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Arquivo MB: Madonna – As 25+

As 25 melhores músicas dos 60 anos de vida da maior estrela da música pop mundial

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Textos de Abonico R. Smith (abertura) e Humberto Slowik (músicas)

Foto: Reprodução

Em 16 de agosto de 2018, Madonna Louise Verônica Ciccone comemora 60 anos de vida na condição de maior popstar do planeta. Em 35 anos de trajetória como cantora e atriz, ela soube construir uma trajetória inquestionável no quesito popularidade e diversidade. Pense em uma estrela de maior grandeza na música pop mundial do Madonna. Simplesmente não há, ainda mais depois da partida de gente como David Bowie, Prince e Michael Jackson.

Sem necessariamente fazer rock’n’roll na forma mas certamente tendo muito dele no espírito, Madonna cresceu junto à geração 1980. No começo da década mais festejada dos últimos tempos, ela era apenas uma jovem dançarina e aspirante a cantora vinda do Norte americano tentando a sorte nos palcos e noites de megametrópole Nova York. Por conviver com muita gente ligada a varias correntes e expressões artísticas, acabou direcionando sua carreira para uma confluência de todas elas. No terreno musical, apesar de intimamente ligada à variedade de batidas e subgêneros que fazem decolar toda e qualquer pista de dança, Nos anos seguintes, dissociar seu nome de cinema, moda, dança e até mesmo literatura também tornou-se tarefa impossível. E mais: recorrendo a diversos recursos de simbolismos religiosos, sexuais e comportamentais cutucou feridas na sociedade mundial. Especialmente a norte-americana, que tornou-se ainda mais conservadora simultaneamente à trajetória vitoriosa da artista.

Se Madonna é fruto direto dos anos 1980, também não há como desvincular a cantora da própria história dos videoclipes e de sua emissora mundial número um, a MTV. Ela pertenceu à geração de bandas e cantores que deslocou o centro das atenções da carreira do som à imagem. Toda e qualquer música sua, de maior ou menor sucesso radiofônico, não foi executada tão somente por méritos artísticos. Trabalhando sempre com diretores talentosos e cultuados no mundo publicitário e da moda (vários vindos da fotografia, aliás), associou as letras e arranjos às pequenas historinhas contadas para a tela da televisão. Interpretando personagens provocativos – que com certeza contiveram muito de suas várias facetas – conseguiu despertar polêmicas, provocar reações contrárias de setores sociais mais retrógrados, tornou-se celebridade em todo canto do planeta e alcançou em turnês, vendas de discos e execuções de rádio e teledifusão invejáveis. Uma década atrás, até se deu ao luxo de virar deixar para trás todo o passado profissional de quase um quarto de século como contratada da gravadora que lhe proporcionou ser o que é hoje. Por mais que a Live Nation tenha se tornado uma corporação do ramo do entretenimento nestes dez últimos anos, ela gerencia basicamente as turns mundiais de Madonna, tendo coparticipação nos lançamentos fonográficos dela. Coisa que qualquer outra grande empresa também poderia fazer, sem interferir no processo criativo ou obrigá-la a criar desta maneira ou agir de determinada forma na promoção das novas obras.

Outro grande mérito de Madonna foi ter formado durante estes 35 anos de carreira um grande séqüito de seguidores. São mais do que fãs. Gente que sabe tudo a seu respeito, acompanha cada novidade, coleciona itens diversos em casa, segue fielmente cada passo seu e chega até a promover festas de parabéns na noite de seu aniversário. Seu público maior está entre as mulheres (a ascensão da cantora e vários dos versos cantados por ela reforçam um lado vitorioso da reivindiação do poder feminino) e os gays(que sempre serviram, simultaneamente, de inspiração e alvo para muitas de suas estratégias no tocante a referências e atitude). Toda esta veneração e fidelidade com certeza se transformaram em um ativo muito grande nestes tempos digitais em que a velocidade de informação é tão voraz que as mudanças contínuas se tornaram necessárias e implacáveis. E, é sempre bom lembrar, foi Madonna quem abriu o caminho para discípulas como Britney Spears, Katy Perry, Lady Gaga, Rihanna e Beyoncé – apenas para citar cinco grandes exemplos.

