Movies

Oppenheimer

Cinebiografia do “pai da bomba atômica” traz três horas de grandiloquência e desafios autorais com a assinatura de Christopher Nolan

Texto por Abonico Smith

Foto: Universal Pictures/Divulgação

A biografia de Julius Robert Oppenheimer é uma das mais interessantes do último século. Nova-iorquino descendente de uma abastada família de origem germânica e judia, cresceu com os estudos bancados em uma conceituada escola particular chamada Ethical Cultural Society, algo bastante incomum para uma criança naquele início dos 1900. Logo manifestou interesse por áreas diversas, chegando a se formar em Matemática, Ciências e Literaturas Grega e Francesa. 

Apreciador também das artes, seu  negócio mesmo era estudar. Com afinco e muita dedicação. Terminou em 1925 a faculdade de Química em Harvard e logo se mudou para o Reino Unido. Como seu negócio não era ficar manuseando os equipamentos de um laboratório, partiu, na sequência, para fazer doutorado em Física na Alemanha. Pelo menos ali, o ambiente era de sua preferência: estar em contato com físicos renomados e mergulhar de cabeça nas mais trabalhadas e complicadas questões teóricas da área. Enquanto investigava processos em partículas subatômicas, já como professor de física repatriado aos Estados  Unidos, começou a se envolver em assuntos políticos que o preocupavam: a ascensão do fascismo na Europa, em especial o nazismo na terra natal de seu pai. Passou, inclusive, a financiar organizações contra a extrema-direita após herdar a fortuna da família e flertou brevemente com o partido comunista, o qual abandonou também após se decepcionar com o desdém da ditadura stalinista em relação à ciência. Até que, advertido por Albert Einstein e Leo Szilard sobre a ameaça de Hitler ter em mãos o pioneirismo de ter uma bomba atômica, passou a pesquisar como ter o urânio 235 a partir do mineral natural e foi contratado pelo governo norte-americano, em 1942, para chefiar o Projeto Manhattan e comandar uma equipe de cientistas para obter, em um megalaboratório secreto, a energia nuclear a fim de ser incluída em operações militares. Era contra o uso de toda e qualquer arma química como instrumento de guerra, inclusive chamava a indústria armamentista de trabalho demoníaco. Após o sucesso do grande teste realizado em 1945 no deserto de Los Alamos, no Novo México, demitiu-se da direção do projeto. Semanas depois, viu o mundo se aterrorizar com os dois cogumelos que dizimaram as regiões das cidades de Hiroshima e Nagasaki, escolhidas para serem o alvo de uma nação japonesa que ainda não havia se rendido na Segunda Guerra Mundial. Oppie – como era carinhosamente chamado – não só entrou para a História (contra a sua vontade e interesse) como “o pai da bomba atômica” como ainda caiu em desgraça em seu país, através de mentiras e manipulações políticas movidas pelo conservadorismo maccarthista que o levaram a julgamentos e destruíram sua reputação pública e a trajetória profissional.

Uma figura tão controversa e famosa só poderia ter sua biopic com a assinatura de outro nome do cinema com credenciais iguais: o diretor, roteirista e produtor Christopher Nolan. Eis que Oppenheimer (Reino Unido/EUA, 2023 – Universal Pictures) chega às telas com toda a grandiloquência possível. Primeiro, é uma biografia de três horas de duração, feita com tecnologia para ser exibida em telas IMAX (inclusive com a primazia de exibir, estilosamente, várias cenas em preto e branco). Depois, a data escolhida para o lançamento: em pleno verão lá de cima, período reservado para as estreias de blockbusters populares (como,por exemplo, Barbie, com quem luta pelas bilheterias neste fim de semana de estreia). Tem também o elenco recheadíssimo de estrelas: Cillian Murphy (o protagonista, em magistral atuação), Emily Blunt (a esposa), Florence Pugh (a amante), Robert Downey Jr (o antagonista), Kenneth Branagh, Matt Damon, Gary Oldman, Josh Hartnett, Matthew Modine, Benny Safdie, Rami Malek, Casey Affleck, Olivia Thrilby, Jason Clarke, James D’Arcy e outros mais em pontas ou papéis secundários.

Claro que a cinematografia de Hoyte van Hoytema (parceiro de Nolan em vários outros filmes) é um luxo só. Não só em toda a sequência que culmina no momento de maior dramaticidade, o teste bem sucedido da megaexplosão em Los Alamos. Os muitos closes em Oppie e mais a fusão entre os delírios, os pensamentos e a realidade vivida por ele também reforçam a tensão que sempre o rondou por vários anos (o antes e o depois da “fama”). O desenho de som também impressiona – e ainda prega uma grande peça na hora H da tal explosão. Outro bom trunfo do longa é todo o  vai-vem da narrativa criada pelo próprio Nolan, que adianta e antecede no tempo o tempo todo, desorientando o espectador quanto a causas e consequências durante a trajetória do cientista.

Aliás, as três horas de duração também se tornam um grande truque imposto pelo cineasta ardiloso para o público. Uma sucessão de personagens aparecem e desaparecem da tela, muitos dados e conceitos teóricos (que vão de física e química a política e ética) embaralham a mente. Torna-se um grande desafio ficar imerso na poltrona do cinema por todo este tempo, ainda mais se a pessoa não tem muito conhecimento prévio da Segunda Guerra Mundial ou mesmo paciência para uma trama mais reflexiva e sem muitos efeitos visuais criados por CGI (o que é bem comum nos blockbusters apresentados em Imax e algo ausente em uma obra do diretor). Não será comum ver gente saindo do cinema reclamando que muito deste tempo poderia um pouco reduzido. Por isso mesmo, Barbie larga com amplo favoritismo na somatória das bilheterias do mundo todo.

