Quarteto passeia por faixas de todos os álbuns da extensa carreira em evento ligado a mundo das motos e com mais shows de bandas de Curitiba
Texto por Cláudio Ramon
Foto: Pri Oliveira/CWB Live
Neste último sabado, 9 de fevereiro, o evento Curitiba Motorcycles proporcionou na Live Curitiba experiências das mais diversas, tendo como foco principal a dupla motocicletas e música. Tudo começou por volta das 12h, mas a parte sonora foi adicionada à programação apenas às 16h, quando DJ Fefo, no estacionamento, mandou um belo repertório de rock’n’roll.
A primeira banda de fato da programação, o Diddley Duo, mostrou-se um grupo tão insólito quanto curioso. A bateria era um kit convencional. Entretanto, o instrumento de corda (no singular, mesmo) se caracterizava por um pedaço de pau com uma solitária corda. Com distorção, aquilo gerou reações espantadas na galera, que curtiu. Havia, sim, pouca gente naquele momento, afinal, às 18h30, o sol ainda brilhava forte, mas quem testemunhou o set, aprovou. É um som bacana que deve funcionar ainda melhor em ambientes menores.
Depois veio o FourFace, que em seu repertório revisitou o catálogo de canções do Raimundos. O público aumentou um tanto na hora do Hillbilly Rawhide, que foi quando a galera realmente começou a interagir com o som que vinha do palco. O country rock do grupo local incita rodas praticamente de maneira instantânea, ainda mais com álcool no sangue. O repertório, porém, poderia ter sido um pouco mais enxuto.
Com o cancelamento, em cima da hora, do Secret Society, chegou a vez do grande nome do line up. O Sepultura, acima de quaisquer críticas ou obstáculos, está há quase 35 anos se desafiando artisticamente e botando o pé na estrada. Repassar a importância do grupo para a música brasileira (e não só no nicho do metal) é chover no molhado. O fato é que o quarteto é uma força sonora inquietante. Apesar de, tecnicamente, ainda estar divulgando o – fantástico – álbum Machine Messiah, decidiu seguir o que havia feito no final do ano anterior em shows no SESC em São Paulo: pegaram uma música de cada disco, desde o primeiro até o último, e tocaram em ordem cronológica. Dessa maneira, fomos presentados com pérolas como “Bestial Devastation”, do trabalho de estréia, e “Against”, de outra estreia, desta vez, do vocalista Derrick Green. O americano que entrou em 1998, em um momento delicado, e se sacramentou como peça essencial. São, portanto, mais de 20 anos ao lado do grupo. E esse período extenso representou praticamente metade do repertório apresentado.
O formato reforçou os melhores momentos de cada disco, deixando o repertório coeso e forte. Até mesmo álbuns menos cotados pelos fãs, como Nation e Roorback, foram saudados por suas representantes, “Sepulnation” e “Corrupted” respectivamente. O grupo conseguiu mostrar que toda sua história é relevante, sem se furtar em tocar seus grandes sucessos como “Arise”, “Refuse/Resist” e “Roots Bloody Roots”, todas essas já no bis. Prefira você o novo ou o velho, o fato é que o Sepultura é uma unidade sólida. E Metal pra caralho.
Para encerrar a escalação, os curitibanos do Motorocker subiram ao palco depois da meia-noite, com a platéia cansada e já reduzida. O maior fluxo de pessoas na casa foi definitivamente durante o show do Sepultura. Muitos foram unicamente para vê-los. Mas quem foi embora perdeu um show eletrizante do quinteto, que subiu no palco de maneira furiosa. Frontmanúnico, Marcelus se esgoelou como sempre, mas também utilizou vocalizações mais guturais em determinadas passagens, deixando as coisas mais agressivas e pesadas. O repertório passou por todos os álbuns e ainda pelo que está por vir. A espetacular “Blues do Satanás” foi um dos pontos altos da apresentação, por causa do ritmo contagiante e letra impagável.
Set list Sepultura: “Bestial Devastation”, “Troops Of Doom”, “Escape To The Void”, “Beneath The Remains”, “Dead Embryonic Cells”, “Territory”, “Attitude”, “Against”, “Choke”, “Sepulnation”, “Corrupted”, “False”, “What I Do!”, “Kairos”, “The Vatican”, “Phantom Self”. Bis: “Arise”, “Refuse/Resist”, “Ratamahatta” e “Roots Bloody Roots”.