Para celebrar os 50 anos de vida de Madonna, o MONDO BACANA optou por algo diferente em 2018. Resolvemos não contar a sua vida e carreira ou ficar chovendo molhado falando disso ou daquilo que as pessoas estão cansadas de saber – e quem não sabe acaba achando através do Google. Em vez disso, listamos as 25 melhores e mais significativas músicas de seus 25 anos de carreira. O universo de sucessos dela é extenso e ultrapassa a marca das cinco dezenas. Com certeza, a falta desta ou daquela música poderá ser sentida por algum fã – especialmente hits iniciais bastante populares como “Material Girl”, “Into The Groove”, “Lucky Star” ou “Holiday” – todos cortados da seleção final. Contudo, não é qualquer artista que pode se dar ao luxo de, em uma proposta como esta, ter canções arrasadoras como “Like a Prayer” apenas na 12ª posição ou “Like a Virgin” logo em seguida do Top 5.

Com vocês, o melhor da cinqüentona Madonna. A repubicação deste texto abaixo também é uma homenagem do MONDO BACANA a seu autor, Humberto Slowik, um dos maiores fãs desde o inicio da carreira da cantora e jornalista que deixou este plano espiritual em 2011. (ARS)

25 – Give It 2 Me (2008)

Um dos melhores momentos do mais recente álbum Hard Candy (e da parceria com o produtor Pharrell Williams) foi mal das pernas nos chartsamericanos, não passando da 57ª posição na Billboard. Deve ser um dos pontos altos da nova turnê Sticky & Sweet, por conta da energia bem eightie e do beat acelerado. Criticado por fãs, o videoclipe foi dirigido pelo fotógrafo Tom Munro e gravado durante o ensaio fotográfico que a revista de moda Elle publicou em várias edições ao redor do planeta.

24 – Love Profusion (2003)

Música bonitinha, meiga. O momento doce de American Life, álbum de carreira que menos vendeu. Com letras simples e mistura de sons eletrônicos com violões, a canção fez sucesso em alguns países, apesar do péssimo desempenho nos EUA. O clipe também era bem meia-boca, dirigido pelo cineasta francês Luc Besson – também responsaével pelo comercial de TV da marca de cosméticos Estée Lauder, do qual a canção era tema.

23 – Rain (1994)


Último single de Erotica, esta balada encorpada sobreviveu ao tempo e deve figurar no set listda Sticky & Sweet Tour, possivelmente em um dos vídeos produzidos como intervalo entre um bloco do show e outro. A canção também é dona de um dos mais belos vídeos da carreira de Madonna. Dirigido por Mark Romanek, o clipe mostra a cantora linda em looks da estilista japonesa Rei Kawakubo, cabelos curtíssimos e pretos, descansando em mobiliário desenhado por Philippe Starck. Foi rodado totalmente em preto-e-branco e posteriormente colorizado em tons de azul. Participa dele o celebrado compositor japonês Riuychi Sakamoto.

22 – Beautiful Stranger (1999)

Das canções mais divertidas de Madonna. Foi tema do segundo filme da série cinematográfica Austin Powers, estrelada pelo comediante Mike Myers. O produtor William Orbit revelou que não levou mais do que uma tarde concebendo as bases musicais do hit, que ganhou o Grammy de Canção Escrita para um Filme e foi indicada ao Globo de Ouro de Melhor Canção (umas das cinco que Madonna já recebeu nesta categoria). Dizem as más línguas que a faixa só não foi indicada ao Oscar por conta do relacionamento espinhoso que a popstar sempre teve com Hollywood.

21 – Take a Bow (1994)

O single de Madonna que permaneceu no topo da parada Billboard por mais tempo (foram sete semanas ao todo) representou o início do processo de limpeza da imagem da popstarapós o período de alto teor sexual dos anos anteriores. Coescrita por Babyface (produtor quente na cena r&b americana da época), a canção era meio breguinha, mas ganhou pontos pela letra bela e sofrida que traz citações de William Shakespeare (mais especificamente da peça O Mercador de Veneza). E também pelo vídeo incrível rodado em Rondo, na Espanha, todo baseado em uma história de amor impossível entre Madonna e um toureiro.

20 – Cherish (1989)

Terceiro single de Like a Prayer, a canção chegou à segunda posição da Billboard e propôs um descanso temático após polêmica de “Like a Prayer” e a sensualidade de “Express Yourself”. Doce, a música ganhou clipe em preto-e-branco rodado na praia, entre criancinhas e homens-sereia. O trabalho marcou a estreia do fotógrafo de moda Herb Ritts (1952 – 2002) como diretor de vídeos musicais.