Desta forma, Nolan continua sendo Nolan com toda pompa possível. Oferece mais um filme difícil, perfeccionista e impactante. E mais: ao recontar a história de Oppenheimer, brinca de mergulhar no passado para mexer com as entrelinhas do presente. Não será muito difícil fazer conexões mentais com fatos e pessoas do nosso tempo recente. 

Music, Series, TV

Pistol

Minissérie dirigida por Danny Boyle aborda o universo ao redor dos jovens músicos que fizeram história no punk rock sob o nome de Sex Pistols

Texto por Taís Zago

Foto: Hulu/FX/Star+/Divulgação 

Quem entre nós, da geração X, não leu Please Kill Me (de Legs McNeil e Gillian McCain, 1996) ou assistiu a Sid & Nancy (1986), filme britânico com Gary Oldman e Chloe Webb? Durante a década de 1990, ambas as obras faziam parte do pacote da educação fundamental sobre o punk rock para nossos olhos e ouvidos adolescentes tão sedentos por rebeldia. Nos tempos do punk de poucos acordes e muita atitude, os Sex Pistols e os Ramones faziam parte do currículo obrigatório de qualquer músico iniciante, groupie ou fã da anarquia como “ideologia”. Nenhum outro movimento cultural representou melhor o teenage angst e a necessidade de romper com a cultura capitalista de nossos pais através do puro caos. Uma furtiva declaração de amor ao live fast and die young nos anos em que nos sentíamos imortais. 

Também não foram poucos os documentários que prestaram homenagem à época e seus personagens como o excelente The Filth And The Fury (2000) ou End Of The Century (2003) – ficando aqui apenas nas duas bandas centrais do movimento, Ramones e Sex Pistols, e a eterna batalha entre EUA e Reino Unido pelo titulo de criadores do movimento que em pouco tempo virou a febre mundial mesmo sem a promoção da imprensa mainstream ou das grandes empresas da indústria fonográfica. O punk se criou sozinho, nas ruas, nas atitudes, na insatisfação, na perda de perspectiva de uma geração anti-hippie e contestadora. As flores nos cabelos foram deixadas de lado na metade dos anos 1970. No seu lugar entraram o látex, o pogo, a distorção e os alfinetes. Onde antes os hippies promoviam o amor livre, os punks passaram a defender a autonomia sobre o próprio corpo, mesmo que pela autodestruição. O direito de derrubar muros com socos em vez de mensagens de paz e amor.

Pistol (EUA/Reino Unido, 2022 – Hulu/FX/Star+) é uma minissérie de seis capítulos dirigida por Danny Boyle (Trainspotting, Cova Rosa) baseada na autobiografia Lonely Boy: Tales From a Sex Pistol (2016) de Steve Jones (Jonesy), guitarrista e membro fundador dos Sex Pistols. Cada um dos episódios possui um título peculiar inspirado no livro de Jones – como, por exemplo, o primeiro, Track 1: The Cloak of Invisibility,onde Jones conta um pouco de sua origem e sua criação no subúrbio londrino de Hammersmith. O “manto da invisibilidade” era o que supostamente protegia o tímido e traumatizado Jonesy em suas peripécias e delitos, assim como lhe dava a autoconfiança necessária para subir num palco onde os músicos eram alvejados por latas e garrafas de cerveja ou cuspes, entre outras demonstrações escatológicas da rebeldia juvenil, que, claro, eram estimuladas e incitadas pelos próprios músicos. 

Boyle, famoso pelo seu estilo que estimula uma suposta glamourização de drogas e de violência, sempre um excelente pano de fundo musical, encontra-se em seu elemento. Não acho que outro diretor pudesse ter feito um trabalho melhor para passar toda a energia, raiva, tristeza e ingenuidade de uma geração que queria mudar o mundo rompendo com os modelos empoeirados e inflexíveis dos britânicos, como a adoração pela monarquia e rituais sociais superficiais enquanto o povo sofria com a falta de emprego em meio a uma severa crise econômica. Craig Pearce (um dos prediletos de Baz Luhrmann) assumiu o roteiro e investiu bastante em um suposto romance entre Jones e Chrissie Hynde (vocalista dos Pretenders). Segundo conta Chrissie em seu livro Reckless, de 2015, ambos sempre tiveram uma boa amizade, que, eventualmente, era salpicada com doses de sexo. Jones também deixa isso bem claro em Lonely Boy. A atuação espetacular de Sydney Chandler como Chrissie e Toby Wallace como Steve salva o roteiro do tom novelesco que um romantismo exagerado poderia criar. Para muitos (eu, inclusive), Sydney roubou o holofote de todos os outros personagens e nos deixou com vontade de ver Reckless também transformado em série.

