Durante quatro dias, evento reúne na capital paranaense grandes nomes da atual música independente brasileira do sul do país
Mulamba
Texto de Heitor Schumann
Fotos de Mayara Melo/FIMS
A segunda edição da Feira Internacional de Música do Sul, realizada entre os dias 20 a 23 de junho de 2018 no Portão Cultural, em Curitiba, reuniu artistas, produtores e outros profissionais do ramo para falar sobre o universo e a indústria da música. O evento ofereceu diversas atividades, como mesas de debate sobre as dificuldades de se fazer música e de viver dela, sempre com um caráter crítico sobre a indústria e com inovações no jeito de se pensar numa carreira musical, e palestras que iam desde a música sendo analisada com um cunho teórico e críticas ao ensino da mesma no mundo aos mecanismos da indústria e da distribuição na era digital.
Bernardo Bravo
A FIMS também tem como objetivo tratar de negócios. Então, além das diversas atividades e workshops, promoveu dois eventos. Um são os showcases, com uma apresentação ao vivo de até vinte minutos para cada artista mostrar uma síntese de seu trabalho e cativar um público entre os possíveis consumidores e compradores de seu produto. Outros, as rodadas de negócios, na quais estes artistas ou os seus empresários têm a possibilidade de conversar com compradores interessados e fechar negócios. Os palcos dos showcases tinham um tema regional e mudavam-se os temas conforme o dia. O fechamento da programação de cada dia era feita por um artista curitibano. Alguns dos que se apresentaram e se destacaram, mostrando devem ser escutados, foram Anaadi (Porto Alegre), Bernardo Bravo (Curitiba), Brass Groove Brasil (Floripa), Central Sistema de Som (Curitiba), Soema Montenegro (Argentina), Rhaissa Bittar (São Paulo) e Tuyo (Curitiba).
2de1
Enquanto o evento principal rolava entre 10 e 20 horas, o Circuito Off começava logo depois, às 21h. Nos mesmos quatro dias, alternando-se entre sete espaços culturais e com mais de 17 artistas incríveis (com os quais eu tive o prazer de interagir) de vários lugares do país. A programação combinou shows e discotecagens também temáticas, desta vez cada evento com o nome de um festival ou estilo musical. A abertura foi no Jokers e o primeiro show da noite foi da dupla paulista 2de1 (São Paulo), que já mostrou o padrão e o nível dos artistas que se apresentariam no evento, com um som incrível, muito bem produzido, vocais de tirar o fôlego e letras emocionantes. Logo depois as meninas da Mulamba (Curitiba) entraram no palco e botaram a casa abaixo com uma energia incrível. Suas letras carregadas de críticas mostraram um grande poder de composição com músicas que iam do punk ao reggae com uma fluidez espetacular. O último show da noite foi dos punks Replicantes (Porto Alegre) que fecharam a noite com chave de ouro.
Estrela Leminski
Todos as noites do Circuito Off foram igualmente impressionantes e acho que vale a pena citar alguns dos artistas que se destacaram com suas apresentações. A Ana Guimarães, a Estrela Leminski e a Isa Todt arrasaram na Ladies Night no Paradis. O Central Sistema de Som, a banda da Estrela Leminski e do Téo Ruiz e o Machete Bomb fizeram a galera pular e dançar muito no Basement Cultural. No Drops Sonora Curitiba, a Raissa Fayet, a LaBaq e a Luana Godin mandaram ver com um som muito bacana, presença de palco e interação com o público louváveis. Mas como tudo que é bom dura pouco este foi o penúltimo evento, seguido do FIMS de Festa, no Ornitorrinco, com shows de Cuscobayo e Bernardo Bravo.
Tuyo
Os quatro dias da Feira Internacional de Música do Sul foram incríveis, com uma estrutura e planejamento impecáveis. Uma mostra de que é possível a interação entre músicos independentes de vários lugares diferentes onde todos são beneficiados. Também de que o mercado da música não é exclusivamente competitivo e frio. Pelo contrário: pode ser também acolhedor e receptivo.