19 – Erotica (1992)

Os fãs mais ferrenhos (principalmente os da comunidade LGBT) podem até discordar mas tratou-se de um dos poucos momentos musicalmente decentes do álbum homônimo de Madonna, mais importante pela polêmica causada do que pela música datada que o compôs. Na canção, a artista encarnou pela primeira vez Dita, seu alterego no livro Sex. Falava de prazer e dor, entre outras coisinhas. O vídeo foi registrado durante as sessões de fotos de Sex e dirigido por Fabien Baron, responsável pelo projeto gráfico do livro, pela celebrada reformulação da revista Harper’s Bazaar na década de 1990, e então recentemente estabelecido como novo editor da lendária revista Interview, criada por Andy Warhol.

18 – Open Your Heart (1986)

Outro single de Madonna a chegar ao topo da parada Billboard, foi mais importante por seu vídeo do que propriamente pela canção em si. Entre outras coisas, a primeira parceria da cantora com o francês Jean Baptiste Mondino (que, posteriormente, dirigiria os clipes de “Justify My Love”, “Human Nature”, “Love Don’t Live Here Anymore”, “Don’t Tell Me” e “Hollywood”) trazia a popstar dançando em um peepshow frequentado por homens e mulheres e beijando um garotinho adolescente.

17 – Jump (2006)

Clássico instantâneo da diva, a canção trouxe mais uma letra com mensagem positiva e ainda prestava homenagem descarada aos Pet Shop Boys. Mais popular na Europa (como todo o trabalho desenvolvido pela cantora neste início de século), ganhou clipe dirigido pelo sueco Jonas Akerlund gravado no Japão e baseado na prática urbana do Le Parkour. A peruca platinada usada pela artista também apareceu nos shows que encerraram a Confessions Tour.

16 – Frozen (1998)

Primeiro single de Ray Of Light, esta balada foi, segundo Madonna, inspirada no profundo sentimento de solidão e desamparo provocado por cenas de filmes como O Céu Que Nos Protege (1991), de Bernardo Bertolucci, e O Paciente Inglês (1996), de Anthony Minghella. Número 4 na parada Billboard, a canção ganhou vídeo de tintas surreais gravado no deserto do Mojave (EUA), sob a direção genial Chris Cunningham. Um incidente desesperou a cantora durante as gravações: o carro que transportava sua filha Lourdes Maria (então com menos de dois anos de idade) até o setde filmagens ficou perdido e incomunicável durante horas no meio do deserto.

15 – Bedtime Story (1994)

Coescrita por Björk e coproduzida por Nellee Hooper, a faixa cravou o início de flerte de Madonna com o eletrônico, que conheceria seus desdobramentos mais bem-sucedidos a partir de 1998. Repleto de referências a artistas como Frida Kahlo, Remédios Varos, Salvador Dali e Michael Radford, o clipe dirigido por Mark Romanek conquistou seu lugar como um dos clássicos da carreira da cantora. O single chegou à modesta 42ª posição na parada Billboard.

14 – Dress You Up (1984)

Número de abertura da Virgin Tour, a primeira grande turnê de Madonna, era uma das canções mais sensuais da popstar, unindo batida contagiante e uma grande dose de inocência sacana. Escrita por Andrea Larusso e Peggy Stanziale, chegou ao número 5 da parada Billboard e não era interpretada ao vivo pela cantora desde a Who’s That Girl Tour (1987), apesar de ter sido ensaiada para o bloco militar da The Re-Invention Tour (2004) e posteriormente descartada.

13 – Secret (1994)

Após os escândalos sexuais detonados entre 1990 e 1992 (que culminaram no lançamento do livro Sex), Madonna resolveu clarear sua imagem. Isso resultou em um álbum de produção mais sofisticada (Bedtime Story), do qual “Secret” foi o primeiro single. A canção que falava de pequenas buscas espirituais e redenção no amor chegou ao número 3 na parada americana e teve o clipe rodado nas ruas do Harlem, bairro nova-iorquino majoritariamente negro. Os sapatos usados no vídeo são do designer brasileiro Fernando Pires, de quem conheceu o trabalho em sua passagem pelo Brasil durante a turnê The Girlie Show, no ano anterior.