Visualmente, Pistol não deixa nada a desejar: a fotografia e as passagens com imagens vintage reforçam o clima de efervescência cultural da época. Há um grande desfile de celebridades e figuras peculiares que foram ícones do punk orbitando em torno dos clubes noturnos londrinos e da butique Sex, como a modelo Jordan (Maisie Williams), a estilista Vivienne Westwood (Talulah Riley) e o estilista e empresário wannabe da banda Malcolm McLaren (Thomas Brodie-Sangster), que até hoje alega ter “inventado” os Sex Pistols, o que deixou um gosto amargo de boy band na boca dos fãs e passou para a banda a pecha de posers. Para contrariar Malcolm, Steve mostra o engajamento dos músicos na criação e nas composições, a vontade de inovar e o prazer de estar no palco, o talento natural de Johnny Rotten (Anson Boon) para traduzir em palavras (e urros) os sentimentos viscerais e urgentes de toda uma geração. Falando nele, o hoje conhecido como John Lydon se declarou determinantemente contra a produção da serie, inclusive entrando na justiça para tentar impedir que a música original dos Sex Pistols fosse utilizada. Para nosso alivio, os outros três sobreviventes e o espólio de Sid Vicious se posicionaram a favor, o que nos presenteou com um incrível passeio pelo processo criativo e pela energia crua de superhits da banda (“Pretty Vacant”, “Anarchy In The UK”, “Submission”, “God Save The Queen”, “Problems, “Bodies”, entre outros).

Por outro lado, a curta duração (apenas seis episódios) deixou muita coisa em aberto num assunto tão rico apesar de não apresentar qualquer fato novo sobre a banda que nos fosse desconhecido. Como uma tentativa de evitar mais daquilo que já sabemos de cor e também como uma fórmula de fugir das platitudes, Danny e Craig, através do olhar de Steve, optaram por dar mais espaço para os personagens em torno da loja Sex e dos Pistols, inclusive cedendo praticamente todo um episódio para abordar a história de Pauline, que inspirou a letra de “Bodies”.

Pistol polariza opiniões, traz pouco material para quem não conhece a banda ou não leu Lonely Boy, não apela demais para o óbvio, não redime mas também não demoniza as drogas. Não é o trabalho mais recomendado para principiantes, mas é um deleite para os fãs. Boyle tem o dom precioso de nos puxar para dentro de uma história como se estivéssemos sentindo a energia da primeira fileira na beira do palco. É impossível assistir sem sentir aquele adolescente adormecido, escondido atrás de cabelos grisalhos e boletos para pagar, acordando dentro de nós.

Movies, News

Oscar 2018

Nonagésima edição dos Academy Awards é marcada pela tendência da previsibilidade, a limitação do improviso e a pulverização de prêmios

oscar2018deltoro

Texto por Abonico R. Smith

Foto: Academy Awards/Divulgação

Os Academy Awards, já em sua edição de número 90, confirmaram uma tendência que vem se acentuando ao longo dos últimos anos: a cerimônia de entrega da maior premiação da indústria cinematográfica, se já era chata, agora está ficando cada vez mais chata.

Cinéfilos, críticos e estudiosos de cinema têm como acertar quase todos os vencedores da noite. Os discursos foram cada vez mais uniformizados em virtude não só desta previsibilidade (neste ano, os quatro vencedores nos quesitos de atuação foram repetidos em todas as premiações da temporada, por exemplo) como da limitação de tempo (cada vez que a orquestra começa a tocar uma musiquinha no fosso é sinal de que o laureado está se estendendo demais). Quem vence sobe ao palco com discursos prontos e o nome dos agradecimentos em um papel, sem dar aquele espetáculo de outrora, com choros, soluços e improvisos. As apresentações musicais ficaram também mais curtas e teatrais e, por isso, menos impactantes. As piadas do apresentador Jimmy Kimmel, bem menos viscerais. Até os vestidos, outrora surpreendentes desde a entrada no tapete vermelho, ficaram ais discretos e menos escandalosos. E o “momento surpresa” (em 2018, nomes como Guillermo Del Toro, Mark Hamill, Emily Blunt, Lupita Nyongo’o, Gal Gadot, Lin-Manuel Miranda e Margot Robbie foram convocados por Kimmel para sair do teatro, atravessar a rua, invadir uma sessão de cinema, paralisar o filme e surpreender a incauta plateia que estava lá e de nada sabia ao distribuir sanduíches, chocolates e outras guloseimas), pelo menos para quem assiste à transmissão mundo afora, via satélite, já não é mais tão surpresa assim. Tão como a presená (em mais uma temporada!) de Meryl Streep e Denzel Washington entre os indicados, mesmo que em trabalhos de menor expressão e ausentes em quase todas as outras categorias.

Poucas são as margens para que surja algo diferente do esperado. O tom sócio-político do momento apareceu, com a Academia pedindo (em vídeo e no anúncio dele, feito por três das atrizes que acusaram o executivo Harvey Weinstein de assédio sexual e estupro – Ashley Judd, Annabella Sciorra e Salma Hayek) mais respeito às diferenças e representatividade às mulheres, aos negros, à sigla LGBT. Mas foi Frances McDormand quem acabou roubando a cena, já no final da premiação, ao subir no palco do Dolby Theatre para receber a estatueta de melhor atriz. Ela mandou, na lata, sem apoio de qualquer papel, um recado reto à indústria cinematográfica, ressaltando a força de trabalho feminina e o devido respeito que todas as profissionais desejam no tratamento dispensado a elas nos bastidores.

Surpresa também ocorreu na “participação” do indie rock na festa da Academia. Eddie Vedder, empunhando uma guitarra, tocou sozinho uma canção do cantor e compositor Tom Petty (morto no final do ano passado) enquanto o telão anunciava e homenageava os falecidos mais importantes da indústria cinematográfica nesta última temporada. Sufjan Stevens subiu ao palco para apresentar “Mystery Of Love”, tocante balada composta para a trilha de Me Chame Pelo Seu Nome. Atrás dele quatro músicos de apoio, inclusive uma completamente incógnita e inesperada St Vincent, toda discreta, de preto, também na guitarra.

