil pessoas presentes cantaram as já clássicas canções “20 ligações”, “Samba In Paris”, “Lágrimas” e “Mulheres Grandes”. Sim, estamos falando de Baco, caso você não tenha entendido! Também não faltaram “Flamingos”, “Hotel Caro” e “Me Desculpa, Jay Z”. Todo mundo cantou e dançou junto. Foi uma vibe incrível!

Logo após chegou a vez de apresentar a prata da casa. Muita gente que não mora em Floripa ou até mesmo nos limites de Santa Catarina se perguntava quem era essa tal de Dazaranha. Mas os veteranos nativos jogavam em casa e fizeram um show incrível, como sempre, impressionando quem não os conhecia e entregando a qualidade de sempre para quem já os acompanha há mais de 20 anos. E, acredite, praticamente todos os presentes cantaram boa parte dos refrãos das músicas. No repertório não faltaram clássicos como “Fé Menina”, “Salão de Festa a Vapor” “Vagabundo Confesso” e “Com ou Sem”. Pelo menos pra nós, contudo, o ponto alto foi “Afinar as Rezas”, quando se presenciou a maior interação com a plateia. E ainda tinha mais coisa para apresentar…

Sim, apesar do cansaço, como ficar parado na hora de Jorge Ben Jor? E se tem algo que o morador do Copacabana Palace sabe é fazer apresentações memoráveis. Acompanhado por uma banda afiada, Ben Jor colocou todos os presentes para dançar com clássicos como “Take It Easy My Brother Charles”, “Oba, Lá Vem Ela”, “Menina Mulher de Pele Preta”, “Chove Chuva”, “Mas Que Nada”,  “Balança a Pema”, “Magnólia”… Poderíamos citar todo o repertório e ainda faltariam adjetivos para descrever Jorge. O tempo passa e, aos 83 anos, cada vez fica mais evidente que ele é um alquimista e tem a pedra filosofal da imortalidade do corpo –  porque a do trabalho está mais do que assegurada.

Minutos depois, o público foi à loucura quando Emicida iniciou sua performance com uma introdução em vídeo necessária nos tempos atuais. Ele não veio sozinho também: reuniu em cima do palco os maiores nomes do rap nacional na atualidade: Criolo, Rael e Rashid. Cada um no seu momento, participaram do show emplacando os clássicos como “Levanta e Anda”, “Passarinhos”, “AmarElo”, “Libre”, “Paisagem” e “Eminência Parda”. De repente, Marcelo D2 e BNegão se juntam à trupe para uma performance incrível em conjunto na música “Grajauex” de Criolo. Mais uma das cenas que cravaram o festival no coração de todos os presentes.

Tinha tempo para mais? Sim. Eram quase duas da madrugada quando a ex-quadrilha da fumaça pousou no Eco. Era o Planet Hemp, mais Hemp do que nunca! Não dá para negar que é uma das nossas bandas favoritas, seja pela mistura entre rap, rock, reggae e hardcore, tão característica pela sonoridadeou pela ideologia. O fato é a trupe comandanda por BNegão e D2 incendiou tudo até a última ponta, num show fod@ pra c@r@lho, com uma vibe renovada, que nos traz a esperança de um mundo melhor. Começando com “Não Compre, Plante!” e passando por músicas como “Legalize Já“, “Maryjane”, “100% Hardcore”, além da cover de “Crise Geral”, do Ratos de Porão, a banda tirou as últimas forças de energia que ainda restavam da galera presente, fechando o line up com chave de ouro.

Sem dúvida, o Eco Festival foi um dos festivais do ano. E já foi anunciada sua próxima edição, para 2023. Ficamos ansiosos e expectantes por novas experiências musicais. Agora é esperar e descansar.