12 – Like a Prayer (1989)

Recém-divorciada de Sean Penn, Madonna lançava seu primeiro álbum abertamente confessional e que marcava o início do reconhecimento como compositora após anos de descrédito por parte da imprensa musical. Seu primeiro singlecausou polêmica por conta do clipe dirigido por Mary Lambert, no qual a cantora beijava um santo negro e dançava em frente a cruzes em chamas (referência direta à Klu Klux Klan). Teve mais: a Pepsi, com a qual Madonna havia assinado um contrato milionário e para quem gravara um comercial de TV, suspendera ambos, por medo de boicote de comunidades religiosas americanas. Mesmo assim, a canção passou três semanas no primeiro posto da parada dos EUA.

11 – Borderline (1983)

Primeiro single de Madonna a adentrar o Top 10 da parada Billboard e a primeira canção da estrela a ganhar um videoclipe decente. A história narrava o envolvimento de uma garota com um bad boy latino (por quem ela é apaixonada) e um fotógrafo que promete transformá-la em estrela – jogo temático explorado em outros vídeos da cantora. É um dos hitsantigos que são dados como certos no setda turnê Sticky & Sweet, que estréia no próximo dia 23 de agosto, em Cardiff (País de Gales), e deve passar pelo Brasil em dezembro.

10 – Human Nature (1994)

O último single retirado do álbum Bedtime Stories era um protesto de Madonna contra todas as especulações que sofrera da mídia desde que virou uma estrela de primeira grandeza. O clipe, dirigido por Jean Baptiste Mondino, trazia Madonna vestida como uma dominatrix, só que em situações irônicas. Apesar de não ter conseguido grande sucesso nos EUA (só chegou ao número 46 da Billboard), a canção acabou eleita um dos dez melhores singles de 1995 pela edição norte-americana da revista Rolling Stone.

9 – Hung Up (2006)

Com samplede “Gimme Gimme”, hit do Abba (esta foi a primeira vez em que o quarteto sueco autorizou o uso de um trecho de sua obra por outro artista), o primeiro singledo álbum Confessions on a Dance Floor marcou o retorno de Madonna ao Top 10 da parada Billboard (a música chegou ao número 7) após três anos de ausência. Gravado com locações em Los Angeles e Londres, mostra a cantora em forma exemplar e impensável após sua queda de um cavalo sofrida no dia 16 de agosto daquele ano.

8 – Justify My Love (1990)

Escrita e produzida por Lenny Kravitz, a faixa passou duas semanas no topo da parada Billboard e alimentou uma da série de polêmicas sexuais nas quais Madonna esteve envolvida na metade inicial dos anos 1990. O clipe, dirigido pelo francês Jean Baptiste Mondino e filmado em Paris, foi banido da MTV norte-americana por conta de seu conteúdo extremamente erótico, e transformou-se, então, no vídeo-singre mais vendido nos Estados Unidos. Naquela época, muito se falou das cenas de orgia pansexual nos quartos e corredores de um hotel.

7 – Live To Tell (1986)

O primeiro singledo álbum True Blue foi concebido como música-tema do filme Caminhos Violentos, estrelado pelo então marido Sean Penn. Eleita uma das 50 melhores canções do século 20 pela revista Details, a balada marca o início da busca por um caminho de produção mais sofisticada (iniciada após vários hits de pista) e marca a primeira das várias grandes mudanças de imagem executadas pela artista. Chegou ao topo da parada norte-americana.

6 – Like a Virgin (1984)

Escrita por Billy Steinberg e Tom Kelly, a faixa foi o primeiro single do álbum homônimo (o segundo da carreira) e a primeira música de Madonna a atingir o número 1 da parada Billboard – posto no qual permaneceu durante seis semanas. Concebida como uma baladinha lenta, teve o ritmo drasticamente alterado por Nile Rodgers (guitarrista do grupo disco Chic e produtor bastante requisitado nos anos 1980) quando trabalhada em estúdio. Este foi o primeiro momento de definição na carreira da cantora: a histórica apresentação ao vivo durante a primeira edição dos prêmios anuais da MTV norte-americana e depois da qual todas as adolescentes da época passaram a usar provocantes roupas pretas de renda e ostentar enormes crucifixos. O provocante e histórico videoclipe, também dirigido por Mary Lambert, foi gravado nos canais de Veneza e trazia Madonna vestida de branco (símbolo da pureza até hoje ostentado pelas noivas durante a cerimônia de casamento) e fazendo poses sensuais em uma gôndola.