Dois vídeos “oficiais” de agradecimento também foram feitos pela Academia para a exibição durante a festa. No primeiro, era para agradecer a todo mundo que vai aos cinemas nestes últimos noventa anos de Oscar. Além de deixar transparecer a guerra que Hollywood anda empreendendo contra as novas tecnologias como a Netflix (que, segundo dizem, anda afastando o público das salas de projeção), a iniciativa também mostro cenas de três recentes filmes de super-heróis (Pantera Negra, Batman – O Cavaleiro das Trevas, Mulher Maravilha). Talvez seja um indicativo da aceitação definitiva deste filão para as indicações e prêmios dos próximos anos. No segundo, porém, a surpresa tornou-se negativa. Depois de mostrar cenas de vários longas de guerra produzidos ao longo das décadas, surgiu no telão um “muito obrigado” a todos os combatentes que lutaram pelo país também durante todo este tempo. Foi o lado republicano, armamentista e white trash da Academia se sobrepondo a democratas, pacifistas e não-políticos. Em tempos de Donald Trump na presidência significou uma forma de também puxar o saco da Casa Branca e do governo dos EUA.

Por fim, a divisão dos prêmios neste ano mostrou-se bastante pulverizada. Apenas dois títulos receberam mais do que duas estatuetas. A fantasia “de monstro” A Forma da Água ficou com a principal, batendo seu maior concorrente Três Anúncios Para um Crime. Com um total de treze indicações, acabou levando apenas outras três (diretor, trilha sonora e design de produção, todas já devidamente previstas). Dunkirk, por sua vez, abocanhou três das oito categorias às quais concorria, todas técnicas (montagem, edição de som, mixagem de som). O Destino de Uma Nação (cabelo & maquiagem, ator), Viva: A Vida é uma Festa (animação em longa-metragem, canção original) e Blade Runner 2049 (fotografia, efeitos especiais) ficaram com dois. Outros filmes de destaque na temporada se contentaram com apenas uma estatueta (Corra!, Trama Fantasma, Me Chame Pelo Seu Nome e Eu, Tonya). Já o vencedor na categoria não falada em inglês foi, mais uma vez um sul-americano, Uma Mulher Fantástica, sobre a luta de uma transexual chilena para ser respeitada pelas pessoas que gravitam ao seu redor no dia a dia).

Em tempos de luta contra incorreções sociais de qualquer tipo e a tentativa desenfreada de mostrar um cinema cada mais universalizado (embora a produção ainda se concentre nos todos-poderosos da indústria cinematográfica dos EUA), o Oscar joga suas fichas na seriedade, na fórmula e no mostrar anteriormente suas mais sérias e respeitosas intenções. Quem perde, contudo, é o público que fica três horas sentado no sofá esperando para ver algo que realmente o surpreenda.

 

VEJA OS GANHADORES DE CADA CATEGORIA

Filme

Me Chame Pelo Seu Nome

O Destino de uma Nação

Dunkirk

Corra!

Lady Bird – A Hora de Voar

A Trama Fantasma

The Post: A Guerra Secreta

A Forma da Água

Três Anúncios para um Crime

 

Diretor

Christopher Nolan (Dunkirk)

Jordan Peele (Corra!)

Greta Gerwig (Lady Bird – A Hora de Voar)

Paul Thomas Anderson (A Trama Fantasma)

Guillermo Del Toro (A Forma da Água)

 

Atriz

Sally Hawkins (A Forma da Água)

Frances McDormand (Três Anúncios Para um Crime)

Margot Robbie (Eu, Tonya)

Saoirse Ronan (Lady Bird – A Hora de Voar)

Meryl Streep (The Post: A Guerra Secreta)

 

Ator

Timothée Chalamet (Me Chame Pelo Seu Nome)

Daniel Day-Lewis (A Trama Fantasma)

Daniel Kaluuya (Corra!)

Gary Oldman (O Destino de Uma Nação)

Denzel Washington (Roman J. Isreal, Esq.)

 

Atriz coadjuvante

Mary J Blige (Mudbound – Lágrimas Sobre o Mississipi)

Allison Jenney (IEu Tonya)

Lesley Manville (A Trama Fantasma)

Laurie Metcalf (Ladybird – A Hora de Voar)

Octavia Spencer (A Forma da Água)

 

Ator coadjuvante

Willem Dafoe (Projeto Flórida)

Woody Harrelson (Três Anúncios Para um Crime)

Richard Jenkins (A Forma da Água)

Christopher Plummer (Todo Dinheiro do Mundo)

Sam Rockwell (Três Anúncios Para um Crime)

 

Roteiro original

Doentes de Amor

Corra!

