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Venom

Tom Hardy imprime tom de comédia ao seu personagem mas não salva do marasmo a estreia do “Aranha negro” nas telas

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Texto por Abonico R. Smith

Foto: Sony/Divulgação

Criado nos anos 1980, ainda pegando um último boomde aparição de novos personagens interessantes na Marvel, Venom era considerado uma espécie de alter-ego soturno e do mal do Homem-Aranha. Todd MacFarlane, ainda antes de partir para outra editora, a Image e criar seu principal personagem, o Spawn, foi o responsável pela característica visual monstruosa e cheia de músculos da criatura. Seu uniforme negro, que reforçava as características não humanas de Peter Parker e fazia pendê-las para longe do bem, surgiu na saga Guerras Secretas, em 1984. Já o personagem veio apenas quatro anos mais tarde, em 1988, quando o simbionte parasita e amorfo toma conta do corpo do jornalista fracassado Eddie Brock.

Trinta anos mais tarde, o “Aranha negro” chega às telas dos cinemas com Tom Hardy como o protagonista. Venom (EUA, 2018 – Sony) tem a direção do ainda desconhecido Ruben Fleischer (de Zumbilândia) e nomes como Michelle Williams e Woody Harrelson engrossando a lista de coadjuvantes. Só que, apesar de toda a expectativa, a história simplesmente não decola. O filme é até simpático em seu  início . Na sua primeira metade mostra todo o lado humano de Brock – nas telas um ser bem menos desprezível do que nos quadrinhos, quando foi mostrado como um profissional incompetente e rival invejoso de Peter Parker no mesmo jornal – e o entrelaçamento dos fatos que vão ligá-lo ao futuro antagonista, o empresário em qualquer escrúpulo e cientista renomado Carlton Drake (Riz Ahmed). Só que depois…

Por mais que Hardy se esforce em dar um pequeno tom de comédia a seu Brock tudo vai se tornando pouco crível. Como a história de Brock entrar na poderosa sede da Life Corporation, a empresa de Drake, e não ser notado por ninguém ou flagrado em qualquer câmera pelos corredores. Ou ainda o fato que o hospedeiro alienígena mata todos os seus hóspedes logo depois de sair de seus corpos e só Eddie consegue, milagrosamente, manter-se vivo até que o simbionte alcance seu objetivo. Venom – quando ocorre a aparição do personagem título e, logo depois, a de seu simbionte adversário Riot – cai de vez na arapuca de filmes de ação que, para dar credibilidade ao espectador, dependem mais dos efeitos de CGI do que de roteiro e interpretação.

Pior fica, porém, quando a cena pós-créditos irrompe no final aí que a casa cai de vez. Só resta perguntar, de modo incrédulo, após a pífia sequência apresentada: o que foi que fizeram com o aracnídeo mais popular do Universo Marvel?