5 – Everybody (1983)

Primeiro singledo álbum de estréia da cantora, esta foi uma das duas músicas da artista com crédito de autoria oficialmente apenas para ela (a outra era “I Know It”, também do mesmo disco). Clássico entre fãs, esta era uma das canções que Madonna dublava e dançava junto a bailarinos durante suas apresentações em clubes nova-iorquinos como Danceteria e Paradise Garage. “Everybody” ainda é uma das únicas obras das quais a artista autorizou simples oficiais até hoje. Foi para a canção “Greatest Hit”, da norueguesa Annie.

4 – Express Yourself (1989)

Segundo singledo álbum Like a Prayer, a música foi responsável pelo momento de abertura da Blond Ambition Tour, série de concertos que elevou Madonna do status de simples popstardos anos 80 à rainha dos performers pop no século 20. O clipe inaugurou a parceria da artista como o fotógrafo e diretor David Fischer (dos filmes Seven – Os Sete Pecados Capitais, O Quarto do Pânico, Clube da Lutae Zodíaco). Abusando da sensualidade da cantora, ele foi inspirado no clássico Metrópolis(do austríaco Fritz Lang) e foi, então, o vídeo mais caro já realizado na indústria fonográfica (custou US$ 5 milhões).

3 – Ray Of Light (1998)

Momento emblemático da parceria com o produtor britânico William Orbit, a faixa foi elaborada a partir de “Sepheryn”, chatíssima música escrita por Olive Muldoon e Dave Curtis na década de 1970 e da qual Orbit tinha os direitos. Com arranjo vocal que mostra todo o progresso alcançado por Madonna a partir das aulas de canto tomadas na preparação para o filme Evita, chegou ao número 5 nas paradas norte-americanas e foi indicada ao Grammy de Gravação do Ano. Seu videoclipe marcou o início do trabalho com Jonas Akerlund e saiu como o grande vencedor do MTV Vídeo Music Awards do ano de seu lançamento.

2 – Music (2000)

Parece piada, mas tudo aqui foi construído a partir de um único acorde. O hit escrito e produzido em parceria com produtor suíço-afegão Mirwais Ahnmadäi começou a tomar forma logo após Madonna observar a energia da plateia durante um concerto de seu amigo Sting. Outro de seus hinos, a música que celebra basicamente a sensação de liberdade e unidade de se estar em uma pista de dança chegou ao topo do Hot 100 da revista Billboard, foi também indicada ao Grammy de Gravação do Ano e é um daqueles clássicos que não podem mais faltar em qualquer apresentação ao vivo dela. O clipe foi a primeira aparição mundial do comediante Sacha Baron Cohen, que se tornaria conhecido pelo personagem Borat nos cinemas. Cohen, na pele do rapper Ali G, outra criação sua para um show televisivo, é o motorista da limousine de Madonna.

1 – Vogue (1990)

O mero detalhe do quase poderia ter mudado o posto de maior e melhor música de toda a carreira da popstar. Single de Madonna com o maior número de cópias vendidas mundo afora, a música foi concebida como um mero lado B de “Express Yourself” e quase deixou de ganhar o destaque que sempre mereceu. Com incrível vídeo em preto e branco dirigido por David Fincher, a canção abusava de referências a Hollywood como forma de ilustrar musicalmente o vogueing – dança que tomou de assalto os clubes nova-iorquinos no início dos anos 1990 e teve como expoentes principais trupes de dança como a House of Ninja. Até hoje não há como não resistir ao rap que afirma divas e divos como Greta Garbo, Marlene Dietrich, Rita Hayworth, Marlon Brando e James Dean tinham mesmo era muito estilo. Strike a pose!

