Music

Molho Negro + Stolen Byrds – ao vivo

Quarta-feira com psicodelia paranaense e paraenses deixando em Floripa aquele sentimento tosco de felicidade pós-show

Stolen Byrds

Texto e fotos por Frederico di Lullo

Show em plena quarta-feira é para foder o cu do palhaço.

Noite de 25 de outubro. Lá estávamos nós para mais um rolê na Ilha do Desterro. Desta vez, a primeira data das bandas Molho Negro (PA) e Stolen Byrds (PR) em turnê pelo do Sul do Sul do Mundo. Oito shows em dez dias. Uma turnê estradeira, com milhares de quilômetros em dois estados. Empolgante desde onde você quiser.

Cheguei ao Desgosto Bar atrasado e perdi quase toda a apresentação da Jovens Ateus, banda local (leia-se de Floripa) que fez as honras de abrir os trabalhos da noite. No currículo, várias datas neste ano, levando inclusive o seu post-punk até SP. Logo me programo melhor e assisto a um show completo dos caras. 

O Desgosto Bar é um pico legal para ver bandas tocarem ao vivo, acho que já falei isso algumas vezes. Aquele clima de porão europeu, elementos simples e diversas bandeiras penduradas. Também sempre tem promoção de gelada. Desta vez, a morta eram três chopes Pilsen por R$ 30. Sair na quarta-feira é uma merda, mas tem suas vantagens. 

Após um rápido abastecimento alcoólico, encontrei meus amigos quando os primeiros acordes dosparanaenses Stolen Byrds começaram a ecoar pelo recinto. E os moleques me surpreenderam positivamente.

Com mais de dez anos de estrada, o quarteto passou os próximos 40 minutos apresentando seu vasto repertório, tendo a psicodelia como principal motor. Mas não o único. Ora parecia Sonic Youth, ora o sintetizador rumava para os lados de MGMT e Tame Impala. Realmente, uma distopia musical que me pegou de jeito. A banda ganhou mais um fã que vai acompanhar de perto e atento.

Molho Negro

Na sequência, pouco depois da meia-noite, João Lemos, Raony Pinheiro e Antonio Fermentão subiram, vindos de Belém do Pará. Sim, era a vez do Molho Negro, headliner da turnê, começar um show que durou quase 60 minutos.

Criada em 2012, a banda moldou seu repertório passando por todos os discos, mas focando sobretudo em Estranho (2022). Assim, não faltaram novos hits como “23” e “Berrini”, sem deixar de ter espaço para clássicos como “Fã do Nirvana”, “O Jeito de Errar” e “Gente Chata”. 

Ficou evidente que a banda tem alguma ligação com o público daqui.Mesmo em plena quarta-feira, a galera compareceu em bom número para prestigiar e, sim, foi agito do início ao fim (até rimou essa porra). 

Em suma, uma baita quarta-feira. Saímos bêbados e completos. Com aquele sentimento tosco de felicidade pós-show. Contudo, poucas horas depois precisei acordar e encarar uma campanha de marketing, alguns meetings e mudar o mindset

Por isso que show em plena quarta-feira é para foder o cu do palhaço.