Lady Bird – A Hora de Voar

A Forma da Água

Três Anúncios Para um Crime

 

Roteiro adaptado

Me Chame Pelo Seu Nome

O Artista do Desastre

Logan

A Grande Jogada

Mudbound – Lágrimas Sobre o Mississipi

 

Filme estrangeiro (em língua não inglesa)

Uma Mulher Fantástica (Chile)

O Insulto (Líbano)

Loveless (Rússia)

Corpo e Alma (Hungria)

The Square – A Arte da Discórdia (Suécia)

 

Animação

O Poderoso Chefinho

The Breadwinner

Viva: A Vida é uma Festa

O Touro Ferdinando

Com Amor, Van Gogh

 

Documentário

Abacus: Small Enough To Jail

Faces Places

Icarus

Os Últimos Homens em Aleppo

Strong Island

 

Curta-metragem

DeKalb Elementary

The Eleven O’Clock

My Nephew Emmett

The Silent Child

Watu Wite/All Of Us

 

Animação em curta-metragem

Dear Basketball

Garden Party

Lou

Negative Space

Revolting Rhymes

 

Documentário em curta-metragem

Edith + Eddie

Heavy Is a Traffic Jam On The Road 405

Heroin(e)

Knife Skills

Traffic Stop

 

Direção de arte

A Bela e a Fera

Blade Runner 2049

O Destino de uma Nação

Dunkirk

A Forma da Água

 

Figurino

A Bela e a Fera

O Destino de uma Nação

A Trama Fantasma

A Forma da Água

Victoria e Abdul – O Confidente da Rainha

 

Maquiagem e cabelo

O Destino de uma Nação

Victoria e Abdul – O Confidente da Rainha

Extraordinário

 

Fotografia

Blade Runner 2049

O Destino de Uma Nação

Dunkirk

Mudbound – Lágrima Sobre o Mississipi

A Forma da Água

 

Montagem

Baby Driver – Em Ritmo de Fuga

Dunkirk

I, Tonya

A Forma da Água

Três Anúncios Para im Crime

 

Efeitos visuais

Blade Runner 2049

Os Guardiões da Galáxia, Vol.2

Kong: A Ilha da Caveira

Star Wars: Os Últimos Jedi

Planeta dos Macacos: A Guerra

 

Edição de som

Baby Driver – Em Ritmo de Fuga

Blade Runner 2049

Dunkirk

A Forma da Água

Star Wars: Os Últimos Jedi

 

Mixagem de som

Baby Driver – Em Ritmo de Fuga

Blade Runner 2049

Dunkirk

A Forma da Água

Star Wars: Os Últimos Jedi

 

Trilha Sonora

Dunkirk

A Trama Fantasma

A Forma da Água

Star Wars: Os Últimos Jedi

Três Anúncios Para um Crime

 

Canção original

“Might River” (Mudbound – Lágrimas Sobre o Mississipi)

“Mystery Of Love” (Me Chame Pelo Seu Nome)

“Remember Me” (Viva: A Vida é uma Festa)

“Stand Up For Something” (Marshall)

“This Is Me”( O Rei do Show)

Movies, News

Oscar 2018 – Indicações

Dezoito curiosidades sobre os concorrentes do ano em que A Forma da Água lidera a lista com presença em treze categorias

shapeofwater2018

Texto por Abonico R. Smith

Fotos: Divulgação

Às onze e meia (horário de Brasília) desta terça 23 de janeiro, os atores Andy Serkis e Tiffany Haddish apresentaram os indicados para a nonagésima edição dos Academy Awards. Em 2018, a cerimônia será realizada novamente no Teatro Dolby, em Los Angeles, na noite de 4 de março.

Aqui estão algumas das curiosidades sobre os indicados deste ano à estatueta mais cobiçada da temporada de prêmios do cinema norte-americano.

>> O recordista de indicações do ano é A Forma da Água. São no total treze indicações havendo um equilíbrio entre as principais categorias e as técnicas. A fantasia de Gullermo del Toro, que reafirma sua grande paixão por monstros e outras criaturas esquisitas, concorre a filme, direção, atriz, atriz coadjuvante, ator coadjuvante, roteiro adaptado, direção de arte, figurino, fotografia, edição, edição de som, mixagem de som e trilha sonora. Ficou a apenas uma indicação de igualar o recorde de 14, obtido por A Malvada, Titanic e La La Land. Depois de A Forma da Água, a lista com maior número de indicações segue com Dunkirk (oito), Três Anúncios Para um Crime (sete) e A Trama Fantasma (seis).

>> É de praxe nas cerimônias do Oscar que o filme vencedor da noite tenha concorrido também na categoria de direção. Em 2018, Três Anúncios Para um Crime pode quebrar esta regra. O britânico Martin McDonagh, que também assina o roteiro, só concorre por esta função. Curiosamente ele não ficou entre os cinco diretores finalistas. Seu filme é o mais forte concorrente de A Forma da Água na corrida para a principal estatueta, tendo levado agora neste mês janeiro, inclusive, o Globo de Ouro e o conjunto de elenco no prêmio dado pelo sindicato dos produtores de Hollywood (por sinal, o mais forte termômetro para a eleiçãoo de melhor filme dos Academy Awards)

>> Na lista dos cinco longas de língua não–inglesa, a grande surpresa ficou para a ausência do alemão Em Pedaços, vencedor do Globo de Ouro deste ano e considerado até então o favorito para o Oscar. Desta maneira, o principal candidato ao prêmio passa a ser o sueco The Square – A Arte da Discórdia, que no ano passado já ficara com a Palma de Ouro do Festival de Cannes.

>> Quem andava reclamando nos últimos anos sobre a ausência de filmes de super-herói nas listas de concorrentes ao Oscar já pode parar com o mimimi. Logan, a obra de despedida do ator Hugh Jackman como o mutante Wolverine, abocanhou uma das vagas na disputa para roteiro adaptado e quebrou um tabu de 87 anos sem a presença de um filme vindo dos quadrinhos entre os concorrentes. E mais uma vez a Marvel vence a batalha particular com a eterna rival DC Comics, já que a badalada estreia de Mulher Maravilha nas grandes telas não levou qualquer indicação.