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Uma Cilada Para Roger Rabbit

Trinta curiosidades para celebrar os trinta anos desta mistura de animação, live action e personagens clássicos de vários estúdios

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Texto por Flávio St Jayme (Pausa Dramática)

Foto: Disney/Buena Vista/Divulgação

Um dos filmes mais inovadores para a sua época completou no último dia 22 de junho 30 anos de estreia nos Estados Unidos. Por isso, resolvemos mostrar pra vocês 30 curiosidades para celebrar as três décadas de Uma Cilada Para Roger Rabbit (Who Framed Roger Rabbit, EUA, 1988 – Disney/Buena Vista). Algumas delas revelam como um longa-metragem como este seria algo inconcebível nos dias atuais.

>> A Walt Disney Productions comprou os direitos cinematográficos para o romance Who Censored Roger Rabbit?, de Gary K. Wolf, pouco tempo após sua publicação em 1981.

>> Robert Zemeckis ofereceu seus serviços como diretor em 1982, mas a Disney considerava seus filmes anteriores dois fracassos comerciais e dispensou o diretor. Foi oferecida a Terry Gilliam a oportunidade de dirigir o filme, mas ele concluiu que o projeto era tecnicamente complicado. (“Pura preguiça de minha parte”, Gilliam admitiu posteriormente. “Eu me arrependo completamente dessa decisão.”). Robert Zemeckis, então, foi finalmente contratado em 1985 para dirigir, baseado no sucesso de De Volta Para o Futuro.

>> Em 1985 a Amblin Entertainment (composta por Steven Spielberg, Frank Marshall e Kathleen Kennedy) foi procurada para produzir Who Framed Roger Rabbit junto com a Disney.

>> O orçamento original do longa nesta época foi estimado em 50 milhões de dólares, o que a Disney considerou muito caro. Roger Rabbit apenas recebeu o sinal verde quando o orçamento foi reduzido para 30 milhões de dólares, o que na época ainda o tornava o filme animado mais caro já autorizado. O presidente da Walt Disney Studios, Jeffrey Katzenberg, argumentou que o híbrido de animação e live action iria “salvar” o departamento de animação da companhia.

>> A subtrama do bonde apresentada no longa foi inspirada pelo filme Chinatown.

>> Traições, conspirações, assassinatos e desenhos animados. Uma Cilada para Roger Rabbit une a era de ouro da animação ao cinema noircom uma mistura de animação e live action quase inédita para a época.

>> Durante o processo de escrita do roteiro, Jeffrey Price e Peter Seaman não tinham certeza de quem deveria ser o vilão. Eles escreveram versões em que Jessica Rabbit ou Baby Herman eram os vilões, mas decidiram escolher o recém-criado personagem Judge Doom. Este deveria ter um urubu animado sentado em seu ombro, mas a ideia foi descartada por causa dos desafios técnicos que isso gerava.

>> A Weasel Gang de Judge Doom, composta pelas doninhas Stupid, Smart Ass, Greasy, Wheezy e Psycho, é uma sátira aos sete anões que aparecem em Branca de Neve e os Sete Anões, de 1937. Originalmente, também seria sete o número de doninhas, mas duas foram cortadas do roteiro final.

>> Entre outras referências à realidade, o Ink and Paint Club que aparece no filme é baseado no Cotton Club do Harlem. Assim como os planos de Judge Doom de eliminar todos os desenhos se assemelham a Solução Final, de Hitler.

>> Doom também era para ser o caçador que matou a mãe de Bambi, mas a Disney rejeitou a ideia.

>> O personagem Benny The Cab era para ser um fusca,. A ideia foi substituída para um táxi.

>> Entre outras ideias concebidas para a história, estavam o funeral de Marvin Acme, que teria a presença de diversos personagens de desenhos famosos, como Mickey e Minnie Mouse, Tom e Jerry, Foghorn Leghorn (Frangolino), Mighty Mouse (Super Mouse), Popeye e Olive Oyl (Olívia Palito). No entanto, a cena foi cortada por questões de ritmo da história e nunca passou da fase de storyboard.

>> Antes de Who Framed Roger Rabbit ser definido como título final do filme, foram utilizados Murder In ToontownToonsDead Toons Don’t Pay BillsThe Toontown TrialTrouble In Toontown Eddie Goes To Towntown como títulos de produção.

>> Spielberg não conseguiu liberar em tempo Popeye, Tom & Jerry, Luluzinha, Gasparzinho e os personagens do estúdio Terrytoons (com exceção de Super Mouse). Porém, o produtor foi fundamental na hora de convencer a Warner Bros a liberar suas criações para a Disney. Além dos US$ 5 mil pagos por cada personagem, o filme precisava atender algumas exigências, como dar o mesmo tempo em cena para personagens icônicos da Warner e da Disney. É por isso que Pernalonga e Patolino dividem a tela com Mickey e Pato Donald, garantindo que os personagens tivessem o mesmo número de frames.

