Music

Brutal Brega

João Gordo comanda uma banda divertida, que faz versões punk rock de clássicos populares das rádios AM e programas de auditório da TV

Texto por Rodrigo Juste Duarte

Foto: Camila Cara/Divulgação

A bordo do Brutal Brega, um projeto paralelo ao Ratos de Porão, João Gordo faz versões punk rock de músicas popularescas que dominaram as paradas de sucessos brasileiras nos anos 1970 e 1980, colocadas em um balaio conhecido como música brega. Neste fim de semana, o vocalista se apresntará em Curitiba com esta nova banda na próxima sexta-feira, dia 24 (informações sobre local, horário e ingressos você tem clicando aqui). Vale destacar que a classificação é 18 anos e menores só poderão entrar se estiverem acompanhados por pais ou responsáveis.

O repertório será baseado no álbum homônimo Brutal Brega (lançado em 2022), que reúne clássicos que ganharam muita energia por conta dos vocais de João Gordo. Para acompanha-lo, uma time com grandes músicos de diversas vertentes do rock foi reunida. O guitarrista Val Santos, produtor do Brutal Brega, já participou das bandas Viper e Toyshop. Guilherme Martin também acompanhou Val no Toyshop e hoje integra o Zumbis do Espaço e o Viper. O baixista Daniel ETE é figurinha carimbada do punk rock nacional, conhecido por integrar Muzzarelas, Drakula e Bong Brigade. Já o outro guitarrista, Wecko Mainente, tocou no Nem Liminha Ouviu e no Threat e atualmente está no Laboratori. Essa turma proporciona uma base instrumental de responsa para o projeto.

Entre os hits selecionados para as releituras do quinteto estão “Fuscão Preto” (gravada por Almir Rogério e pelo Trio Parada Dura), “Sandra Rosa Madalena” (Sidney Magal), “Feiticeira” (Carlos Alexandre), “Domingo Feliz” (Ângelo Máximo), “Não Se Vá” (Jane e Herondy, que em estúdio ganhou a participação especial da atriz Marisa Orth, que já a cantava nos tempos em que encabeçava o grupo de performances musicais Vexame) e até “Doces Beijos” (Menudo).

O Mondo Bacana dá oito motivos para não perder esta apresentação. A começar pela própria estrela principal da noite.

João Gordo

Figurinha conhecida até por pessoas que nunca ouviram suas músicas, João faz parte do imaginário popular brasileiro e marca uma incrível presença em qualquer projeto em que se envolva, seja na música ou na televisão. Aliás, foi na TV que o vocalista do Ratos de Porão ganhou popularidade, por conta de seu estilo sem filtro (antes mesmo desse termo ser usado) na MTV, onde comandou programas icônicos como Gordo a Go-Go, Gordo Pop Show, Garganta e Torcicolo e Piores Clipes do Mundo. Ele acabou de completar 60 anos de idade e sua carreira produtiva dá sinais de ainda ter muito o que mostrar ao público.

Despretensão no isolamento

O projeto Brutal Brega nasceu durante a pandemia da covid-19. A clausura e o isolamento imposto pela crise sanitária foi um desafio para muitos artistas. No caso de João Gordo, o período trouxe uma produção expressiva, quando atuou com novas bandas, como o supergrupo Revolta (da música “Hecatombe Genocida”), a banda de death metal Lockdown e o próprio Brutal Brega, que começou como uma mera brincadeira com o produtor Val Santos. Isso só no terreno da música, pois naquele período João também produziu podcasts pelos Estúdios Panelaço e ainda iniciou com sua esposa, a jornalista Vivi Torrico, o projeto social Solidariedade Vegan, que segue até hoje distribuindo marmitas para a população de rua, em iniciativa nobre e importantíssima.

Ideia inusitada

Quando uma banda se propõe a fazer versões impensáveis de músicas conhecidas, o resultado é, no mínimo, divertido e bastante curioso. Um bom exemplo é o Me First And The Gimme Gimmes, projeto de Fat Mike, mentor do NOFX, que deu roupagem de hardcore melódico a clássicos do cinema, country music e outros gêneros distintos. Com o Brutal Brega não é diferente.

Pura nostalgia

O repertório é composto por grandes sucessos popularescos das décadas de 1970 e de 1980, que embalaram o dia a dia de nossos pais e avós. Muitos dos fãs que vão ao show eram apenas crianças que ouviam aquelas músicas frequentemente, de forma involuntária, quando os familiares estavam com rádio AM ligado ou a televisão sintonizada em populares programas de auditório nos quais aqueles artistas batiam ponto e arrancavam gritos da multidão. 

Da fossa à alegria

Há uma grande variedade de emoções contidas no repertório do Brutal Brega. Elas vão da fossa gerada por uma traição (“Fuscão Preto”) à felicidade radiante (“Domingo Feliz”). Da dor-de-cotovelo (“Não Se Vá”) à paixão desenfreada (“Sandra Rosa Madalena”).

Sidney Magal

Criado por um produtor argentino para ser a versão brasileira do cantor Sandro de América, Magal é aquele personagem que deu muito certo. Assim como o original, o artista adotou um figurino cigano e se tornou ídolo pop de estrondoso sucesso, onipresente na cultura brasileira até os dias atuais. No Brutal Brega, ele é o único artista a ter nada menos que três músicas no repertório: “Tenho”, “Amante Latino” (que até virou filme depois de ser lançada) e “Sandra Rosa Madalena”. Só perde para o falecido Carlos Alexandre, que aparece com duas canção (“Ciganinha” e “Feiticeira”). Os demais homenageados marcam presença com um clássico apenas.

Magaivers

O concerto de Curitiba tem abertura de um nome veterano do punk rock da cidade. A banda Magaivers iniciou as atividades em 2001 influenciada, principalmente, por dois grupos com estilos bem diferentes entre si: Ramones e Beach Boys. Em 23 anos de trajetória, lançaram 11 discos e fizeram mais de 500 shows por nove estados brasileiros, além de duas turnês pela América do Sul. A formação conta com Rodrigo “Porco” (vocal e guitarra), Luis Lammel (baixo e vocal), e Ivan Rodrigues (bateria). 

Desdobramentos

O projeto Brutal Brega já aponta para novas variantes. João Gordo anunciou que vai fazer desdobramentos para repertórios da MPB e do samba dos anos 1970. Aliás, dias atrás, foi lançada nas plataformas digitais uma versão de “Coroné Antonio Bento” (música de João do Vale imortalizada por Tim Maia em seu álbum de estreia), com direito a videoclipe dirigido pelo curitibano Raul Machado, um dos maiores realizadores do formato no país. A arte da capa do single aponta que se trata de uma música “Brutal Brega mode MPB”.