>> James Franco ficou de fora da festa. O ator e diretor de O Artista do Desastre há vários dias vem recebendo acusações de assedio sexual por parte de atrizes com quem já trabalhara e este pode ter sido o fator decisivo da ausência de seu nome na lista de atores concorrentes, antes dado como certo, assim como a inclusão na disputa por melhor filme. O longa, que já tinha sido um desastre de bilheteria nos EUA, acabou também sendo um desastre de total de indicações: recebeu apenas uma, para roteiro adaptado. Este é mais sinal de fracasso na carreira de Tommy Wiseau, misterioso ator/diretor/produtor a quem Franco interpreta na cinebiografia.

>> O papel da socialite e empresária da comunicação Kay Graham em The Post: A Guerra Secreta garantiu a vigésima primeira indicação ao Oscar de Meryl Streep, vencedora em três ocasiões. Recorde absoluto na indústria dos cinemas nas categorias de interpretação, aliás. Entre os representantes masculinois, Denzel Washington obteve a sua oitava inclusão entre os finalistas, por sua atuação como o advogado idealista cujo nome dá título ao filme Roman J. Israel, Esq. No ano passado ele também concorrera à estatueta de ator principal.

>> Lady Bird – A Hora de Voar deu a Greta Gerwig a quinta indicação feminina ao prêmio de direção em toda a História do Oscar. Bem pouco para noventa anos de cerimônia, aliás. Muito pouco. Além de ser o filme que recebeu mais críticas positivas em toda a História do cinema americano, Lady Bird abocanhou cinco indicações no total (filme, direção, atriz, atriz coadjuvante e roteiro)

>> Dois monstros do indie rock estão entre os indicados ao Oscar neste ano. Jonny Greenwood, guitarrista do Radiohead, assina a trilha sonora original de A Trama Fantasma. E uma das duas faixas inéditas compostas e gravadas por Sufjan Stevens colocou Me Chame Pelo Seu Nome para concorrer também na categoria de Canção Original.

>> Já faz vinte anos que um filme brasileiro não concorre ao Oscar mas em 2018 o país não ficou de fora da cerimônia. O produtor Rodrigo Teixeira pode ser um dos nomes a receber a estatueta se Me Chame Pelo Seu Nome levar o prêmio principal da noite. Carlos Saldanha, criador de obras como Rio e A Era do Gelo, voltou a ser indicado em animação de longa-metragem por O Touro Ferdinando.

>> Todos os dez atores e atrizes coadjuvantes indicados neste ano já passaram dos 40 anos de idade.

>> Daniel Day-Lewis anunciou que Trama Fantasma será seu filme de despedida da indústria cinematográfica. Por este filme ele recebeu a sua sexta indicação, tendo vencido em duas ocasiões.

>> A aversão do diretor Christopher Nolan a imagens criadas por computador impulsionou a grandiloquência de Dunkirk, considerado por muitos críticos o melhor filme de 2017. Para contar a história da evacuação dos militares francesas da praia de Dunquerque durante a Segunda Guerra Mundial, ele contou com cerca de seis mil extras no set de filmagem. O filme também foi rodado no antigo formato de 70mm para dar mais amplidão às cenas em terra, no mar e no ar.

>> Submerso em uma tonelada de próteses e maquiagens, Gary Oldman fica irreconhecível como o primeiro-ministro Winston Churchill em O Destino de uma Nação. Sua atuação impecável em gestos e interpetação o colocam como favorito disparato para o prêmio de melhor ator da noite. O filme – que também deve levar a segunda estatueta no quesito “maquiagem e cabelo” – também retrata a retirada estratégia das tropas militares do Reino Unido da praia francesa de Dunkirk. Contudo, o foco fica nos bastidores do poder no parlamento britânico.

>> Azarão da noite, Corra! obteve o feito de ser um filme de terror indicado à principal categoria. A obra também concorre a outros três prêmios (direção, ator e roteiro original). Bastante badalado pela imprensa mundial à época de seu lançamento, a produção custou apenas cinco mil dólares (baixíssimo orçamento para os padrões normais de filmes oscarizáveis) e arrebatou mais de 250 milhões nas bilheterias.

>> Curiosamente, as categorias edição de som e mixagem de som apresentam os mesmos cinco finalistas. A primeira categoria cuida da captação – através de microfones – dos sons em uma cena, como as falas dos atores envolvidos como a captação do ambiente. Entretanto, pode haver a melhoria deste trabalho na pós-produção, desde que não derrube a verossimilhança do filme. Já a segunda indica todo o trabalho de design feito para dar a identidade sonora a uma obra, incluindo músicas e efeitos.

>> Sempre que um desenho da Disney ou da Pixar está entre os indicados de melhor longa-metragem de animação ele automaticamente se torna o franco favorito da categoria. Neste ano quem ocupa o cargo é Viva: A Vida é Uma Festa, que tem como tema central a morte e celebra a cultura mexicana do Dia de Los Muertos. Entretanto, na mesma categoria, um outro título chama muito a atenção. Produção divida entre a Polônia e o Reino Unido, Com Amor, Van Gogh remonta os últimos dias do pintor holandês através da investigação da possibilidade dele ter sido assassinado. Para homenagear o artista, cada um dos frames rodados com atores reais ganhou um meticuloso processo de pintura à mão feita por pinceladas de aquarela. Isto dá a impressão de eterno movimento às cenas filmadas com atores em estúdio (Saoirse Ronan, protagonista e indicada por Lady Bird, participa do elenco).