>> Muitos dos personagens usados no filme não tinham sido criados até 1947, ano em que o filme é situado. Os personagens da Disney que aparecem são Mickey (1928); Minnie (1928); Pluto (1930); Pato Donald (1934); Pateta (1932); João Bafo de Onça (1925); Horácio (1929); Clarabela (1929); Merry Dwarfs (1929); Huguinho, Zezinho e Luisinho (1937); Clara de Ovos (1934); as flores e árvores de Flores e Árvores (1932); Lobo Mau e os Três Porquinhos (1933); Peter Porco de A Galinha Esperta (1934); Toby Tortoise, Max Hare e as coelhinhas de A Tartaruga e a Lebre (1935); os órfãos de Em Benefício dos Órfãos (1934); Chapeuzinho Vermelho de O Super Lobo Mau (1934); Jenny Wren de A Flecha do Amor (1935); Elefante Elmer (1936); Branca de Neve, os sete anões e a bruxa má (1937); Wynken, Blynken & Nod (1938); Ferdinando, o Touro (1938); Pinóquio e o Grilo Falante (1940); as vassouras, os cupidos, o bebê pégaso, a avestruz e a hipopótamo de Fantasia(1940); Sir Giles e o Dragão Relutante (1941); Dumbo, a Sra. Jumbo, Casey Jr. e os corvos de Dumbo (1941); Bambi (1942); Chicken Little (1943); Zé Carioca (1942); o pelicano de The Pelican and the Snipe (1944); Pedro de Música, Maestro! (1946); Br’er Bear, as marmotas e o bebê de piche de Canção do Sul (1946); a harpa cantante de Como é Bom de Divertir (1947); os animais de Johnny Semente-de-Maçã (1948); a ovelha Danny de Tão Perto do Coração; Sr. Toad e seu cavalo Cyril de Dois Sujeitos Fabulosos (1949); Sininho de As Aventuras de Peter Pan (1953); Malévola de A Bela Adormecida (1959); e os pinguins de Mary Poppins (1964). Já os personagens da Warner que fazem aparições no filme são Pernalonga (1940), Patolino (1937), Gaguinho (1935), Piu-Piu (1942), Frajola (1945), Eufrazino (1945), Frangolino (1946), Marvin, o Marciano (1948), Papaléguas (1949), Coiote (1949), o buldogue Marco Antônio (1952), Sam Sheepdog (1953) e Ligeirinho (1955). Da Paramount aparecem Koko, o Palhaço (1919) e Betty Boop (1930). Walter Lantz emprestou Pica-Pau (1940) e a MGM liberou Droopy (1943).

>> No cinema, quando Eddie Valiant (Bob Hoskins) revela a Roger o seu passado, o curta em exibição é Ginástica Patética, que seria lançado apenas em 1949 (dois anos depois do que se passa a história). A produção afirma ter escolhido o curta, apesar da imprecisão histórica, por se tratar da “coisa mais louca” encontrada no acervo da Disney.

>> Durante as filmagens, o dublador Charles Fleischer dizia as falas de Roger Rabbit fora das câmeras, mas completamente dentro do personagem. O figurino incluía orelhas de coelho, luvas amarelas e macacão laranja. Para ajudar os atores, modelos de borracha em tamanho real eram usados para que os intérpretes “humanos” tivessem noção do tamanho e das formas do seu colega de cena imaginário. Durantes os intervalos na filmagem, alguns funcionários do estúdio faziam comentários sobre os pobres efeitos especiais do “filme do coelho”.

>> Um dos maiores desafios foi a interação dos personagens animados com os objetos e atores reais. O efeito final foi resultado de duas técnicas: alguns objetos, como o charuto do Bebê Herman e os pratos que Roger quebra na própria cabeça, eram movimentados no setpor meio de máquinas de movimento presas a um operador. Na pós-produção, o personagem era simplesmente desenhado sobre a máquina. A cena do clube Ink & Paint seguia na mesma linha: os copos movimentados pelo bartenderpolvo eram controlados como marionetes e as bandejas dos pinguins garçons grudadas em bastões. Tanto os bastões como os fios acabaram removidos e os desenhos foram adicionados. Já na sequência que se passa em Toontown, o choram key foi a técnica escolhida, com Bob Hoskins interagindo com o mundo que seria criado na pós-produção.

>> O túnel que Valiant atravessa para chegar à Toontown é o mesmo túnel usado em De Volta Para o Futuro Parte II (1989) na perseguição com o hoverboard.

>> Roger Rabbit é descrito como tendo um “rosto da Warner”, “corpo Disney”, uma “atitude Tex Avery”, macacões do Pateta, luvas do Mickey Mouse e gravata borboleta por Gaguinho. O diretor de animação Richard Williams diz que baseou seu modelo de Roger na cor na bandeira americana (macacões vermelhos, corpo branco, gravata azul) para que “todo mundo, subliminarmente, gostasse dele”.

>> Quando Eddie leva Roger para a sala secreta do bar para cortar as algemas, o coelho bate na lâmpada e o lustre começa a balançar. Os animadores, então, precisaram dedicar muito trabalho extra para que as sombras do cômodo real fossem compatíveis com as sombras da animação. Hoje, “bump the lamp” (algo como “esbarrar na lâmpada”) é uma expressão usada por muitos animadores da Disney para descrever o esforço dedicado aos detalhes da animação, em coisas que a maior parte do público nem chega a notar.

>> Jessica Rabbit reúne quatro femme fatales em uma. O escritor Gary K. Wolf baseou Jessica em Red, criada por Tex Avery. Já o animador Richard Williams buscou inspiração na Rita Hayworth e Veronika Lake. Por sugestão do diretor Robert Zemeckis, Lauren Bacall também serviu de musa para o visual da personagem. A atriz Kathleen Turner fez a voz da personagem.

>> Uma das cenas mais controversas do longa mostra, por um breve momento, um dos seios de Jessica Rabbit.

>> Os três ingredientes da fórmula que mata desenhos (aguarrás, benzina e acetona), são solventes de tintas, todos utilizados para remover animação de frames.

>> O plano de Doom para desmantelar a Red Car é baseado na História. Corporações privadas conspiraram para eliminar o transporte público no final dos anos de 1940 e início dos 1950, para gerar demanda por automóveis e indústrias auxiliares.

>> Bob Hoskins disse que, por duas semanas após ver o filme, um de seus filhos não quis falar com ele. Quando finalmente perguntou o motivo, o menino respondeu que não podia acreditar que seu pai havia trabalhado com personagens de desenhos animados, como Pernalonga, e não o levou para conhecê-los.

>> Sete anos se passaram até que Uma Cilada Para Roger Rabbit saísse do papel. O mesmo processo lento acompanhou a sequência, planejada desde o sucesso do original nas bilheterias. Depois de muitas versões de scriptse testes de efeitos especiais rejeitados, a última notícia sobre o filme é de 2012 – e com a morte de Hoskins, dois anos depois, por complicações do Mal de Parkinson, o projeto parece ter sido deixado de lado. Contudo, se depender da persistência de Zemeckis, a continuação ainda tem chances de ser realizada.

>> A pós-produção levou 14 meses para ser concluída. Com 326 animadores contratados e 82.080 frames de animação desenhados, o filme tinha uma das maiores sequências de crédito da década de 1980.

>> Uma Cilada Para Roger Rabbit foi uma das produções mais caras da década de 1980. Com um orçamento inicialmente previsto para US$ 29,9 milhões (um recorde para um filme de animação), o filme chegou a custar US$ 70 milhões e só não foi cancelado por conta dos esforços (e da simpatia) de Steven Spielberg. O investimento foi recompensado, conseguindo a segunda maior bilheteria de 1988 (atrás apenas de Rain Man) e arrecadando o total de US$ 329,8 milhões.

>> Uma Cilada Para Roger Rabbit ganhou quatro estatuetas do Oscar em 1989: edição, efeitos sonoros, efeitos visuais e uma especial para Richard Williams, por criar e dirigir os personagens animados. Rain Man levou outras quatro, porém, consideradas do “grupo principal de quesitos da premiação” (filme, diretor, ator e roteiro original). Na mesma noite, Ligações Perigosas ficou com três (roteiro adaptado, figurino e direção de arte).