>> Às vésperas de completar 90 anos de idade, a cineasta belga Agnes Varda recebe a indicação ao Oscar por seu trabalho no documentário Faces Places. Ao lado do amigo e fotógrafo JR, ela viaja por várias cidades rurais francesas com um caminhão e o objetivo de capturar imagens da forma mais mágica possível.

>> Às vésperas dos Jogos Olímpicos de Inverno de 1994, a jovem patinadora Tonya Harding viu seu talento ficar para segundo plano nas manchetes da imprensa mundial. Ela tornou-se mais conhecida pelo ataque covarde feito à rival Nancy Kerrigan, como fruto de um misto de insegurança, inveja e medo de perder a disputa na competição para a qual estava se preparando. Kerrigan teve a perna direita quebrada pelo marido de Tonya e o segurança do casal. Na cinebiografia Eu, Tonya, Allison Jenney interpreta a mãe que impõe a Harding desde criança uma obsessiva rotina de maus-tratos e humilhações. Por esta performance, Jenney vem ganhando todos os prêmios de atriz coadjuvante da temporada.

LISTA COMPLETA DAS INDICAÇÕES

Filme

Me Chame Pelo Seu Nome

O Destino de uma Nação

Dunkirk

Corra!

Lady Bird – A Hora de Voar

Trama Fantasma

The Post: A Guerra Secreta

A Forma da Água

Três Anúncios para um Crime

Diretor

Christopher Nolan (Dunkirk)

Jordan Peele (Corra!)

Greta Gerwig (Lady Bird – A Hora de Voar)

Paul Thomas Anderson (Trama Fantasma)

Guillermo Del Toro (A Forma da Água)

Atriz

Sally Hawkins (A Forma da Água)

Frances McDormand (Três Anúncios Para um Crime)

Margot Robbie (Eu, Tonya)

Saoirse Ronan (Lady Bird – A Hora de Voar)

Meryl Streep (The Post: A Guerra Secreta)

Ator

Timothée Chalamet (Me Chame Pelo Seu Nome)

Daniel Day-Lewis (Trama Fantasma)

Daniel Kaluuya (Corra!)

Gary Oldman (O Destino de uma Nação)

Denzel Washington (Roman J. Isreal, Esq.)

Atriz coadjuvante

Mary J Blige (Mudbound – Lágrimas Sobre o Mississipi)

Allison Jenney (Eu, Tonya)

Lesley Manville (Trama Fantasma)

Laurie Metcalf (Ladybird – A Hora de Voar)

Octavia Spencer (A Forma da Água)

Ator coadjuvante

Willem Dafoe (Projeto Flórida)

Woody Harrelson (Três Anúncios Para um Crime)

Richard Jenkins (A Forma da Água)

Christopher Plummer (Todo Dinheiro do Mundo)

Sam Rockwell (Três Anúncios Para um Crime)

Roteiro original

Doentes de Amor

Corra!

Lady Bird – A Hora de Voar

A Forma da Água

Três Anúncios Para um Crime

Roteiro adaptado

Me Chame Pelo Seu Nome

O Artista do Desastre

Logan

A Grande Jogada

Mudbound – Lágrimas Sobre o Mississipi

Filme estrangeiro (em língua não inglesa)

Uma Mulher Fantástica (Chile)

O Insulto (Líbano)

Loveless (Rússia)

Corpo e Alma (Hungria)

The Square – A Arte da Discórdia (Suécia)

Animação

O Poderoso Chefinho

The Breadwinner

Viva: A Vida é uma Festa

O Touro Ferdinando

Com Amor, Van Gogh

Documentário

Abacus: Small Enough To Jail

Faces Places

Icarus

Os Últimos Homens em Aleppo

Strong Island

Curta-metragem

DeKalb Elementary

The Eleven O’Clock

My Nephew Emmett

The Silent Child

Watu Wite/All Of Us

Animação em curta-metragem

Dear Basketball

Garden Party

Lou

Negative Space

Revolting Rhymes

Documentário em curta-metragem

Edith + Eddie

Heavy Is a Traffic Jam On The Road 405

Heroin(e)

Knife Skills

Traffic Stop

Direção de arte

A Bela e a Fera

Blade Runner 2049

O Destino de uma Nação

Dunkirk

A Forma da Água

Figurino

A Bela e a Fera

O Destino de uma Nação

A Trama Fantasma

A Forma da Água

Victoria e Abdul – O Confidente da Rainha

Maquiagem e cabelo

O Destino de uma Nação

Victoria e Abdul – O Confidente da Rainha

Extraordinário

Fotografia

Blade Runner 2049

O Destino de Uma Nação

Dunkirk

Mudbound – Lágrima Sobre o Mississipi

A Forma da Água 

Edição

Baby Driver – Em Ritmo de Fuga

Dunkirk

I, Tonya

A Forma da Água

Três Anúncios Para im Crime

Efeitos visuais

Blade Runner 2049

Os Guardiões da Galáxia, Vol.2

Kong: A Ilha da Caveira

Star Wars: Os Últimos Jedi

Planeta dos Macacos: A Guerra

Edição de som

Baby Driver – Em Ritmo de Fuga

Blade Runner 2049

Dunkirk

A Forma da Água

Star Wars: Os Últimos Jedi

Mixagem de som

Baby Driver – Em Ritmo de Fuga

Blade Runner 2049

Dunkirk

A Forma da Água

Star Wars: Os Últimos Jedi

Trilha Sonora

Dunkirk

A Trama Fantasma

A Forma da Água

Star Wars: Os Últimos Jedi

Três Anúncios Para um Crime

Canção original

“Might River” (Mudbound – Lágrimas Sobre o Mississipi)

“Mystery Of Love” (Me Chame Pelo Seu Nome)

“Remember Me” (Viva: A Vida é uma Festa)

“Stand Up For Something” (Marshall)

“This Is Me” (O Rei do Show)

Movies

O Destino de uma Nação

Gary Oldman brilha como o desacreditado Winston Churchill em suas semanas iniciais como o primeiro ministro britânico na Segunda Guerra

odestinodeumanacao_gigante

Texto por Abonico R. Smith

Foto: Universal Pictures/Divulgação

Winston Churchill tinha 65 anos quando foi nomeado o primeiro ministro britânico em 1940. Era um político experiente, embora extremamente desacreditado. De perfil bonachão e apreciador incorrigível de charutos e whisky – em todas as horas, inclusive – ele vinha de uma mancada atrás da outras nas decisões tomadas em nome de comissões formadas pelo Parlamento em relação à política externa envolvendo as colônias do reino. Por isso quando seu nome foi ventilado para ser o novo ocupante do cargo máximo da casa, não foram poupadas ridicularizações e dúvidas ferrenhas quanto ao seu desempenho. Principalmente por causa dos ferrenhos discursos motivacionais que pareciam mais estar perto do nonsense do que o possível a ser feito pela sua nação.

Fato é que Churchill só teve sua candidatura lançada pelo Partido Conservador porque o navio britânico já estava afundando. Ele possuía um bom diálogo com a oposição, que poderia vir a lhe dar apoio nas decisões extremas. Este era exatamente o ponto onde seu antecessor Neville Chamberlain falhava. Por isso, Winston representou a grande aposta para que o Reino Unido enfrentasse o período da Segunda Guerra Mundial sem uma perda representativa de poder dentro do continente europeu. Enquanto as tropas aliadas à Alemanha de Hitler ampliavam seus domínios – tomando conta de países como Dinamarca, Polônia, Checoslováquia e até mesmo a França – a preocupação era a de que os nazistas não avançassem o canal da Mancha e também passassem a ocupar o território britânico. O momento pintava um futuro próximo com as cores mais sombrias possíveis para a monarquia, os políticos e a população da ilha.

O filme O Destino de Uma Nação (Darkest Hour, Reino Unido, 2017 – Universal Pictures) trata justamente desta tensão no centro político da ilha nos meses de maio de 1940. Optando pelo incisivo recorte historiográfico que vai do começo de maio ao começo de junho, o diretor Joe Wright – responsável por boas adaptações de livros como Orgulho e Preconceito, Desejo e Reparação e Anna Karenina – se arrisca numa cinebiografia com fortes tons literários. Humaniza Winston Churchill ao máximo, a ponto de apresentar toda a tensão política pelo viés de seu cotidiano, dividido entre a família, sempre lhe dando o máximo de apoio, apesar de várias de suas atitudes grosseiras e do ego político sempre falando mais alto em sua vida, e os bastidores do poder parlamentar, onde acaba sendo aos poucos mais humanizado pela fiel secretária Elizabeth Layton (Lily James).

No período de quatro semanas, toda a aflição para salvar as tropas britânicas confinadas pelos alemãs na praia de Dunkirk, situada no noroeste francês, é mostrada. Tentativas fracassadas de alianças internacionais, telefonemas e visitas reais fora do horário convencional e ideias vindas ao acaso e de origens nada convencionais são bons elementos que acirram ainda mais a tensão vivida por Churchill nas duas horas de filme. Nada se fala sobre o período posterior ao supesso da Operação Dynamo em Dunkirk. Nem mesmo do resto de seu primeiro mandato no poder (até julho de 1945) ou de seu retorno ao posto anos depois (entre 1951 e 1955). O Destino de uma Nação mostra tudo de forma contundente e urgente e o espectador sente na pele o que Churchill também sentiu: a pressão conferida pela velocidade dos imparáveis ponteiros do relógio. Vale salientar também a boa sacada de Wright por pouco mostrar de imagens de guerra. Aliás quanto a isso, meses antes Christopher Nolan já se mostrou de forma brilhante no épico Dunkirk, sobre o mesmo assunto.

E é esta inversão de ponto de vista de um mesmo fato histórico que possibilita ao protagonista Gary Oldman brilhar intensamente. Não é fantástica apenas a sua transformação física em Churchill com direito a um refinado trabalho de maquiagem e figurino. A atuação também salta logo aos olhos, com os gestos e entonações vocais. Que Oldman sempre foi um ator de primeira grandeza isto já não é novidade para ninguém. A questão é que como o primeiro ministro que salvou o Reino Unido do fiasco na Segunda Guerra Mundial ele entra com tudo na temporada de premiações para fazer um rapa geral. Começou, no primeiro domingo de 2018, levando um até então inédito Golden Globe na sua carreira. É o grande favorito para terminar a jornada com outros importantes troféus, inclusive o Oscar – para o qual fora indicado uma vez só e cuja estatueta também não tinha até a virada do ano.